Imagem de São Tomé venerada em San
Giovanni di Laterano (Roma). Obra do escultor
francês Pierre Legros (1666 -1719), pertenceu à
escola barroca de escultura [Foto PRC]
O mundo inteiro ficou suspenso ao dedo de São Tomé.
Entretanto, muitos em nossos dias veem e não creem. Uma obstinada
incredulidade!
Neste dia 3 de julho a Santa Igreja celebra o Apóstolo São
Tomé. Segundo a tradição, ele pregou o Evangelho na Armênia, na Média, na
Pérsia e na Índia, onde foi martirizado. Afirma também que esteve na América,
inclusive no Brasil — onde os índios diziam que, antes da chegada dos
portugueses, passou por aqui para lhes ensinar a Religião o “Pai Zumé”.
Por seu apostolado e sua morte, confessou a Ressurreição de
Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual duvidara por momentos.
O Apóstolo São Tomé não estava no Cenáculo quando Jesus
apareceu aos discípulos. Quando voltou, eles lhe disseram: — Vimos o
Mestre! Apareceu aqui e falou conosco.
Tomé sorriu e objetou: — Se eu não vir no seu lado
aberto, não acreditarei.
São Tomé não quis crer. Tudo aquilo, em sua opinião, era uma
ilusão.
Oito dias depois, os discípulos estavam novamente reunidos
no Cenáculo. Tomé achava-se presente. Inesperadamente, envolvido numa luz
misteriosa, Jesus apareceu no meio deles, dizendo: — A paz esteja convosco.
Os Apóstolos alegraram-se vendo Jesus. Tomé, pelo contrário,
abaixou a cabeça. Jesus aproxima-se dele, dizendo severamente: — Tomé põe
o teu dedo nas minhas feridas e coloca a tua mão sobre o meu lado, e não sejas
mais incrédulo.
São Tomé, confundido, caiu de joelhos aos pés de Jesus e
exclamou, entre lágrimas de comoção: — Senhor meu e meu Deus.
E Jesus erguendo-o disse: — Creste, ó Tomé, porque
viste. Bem-aventurados os que não viram e creram.
A respeito desta passagem do Evangelho, Plinio Corrêa de
Oliveira comentou em artigo no “O Legionário”, em 25-4-1943:
“Muito se tem falado… e sorrido a respeito da relutância de
São Tomé em admitir a Ressurreição. Haverá talvez, nisto, certo exagero. Ou, ao
menos, é certo que temos diante dos olhos exemplos de uma incredulidade
incomparavelmente mais obstinada do que a do Apóstolo.Com efeito, São Tomé
disse que precisaria tocar Nosso Senhor com suas mãos, para n’Ele crer. Mas,
vendo-O, creu mesmo antes de O tocar.
Santo Agostinho vê na relutância inicial do Apóstolo uma
disposição providencial. Diz o Santo Doutor de Hippona que o mundo inteiro ficou
suspenso ao dedo de São Tomé, e que sua grande meticulosidade nos motivos de
crer serve de garantia a todas as almas timoratas, em todos os séculos, de que
realmente a Ressurreição foi um fato objetivo, e não o produto de imaginações
em ebulição. Seja como for, o fato é que São Tomé creu assim que viu. E quantos
são, em nossos dias, os que veem e não creem?
Temos um exemplo desta obstinada incredulidade no que diz
respeito aos milagres verificados em Lourdes, e também com Teresa Neumann em
Ronersreuth, em Fátima. Trata-se de milagres evidentes.
Em Lourdes, há um bureau de constatações médicas, em que só
se registram as curas instantâneas de moléstias sem qualquer caráter nervoso, e
incapazes de ser curadas por um processo sugestivo; as provas exigidas como
autenticidade da moléstia são, em primeiro lugar um exame médico do paciente,
feito antes de sua imersão na piscina; em segundo lugar, ainda antes dessa
imersão, a apresentação dos documentos médicos referentes ao caso, das
radiografias, análises de laboratório etc.
A todo esse processo preliminar podem estar presentes
quaisquer médicos de passagem por Lourdes, ficando autorizados a exigir exame
pessoal do doente, e das peças radiográficas ou de laboratório que traga
consigo; finalmente, verificada a cura, deve esta ser observada pelo mesmo
processo por que se verificou a doença, e só é considerada efetivamente
miraculosa quando, durante muito tempo, o mal não reaparecer. Aí estão os
fatos. Sugestão? Para eliminar qualquer dúvida a este respeito, aponta-se o
caso de curas verificadas em crianças sem uso da razão por sua tenríssima
idade, e que, por isto, não podem ser sugestionadas. A tudo isto, o que se
responde? Quem tem a nobreza de fazer como São Tomé, e, diante da verdade
segura, ajoelhar-se e proclamá-la sem rebuços?
Parece que Nosso Senhor multiplica os milagres à medida que
cresce a impiedade. O caso de Teresa Neumann, Lourdes, Fátima, o que mais?
Quanta gente sabe destes casos? E quem tem a coragem de proceder a um estudo
sério, imparcial, seguro, antes de negar esses milagres?”
https://www.abim.inf.br/creio-em-deus/
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