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domingo, 10 de setembro de 2017

MAIS DE UM MILHÃO NA MISSA DO PAPA EM MEDELLÍN

O Papa explica: “A Igreja não é nossa, é de Deus”
9 SETEMBRO 2017

A Missa Em Medellín (Osservatore © Romano)
(ZENIT – 9 Set. 2017).- O Papa Francisco esteve nesta sexta-feira a cidade de Medellín, capital do departamento de Antioquia, onde presidiu a missa no aeroporto Enrique Olaya Herrera. No quarto dia da viagem apostólica na Colombia, o tema foi: “A vida cristã como discipulado”.

Mais de um milhão de pessoas participaram na missa, muitas delas aguardaram desde a noite apesar da fina chuva. Na homilia o Papa indicou três atitudes que devemos plasmar na nossa vida de discípulos:

A primeira: ir ao essencial. Isto significa caminhar em profundidade rumo ao que conta e tem valor para a vida. O nosso discipulado deve partir de uma experiência viva de Deus e do seu amor, é aprendizagem permanente através da escuta da sua Palavra: “E esta Palavra, como ouvimos, impõe-nos cuidar das necessidades concretas dos nossos irmãos: pode ser a fome de quem vive ao nosso lado ou a doença”.

A segunda palavra: renovar-se. A renovação não nos deve meter medo, mas implica sacrifício e coragem, não para nos considerarmos melhores ou impecáveis, mas para respondermos melhor à chamada do Senhor: “E na Colômbia, há tantas situações que reclamam, dos discípulos, o estilo de vida de Jesus, particularmente o amor traduzido em atos de não-violência, de reconciliação e de paz”.

A terceira palavra: envolver-se. Envolver-se, ainda que para alguns isso pareça sujar-se, manchar-se. Também hoje nos é pedido que cresçamos em ousadia, numa coragem evangélica que brota de saber que são muitos os que têm fome, fome de Deus, fome de dignidade, porque dela foram despojados.

“Não podemos ser cristãos que levantam continuamente a bandeira de ‘Passagem Proibida’, nem considerar que esta parcela é minha, apoderando-me de algo que absolutamente não é meu. A Igreja não é nossa, é de Deus”.

Papa convidou a Igreja na Colômbia a comprometer-se, com mais ousadia, na formação de discípulos missionários, como foi indicado pelos Bispos reunidos em Aparecida no ano de 2007:

“Discípulos que saibam ver, julgar e agir, como propunha aquele documento latino-americano que nasceu nestas terras (cf. Medellín, 1968). Discípulos missionários que sabem ver sem miopias hereditárias; que examinam a realidade com os olhos e o coração de Jesus, e julgam a partir daí. E que arriscam, atuam, comprometem-se”.



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MEUS PRÓPRIOS PARABÉNS! - Antonio Nunes de Souza

Meus próprios parabéns! 


Geralmente e já enraizada na vida social, cultural e mídia em geral, sempre nas datas de aniversários de algumas pessoas que merecem, são importantes e privilegiadas, quer seja no passado, como no presente, são agraciadas com elogios, muitas vezes até exagerados, colocando essas seletas figuras em pedestais das mais altas escalas! 

Acho totalmente justas essas queridas e graciosas salva de elogios e pétalas de rosas, pois, normalmente, trata-se de pessoas, realmente merecedoras! 

Tudo que disse acima é nada mais nada menos, o que sempre fiz e faço nessas ocasiões, soltando meus foguetes literários em benefícios dos aniversariantes (vivos ou já mortos).

Então, como poderia deixar de fazer o mesmo em meu aniversário?

Já que tenho a liberdade de me elogiar fragorosamente, colocar-me em alturas que sei que não chegarei, mas, faz de conta que estou tentando essa subida, ou, modestamente, me expresso com parcimônia!
  
Cada dia vou chegando perto do centenário, escrevendo crônicas do cotidiano e, entre elas, alguns pequenos contos e uns poeminhas capengas, que são muito mais rimados do que estudados.

Escrevendo sorrateiramente e silenciosamente, já estou com doze livros, prontos para serem editados que, provavelmente, serão aproveitados na minha obvia “homenagem póstuma” rs rs rs.
  
Dei essa risadinha, pois sei e vejo acompanhando o sistema que, em algumas ocasiões, os escritores são lembrados, festejados e editados, quando já estão no outro lado do mundo! Honestamente, ficarei grato se isso acontecer comigo, pois tenho algumas promessas de amigos, que eu posso ir que, de lá de cima (?), verei meu brilho!

Tudo isso me estimula, me dá inspiração e, sem pestanejar, ou me preocupar com essas belas e organizadas homenagens, enfrento diariamente meu computador e, com alegria, escrevo minhas crônicas e poesias!

Me parabenizo, pois já consegui ser um orgulho para meus filhos e mais uma meia dúzia de amigos que me xeretam com elogios! Além disso, na Academia de Letras que sou membro, tenho um profundo e mais que merecido afeto e admiração! 

Com essa auto declaração de reconhecer minhas parcas qualidades, logicamente, mereço que “me abrace” calorosamente no dia de hoje, provando que sou um “velhinho super vanguardista, além de presunçoso, que imagina que não será esquecido como outros!


Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

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EM NOME DE QUEM? - Marco Lucchesi

Em nome de quem? 


O governo Temer assume uma atitude cada vez mais distante da realidade. Atribui a si mesmo o papel de novo redentor do Brasil. Pretende-se ilibado, como seus “apóstolos”, cuja sublime presença seria capaz de romper o círculo vicioso da crise, de que ele é parte não assumida.

A presidência dita suas leis, num Monte Sinai decadente, não em tábuas de pedra, mas de cortiça, com uma linguagem vazia a espelhar um deserto de ideias, marcado por interesses transversais. Aumentou elevadas faixas salariais, promoveu a mais acintosa compra de votos e emendas, cooptou muitas almas e perseguiu com furor os adversários. Fatos que contaminam as relações entre os Poderes, com modo interessado de fazer política, de costas para a opinião pública e prisioneiro de escassos recursos ideológicos.

O atual governo não possui lentes capazes de enxergar o Brasil. Sabe, no entanto, com galhardia, como seu aliado, o senhor Eduardo Cunha, os maquinismos regimentais, as chicanas e obstruções, barganhas e manobras, e uma engenharia de alianças, marcadas ao fim e ao cabo por um pragmatismo feroz. Cabe perguntar: até quando a fome de seus aliados será aplacada?

O inquilino do Planalto traduz um intenso anacronismo. Longe de representar um tipo sociologicamente original, é o primogênito weberiano da velha política e se afasta do futuro à velocidade da luz. Pode-se dizer, com Shakespeare, que ele é o que é, assim como boa parte do Congresso e de certas camadas do Judiciário que atendem pelo nome e sobrenome. O senhor Temer perdeu o benefício do anonimato. Seu curriculum poderia brilhar por ausência, coberto pelo véu de um silêncio benfazejo.

Seu projeto consiste em promover a rápida liquidação dos bens públicos, com um cardápio indigesto, como fazem os vendedores de rua, no varejo e no atacado, com a desculpa de “cobrir o déficit”.  A presidência atende a lobbies e seus correligionários, ao arrepio da lei, de que é exemplo flagrante a extinção de importante reserva amazônica.  A bancada ruralista abateria a floresta sem remorsos.  

Não entro no debate do tamanho do estado, sobre o papel das agências, o alcance da lei eleitoral ou a obrigação firmada em contratos. As propostas de Governo têm sido impostas sem consenso ou debate, como se fossem a encarnação da verdade, em prol de uma democracia sem povo, onde a consulta se mostra inteiramente inútil. Há uma crise de confiança que atinge em cheio o Planalto e alguns ministros, que pregam com açodada falta de responsabilidade um programa de privatizações para o qual a chapa do senhor Temer não foi eleita.  Se continuarem a faltar o colegiado republicano e o debate dentro dos novos canais da democracia, chegaremos a um fim de linha extremamente perigoso e sem volta.

Precisamos redesenhar o Brasil. O debate é o combustível da mudança. Longe da famigerada ponte para o futuro, que rompeu a equação democrática entre o eleitor e o programa de governo.   Em nome de quem?

O Globo, 06/09/2017

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Marco Lucchesi - Sétimo ocupante da cadeira nº 15 da ABL, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila , foi recebido em 20 de maio de 2011 pelo Acadêmico Tarcísio Padilha.

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PALAVRA DA SALVAÇÃO (43)

23º Domingo do Tempo Comum
10 de Setembro de 2017

Se ele te ouvir, tu ganharás o teu irmão.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 18,15-20

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos:
Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo,
mas em particular, à sós contigo!
Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão.
Se ele não te ouvir,
toma contigo mais uma ou duas pessoas,
para que toda a questão seja decidida
sob a palavra de duas ou três testemunhas.
Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja.
Se nem mesmo à Igreja ele ouvir,
seja tratado como se fosse um pagão
ou um pecador público.
Em verdade vos digo,
tudo o que ligardes na terra será ligado no céu,
e tudo o que desligardes na terra
será desligado no céu.
De novo, eu vos digo:
se dois de vós estiverem de acordo na terra
sobre qualquer coisa que quiserem pedir,
isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus.
Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome
eu estou ali, no meio deles.

Palavra da Salvação

- Glória a vós, Senhor!

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Ligue o vídeo abaixo, e acompanhe a reflexão de Dom Alberto Taveira Correa:

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Viver relações comunitárias sadias e reconstrutoras


 “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles” (Mt 18,20)

Tudo na vida gira em torno das relações: com Deus, consigo mesmo, com os outros, com a natureza. Isso é especialmente verdadeiro numa comunidade cristã. Famílias saudáveis, grupos saudáveis, igrejas saudáveis, vidas saudáveis, ambientes saudáveis... falam de relações saudáveis.

No capítulo 18, Mateus recolhe uma série de afirmações de Jesus sobre a comunidade dos seus seguidores. É a primeira vez que se emprega o termo “irmão” para designar os membros da comunidade cristã. É preciso notar que o texto de hoje é continuação da parábola da ovelha perdida, que termina com a frase: “Assim vosso Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum destes pequeninos”.

No evangelho de hoje(23º Dom TC) é muito relevante a preocupação pela vida interna da comunidade; o texto nos adverte que não se pode partir de uma comunidade de perfeitos, mas de uma comunidade de irmãos, que reconhecem suas fragilidades e precisam do apoio mútuo para superar seus limites e erros. As rupturas nas relações podem surgir em qualquer momento, mas o importante é estar preparado para superá-las.

Jesus Cristo não só revelou a verdadeira identidade de Deus, cuja essência é relacional (cerne da doutrina cristã da Trindade), mas mostrou que o caminho para a transformação pessoal consiste, também, numa correta e justa vivência na relação com os outros. De fato, a pessoa humana não se pode realizar sem os outros. Realiza-se quando, livre e voluntariamente, conhece e é conhecida, ama e é amada, compreende e é compreendida. Precisamente, a reciprocidade das relações é a que permite integrar a igualdade e a diferença, a identidade pessoal e a identidade do outro, buscando chegar à comunhão e à unidade.

Humanamente falando, nem sempre nós nos damos conta, mas o foco em torno do qual gira toda a existência humana está na capacidade de nos relacionar e de nos comunicar. As relações humanas são o centro de tudo. A essência última de todas as ansiedades humanas manifesta-se como um problema de relações: com os pais, com os filhos, com os companheiros de trabalho, com os amigos, com os vizinhos, com os irmãos de comunidade, com as diversas culturas, raças, grupos étnicos, etc... 
Relacionar-se é a grande e única finalidade da vida do ser humano: encontrar-se, viver em sociedade, colaborar, construir amizades, amores, conhecer gente...; tudo está condicionado pela potencialidade e pela capacidade de relacionar-se.

 “No princípio era a relação”, afirmava o filósofo Martin Buber. De fato, a pessoa existe graças à relação e para a relação; cresce na relação e em vista da relação; amadurece e se humaniza na relação. Mas é na relação que emergem nossas riquezas e nossas pobrezas humanas. Todos temos limites, bloqueios que fragilizam os laços comunitários. É importante aceitar que existem tais limites, aprender a reconhecê-los, ajudando mutuamente a superá-los e acolhendo aquilo que nos convida a ser mais criativos, audazes e valentes.

A gestão das relações interpessoais exige equilíbrio e sabedoria. A partir das limitações e fragilidades também podemos nos encontrar com os outros. Precisamos de sabedoria para aceitar a realidade, acolhê-la e cuidá-la, para ir transformando por dentro. Não podemos nos conformar com a mediocridade da comunidade. Toda a comunidade é impelida a um “mais” que brota do modo de proceder e viver de Jesus.

O sentido da comunidade cristã, portanto, é de ajuda mútua. “Ajudar” pede um coração magnânimo, grandeza de sonhos, de ânimo e de desejo; mas, ao mesmo tempo ela nos convida à humildade, ou seja, abrir-nos às necessidades do outro, descer ao nível do outro, renunciando nossos próprios critérios, modos fechados de viver...  “Ajudar” não vai na linha do impor, senão do propor. Trata-se, isso sim, de propor com qualidade, com firmeza, com proximidade, com compromisso pessoal. Isso requer presença gratuita, desinteressada, centrada no bem da outra pessoa, sem criar dependências, mas fazendo o outro crescer em liberdade.

A comunidade deve ser sacramento (sinal) de salvação para todos. Atualmente não temos consciência dessa responsabilidade. Passamos friamente pelos outros. Seguimos fechados em nosso egoísmo, inclusive na vivência religiosa. A falha mais letal de nosso tempo é a indiferença. Martin Descalzo a chamou “a perfeição do egoísmo”. Outro a define como “homicídio virtual”. Seguramente é hoje o pecado mais difundido em nossas comunidades cristãs.

O papa Francisco continuamente nos apela a passar da “cultura da indiferença” à “cultura do encontro”; sua intenção é desmascarar a indiferença que prevalece em todos nós, a superficialidade das relações, e buscar um encontro verdadeiro e profundo com o outro.

Nessa perspectiva, a comunidade é o lugar da “correção fraterna”; e o critério para a correção não é a lei mas a presença de Jesus que está no meio da comunidade. Quando a correção é feita a partir da lei, assumimos a posição de juízes, rompemos a comunhão, criamos categorias de pessoas (perfeitas e imperfeitas) e caímos no legalismo e moralismo.

Todos devem “corrigir-se” mutuamente, tendo os olhos fixos em Jesus; no seguimento de Jesus ninguém chega à “perfeição” a ponto de poder corrigir os outros. Por isso, a correção fraterna é um estilo de vida que não se limita aos erros e fracassos; ela implica em ativar mutuamente os dons e capacidades que ainda não puderam se expressar. A presença de Jesus no meio da comunidade é sempre horizonte inspirador para que todos cresçam na identificação com Ele. Nesse processo de crescimentos os ritmos são diferentes para cada pessoa; não se trata de nivelar a todos mas de respeitar os processos, as circunstâncias, as condições de cada seguidor(a) de Jesus. A correção significa, então, estima e confiança no outro, pois ele é muito maior que suas falhas.

Educados pela misericórdia de Deus, todos somos chamados a exercer o ofício da “correção fraterna”, para que a comunidade possa se revestir sempre mais do modo de ser e proceder de Jesus.

A correção fraterna, pois, não é tarefa fácil; e isto por duas razões: em primeiro lugar, aquele que corrige pode humilhar àquele que é corrigido, querendo realçar sua superioridade moral. Aqui temos que recordar as palavras de Jesus: como pretendes tirar o cisco do olho do teu irmão se tens uma trave no teu?

Em segundo lugar, aquele que é corrigido pode rejeitar a correção por falta de humildade. Diante dessas duas razões necessita-se de um grau de maturidade humana que não é fácil de alcançar. No entanto, o importante não é a norma concreta, mas o espírito que a inspirou é que deve inspirar-nos na maneira de nos conduzir diante das rupturas das relações, visando sempre a construção da comunidade.

Por isso, onde reina a competência desleal, nós anunciamos a lealdade; onde reina o empenho em colocar-se acima dos outros, nós anunciamos a igualdade; onde reina o afã da vaidade e da aparência, nós anunciamos o serviço; onde reina a dificuldade nas relações mútuas, nós queremos ser  presenças de acolhida; onde custa solicitar favores, nós queremos estar disponíveis àqueles que clamam por  ajuda; onde reina a exploração, nós anunciamos a solidariedade e a luta contra a injustiça; onde reina a indolência, a inibição, nós anunciamos e vivemos iniciativas em favor da vida...

Texto bíblico:  Mt 18,15-20

Na oração: A comunidade cristã, onde você participa, é espaço instigante e inspirador, lugar do novo e das mudanças, ambiente facilitador da autonomia e da criatividade dos seus membros?
- Sua presença na comunidade: colaborativa, inspiradora, confiança no outro, espírito de serviço...?

Pe. Adroaldo Palaoro sj


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