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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

ABL: PROFESSOR ULPIANO BEZERRA DE MENEZES ENCERRA NA ABL O CICLO SOBRE PATRIMÔNIO CULTURAL



A Academia Brasileira de Letras encerra seu ciclo de conferências do mês de outubro de 2018, intitulado Patrimônio Cultural Brasileiro: abordagens, desafios, políticas, com do professor Ulpiano Bezerra de Menezes. A coordenação será do Acadêmico, historiador e professor Arno Wehling e o tema escolhido foi Dicotomias no campo do patrimônio cultural. O evento está programado para quinta-feira, dia 25 de outubro, às17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.

Serão fornecidos certificados de frequência.

A Acadêmica Ana Maria Machado é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2018.

Ulpiano Bezerra de Menezes adiantou, sobre sua palestra, que, em 2012, uma rede de pesquisadores e técnicos do patrimônio cultural começou a se organizar numa associação internacional de “estudos críticos do patrimônio” para combater o chamado “discurso do patrimônio autorizado” e ressaltar a necessidade de encará-lo, preferencialmente, como, também, fato social.

Afirmou que, “no Brasil, a Constituição Federal de 1988 abriu, nessa linha, novas perspectivas que, contudo, ainda não foram devidamente amadurecidas na prática profissional, nem criticamente avaliadas em suas perspectivas e insuficiências – apesar de termos identificado o campo como arena política, de conflitos ideológicos, sociais e econômicos, a exigir negociações”.

E concluiu: “Não se eliminou, porém o protagonismo exclusivo do Estado, nem a persistência de algumas perniciosas dicotomias, sobre as quais convém refletir: cultura e “cultura” (ou razão social vs razão técnica), material e imaterial (ou coisas vs sujeitos), processo e produto (ou patrimônio vivo vs patrimônio morto), valores imanentes e contingentes (ou reconhecidos vs atribuídos), autenticidade e identidade (ou suportes vs significações”.

 
O CONFERENCISTA

Professor Emérito da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Ulpiano Bezerra de Menezes é titular aposentado de História Antiga, docente do programa de Pós-Graduação em História Social, Licenciado em Letras Clássicas (USP, 1959), Doutorado em Arqueologia Clássica (Sorbonne, 1964).

Ulpiano Bezerra de Menezes foi diretor do Museu Paulista/USP (1989-1994), organizador do Museu de Arqueologia e Etnologia/USP (1963-8) e o dirigiu (1968-78).

Membro do Conselho Superior da FAPESP (1977-79), da Missão arqueológica francesa na Grécia (antigo membro estrangeiro), do CONDEPHAAT (1971-87, 1996-2004, 2006-7), do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural / IPHAN (desde 2005), Ulpiano Bezerra de Menezes fez pesquisas e publicou, no Brasil e no Exterior, nas áreas de História Antiga (história da cultura, pintura helenística, urbanismo antigo), cultura material, cultura visual, patrimônio cultural, museus e museologia. Recebeu a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico (2002).

18/10/2018



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PAJELANÇA IGUALITÁRIA – Jacinto Flecha


27 de setembro de 2014
Jacinto Flecha

Ucranianos, depois de terem derrubado monumento de Lênin, destroem a estátua no centro de Kiev

Depois que se tornou patente aos olhos do mundo a situação de miséria na União Soviética, os adeptos de doutrinas igualitárias deveriam ter pedido perdão por espalhar suas ideias, tão contrárias ao progresso da humanidade. Seria esta uma atitude razoável, decente, mas se alguém esperava ou ainda espera esse improvável mea culpa, é melhor reavaliar seus conhecimentos sobre a natureza humana, pois não existiu nem existirá essa retratação. Não se deve esperar também que escolham caminho diferente, a não ser que o tal caminho diferente seja o mesmo.

Não pense que estou brincando com os termos, logo você verá que o mesmo é diferente de diferente.

Uma constante nos países comunistas foi explicitada neste paradoxo muito divulgado no Ocidente não comunista: Todos são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros. Já era assim antes de desmoronar o comunismo (você deve se lembrar da famigerada e privilegiada nomenclatura soviética), e continua adquirindo requintes o favorecimento desses “amigos do rei”. Também nos poucos países onde se manteve o regime, basta comparar o padrão de vida do povo com o do “rei” e seus amigos. Nos países que agem atualmente de acordo com a cartilha bolivariana, o espetáculo dos “mais iguais” se renova com outras cores, outras moedas, outros atores, a mesma desonestidade e incompetência. Aí você tem algumas diferenças no mesmo caminho.

No ambiente psicossocial posterior à derrocada do império comunista, muitos estudiosos se esforçaram honestamente para explicar por que não deu certo. São muitas as explicações válidas, e uma delas está na base de todas as outras: O ser humano é desigual pela própria natureza, e tende a melhorar sua situação com esforço e iniciativa próprios, aumentando assim a desigualdade. Portanto as doutrinas igualitárias tendem necessariamente ao fracasso. E fracassarão sempre, ainda que meios coercitivos tentem impedir essa diferenciação.

Além desses estudiosos bem orientados, alguns esquerdistas com graus variáveis de preconceitos igualitários apresentaram tentativas de explicação, com o objetivo de disfarçar algumas coisinhas para poderem permanecer nos mesmos erros. Não vou catalogar nem discutir cada uma dessas tentativas de explicação, apenas direi algo sobre uma que li em alguns comentaristas, desses que encontram sempre abertas as portas da mídia. Ela pode ser resumida assim: O socialismo, para dar certo, tem de ser aplicado em todos os países, não pode restringir-se a um só ou a alguns.

Qualquer filósofo, psicólogo, sociólogo, antropólogo dotado de bom nível de conhecimento da sua ciência, terá argumentos incontestáveis para aniquilar propostas como essa. Na faixa científica em que sempre atuei, exemplos abundantes mostram a falsidade dessa pretensa explicação. Comento apenas um, muito fácil de entender. Antes de lançar no mercado um medicamento novo, indicado para o tratamento de uma doença, a eficácia dele é inicialmente testada in vitro, depois em animais de laboratório. Se funcionou bem, sem efeitos colaterais consideráveis, será em seguida testado em número restrito de voluntários. O uso em maior escala só será permitido se sua eficácia for comprovada, sem riscos consideráveis. Esse processo costuma demorar mais de dez anos. Mesmo na última fase, em que o medicamento passa a ser usado pelos pacientes em geral, qualquer alerta sobre alguma consequência imprevista ou imprevisível acarretará sua exclusão imediata. Com a Talidomida aconteceu isso, e o laboratório foi processado no mundo inteiro, com enormes multas e indenizações.

Imagine agora o que aconteceria se não fossem tomadas todas essas precauções. Suponhamos que um vendedor ambulante — digamos, um Carlos Marques da Sillva — saia por aí vendendo uma “garrafada” igualitária que produziu. Ele imagina bons efeitos terapêuticos, mas não a testou cientificamente. Você correria o risco de tomá-la? Se muitos se deixassem convencer, e as consequências danosas começassem a aparecer, você recomendaria que fosse usada por todos?

Formulo estas perguntas apenas pro forma, pois não imagino estar sendo lido por algum desparafusado e inconsequente. Mas veja bem que esta é a atitude sugerida por aqueles comentaristas igualitários da mídia. E as minhas perguntas precisam ser respondidas por quem dirige os destinos de países e governos, como também pelos que pretendem assumir essa condição. O destino de um país não pode ser confiado a quem se serve de pajelanças perigosas, como a “garrafada” comunista. E agora nem há mais desculpa, pois as consequências desastrosas já estão comprovadas. Só não entendo que não entendam isso nossos terroristas enfeitados e empoleirados.

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(Para receber novas crônicas, inscreva-se no blogwww.jacintoflecha.blog.br)
 Esta coluna semanal pode ser reproduzida e divulgada livremente


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ITABUNA CENTENÁRIA UM SONETO: Levaste de mim - Geraldo Maia


Levaste de mim

Levaste tudo de mim,
pedaços de sonhos esparramados na mesa,
sem ter mais quem os devore,
vão apodrecer ou parar no lixo,
teu cheiro que ainda perfuma
os vestígios do rosto que se demora no espelho,
levaste sim, tudo que é teu,
teus vestidos de solidão, teus sapatos de preguiça,
levastes a alma das paredes, o sorriso do silêncio,
mas tiveste que arrancar do tempo as horas de tua agonia,
cortaste na raiz a ternura que brotou em tua ferida,
sim, foi com esforço que tiraste
o carinho pregado em tuas noites de dor e medo,
mais fácil foi arrancar o rastro do teu abraço,
o sabor de entrega do beijo,
ainda dói no lugar de onde tiraste à frio
a minha alma de teu vazio,
doeu, não nego, mas pior foi cortar os laços do olhar
que ficaram trôpegos, cambaleantes,
soltos no espaço imenso que abristes entre tua mão e a minha,
um abismo que tentei preencher na marra
com tanta lágrima que fosse possível te lavar da memória,
foi pior que dor de dente, dor de viúva, dor de chuva do telhado,
foi pior que arrancar o coração a pulso, bater, bater, machucar,
cortar em pedaços até te arrancar de mim aquele teu pedaço
que sem querer deixaste cair na pressa para te levares
tudo que possa te prender à minha vida,
então, deixa ele aqui, não sei mesmo para onde enviar,
eu te prometo cuidar do mesmo jeito com que cuidei
daquele teu outro pedaço que me chegou todo esmigalhado
e foi preciso ir colando com meu próprio sangue e zelo
até que ficasse de novo inteiro, belo, lindo,
forte e precioso como sempre serás para mim,
mesmo que seja só um pedaço esquecido sem querer
na minha porta por onde saíste descuidada
sem ter sequer tempo para o que ficou de ti mesma,
e te deixaste assim esse pedaço de ti,
talvez para compensar, já que levaste de mim a vida inteira.


Geraldo Maia, poeta 
Estudou Jornalismo na instituição de ensino PUC-RIO (incompleto)
Estudou na instituição de ensino ESCOLA DE TEATRO DA UFBA
Coordenou Livro, Leitura e literatura na empresa Fundação Pedro Calmon
Trabalha na empresa Folha Notícias,
Filho de Itabuna/BA/BRASIL, reside em Louveira /SP.

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