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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O SONHO ACABOU – Adriana Calcanhotto

O sonho acabou


O PT foi ficando cada vez mais dividido, pesado, paquidérmico, carregando alas divergentes que foram minando a força interior do partido e sua chama.

Aos 15 anos, estudante secundarista em Porto Alegre, interessada especialmente nas causas indígena e trabalhista, devorando qualquer texto dos irmãos Villas Boas ou de Darcy Ribeiro que encontrasse pela frente, me apaixonei pelo movimento de criação do Partido dos Trabalhadores. Era o ano de 1980, e eu vendia broches que eram estrelinhas vermelhas com “PT” escrito em branco. Era o que podia fazer como contribuição para a concretização do grande sonho, aquele trabalho de formiguinha que o militante secundarista pode fazer, dando tudo de si. Usava meu broche de estrelinha do lado esquerdo do peito, no duplo sentido. Tirava o broche antes de chegar em casa para não ter que confrontar a família, de direita, entre outras manobras anticonflito. Até que um dia nasceu finalmente o PT, o inacreditável aconteceu. Grande privilégio do ponto de vista histórico fazer parte daquilo. Meu herói era Olívio Dutra, e meu lema era “com o Olívio onde o Olívio estiver”.

Gostava do comunismo e gosto ainda hoje. Do lado bom, do lado utópico, do lado Ferreira Gullar, do lado Oscar Niemeyer do comunismo. Li “O capital”, mas repudio ditadores que não respeitam os direitos humanos. Revelou-se utópico, mas para mim antes utopia que acomodação ou o trabalho escravo do qual o capitalismo com tanta naturalidade lança mão.

Dada hora o PT trincou e acabou rachado. Começou a ter alas e facções demais e tornou-se, para meu gosto, excessivamente “partido”. Mesmo ligada à causa trabalhadora e filiada ao PT em Porto Alegre, sempre me senti mais ligada a quadros do que a agremiações. Já morando no Rio de Janeiro, fiz campanha voluntária à Presidência da República de Roberto Freire, pelo PCB, no primeiro turno nas eleições de 1989. Tinha 23 anos, liguei para o comitê e perguntei: “Posso ajudar?”. Seguia acreditando nas ideias do PT, votei em Lula no segundo turno e chorei dois dias de desgosto com a vitória de Fernando Collor. Passou o tempo, e o PT foi ficando cada vez mais dividido, pesado, paquidérmico, carregando alas divergentes que foram evidentemente minando a força interior do partido e sua chama. Tempos depois a ala radical do PT, de tão radical, chegou, por exemplo, a ser contra a candidatura pelo partido à Presidência da República de figuras migradas de outros partidos, caso da presidenta Dilma, oriunda do PDT. Não gosto de fanatismo. Fui deixando a cada dia de me sentir representada pelo PT. Não achei a escolha do cinismo boa opção. Não gostei de ver o Lula em palanques com Sarney e Paulo Maluf, que ele execrava nos mesmos palanques quando eles não estavam presentes, aquele PT não me representava mais.

O desmatamento aumentou. A nascente do Rio São Francisco secou. O governo não relaciona uma coisa à outra. O governo permanecerá no governo porque a cada eleição vai pagar carros com alto-falantes para circular pelas ruas das cidades mais pobres do Nordeste informando que a oposição, vencendo a eleição, vai acabar com o Bolsa Família. O povo tutelado, acuado. São inegáveis as boas coisas realizadas pelo PT, são transparentes, menos gente passa fome. Mas e essa confusão na Petrobras?

A Educação em cujo país o lema do governo agora é “Pátria educadora” tem o responsável pela pasta definido no balcão de loteamento de cargos, um deboche, uma ofensa à memória de Paulo Freire e ao esforço das pessoas comprometidas com a educação no país, considero inaceitável, mas e daí? Quem sou eu? Apenas uma cidadã, que paga impostos, que é muitas vezes bitributada, que gera empregos, que para no sinal vermelho, ou seja, uma otária, que acredita em princípios éticos. Se o governo despreza a ética por que o povo seria ético? Mas eu não caio nessa. O chanceler escolhido pela presidenta para assumir o posto em Washington, com habilidades conhecidas para amenizar bilateralmente os ânimos, botar as coisas nos eixos e ajudar a promover a visita da presidenta aos Estados Unidos em setembro, já começa com um problema a resolver. O ministro foi empossado sem o aval dos EUA, uma formalidade a ser cumprida, já descumprida pelo governo brasileiro na largada, obrigando o primeiro ato do novo chanceler a ser uma quebra de protocolo. As primeiras ações do novo governo contradizem em tudo o que foi dito na campanha, a massa de manobra, massinha de modelar. Ai, cansa.

Quando um dos maiores tesouros do PT, a então senadora Marina Silva, deixou a legenda, eu já estava no Partido Verde. Agora não estou em lugar nenhum. Ou melhor, mudei-me para a desesperança. Serei alienada ou apolítica, que é melhor para mim do que ser amoral. Semana passada, juntando em caixas roupas, livros e coisas que não uso mais para doar, atirei num caixote de bugigangas aquela minha estrelinha vermelha do PT, o sonho acabou. Pode a militância entupir à vontade minha caixa postal com deselegâncias, eu sou vocês ontem. Hoje eu sou Charlie.



Adriana Calcanhotto -  Cantora e compositora brasileira. As suas composições abordam estilos variados: samba, bossa nova, pop e baladas. 

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MINHAS LEMBRANÇAS COM O AMIGO RAMON VANE - Ari Rodrigues

Minhas lembranças com o amigo Ramon Vane


Em um dia de verão do ano de 1985, saindo de um ensaio de uma peça de teatro de rua, estavam Betão, Alba Cristina, Eva Lima, Ramon Vane e eu de intruso, porque estava começando a namorar com Eva (pra quem não sabe,nós fomos casados). 
Nessa época, artista tinha que contar as moedas para tomar cervejas. Eu tinha 20 anos e também era assalariado ou seja, duro também.

Saindo da Sala Zélia Lessa, seguimos pela Cinquentenário e eles resolveram passar no antigo Caçuá (hoje não existe mais, deu lugar a praça Camaçã) para tomar uma rodada de chop's que era o que o dinheiro dava.

Sentamos na pizzaria e as mesas na época eram de cimento, tipo um tampão redondo. Estava tendo um sambão de um grupo super conhecido na cidade (não vou divulgar os nomes porque não estou autorizado). Eram nossos amigos, e conhecidos das baladas.

O sambão estava muito bom, o bar cheio e de repente... Ramon sobe numa mesa e começa a recitar um poema.

O som do sambão estava muito alto e as pessoas não ouviam o que ele dizia e também estavam querendo ouvir a música. Ele insistiu e começou a recitar mais alto, quando viu que ninguém prestava a atenção, proferiu para o pessoal do sambão: Respeitem o artista rebanho de @#$%¨&.

Não sei como, com aquela barulheira toda, os caras ouviram o palavrão. Nossa! não sei em que instante esses caras (uns dez) largaram os tambores e pularam pra cima de Ramon!
Ele Por sua vez, pulou da mesa sentido Caixa Econômica e correu desesperado.

Os caras correram sentido contrário, sentido banco do Nordeste para pegá-lo do outro lado.

Eu na época, tinha 85 quilos e era grosso que nem uma porta. Na realidade, o pessoal do teatro não gostava muito de mim, porque eu era considerado almofadinha, mas era namorado de Eva então eles me engoliam, só que eu dava um boi para não entrar numa briga e... Resultado, saí correndo igual um maluco pelo lado que Ramon correu e consegui chegar na frente dele. Tomei a frente e coloquei ele atrás e fiz barreira.
Com a mão estendida, falei que ninguém encostava nele.
Os caras em número de 8 a dez, não lembro bem, se olharam e iam partir pra cima, Ramon e eu íamos apanhar mais que mala velha. 

A salvação foi (esse eu falo o nome porque é meu amigo pessoal) Reinaldinho do Bradesco, gritou: Parem, Ari é gente minha, deixa isso pra lá. Os outros não gostaram muito, mas, voltaram para o bar.

Nisso, foi chegando o resto do pessoal e me agradeceram e foi aí que nasceu o apelido, ARI FACÃO que o safado do Betão colocou que até hoje em Salvador, a galera me chama assim!



Ari Rodrigues
Publicitário, membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL



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DISCURSO DO EX-MINISTRO DA EDUCAÇÃO CRISTÓVAM BUARQUE

Discurso do ex-Ministro da Educação Cristóvam Buarque

 

Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador Cristóvam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr.Cristóvam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso."

"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade."

"Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço."

"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação."

"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado."

"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro."

"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil."

"Defendo a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de comer e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro."

"Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!"




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HISTÓRIA DE ITABUNA: DEPUTADO FÉLIX MENDONÇA ABRAÇA A CAUSA DA IMPLANTAÇÃO DO MUSEU NO CASARÃO DA FAZENDA VALPARAÍSO


Deputado Félix Mendonça abraça a causa da implantação do Museu no Casarão da Fazenda Valparaíso

(Achei este texto entre meus arquivos - de mais ou menos sete anos;  resolvi postá-lo e perguntar: e então, Sr. Ex-deputado Félix de Almeida Mendonça, o senhor abraçou de fato essa causa?
Por que, tão enfático discurso  nada  rendeu  de bom para a Amada Itabuna?
E pergunto à FICC: o Casarão da Fazenda Valparaíso, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), processo n° 1.604-5.10, ‘em razão do seu elevado valor histórico e arquitetônico’, onde seria instalado o Museu da Cidade, para abrigar a História de Itabuna, ainda existe?...)
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Discurso do deputado Félix Mendonça na Câmara em Brasília

O SR. FÉLIX MENDONÇA (DEM-BA.) pronuncia o seguinte discurso:

"- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Itabuna, cidade situada no sul da Bahia, possui uma população estimada em mais de 200 mil habitantes e área territorial de 443 quilômetros quadrados. Seu nome, de origem tupi, significa pedra (ita) preta (una), devido à abundância de pedras escuras naquela localidade.

O Arraial de Tabocas, Distrito de Ilhéus, como assim era chamado antes de sua emancipação, nasceu às margens do Rio Cachoeira. Nos idos de 1857 a região, em processo de desbravamento, era utilizada como rota de passagem pelos tropeiros, que viajavam a partir do litoral em direção ao Município de Vitória da Conquista.

A partir de 1867, o arraial começou sua fase de povoamento. Dentre os primeiros chegados estavam o caboclo Manoel Constantino e o sertanista Félix Severino de Oliveira, conhecido por Félix Severino do Amor Divino. Com a família de Félix Severino, chegaria, então com 14 anos, o menino José Firmino Alves, que mais tarde viria a ser um dos principais nomes na fundação do Município de Itabuna.

Srs. Deputados, o importante fator que deu início ao nascimento do Município de Itabuna foi o crescimento da monocultura do cacau no sul da Bahia, intensificada a partir do final do Século XIX.

A vinda de nordestinos de diversas matizes, que tinham a perspectiva de recebimento de terras devolutas e cultiváveis facilitadas pelo Governo, levou num curto espaço de tempo ao aumento da área povoada.

Itabuna é hoje um polo regional que se destaca por atividades comerciais, industriais e de serviços. Durante o auge do período de grande produção do cacau, e devido à fertilidade de suas terras, próprias ao cultivo dessa rica cultura, tornou-se um importante centro econômico, ocupando o topo da produção cacaueira no País, com exportações principalmente para a Europa e os EUA. Os valores superaram a marca de US$ 1 bilhão anualmente.

Lastreada na monocultura, na década de 1980 Itabuna e a região sofreram profundo colapso econômico causado pela crise do cacau. O ataque da vassoura-de-bruxa à lavoura provocou mudanças drásticas no cenário regional do sul da Bahia. Mas, impulsionado por diferentes alternativas econômicas, o Município de Itabuna voltou-se para as demandas de produção nas áreas de comércio, serviços, indústria e diversificação da agricultura.

Sr. Presidente, Itabuna é berço de grandes escritores, como Jorge Amado, Sonia Coutinho, Hélio Pólvora, Cyro de Mattos, Walker Luna, Florisvaldo Matos, Adonias Filho e Firmino Rocha. Berço também de uma cultura própria, que ficou conhecida como a civilização do cacau.

Itabuna, às portas da comemoração do seu centenário, ainda em 2010, busca, com a conservação de sua cult ura, preservar sua identidade com um centro de memórias.

Sr. Presidente, colegas Parlamentares, preservar, recuperar e dinamizar o passado individual ou coletivo de uma população por meio da memória configura-se um dos caminhos possíveis para a descoberta de processos educativos e culturais que possam redefinir o presente e planejar o futuro.

Itabuna luta para concretizar um antigo sonho: a construção do Museu da Cidade. Busca um espaço próprio e organizado para exposição e preservação de seus ícones culturais, de suas reminiscências históricas, de suas peculiaridades sociais. Quer um espaço para o fomento da memória, para a apreensão do saber por meio da educação.

O Projeto Museu da Cidade de Itabuna é uma proposta que reúne institucionalmente a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania - FICC e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, ambos órgãos da Prefeitura Municipal de Itabuna.

O Prefeito de Itabuna, José Nilton Azevedo Leal, acompanhado por este Deputado, visitou as dependências do antigo casarão da Fazenda Valparaíso, pertencente ao Coronel Tertuliano Guedes Pinho. Ambos ficamos sensibilizados com a dilapidação daquele importante patrimônio histórico, à mercê do desgaste natural e da falta de manutenção.

Comovido por toda aquela riqueza arquitetônica, o Prefeito José Azevedo priorizou a construção do Museu.

O Prefeito José Azevedo determinou ao atual diretor presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania - FICC, e um dos idealizadores, Cyro de Mattos, que iniciasse a elaboração do Projeto Museu da Cidade, por meio de ações concretas para viabilizar tal empreendimento. Promoveu-se o levantamento fotográfico das condições físicas do casarão, além de ter sido proposto o envolvimento da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano - SEDU, a fim de realizar a avaliação arquitetônica para restauração e reforma do imóvel.

A FICC tem como função a formulação da política cultural do Município de Itabuna e a promoção de ações no âmbito da preservação da memória, da divulgação cultural, do incentivo à cidadania e ao cultivo de uma identidade local, e assim busca consolidar os anseios da comunidade e a vontade política da administração pública, no sentido construir os meios e recursos para instalação do Museu da Cidade

Este deputado é um entusiasta do projeto, junto com o Prefeito Azevedo e Cyro de Mattos. Após consultar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN na Bahia, o Dr. Carlos Amorim, superintendente do órgão, solicitou ao Prefeito que encaminhasse o pedido do tombamento do prédio Tertuliano Guedes de Pinho. Em seguida indicou um funcionário especializado para a avaliação prévia. Depois encaminhou ao Presidente do IPHAN, Dr. Luiz Fernando de Almeida, um competente relatório solicitando o tombamento provisório, que foi aprovado logo após os órgãos técnicos terem sido ouvidos. Essa foi a primeira etapa para o tombamento definitivo.

Simultaneamente às providências relatadas, disponibilizei da minha cota parlamentar a quantia de R$ 1 milhão, destinada ao início das obras do restauro. O tombamento provisório é condição imprescindível para o recebimento de verbas federais.

Por tratar-se de município economicamente desenvolvido, com história significativa e cultura singular, e por já haver a difusão nacional, por meio de grandes eventos, da trajetória da monocultura do cacau na região sul da Bahia, torna-se sustentável e viável cultural, educacional e turisticamente esse projeto.

O complexo cultural deverá atrair um fluxo de visitação permanente, e não só de grapiúnas - naturais da região cacaueira do sul da Bahia - como de turistas diversos, estimulando melhores opções de lazer e cultura, elevando a qualidade de vida da população e promovendo o desenvolvimento urbano local.

Os benefícios gerados pela implantação do museu e pela realização de projetos culturais terão um alcance social significativo, com desenvolvimento de ações que estimularão a capacidade de produção de bens culturais da comunidade. Tudo isso permitirá a revitalização da memória política, social e cultural do município.

A participação dinâmica de visitantes e moradores no conhecimento do acervo, a conscientização da comunidade na preservação do patrimônio material e imaterial da cidade e o desenvolvimento do turismo cultural produzirão renda e promoverão a divulgação das potencialidades do município.

Dentre os objetivos elencados no projeto inicial do Centro de Memórias de Itabuna, podemos destacar: a efetivação da política de preservação do patrimônio arquitetônico e cultural do município por meio do tombamento e da restauração do casarão da antiga Fazenda Valparaíso; a promoção da melhora da qualidade de vida em Itabuna, com o fomento de ações educativas, artísticas e culturais, favorecidas pelas ações e projetos desenvolvidos pelo museu; a incrementação de ações publicitárias para implementação integrada de turismo e cultura como forma de geração de renda e agregação de valores aos artefatos da produção artística e artesanal local; a promoção de melhora da infraestrutura urbana nas adjacências do museu, e de possíveis benefícios aos moradores do local; e a elaboração e a efetivação de ações de pesquisa, preservação e levantamento histórico do município em parceria com universidades e instituições afins.

Dentre esses objetivos que já compõem o projeto, devo ainda sugerir que se promovam e se integrem estudos e pesquisas interdisciplinares voltados à reconstrução da memória histórica e sociocultural do Município, que se constituam acervos documentais e bibliográficos, cuidando de sua restauração, organização, conservação e divulgação, e que se desenvolvam atividades relativas a produção, divulgação e discussão da memória histórica e sociocultural.

Como forma de chegar a esses objetivos, é necessário que o Museu, quando instalado, realize pesquisas próprias e/ou em convênios com outras instituições, preste assessoria a projetos ligados à memória histórica e ao patrimônio sociocultural, organize e promova eventos de ordem acadêmica - seminários, conferências, exposições, cursos, treinamentos e/ou estágios voltados à preservação da memória nas áreas de arquivologia, biblioteconomia, restauração de documentos, história oral e iconografia -, colabore na criação e execução de cursos de graduação, pós-graduação, especialização, extensão e treinamento, nas áreas de sua especialidade, propostos no âmbito de Universidade e cursos profissionalizantes, colabore com instituições culturais externas e desenvolva programas de publicações de caráter científico, bem como de resultados dos projetos dos quais tenha participado.

Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a criação do Centro de Memórias de Itabuna é de vital importância para a preservação da sua rica cultura e também da cultura do cacau.

Estou seguramente engajado nesse projeto ímpar para a cultura do sul da Bahia, empenhando-me na busca de recursos junto aos Governos Estadual e Federal e oferecendo sugestões no tocante ao objetivo e ações que o Centro deverá desenvolver.

Muito obrigado".

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