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domingo, 2 de dezembro de 2018

FEMINISMO, O DEFENSOR DAS MULHERES. – SERÁ MESMO? - Ítalo Nóbrega


2 de dezembro de 2018
♦  Ítalo Nóbrega

O feminismo, enquanto corrente ideológica, tem suas raízes no Iluminismo, com a proclamação dos ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade. Entretanto, somente após a Revolução Francesa é que o vemos sair do campo meramente teórico para abarcar também o campo político.

Baseado em uma errônea interpretação dos significados de igualdade e liberdade, ele se empenha na luta contra os valores chamados de patriarcais, fundamentados nas diferenças entre os sexos.

A luta contra tais valores implica, de um lado, a destruição de costumes, tradições e instituições seculares fundamentais para a sociedade, muitas delas remanescentes da Cristandade medieval. De outro lado, essa luta consiste na proclamação de pérfidos ideais cujo estandarte tem como lema “empoderamento feminino”.

Entre as reivindicações do referido movimento, sempre a pretexto de advogar pelas mulheres, estão o tratamento equânime para ambos os sexos em todas as esferas da sociedade, a emancipação das mulheres em todos os campos em que predominam os chamados preconceitos patriarcais, uma maior participação da mulher em cargos de mando ou poder, direitos reprodutivos (leia-se: “direito” de assassinar um ente inocente que ainda não nasceu), entre outros.

Entretanto, ao confrontarmos as ideias feministas com algumas de suas atitudes, encontramos uma gritante contradição: enquanto se auto proclamam defensoras das mulheres e valorizadoras do sexo feminino, vemos concomitantemente suas atitudes caminharem em sentido radicalmente contrário.

Provemos.

Nas últimas décadas, as manifestações feministas de grande porte ora reivindicavam direitos sociais equânimes, ora pediam o fim da violência contra as mulheres ou a descriminalização do aborto. Entretanto, denominadores comuns entre todas elas — as manifestações — inclusive as mais recentes, põem em xeque a legitimidade das mesmas: a omissão de um combate direto e explícito contra a sharia, por exemplo.

sharia poderia ser considerada a lei anti-feminina por excelência. Além de tratar as mulheres como impuras, incapacitadas mentais, escravas sexuais de seus maridos, entre outras abominações, ainda torna meninas pré-púberes objeto de espancamentos e de pedofilia.

Por que as feministas se omitem ante tão crítica situação da mulher nos países islâmicos?

As contradições são se limitam apenas aos casos negativos; elas estão por toda parte, até mesmo onde se faz mister elogiar.

Os elogios do movimento feminista se restringem àquelas figuras femininas que servem de cavalo-de-batalha para suas militantes. Algumas de suas principais expoentes servem-nos de ilustração: Mary Wollstonecraft, escritora e “educadora” inglesa, considerada “avó” do feminismo, e Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir [foto ao lado], uma francesa filha de aristocratas,mais conhecida como Simone de Beauvoir, que além da bandeira feminista defendia a pedofilia.

Porém, quantas mulheres honradas que fizeram história e deixaram sua marca são ignoradas pelas feministas?

Branca de Castela, mãe de São Luís IX de França, foi uma rainha medieval que assumiu a regência do reino enquanto seu filho ainda não podia fazê-lo. Além de ter sido uma excelente governante, é cultuada como santa.

Isabel de Castela [ao lado, sua estátua], esposa de Fernando de Castela — os dois passaram para a História como os Reis Católicos — tinha autoridade política maior que a do seu marido e a usou para o bem de Castela e do catolicismo ali reinante.

Querem exemplos ignorados mais recentes?

Santa Gianna Beretta Molla [foto abaixo] preferiu morrer a ter que abortar seu filho. Realizou um gesto heróico.

Kátia Sastre, policial paulista, neutralizou definitivamente um bandido que ameaçava mães e crianças na porta de uma escola.

Bem, por que limitar tanto nossa lista? Façamos menção às mães de família que com tanto esforço e em meio às ameaças do mundo moderno — como a ideologia de gênero, por exemplo — lutam para criar e bem educar seus filhos, manter seus lares e servir de apoio a seus maridos.

Por que tamanha omissão em relação a essas grandes mulheres do passado e do presente? Existe um motivo?

Sim, ele existe. Ei-lo: uma personagem só serve ao feminismo na medida em que é possível usar ou distorcer sua personalidade ou seus atos para desfigurar a imagem da mulher. E este, aliás, é o verdadeiro objetivo do feminismo.

Vemos que o denominador comum, implícito ou explícito, nos atos ou reivindicações do feminismo, é essa deformação da figura feminina. Desfiguração feita seja pelo aviltamento das qualidades da mulher, seja por uma falsa atribuição de características masculinas a ela.

Se o feminismo se preocupasse de fato com as mulheres, ele defenderia a verdadeira imagem destas. Imagem que não só completa e adorna a imagem do homem, como tem um papel fundamental na vida da família e da sociedade.

É a imagem da mãe, da companheira, da conselheira, da protetora, da educadora; é a imagem daquela que sabe combinar esplendidamente a força e a delicadeza, a bondade e a firmeza; é a imagem daquela que, em uma palavra, sabe ser mulher.

Vemos essa verdadeira imagem nos exemplos históricos que citei. Vemo-la diariamente nas mães de família, nas senhoras da sociedade, em moças respeitáveis, em meninas que transbordam de inocência e graça. Vemo-la resplandecer ao longo da História nas santas canonizadas pela Igreja.

Vemo-la, por fim, de modo perfeitíssimo em Nossa Senhora, que soube ser Filha e Mãe, Virgem e Esposa, e que possui em altíssimo grau todas as qualidades femininas.

Para Ela devemos olhar e contemplar o ideal da mulher. Ela, sim, é um exemplo a ser seguido.




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ALEXANDRE GARCIA: “ANTES MESMO DE O VITORIOSO TOMAR POSSE, AS IDEIAS VENCEDORAS DA ELEIÇÃO JÁ SE IMPÕEM”


1 de dezembro de 2018

Em dois meses, minha mãe completa 100 anos de vida e diz que nunca viu nada igual ao que está testemunhando hoje.

Ela passou pela ditadura Vargas, pelas tentativas comunistas de tomada do poder, a começar em novembro de 1935, depois por tantos governos diferentes e tantos planos de salvação nacional, mas nunca viu uma reação como agora, contra o estado de coisas em que enterraram o país. Uma reação popular e pacífica, de uma maioria que cansou de ser enrolada, ludibriada, enganada – desculpem usar tantos sinônimos para a mesma mentira.

Eu mesmo, em meus quase 80 anos de Brasil, nunca vi nada igual.

Eu diria que se trata de uma revolução de ideias, tal a força do que surgiu do cansaço de sermos enganados.

Mencionei a primeira tentativa comunista de tomada do poder, há 83 anos. Naquele 1935, houve reação pelas armas. Nas outras tentativas, no início dos anos 60, a reação veio das ruas, que atraiu as armas dos quartéis. A última, veio pelo voto, na mesma linguagem desarmada, com que começou a sutil tentativa tucana, para desaguar nos anos petistas, já com a tomada das escolas, dos meios de informação, da cultura – com aquela conversa que todos conhecemos. De repente, acordamos com a família destroçada, as escolas dominadas, os brasileiros separados por cor e renda, a cultura nacional subjugada, a História transformada. Mas acordamos.

Reagimos no voto, 57 milhões, mais alguns milhões que tão descrentes estavam que nem sequer foram votar.

O candidato havia sido esfaqueado para morrer, nem fez campanha, não tinha horário na TV, nem dinheiro para marqueteiro. Mas ficou à frente do outro em 10 milhões de votos. Ainda não se recuperou da facada, a nova intentona; precisa de mais uma cirurgia delicada, mas representou a reação da maioria que não quer aquelas ideias que fracassaram no mundo inteiro, que mataram milhões para se impor e ainda assim não se impuseram.

O que minha mãe nunca viu é que antes mesmo de o vitorioso tomar posse, as ideias vencedoras da eleição já se impõem.

Policiais que tiram bandidos das ruas já são aplaudidos pela população; juízes se sentem mais confiantes; pregadores do mal já percebem que não são donos das consciências; as pessoas estão perdendo o medo da ditadura do politicamente correto, a sociedade por si vai retomando os caminhos perdidos, com a mesma iniciativa que teve na eleição de outubro, sem tutor, sem protetor, sem condutor. Ela se conduz.

O exemplo mais claro desse movimento prévio ao novo governo é a retirada cubana, no rompimento unilateral de um acordo fajuto, de seus médicos, alugados como escravos ao Brasil.

Cuba “passou recibo” na malandragem e tratou de retirá-los antes que assumisse o novo governo, na prática confessando uma imoralidade que vai precisar ser investigada no Brasil, para apontar as responsabilidades, tal como ainda precisam ser esclarecidos créditos do BNDES a ditaduras, doação de instalações da Petrobras à Bolívia, compra de refinaria enferrujada no Texas, e tantas outras falcatruas contra as quais a maioria dos brasileiros votou em outubro.

(Texto do jornalista Alexandre Garcia)


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PALAVRA DA SALVAÇÃO (107)

1º Domingo do Advento – 02/12/2018

Anúncio do Evangelho (Lc 21,25-28.34-36)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas.
Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.
Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem”.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do  Frei Edvaldo Batista Soares, OFM:

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Advento: "Deus à vista" 
“Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis...” (Lc 21,34)

Com o Advento, começamos um novo ano litúrgico, um tempo que sempre nos fascina. O ser humano, ferido pela estreiteza da vida, imposta pelo seu ego, descobre a fragilidade, o medo, a dor, o sem-sentido, pelo qual volta a gritar a seu Criador, buscando, suplicando de novo que lhe envie um raio de luz. Desolado pela experiência do sofrimento, da violência, da intolerância, da solidão e do medo, dirige novamente seus olhos para “Aquele que está à vista”. O Advento é o tempo mais adequado à nossa existência atual. Queremos intuir algo novo, reacender nossa esperança, alimentar uma presença inspiradora nesse contexto social no qual vivemos, carregado de trevas e abalos sísmicos. 

O Tempo do Advento tem algo de belo e atraente que mobiliza o nosso coração a entrar em outra sintonia; tal qual um sedutor, ele revela sua capacidade para debulhar dias até completar um tempo que vai nos guiando em direção ao Natal. Um tempo tão tranquilo, tão sussurrante, como um manancial que, em silêncio, vai espalhando vida em todo seu entorno. Tempo que nos convida a sonhar e a viver despertos. 

Vários personagens que emergem no Advento, com sua maneira original de ser e de viver, vão se tornando familiares; eles nos acompanham neste tempo inspirador, ativando em nós uma ousada esperança e um outro modo criativo de nos fazer presentes no contexto social, tão carente de esperanças. 

Isaías nos ensina como viver o sempre jovem Advento; ele nos ensina a gritar esperança no sofrimento, a confiar em tempos melhores, a provocá-los. Este homem tão sensível nos diz que somos nós que devemos dar um colorido especial à vida e que Deus é como um tição fumegante que abrasa a nossa vida. Poeta do futuro, Isaías nos ensina a viver carregados de entusiasmo, gestando a paz.

João Batista, aquele do dedo que aponta o caminho novo e o Novo. Sim, João, o parente austero, impaciente, metódico, que pergunta sem rodeios: “és tu Aquele que há de vir ou devemos esperar outro?”

João também se revela como um bom mestre porque nos recorda que, com muito pouco se pode viver, e que a qualidade de vida é dada pela relação com Deus, que sempre nos surpreende. Ele nos anima a viver com simplicidade e a gritar sempre que o Reino de Deus está próximo, tão próximo, que o temos colado em nosso interior. 

Maria, a mulher bendita e abençoada de Nazaré, a do anúncio original, a filha de Sião que recebeu de novo a Ruah Santa, a que interpelou o anjo até que ambos se puseram de acordo no “sim”. Diante dela, nos inclinamos admirados, porque ela, que pronunciou poucas palavras, no entanto, gestou a Palavra em seu ventre. Maria nos diz agora, no Advento, que o coração deve ser grande para poder guardar nele todas as coisas em silêncio. 

Tudo é permanente Advento, transformação, movimento. Espaço em expansão, interioridade que se abre, braços que se unem. Seu ardor nos inspira, sua esperança nos alenta. Há uma eternidade que devemos inaugurar cada dia, em cada instante: a eternidade da vida expansiva, justa e ditosa. Esperar é transformar este mundo em outro mundo humano, fraterno, e muito mais feliz. Esperar é derrubar o que impede viver. Se esperamos, podemos. 

Não encontramos melhor maneira de traduzir a linguagem apocalíptica de Lucas a não ser fazendo referência ao mundo da construção. O toque de atenção que ressoa no evangelho deste domingo nos chama a derrubar e a construir. Lucas nos fala de sinais cósmicos, de sismos e desmoronamentos. Justamente ali onde algo se desmorona, é onde aparece espaço livre para uma nova construção. 

Há um mundo que deve acabar: este mundo contaminado pelo “deus dinheiro” e pelo mercado; este mundo que gera exclusão e violência; este mundo que abafa a “cultura do encontro” para alimentar a “cultura da indiferença e do preconceito”; este mundo que faz opção em favor da morte... 

Nada nosso é tão caduco que não permita um projeto novo. Nada é tão antigo que não tenha algo aproveitável. As calçadas velhas das cidades, os antigos casarões, o centro histórico, se remodelam conjugando o velho e o novo. O resultado costuma ser uma nova obra de arte. Cada um de nós é convidado, no início deste Advento, a uma “reabilitação ou remodelação” de todo nosso ser. Entrar no fluxo inspirador deste tempo nos leva, cada dia, a desfazer e refazer. Uma fé que se paralisa e não avança é como um edifício que se faz velho.
  
O Advento nos mantém erguidos e com dignidade, afugentando o medo, denunciando a injustiça que provoca exclusões e sofrimentos, aplicando o antídoto do amor contra a imbecilidade do ódio, da intolerância e da manipulação. Por isso, as expressões do evangelho: “tomai cuidado”, “ficai atentos”, “orai a todo momento”, são gritos de ânimo e gritos de construção de futuro. Talvez, para alguns, a única coisa que precisa fazer seja pintar a casa, ou mudar algum cômodo. Para outros, a obra será de maior envergadura. E, quem sabe, para outros ainda, o futuro depende de uma reestruturação mais a fundo da vida: esvaziá-la e reconstruí-la.

A obra de Deus em nós consiste em que derrubemos o que construímos, segundo nossos gostos e egoísmos, e não segundo o querer d’Ele.  A Deus lhe agrada um coração com estâncias cheias de luz e de sol, liberadas de apoios inúteis, capazes de acolher a todos. Como estar atentos(as) ao Deus que em cada Advento quer dar à luz algo novo em nossas vidas, em nosso contexto, em nosso mundo, embora pareça que não temos mais idade, como aconteceu com Isabel, a mãe de João Batista e continue rompendo nossas lógicas, como aconteceu com Maria de Nazaré? 

O que realmente mata o ser humano é a rotina sem sentido; o que lhe salva é a criatividade, a capacidade para vislumbrar e resgatar a novidade. Se contemplarmos a realidade em profundidade, tudo é sempre novo, diferente e em constante mudança. Participar desse movimento de mudança que chamamos vida é a única promessa sensata de felicidade. 

O Advento nos provoca a perfurar a realidade para nela ler a vida, os acontecimentos, mais além da superficialidade e da banalização que se impõe a todos nós. Perfurar a realidade é buscar, na densidade dos acontecimentos e do próprio coração, os respiradouros de Evangelho, por onde o mistério de Amor e Vida Plena revelam sua face e nos urgem a impulsionar seu dinamismo na história. Por isso, é preciso focalizar nosso olhar, pôr lupa, afinar a sensibilidade para detectar as pegadas da misericórdia criativa, resiliente e fecunda de Deus em nosso mundo e no nosso próprio coração.

Que é Deus senão este Advento e Presença que é e que vem, Calma vivente, Coração latente no qual somos e respiramos? 

Texto bíblico:  Lc 21,25-28.34-36 

Na oração: Os caminhos de Deus têm desertos difíceis, mas sempre anunciam a “terra prometida”.

Os caminhos de Deus têm momentos de tremores e abalos sísmicos, mas nunca falta a Boa Notícia de uma vida nova. Desparecerá a obscuridade, porque sempre há um amanhecer.

Deus não anuncia finais; Deus sempre anuncia começos; Deus não anuncia entardeceres, mas amanheceres.

O importante é que nossas vidas não estejam embotadas e incapacitadas de ver a nova luz.

- Fazer memória dos abalos em sua vida que foram ocasião privilegiada para expandi-la em novas direções. 

Pe. Adroaldo Palaoro sj

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