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sexta-feira, 28 de julho de 2017

FLIP: 3º DIA TEM SURFISTA GANHADOR DO PULITZER E MESA SOBRE SUBÚRBIO DO RIO

Jornalista William Finnegan levou prêmio por obra que fala do esporte. Pilar del Río, que preside Fundação José Saramago, também participa.


Por G1, Paraty
28/07/2017
O jornalista, escritor e surfista americano William Finnegan; ele ganhou o Pulitzer de autobiografia por obra sobre surfe (Foto: Divulgação/Flip)


Um debate sobre o subúrbio do Rio e um encontro do qual participa um jornalista-surfista ganhador do Prêmio Pulitzer, um dos principais da literatura internacional, devem ser alguns dos destaques da 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nesta sexta-feira (28).

A mesa "Subúrbio" tem título autoexplicativo. Inspira-se, na descrição da programação, nos lugares por onde Lima Barreto (1881-1922) circulou no Rio, "seguindo a linha do trem". A proposta é tratar da "poética das ruas".

Marcado para as 15h, o encontro tem dois participantes: a crítica e professora Beatriz Resende e o historiador e escritor Luiz Antonio Simas, personagem conhecido por "retratar as ruas cariocas".

Já no fim do dia, entra em cena o americano William Finnegan, jornalista da revistas "The New Yorker" conhecido por cobrir zonas de conflito e guerra. Também já escreveu sobre narcotráfico mexicano e se infiltrou numa gangue de neonazistas durante uma apuração.

Ele é autor de "Dias bárbaros: Uma vida no surfe" (Intrínseca), que ganhou o Pulitzer de autobiografia. Aos 65 anos, ainda pratica o esporte (ou "estilo de vida", como prefere). Finnegan vai estar na mesa "Por que escrevo" com a escritora nascida na África do Sul Deborah Levy, autora de duas obras que foram finalistas do Man Booker Prize: "Nadando de volta para casa" (Rocco) e de "Hot milk".

Pilar del Río + Diamela Eltit

A sexta abre com novo debate sobre o homenageado da Flip 2017. Ao meio-dia, acontece o encontro "Moderno antes dos modernistas", em que Antonio Arnoni Prado e Luciana Hidalgo discutem a linguagem de Lima Barreto.

Às 17h15, é a vez da jornalista espanhola Pilar del Río, em momento solo na Flip 2017. O programa prevê que ela relembre sua trajetória de "resistência feminina" e sua atuação na presidência da Fundação José Saramago. Ela é viúva do Nobel português. Na pauta, está seu trabalho em defesa dos direitos humanos e de divulgação da língua portuguesa.

Outro debate do dia, "A contrapelo", tem a escritora chilena Diamela Eltit e o documentarista Carlos Nader. A autora é conhecida por seu traballho experimental. Já o diretor fez trabalhos sobre Waly Salomão e o artista plástico Leonilson.

Veja a programação restante da Flip 2017:
Sexta-feira (28)
12h: Mesa 7 – "Moderno antes dos modernistas". Com Antonio Arnoni Prado e Luciana Hidalgo.
15h: Mesa 8 – "Subúrbio". Com Beatriz Resende e Luiz Antonio Simas.
17h15: Mesa 9 – "Na contracorrente". Com Pilar del Río e Niéde Guidon.
19h15: Mesa 10 – "A contrapelo". Com Carlos Nader e Diamela Eltit.
21h30: Mesa 11 – "Por que escrevo". Com Deborah Levy e William Finnegan.
Sábado (29)
12h: Mesa 12 – "Foras de série". Com Ana Miranda e João José Reis.
15h: Mesa 13 – "Kanguei no maiki – Peguei no microfone". Com Luaty Beirão e Maria Valéria Rezende.
17h15: Mesa 14 – "Mar de histórias". Com Alberto Mussa e Sjón.
19h15: Mesa 15 – "Trótski e os trópicos". Com Leila Guerriero e Patrick Deville.
21h30: Mesa 16 – "O grande romance americano". Com Marlon James e Paul Beatty.
Domingo (30)
12h: Mesa 17 – "Amadas". Com Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo.
15h: Mesa 18 – "Livro de cabeceira". Autores convidados leem trechos de suas obras favoritas. Com Alberto Mussa, Ana Miranda, Djaimilia Pereira de Almeida, Patrick Deville, Paul Beatty, Scholastique Mukasonga e William Finnegan.

Flip 2017

Quando: de 26 a 30 de julho

Onde: Paraty (RJ)

Ingressos: R$ 55 para cada mesa (com meia-entrada);

Onde comprar: durante a Flip, entre 26 e 30 de julho, a venda aocntece só em Paraty, na bilheteria oficial localizada em local próximo à Praça da Matriz, no Centro Histórico; nos dias 26 a 29 de julho, das 10h às21h30, e em 30 de julho, das 10h às 15h30.

Vendas exclusivas para moradores de Paraty: 28 e 29 de junho, das 10h às 18h, na Agência Paraty Tours: Avenida Roberto Silveira, 479. Pagamento somente em dinheiro e mediante apresentação de comprovante de residência e documento de identidade. Sem taxas de conveniência.




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ITABUNA DE JORGE AMADO: Os gringos

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Os gringos


            Transcorreram semanas sem incidentes maiores à exceção do tiroteio no Caga-Fumo, no qual morreram  duas mulheres e três homens, briga ordinária de jagunços em casa de putas, e do assassinato do doutor Felício de Carvalho, advogado das partes contrárias ao coronel  Amílcar Teles no caxixe da Pedra Branca, ajuste de antigas contas: balanço medíocre para uma temporada de mês e meio – estaria a animação de Itabuna entrando em decadência? Então, num daqueles  fins de tarde de gamão cantado, durante os quais Raduan Murad permanecia solitário no bar a degustar o último cálice de araque de anis, falsificado pela família Mohana, delicioso, superior ao importado. Adib aproximou-se:
           
            - Dá licença, professor? O senhor se lembra daquela conversa do outro dia?

            - Conversa? Qual? – Raduan fez-se de inocente.

            - Sobre casamento e etecétara e tal. O professor disse...

            -  Já me lembro.
            - Sou órfão de pai e mãe, o senhor sabe. Queria que o professor falasse com  seu Ibrahim como se fosse meu pai. Quero casar com a filha dele.

            - Quer casar com Adma? – Conteve-se para não demonstrar espanto; atônito,  guardou silêncio durante um momento e encarou Adib com evidente admiração:

            - E Adma, está a par de suas intenções?

            - A gente está namorando vai pra dois meses.

            - Namorando? Como? Ela em cima, na janela,  você na rua, embaixo? Por meio de bilhetinhos?

            - Bilhetinhos, professor? Comigo não! É mesmo no quintal. Quando saio daqui, às dez da noite, ela está me esperando, deixa a porta aberta. – Estalou a língua em obsceno ruído de satisfação, idêntico ao que emitira meses atrás recordando Procópia, a do juiz do cível.

            - Quer dizer...

            - Isso que o senhor está pensando, professor. O senhor sabe como é: a gente começa brincando, pega aqui, bole ali, quando se dá conta já é tarde, já chamou às ordens.

            Espantoso indivíduo! Querendo talvez esclarecê-lo, terminada por deixar Raduan envolto em treva e confusão quando garantiu:

            - O senhor pode até não acreditar, mas ela é supimpa, professor.

            Sorriu contente e bem disposto; Raduan Murad estava fascinado.

                        - Diga a seu Ibrahim que deixe o armarinho por minha conta. Nas minhas mãos vai virar um bazar de primeiríssima.

            De quem Raduan ouvira afirmativa exatamente igual?

            - Vou me ocupar do assunto – disse, aceitando a prebenda; concedendo-lhe a merecida importância acrescentou:  - O pedido há de ter  festa e discurso, não é todos os dias que acontece um noivado tão... – buscou o adjetivo -... Tão auspicioso.

            Permaneceu um instante pensativo, voltou a encarar Adib:

            - Supimpa! Foi assim que você disse,  Adib, meu rapaz?

            - Do balacobaco! – confirmou o jovem.

            Raduan Murad guardou na memória a expressão que não conhecia: absorto volveu a vista para o céu se desfazendo em fogo nas cercanias de Itabuna.


(A DESCOBERTA DA AMÉRICA PELOS TURCOS)
Jorge Amado

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ITABUNA DE WALKER LUNA: Caminho

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Caminho 


            O caminho da minha cidade está impedido. Lá, não só as manhãs como as tardes, livres de desígnios, eram venturosamente abertas sob os meus pés descalços. Sobre relvas ou areias as direções me tomavam para todos os meus sentidos.

            A fé medrava na fonte –
            Ligava tudo em meu sonho: a sala grande, onde todo amor se reunia; o corredor, um lance entre a rua e o quintal.

            E as noites eram o declinar das luzes para a tranquilidade do sono.

            O caminho da minha cidade está impedido. Lá, não só as manhãs como as tardes eram venturosamente abertas sob os meus pés descalços.

            Vejo que só o céu escapou. O mesmo céu onde criei meus rebanhos. Mas hoje, até os rebanhos se perderam.


(ESTAÇÃO DOS PÉS)
Walker Luna
.....

WALKER LUNA - Filho de Itabuna, Walker Luna nasceu no dia 6 de agosto de 1925.
Publicou “Estes Seres em Mim”, “Companheiro” e “Estações dos Pés”, dentre outros livros. Lírico, seus poemas interligam-se como por um fio narrativo, um complementando o outro, atingindo níveis vertiginosos, compartilhando perplexidade, angústias, emoção que vibra o ontem e o hoje em sua dicção, solitária, ao mesmo tempo que mistifica imagens.
Dá-nos com sua poesia um testemunho de resistência luminosa, testemunho corajoso de sofrimento suportado com dignidade e altivez. Mas em seus versos, de plena lucidez nas estações que comovem, trafegam acenos que nos descobrem livres: “Exaltam-se nos tons verdes/ insinuam-se como flores/ e em sumo vital convertem-se proliferando frutos”.

(Cyro de Mattos)

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ITABUNA DE HELOÍSA PRAZERES: A cor das águas doces

A COR DAS ÁGUAS DOCES

“(...) Itabuna, que em língua guarani quer dizer ‘pedra preta’. Era uma homenagem às grandes pedras que surgiam nas margens e no meio do rio e sobre as quais as lavadeiras passavam o dia no seu trabalho” ( Jorge Amado).


Do nascedouro na Serra Ouricana
ao manto do Ribeirão Tororomba,
sonho as quedas d'água do Cachoeira:
seu curso inunda o mapa inteiro.
Negras pedras brilham, obsidianas,
em meio a lavadeiras, que são parcas;
serão as moiras do nosso destino,
a distraírem esteiras e rastros?
Margem a margem, nas duas cidades,
batem vestes e abrem sumidouros,
no coração de antigas moradas. 
Nesta cristalinidade de infância,
transbordam águas em tons rutilados,
que irisam e incandescem a minha alma. 

HP
.............
A autora:
Heloísa Prazeres é natural de Itabuna, BA, possui textos publicados com produtores de Artes Visuais (Cinema e Fotografia). Citada no Dicionário de Autores Baianos. Salvador: SECULT, 2006, e no Dicionário de Escritores Contemporâneos da Bahia, CEPA, 2015. Publicou, em livro, Temas e teimas em narrativas baianas do Centro-Sul. FCJA; UNIFACS; SECULT, 2000; Pequena História, poemas selecionados. Salvador: Quarteto, 2014; Antologia Outros Riscos do Prêmio DamárioDaCruz de Poesia. Salvador: FPC/ SecultBA e Quarteto, 2013; Poetas da Bahia, III. Salvador: Expogeo, 2015 e Antologia 5º Prêmio Literário de Poesia, Portal Amigos do Livro, São Paulo: Scortecci, 2015 Medalha de Bronze do I Concurso Literário da AECALB, Rio de Janeiro, 2016 Casa onde habitamos, poesia. São Paulo Scortecci.
Bacharel e Mestre em Letras pela UFBA. Cumpriu doutorado em Literaturana Universityof Cincinnati, OH. EUA. Professora Adjunta, aposentada do IL da UFBA. Foi titular na Universidade Salvador, UNIFACS. Coordenou o Núcleo de Referência Cultural da Fundação Cultural do Estado da Bahia.


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ITABUNA DE TELMO PADILHA – Itabuna

ITABUNA


Se não há montanhas,
como escalá-las? 
Se não há florestas,
Com embrenhar-me
em sombras
que não estas?
Se não há o mar,
como falar de águas
e horizontes?

Sou o cantor
desta planície
e me abismo 
em mim,
e desço aos outros
de mim,
e sofro os outros
de mim.


 ..........
TELMO PADILHA - Itabuna 
* 5 de maio de 1930
+ 16 de julho de 1997
Jornalista, membro da Academia de Letras de Ilhéus. Poeta de reflexões existenciais, que constantemente indaga-se, questiona-se, numa linguagem repleta de sutilezas. Inquieto, reafirma uma poética cuja temática indaga de forma intimista o viver, o morrer, a infância, a solidão e, ainda, sua relação com a realidade da sua terra, da cultura do cacau e do tempo que estabelece esta história que se escoa pelas frestas cotidianas. Sua poesia reside numa lírica lucidez, num abismo interior, entre a febre e insônia, expressa num processo criativo maduro e num estilo impecável.

Publicou os livros: "Girassol do Espanto"(1956); "Ementário"(1974); "Onde tombam os pássaros"(1974); "Pássaro da Noite" (1977); "Canto Rouco"(1977); "O Rio"(1977); "Vôo Absoluto" (1977); "Poesia Encontrada"(1978); "Travessia"(1979); "Punhal no Escuro"(1980) e "Noite contra Noite" (1980), todos no melhor gênero da poesia.

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ITABUNA DE FIRMINO ROCHA: Rua da Meninice em Noite de Maio

Rua da Meninice em Noite de Maio

Rua da meninice
Em noite de maio
Desperta em mim
Velhas canções
Antigas sagas,
Amoríssimas baladas
De quando os luares faziam cirandas
Histórias de moças perdidas nos bosques,
Sonhares em mim de doces afagos

Rua da meninice
Em noite de maio
Me faz parecer
Que nunca pequei,
Que nunca chorei,
Que nunca sofri.

(O CANTO DO DIA NOVO)
Firmino Rocha
 ..........

Firmino Rocha (Itabuna7 de junho de 1910 - Ilhéus1 de julho de 1971).
Cronologicamente ligado à segunda geração do Modernismo baiano, Firmino apresenta como marcas de estilo o lirismo e o misticismo. Seu poema mais conhecido é Deram um fuzil ao menino, um protesto pacifista contra a Segunda Guerra Mundial.
"Ilhado em sua cidade do interior, de maneira heróica e santa assume o lado do sonho, da loucura iluminada, para escutar os frêmitos de todos os mistérios”, escreveu sobre ele o também poeta Cyro de Mattos.
Publicou os livros O canto do dia novo (1968) e Momentos, além de diversas obras de literatura de cordel. Em 2008, alguns de seus poemas foram reunidos na coletânea Firmino Rocha; poemas escolhidos e inéditos.
Em homenagem ao poeta, a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC) promove periodicamente o Festival Multiarte Firmino Rocha.

(Wikipédia)

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ITABUNA DE JOÃO DE PAULA: João de Paula, um filho adotivo de Itabuna

Um Filho Adotivo de Itabuna


João Batista de Paula. Cearense da terra da atriz internacional Florinda Bulcão, Uruburetama. Ele vive em Itabuna desde 1984, onde constituiu seu patrimônio, exerceu a profissão de professor e dedicou sua vida à arte de escrever.


Agradecimentos -  Ao fundador e administrador do Blog Saber-Literário, professor e escritor Rilvan Batista de Santana; ao vereador de Itabuna Milton Santos Gramacho; à empresaria Vitória Santana, Revista Vitória; ao jornalista Adeildo Marques, presidente do Clube dos Poetas Sul da Bahia; e ao jornalista, escritor e advogado, Vercil Rodrigues, Jornal Direitos; e também à poetisa Eglê Santos Machado, do blog Itabuna Centenária, Artes & Literatura-ICAL, por me proporcionarem a Boa Fama.

Agradecimentos especiais: A Deus e à minha esposa, Expedita Maciel, que em todos os sentidos da vida manifestou seu apoio e amor.

Palestras-  Autoajuda, mensagens de otimismo e de bem-estar.

Tatuagens - Jamais.

Piercings
 - Não combina comigo.

Casamento
 – União perfeita. Bem casado com a poetisa Expedita Maciel.

Quer filhos – Já encontrei uma família pronta.

Cirurgias -  Nunca. Continuo na melhor idade.

Ossos partidos - Não. 

Coração quebrado – Algumas vezes, por causa da maldade que reside na mente humana; e restaurado a seguir, por causas dos sentimentos bons e nobres. 

Disparar uma arma – A arma da Bandeira Rósea do Amor; da bondade, gentileza e da cortesia. Sou fã de filmes de bang-bang, mas prefiro a arte circense.

Experiências paranormais 
– Não tenho, mas acredito na espiritualidade, principalmente; e que os mortos, estão além-túmulo.

Ver alguém morrer – Não. Não vi. Já participei de encaminhamento do corpo, para que o Divino Amado Mestre Jesus, pudesse fazer um encaminhamento do mesmo.

Jantar num karaokê – Não tenho status de vedete, infelizmente sem talento para canto e palco. Gosto de musica do tipo de André Rieu, ou instrumental. Adoro bons restaurantes.

Pets – Acredito que os animais são criaturas de Deus. Aprecio: Gatos, iguanas, um cão, peixes orientais, tartarugas, lagartixas. Adoro contemplar a beleza dos animais. Gosto de visitar Zoológicos.

Briga de bar – Sou da paz e amor, bem e belo. Não costumo frequentar bares, não. Nunca.

Esquiar
 – Só nas dunas de areia de Aracati e Trairi, no Ceará. Esquiar sentado numa esteira de folha de coqueiro.


Andar de moto – Uma maravilha. O perigo mora ao lado, mas pouco importa. Adoro veículos do tipo Land Rover.

Cair de uma moto – Por sorte, nunca. Graças a Deus.

Andar à cavalo - Durante estadia em hotel fazenda, em Itacaré ( Ba). E na fazenda dos meus avós, em Baturité, no Ceará. Não sou muito amante, não. 

Ser hospitalizado
 - Não. Nunca.

Doar sangue
 – A última vez faz muito tempo.

Prisão 
– Não, graças a Deus. Ave Maria!

Pôr-do-sol na praia – Adoro. Observando na varanda do apartamento, na praia, na cidade.

Esportes extremos
 - Boxe. Só como torcedor. Adoro caminhar à beira mar. Nada mais. 

Transportes públicos - Muitas vezes o ônibus e o táxi.

Acidentes de carro
 - Não.

Acampar - Não. Sempre gostei do luxo e do conforto dos hotéis.

Plantar uma árvore - Plantei árvores e flores.

Escrever uma carta a mão
- Espalhei milhares de cartas poéticas pelo Brasil, para os amigos e amigas.

Escrever livros
 -  Sim. Eles estão entre nós: Flores para um mundo melhor; Você e Importante; Viva Bem; A Bela Face do Mal; e a Bíblia do Inconveniente- O impossível acontece. Costumo dizer que são livros que geram felicidades.

Sair na tevê – Tive a feliz oportunidade de ser entrevistado umas quatro vezes, no radio e na televisão, referentes a publicação de meus livros; campanha compaixão animal; campanha flores para um mundo melhor; e campanha do agasalho e presentes de natal para crianças carentes.

Homenagens - Já fui homenageado no Jornal ‘Direitos’, com uma página, para eu falar numa entrevista das minhas andanças culturais. Fui homenageado pela Revista Vitória, Jornal do Estudante. Homenagem pelo Sindicato dos Motoristas, pela CDL, por Associação de Moradores, etc.

Bebedeira – Amo e adoro: água de coco, suco, chá, leite. Não bebo bebida alcoólica. Não deixa de ser relaxante, por que cada coisa tem o seu sabor todo especial.

Fazer um discurso – Não é minha cara. O melhor que fiz foi ao receber o Título de Cidadão Itabunense, em 1998, na Câmara de Vereadores. Em minha cidade na Câmara de Vereadores e no Colégio que estudei:  o Maria Julia Maia Bonfim, fiz discurso de agradecimento pela rica homenagem. Adoro escrever piadas, mensagens de humor e de autoajuda. Pura emoção.

Subir a um palco – Participei de muitos encontros literários e de campanhas políticas, além de estimular a vida pautada no bem, na honestidade, na sinceridade, ou mais. 

Está apaixonado – Sim. Sempre. Apaixonado pela minha esposa, meu lar doce lar. Apaixonado pelos meus amigos e amigas. Apaixonado por Deus,  por saúde e pelo dinheiro. Uma  paixão e um amor que  transformam a paisagem habitual. Se eu mudo, tudo muda. O amor gera felicidade.

Você ama música
 – Sim. Em casa, horas e mais horas de música, mesmo ao ler ou escrever. Certa vez organizei um CD com as músicas da minha vida, boleros, instrumentais e mantras. 

Acredita em um deus
 – Creio, sim. Sou devoto da Virgem Santíssima e de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Frase do dia – “Não importa os meios, o importante são os fins”. Não gosto, não concordo, desde que  mentir, enganar e a trapacear estejam presentes nos atos e ações.

Você gosta de neve – Demais. A primeira vez que vi nevar estava em Gramado, no Rio Grande do Sul, fazendo turismo. Achei fantástico, completamente mágico, virei criança ao contemplar a beleza da criação e da mãe natureza.

Você gosta de chuva
 – Sou amante da chuva. Ela me deixa contente. Só não pode ter goteira. Em casa observo pelas vidraças. Adoro também, àquela chuva “molha bobo”. 

Você gosta de dias ensolarados
 – Vivo em terras ensolaradas: Bahia e Ceará. É espetacular, mas gosto muito de dias frios e chuvosos.



João de Paula – Escritor e Jornalista.

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ITABUNA DE CARLOS ROBERTO SANTOS ARAÚJO: Itabuna revisitada

Itabuna revisitada


Às vezes me pergunto: que cidade
Essa em que vivo, lívido e noturno,
Em becos sem saída que a outros becos
Dão, em jogos de múltiplos espelhos,
Como sôbolos rios dão mar?

Às vezes me demando: onde Ariadne
O teu fio de cabelo como teia
Numa esquina do tempo e da memória
Conduzindo meu passo em labirintos
Onde tocaiam terríveis minotauros?

Cidadela de pedras e de muros
Onde o musgo se agarra como náufrago
Em silêncio de estátuas degoladas
Indiferentes ao grito das buzinas
Que entorpeceram o cântico dos pássaros.

Cidadela por onde, inda menino,
Caminhei tuas ruas solitárias,
Alamedas de plátanos alados
Em céu de brigadeiro, onde voávamos,
Em décadas de andá-las e perder-me
No  dédalo que leva ao meu destino,
Até chegar, barbudo viandante,
No coração do teu mercado persa
De suor e de sangue derramados.
Cidadela irreal e dividida
Pela fúria dos teus risos ferozes
Pelos silêncios tão expectantes
Que às vezes se revelam em tuas vozes
Dividida na tua geografia
Por um rio coberto de feridas
Que, na seca, revela-se esqueleto
De pedras e de úlceras abertas
E, na cheia, cobre-se no mênstruo
Das águas barrentas e selvagens
Sangrando, fêmea, em direção ao mar.

Estás, hoje, ferida, sim, de morte,
Por um grito de dor que se contorce,
Tuas raízes atiram-se na brisa,
Mas não encontram onde se agarrar,
Frutos de ouro inclinam-se na sombra
Feridos por estranhos personagens
Que apunhalaram o céu, seres do ar.

Agora em mim opera-se uma dúvida
Na colheita das tuas oferendas,
Indiferente estou aos teus relâmpagos
Azuis e ao trovão dos teus motores,
Pois os passos da morte já perseguem
Os calcanhares da vida, o tempo inteiro,
Sol a sol, mês a mês, ano a ano,
Como ao vento de abril folhas de outono
Caem, leves, dos velhos cacaueiros.



Carlos Roberto Santos Araújo -  Nasceu em Ibirapitanga, a 25 de janeiro de l952. Juiz de Direito em Salvador. Recebeu o “Prêmio Poesia Estímulo de 1970”, do Conselho Estadual de Cultura de São Paulo, com o livro “Lira dos Dezoito Anos”. No “Concurso Firmino Rocha de Poesia”, da Prefeitura Municipal de Itabuna, obteve o segundo lugar, e, no “Prêmio Nacional de Poesia Augusto dos Anjos”, promovido pelo governo da Paraíba e Editora José Olympio, recebeu Menção Honrosa. Publicou “A Nave Submersa”, poesia em que a linguagem se faz suficiente no que o poeta quer dizer, ao assumir a carga do relacionamento que se faz “à margem da vida, doce fruta, plataforma lançada sobre o tempo”, com a sua face complexa onde predomina o lado crítico da morte.  


* * *                                                                                                

VERSOS NA PULSEIRA DO TEMPO - Cyro de Mattos

Versos na Pulseira do Tempo
Cyro de Mattos


O baiano Renato Prata nasceu em Itabuna, como sua irmã Heloísa Prazeres, que também é poeta.  Em Breve antologia poética (2017) publica dessa vez uma seleção de poemas extraídos de seus quatro livros:  Sob o cerco de muros e pássaros (2003), A quinta estação (2007), A pulseira do tempo (2012) e Mar Interior (2015), além de outros retirados das antologias  Poetas da Bahia II e III (2003, 2015) e  Outros Riscos (2013). Essa Breve Antologia Poética, que nos dá uma amostragem da vida em seu claro parentesco com a música, a considerar espaços da  significação ideal do mundo através do verso,  é organizada por Heloísa Prazeres.

De marcante presença na lírica contemporânea da Bahia,  o poeta de gestos recatados preferiu conviver com o seu projeto estético, em exercício qualificado, durante décadas até que comparecesse em livro. Recolhido ao silêncio de suas criações, não optou  por conviver em grupos, forjar alianças, para desfrutar de certo comércio no setor, muito comum aos elogios mútuos e fáceis. Tornou-se o principal crítico de sua produção poética antes de fazer sua estreia  como um poeta maduro, privilegiado na sua expressividade  nas construções de  formas líricas, tanto nos versos livres como nos de estruturas fixas.

Conquistou alguns prêmios literários importantes na Bahia. Um de seus livros teve a edição do próprio  autor, já  outros três foram publicados por editoras  baianas de porte pequeno, sem atuação no circuito nacional. Mas o que vale é a sua  poesia, que,   de livro a livro, apresenta-se  integrada de linguagem e vida.
 
Poeta de ritmo melodioso, desde a estreia em Sob o cerco de muros e pássaros revela que,  se procede dos deuses, viaja com tropeços na claridade. Lê-se no poema “O passado investe nossos passos” que os versos da juventude nem chegaram a ter escritura, “gastaram-se no limbo por decênios”.  Sem cantar “as efusões de um dia,  amadas inúteis, o primeiro encontro com a morte”, a certa altura  indaga da razão dessas impressões líricas, guardando sonhos no que sabem o quanto viver, no fluxo e refluxo do prazer,  têm o passado que investe nossos passos. Leva-nos  à conclusão de que um clima é formado de acréscimos líricos,  que a cada momento formam um corpo concentrado em si de sentimentos, escavações no interior, que são expostas aos ventos.

É nesse tom essencialmente lírico, participante de momentos com aguda sensibilidade,  que encontramos  um poeta inventor do poema com lastros da miragem, ternuras, purezas, maciez e algum presságio. Toca em nossos ouvidos uma poesia orvalhada de emoções, trinado de pássaro, jogo das ondas no vasto mar de  ideias, que   no seu timbre ritmado de cores, sutilezas várias, corre e voa com a musicalidade de sua composição quando escalavra o vento.  Tece com sabedoria o silêncio marcado pela ilusão, que se  impôs nas trilhas do sonho através do intercâmbio da palavra capaz de  esclarecer o  mundo.

De arguta leitura da vida, compartimentada no verso, como no poema “Rastrear os deuses”, Renato Prata  expõe sua crença na poesia quando afirma que elabora o verso para atravessar divisas da solidão, maneja-o com precisão para capturar sentidos que revelam o mundo.


Eu faço versos mais cedo
Quando arfa o silêncio pela casa
Olhos de neblina e entressonho
Rastreando os deuses da poesia.


         Na poética construída com paciência e consciência do ofício,   nota-se como  o poeta em si concebe esse sujeito que tem veias de vidro para refletir o mundo, esse habitante daquela ilha verde com a aridez dos anos,  expedindo canção e danação, mas desprovido de cupom fiscal. Quando dotado de sensibilidade arguta, constrói belas e verdadeiras estrofes, tentando equilibrar-se entre espantos,  na direção constante de quem incorpora novas opiniões perante a experiência humana no mundo. 


Não guardo moldes e cálculos
Soletro tempos e pássaros
Mas tudo exponho aos ventos.


         Nessa Breve Antologia Poética, de novo percebo as qualidades de um discurso que vaza lucidez, pulsando nas intimidades de suas estações com a pulseira do tempo o eu lírico, em procedimentos de teor filosófico, até mesmo nas  incursões  expressivas metalinguísticas. Nessas suas maneiras alusivas da vida, que são apenas ondas antes de alcançar o cume e espraiar na metáfora, prova ser a sua força a de um lírico autêntico,  a ação quase não se fazendo perceptível,  o poeta caminhando  pelo  interior de espaços que existem independentes de sua forma instrumental,  manifestando-se    com imagens  que se ajustam a uma inventiva formal que só os  poetas experientes dominam.

Contra o silêncio de seres e objetos,  em suas relações instransponíveis ao primeiro golpe de vista, emerge esse  poeta de sentidos e visões  penetrantes do que importa deixar-se ficar, vale tocar e decifrar. Revela, em sua legítima impressão digital, sinais que reverberam solidões, estados de alma por entre cenas  do cotidiano, plasmadas pelas luzes da memória, transes e emoções de quem sabe ser isso a veia e o veio para dialogar com o outro nas incompletudes do tempo,  indiferente ao que nos envolve e habita no trânsito da existência.  Desse ponto de vista, existe sem dúvida uma proposta formulada que chamo de pulsações líricas  no labirinto de Orfeu, que comove nessa coisa afável, diáfana, feita de versos e estrofes para suportar a vida. 
           

Cyro de Mattos é ficcionista e poeta. Publicado em inglês, francês, italiano, espanhol, alemão, dinamarquês, russo. Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Membro titular da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz.  

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ITABUNA DE GLÓRIA BRANDÃO - Soneto para Itabuna

Soneto para Itabuna


Ó Itabuna! Cidade de espírito nobre!
Aqui no teu seio encontrei  gente amiga
Nas ruas avenidas sou feliz e sou querida
Mãe de filhos ricos e de filhos pobres.

Itabuna, aqui amadureci e tenho gratidão
Canto nos meus versos tuas tristezas e glórias
Chão que abriga tantas memórias
Amar-te sempre, essa é a minha intenção.

Filhos de outras pátrias, miscigenação de raças,
Estrangeiros que chegam e tu sempre enlaças
Abraços a todos, mesmo os que logo se vão.

Tenho alegria! No  teu solo tenho triunfado
Gozo glórias que antes havia idealizado
Viver no teu chão só me dá satisfação.


(A MÃO DO TEMPO)

Glória Brandão

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