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domingo, 12 de fevereiro de 2017

GENTE QUE AMA ITABUNA - Frei Ludovico de Livorno

Foto do Acervo histórico de Itabuna
Frei Ludovico de Livorno 

Era natural da Itália.
Antes de vir para o Brasil, servira como capelão no exército de Napoleão Bonaparte, em suas campanhas pela Europa.
Veio em missão de catequese. Foi designado para servir no sul da Bahia, onde a civilização apenas ensaiava seus primeiros passos.
Ferradas foi o seu Quartel General, de onde comandou seus companheiros na difícil missão de catequizar os índios.

Logo conquistou o carinho dos moradores da região. Seu nome era pronunciado com respeito.

Grande orador era imprescindível nas festividades religiosas, nas Santas Missões, onde empolgava os ouvintes com sermões de rara beleza.

Era tido por muitos como possuidor de poderes sobrenaturais.

Certa ocasião, durante as Santas Missões, estava pregando, quando interrompeu sua prédica para exclamar visivelmente perturbado: Santo Deus Misericórdia! Acabam de matar o meu amigo... ( e disse o nome de conhecido fazendeiro, residente ali perto).

Horas depois, a notícia chegou: o tal fazendeiro havia morrido numa tocaia. 

Outra vez, o frade subia o rio Almada de canoa; a certa altura mostrando-se muito agitado pediu ao canoeiro para encostar a embarcação, saltou para terra firme e penetrou o terreiro de uma casa que ficava cerca de 600 metros da margem e encontrou o fazendeiro espancando um preto velho, escravo. Sua chegada fez o castigo ser encerrado, com o homem confuso, pedindo desculpas. Estes episódios da vida de Frei Ludovico fizeram a maioria das pessoas que deles tiveram conhecimento, classificá-los de “milagres”.

Exerceu sua ação evangelizadora entre índios e desbravadores da região por 30 anos.
Aos 85 anos de idade, cansado, foi para Salvador e recolheu-se ao Convento dos Capuchinhos onde faleceu em 12 de abril de 1875.

Em lugar do frei Ludovico de Livorno ficou outro frade de nome Luiz de Grava, que já vinha desenvolvendo brilhante trabalho não somente de catequese, como na fundação de novos núcleos coloniais e aldeamentos. Morreu afogado no rio Cachoeira quando regressava para Ferradas de canoa.


 (DOCUMENTO HISTÓRICO E ILUSTRADO DE ITABUNA)  

José Dantas de Andrade.

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A CATEQUESE DOS ÍNDIOS NA HISTÓRIA DO BRASIL - Carlos Sodré Lanna

29 de janeiro de 2017

Transcorria o ano de 1556. Dom Pero Fernandes Sardinha — ­nosso primeiro bispo — tomava a nau Nossa Senhora da Ajuda, acompanhado de eclesiásticos, pessoas da sociedade e famílias inteiras rumo a Portugal.

 Morte de Dom Pero Fernandes Sardinha e sobreviventes da nau Nossa Senhora da Ajuda, que foram devorados pelos índios caetés (gravura de A.F. Lemaitre)
Um acidente fatal a fez soçobrar pouco depois de zarpar de Salvador. Os que escaparam ao naufrágio — e foram muitos — acabaram capturados e devorados pelos ferozes índios caetés, na margem esquerda do rio São Miguel, ainda hoje indicada graças à crença popular.

Eis um acontecimento característico do estado dos índios brasileiros por ocasião da chegada dos nossos primeiros colonizadores e missionários.

Para darmos uma ideia da mudança ocasionada pelo influxo do Cristianismo e da civilização, apresentaremos, neste primeiro artigo de uma série de três, um quadro geral da situação em que se encontravam os aborígines na época do descobrimento do Brasil.

Nomadismo e promiscuidade

Talvez a maior descoberta dos portugueses ao desembarcarem em nossas terras tenha sido os próprios índios, um tipo humano ainda não conhecido pelos lusos em nenhuma parte do mundo. A única ciência dos indígenas era a floresta. O objetivo de suas vidas era comer, beber, caçar, combater e matar…

As aldeias que construíram — as tabas ­duravam no máximo quatro anos: as madeiras apodreciam, as palmas dos tetos de suas ocas já não os cobriam e toda a caça da redondeza estava exterminada.

Se alguma tribo se dedicava precariamente à agricultura, as terras cultiváveis estavam cansadas, o que obrigava os silvícolas a se mudarem de local. Além de predadores da natureza, nossos índios, com seus costumes nômades, jamais conheceram qualquer tipo de desenvolvimento.

 Cunhambebe, famoso cacique canibal, que se vangloriava de ter devorado grande quantidade de inimigos

Os laços sociais que os uniam eram de tal maneira frouxos que essas pequenas tribos se fracionavam cada dia mais. As constantes guerras de extermínio entre elas constituíam motivo para que se debilitassem e diminuíssem em número.

Nessas pobres almas predominava o instinto de vingança. Iniciadas as rixas que eram transmitidas de pais para filhos, não se poderia esperar nenhum sentimento de abnegação em favor do interesse comum e tampouco da posteridade.

Ao contrário de certas visões idílicas que alguns autores indigenistas procuram dar à vida tribal, ela se caracteriza pela mais completa promiscuidade, causadora de todas as espécies de doenças e vícios morais.

Vários cronistas da época relatam que os índios, antes da conversão, moravam em casas compridas — as ocas — cuja superfície era de trezentos ou quatrocentos palmos por cinquenta de largura; suas paredes eram de palha e o teto recoberto de folhas de palmeiras. Dentro delas viviam esparramados indistintamente cerca de cem a duzentos silvícolas. Entrando na oca, via-se a todos e tudo quanto nela se encontrava. Uns cantavam, outros riam, outros choravam, alguns preparavam farinha, outros o cauim etc. Havia pequenos fogos por todos os lados dando uma aparência de labirinto ou de um pequeno inferno.

Essas tabas eram escura, malcheirosas e esfumaçadas. À guisa de camas, os infelizes nativos usavam uma espécie de rede que exalava um odor horripilante, pois eles eram tão preguiçosos que nem se levantavam para satisfazer suas necessidades naturais.

Índios canibais

Eram seres humanos inteiramente rudimentares, ferozes, astutos, mentirosos e traiçoeiros. E, além do mais, eram canibais.

As cerimônias de matanças públicas serviam de pretexto para festas e ajuntamentos. Daí a denominação de “antropofagia ritual” que lhes deram. Os aborígines comiam seus inimigos por vingança. Suas expedições guerreiras tinham também como fim proverem-se de carne humana.

Durante os combates, os índios visavam sobretudo à captura de prisioneiros. Após uma luta preliminar, os guerreiros de ambos os lados precipitavam-se uns contra os outros, esforçando-se para desarmar o adversário e aprisioná-lo vivo. Os mortos e feridos no campo de batalha eram dizimados e devorados imediatamente, levando-se também diversas partes assadas para casa. A expedição vitoriosa fazia uma entrada triunfal em todas as tabas aliadas, ao longo do caminho. Ao chegar à aldeia de origem, as tropas obrigavam o prisioneiro a gritar: eu, vossa comida, cheguei!

Nenhum deles podia escapar ao sacrifício ritual para o qual era destinado. Caso adoecesse, os indígenas levavam-no mata adentro e partiam-lhe o crânio, deixando o cadáver insepulto. A duração do cativeiro variava muito, pois os velhos eram mortos sempre no retomo da expedição, enquanto os jovens poderiam manter-se cativos por vários meses, até anos.

Marcada a data da execução, todos os vizinhos e aliados eram convidados a tomar parte no festim. Passavam a noite precedente, num simulacro de vigília, a dançar, cantar e beber. Logo ao alvorecer, várias mulheres conduziam a vítima amarrada pela cintura até a praça da execução, no centro da aldeia, em meio a grande alvoroço. Aparecia então, no pátio, o carrasco dançando com um enorme tacape nas mãos, e, aproximando-se do prisioneiro, o brandia com toda força, quebrando-lhe a cabeça.

Mal o mísero massacrado caísse morto, velhas índias precipitavam-se sobre ele para recolher em uma cuia o sangue e os miolos que eram engolidos ainda quentes. Em seguida, o cadáver era assado como se fosse um porco e depois esquartejado, levando-se então os pedaços às cabanas em meio a gritos de alegria. Os selvagens acreditavam que, comendo a carne do inimigo, apropriavam-se de suas qualidades e manifestavam sua superioridade sobre ele.

Antropofagia doméstica

Algumas tribos comiam por culto membros de sua família que faleciam, dando-lhes, como pensavam, um digno sepultamento em seus próprios estômagos.

Nas tribos que praticavam a antropofagia era freqüente encontrar esse canibalismo doméstico, mágico ou participativo. Ele procede da crença de que, pela ingestão das carnes de um indivíduo, dá-se a mais íntima união possível com ele, e por conseguinte, a participação em suas qualidades: coragem, vigor, destreza etc. Daí os banquetes sagrados em que eram comidos, em festividades solenes, os personagens tidos como superiores: o cacique, o pajé, os guerreiros ou heróis, freqüentemente pessoas da própria tribo.

Assim, a fim de se revestirem das qualidades desejadas de seus antepassados, surgiu em várias tribos o costume de ingerir-lhes, em rituais fúnebres, as cinzas com bebidas especiais.

Um mês após o funeral do familiar, desenterravam seu cadáver, já em adiantadíssimo estado de putrefação, e o colocavam em uma grande panela sobre o fogo, até que lhe extinguissem as partes moles. Os odores fétidos exalados durante o ato completavam aquele ritual macabro. Quando os ossos ficavam carbonizados, eram triturados e reduzidos a pó. Este, por sua vez, era colocado em grandes cuias de madeira cheias de bebidas. Todo o grupo presente bebia então esta mistura até a última gota, crendo que as virtudes do morto haviam se transmitido a todas as pessoas que a ingeriam.

Taba ou aldeia indígena encontrada pelos primeiros colonizadores e missionários (gravura de A.F. Lemaitre)

Fundação dos aldeamentos

Pero Vaz de Caminha lê para o comandante Pedro Álvares Cabral, o Frei Henrique de Coimbra e o mestre João a carta que será enviada ao rei D. Manuel I.
Foi esse o sinistro panorama encontrado pelos primeiros missionários que para cá vieram, com a intenção de iniciar a catequese desses silvícolas e implantar a civilização cristã em nossa pátria.

Segundo estimativas geralmente aceitas, na época do Descobrimento, o Brasil contaria com cerca de cinco milhões de índios. O grande mérito de Portugal foi transformar a catequese na base de sua obra colonizadora. “Contudo, o melhor que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar”, escreveu Pero Vaz de Caminha a el-Rei de Portugal, Dom Manuel, narrando a descoberta da Terra de Vera Cruz.

Os maiores entraves para sua conversão foram: a antropofagia, a poligamia, as bebedeiras, o nomadismo intermitente, as guerras entre tribos vizinhas e a inconstância nos propósitos.

Se os missionários se contentassem tão-só em percorrer as aldeias dos nativos, além de todos os tipos de riscos que enfrentariam, o resultado seria precário. O que eles ensinassem em um mês, por falta de exemplo ou de exercício, perderiam no outro. Com o nomadismo intermitente dos índios, ao voltarem os missionários a uma tribo que haviam catequizado pouco antes, em vez dela encontrariam cinzas.

Era necessário o mais depressa possível fixar os indígenas ao solo, afastando os já batizados da influência dos que permaneciam pagãos. De outra maneira, não seriam extirpadas as indecisões nem a volta aos costumes antigos.

A catequese dos índios seria uma quimera enquanto não se organizassem os aldeamentos, com regime próprio e autoridade. As primeiras tentativas de formação das aldeias indígenas ocorreram na Bahia. Elas foram a modalidade mais eficaz e original de colonização aplicada no Brasil, primeira semente das célebres reduções jesuítas.


Mem de Sá, o terceiro Governo-Geral, concedeu todo o apoio aos primeiros missionários jesuítas e favoreceu a fundação de aldeamento dos silvícolas.
Para ser eficaz e completa, a atividade dos missionários precisava ser apoiada pelas autoridades públicas. O terceiro Governador Geral do Brasil, Mem de Sá (1558–­1572), concedeu todo apoio moral e material aos primeiros missionários jesuítas, comandados pelo padre Manoel da Nóbrega.

Sob a influência da milícia de Santo Inácio, os Governadores-Gerais deram a tais aldeamentos regalias quase municipais. Com efeito, tinham eles uma legislação especial que regulamentava os bens dos índios, sua separação em relação aos portugueses, o comércio entre eles e o regime de trabalho, baseado nas instituições portuguesas.

Começou desse modo a grande obra de catequese junto aos silvícolas brasileiros, cujo desenrolar trataremos no próximo artigo.

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Bibliografia:
1. Padre Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, Livraria Portugalia, Lisboa, 1938.
2. Francisco Adolfo de Varnhagen, História Geral do Brasil, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1959.
3. Alfred Metraux, A religião dos tupinambás, Cia.
Editora Nacional, São Paulo, 1979.
4. Allcionilio Bruzzi Alves da Silva, A Civilização Indígena do Uaupés, Libreria Ateneo Salesiano, Roma, 1977. 



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CARTA DO SENADOR PÚBLIO LENTULUS AO IMPERADOR TIBÉRIO CEZAR, DESCREVENDO AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MORAIS DE JESUS

        
"Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles que o veem são forçados a amá-lo ou temê-lo. Tem os cabelos da cor amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes.

         Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis.

         A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio, seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade.

         Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo, jamais, visto por estas partes uma mulher tão bela, porém, se a majestade tua, ó Cézar, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível.

         De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram.

         Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade; eu sou grandemente molestado por estes malignos hebreus.

         Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo, aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.

         Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo... Públio Lentulus, presidente da Judéia Lindizione setima, luna seconda.”

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         (Este documento foi encontrado no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Essa carta, onde se faz o retrato físico e moral de Jesus, foi mandada de Jerusalém ao imperador Tibério César, em Roma, ao tempo de Jesus.)




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LIVRO - Wagner Albertsson

LIVRO


MORRE O HOMEM
FICA O LIVRO
PARA SER LIDO
POR OUTROS
HOMENS.

A LETRA
NO PAPEL
É ETERNA
E ACOMPANHA
O TEMPO
EM OUTROS 
PAPÉIS,
EM OUTRAS MÃOS.

MAS O SENTIDO
DO QUE EXISTE
PERMANECE,
EM DIFERENTES TEMPOS
EM EXTROVERTIDAS MENTES.

O HOMEM
PASSA
PORQUE NÃO
É TINTA; 
NEM TAMPOUCO
PAPEL.
MAS FICARÁ
CRAVADO
NOS SÉCULOS
SE FOR LIVRO
E IMAGINAÇÃO.



WAGNER ALBERTSSON

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NO ANIVERSÁRIO DE EGLÊ – Oscar Benício dos Santos

Clique sobre a foto, para vê-la no tamanho original
No aniversário de Eglê


Eglê, minha Poeta preferida,
juntos já viajamos lindos versos
voando em busca daquela jazida
aonde se escondem poemas imersos:

Sonetos, que falam da amada
e seu amado e amores dispersos
por eles, de dia e à noite calada,
em sons tristes, alegres, diversos.

Viajaremos, ainda, querida Eglê,
Por terras, ares e mares, eu, você
e outros poetas em tapetes voadores,

Que nos levarão deste Ocidente
para o velho e sonhado Oriente ...

...Ponha a “Chave de ouro”, Eglê!

  
Oscar Benicio Dos Santos

Itabuna, aniversário de Eglê

2017

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PALAVRA DA SALVAÇÃO (13)

6º Domingo do Tempo Comum - 12/02/2017

Anúncio do Evangelho (Mt. 5,20-22a.27-28.33-34a.37)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus.
Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo.
Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.
Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas `cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum. Seja o vosso ‘sim’: ‘Sim’, e o vosso ‘não’: ‘Não’. Tudo o que for além disso vem do Maligno”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a leitura pela Tv Arautos:


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DISCERNIR O ESPÍRITO DA LEI


Continuamos na montanha com Jesus, ouvindo seu “sermão”. Lá, depois de dizer que não veio abolir a lei e os profetas, ele propõe novo jeito de ler e interpretar as leis “dos antigos”. Jesus tem dupla atitude diante das leis: de ruptura com as interpretações fundamentalistas e de continuidade com o objetivo da lei, que é alcançar a justiça do Reino.

Na comunidade de Mateus, provavelmente também havia duas atitudes opostas: não ver valor nenhum nas leis e vivê-las nos mínimos detalhes. O autor do evangelho procura ajudar a discernir as propostas dos antigos com a ajuda dos conselhos de Jesus. Mateus apresenta alguns exemplos de como viver os mandamentos.

“Não matar” não é apenas evitar o derramamento de sangue. É necessário tirar de dentro do coração tudo o que pode levar ao homicídio: raiva, ódio, inveja, vingança, intolerância. O desprezo, a discriminação e a rotulação não valorizam a vida do outro.

Sobre o adultério, o Mestre nos diz que é preciso cortar o mal pela raiz e assim evitar a consumação da traição. A advertência radical de Jesus implica a disposição de evitar os maus desejos para não chegar ao ato. O que se propõe é a fidelidade e o respeito entre o homem e a mulher que assumem o casamento.

Sobre o divórcio, Jesus aponta para o ideal, nem sempre fácil de viver. Marido e mulher firmam um compromisso de amor e fidelidade que não pode ser rompido por qualquer motivo. Os esposos devem saber aceitar-se mutuamente com a mesma misericórdia com que Jesus acolhia as pessoas. E, diante de quem se divorciou, a Igreja precisa ter as mesmas atitudes de amor e misericórdia de Jesus.

Sobre o juramento, Jesus nos ensina que deve haver sinceridade entre os membros da família e da comunidade. É importante saber dizer sim e não, conforme o caso. Para a comunidade de Mateus, não há necessidade de juramento quando as pessoas são sinceras e coerentes.

Pe. Nilo Luza, ssp



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