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domingo, 23 de junho de 2019

COTAS? É DISCRIMINAÇÃO! - Antonio Nunes de Souza

Em outra oportunidade, há bastante tempo, cheguei a falar sobre esse fato observando alguns pontos de vista, naturalmente indo de encontro de muitas pessoas, inclusive as orientações governamentais e seus decretos, para mim, impensados!

Imagino que seria muito mais justo e correto, oportunizar com igualdades de condições os negros, pardos e índios, dando para eles as mesmas condições de escolas qualificadas, creches, auxílios financeiros e assistência médica, pois, com essas proteções, temos certeza que serão melhorados os níveis de intelectualidades, tornando as oportunidades iguais para todos!

Por que razão instituir “cotas” para os negros, mestiços e índios?

Será que eles são menos inteligentes?

Com certeza absoluta são tão inteligentes como qualquer outra etnia, ou raça como comumente se diz. Apenas são completamente esquecidos, mal assistidos, enfrentam discriminações sociais, moram e se alimentam pessimamente e, pela pobreza e falta dos itens citados, aqueles que conseguem estudar, tornam-se péssimos alunos porque passam o dia trabalhando para ajudar a manutenção da família. Aí entra a desproposita “cota”, colocando nas universidades alunos sem as qualificações necessárias, somente porque são negros, mestiços ou índios. Isso é uma incoerência absurda! E o que ocorre normalmente é que essas pessoas “cotistas” não conseguem acompanhar o seguimento das aulas e, infelizmente, desistem antes de terminar as suas formações!

Discriminar dando “cotas” é uma demonstração de que essas pessoas são uns coitadinhos e merecem benevolências! Creio ser isso um absurdo e falta de um critério justo e sensato!

Tenho convicção que não estou sozinho nessa opinião, uma vez que muitas associações já se rebelaram e são completamente contra essa atitude insólita de com uma forma paliativa, agradar uma fatia dessa perseguida e desprezadas de pessoas!



Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

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PALAVRA DA SALVAÇÃO (136)

12º Domingo do Tempo Comum, 23/06/2019


Anúncio do Evangelho (Lc 9,18-24)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?”
Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”.
Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”.
Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.
Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Padre Roger Araújo:

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“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo...” (lc 9,23) 

Depois do longo e intenso percurso pascal, retomamos o tempo litúrgico conhecimento como “Tempo Comum”, seguindo o evangelista Lucas (Ano C). 

A cena do evangelho deste domingo é muito conhecida, pois ela é relatada nos três evangelhos sinóticos, embora com grandes diferenças. Os discípulos já levam um bom tempo acompanhando Jesus. Por que o seguem? Jesus quer saber qual é a motivação presente no interior de cada um deles. Por isso, dirige uma pergunta ao grupo: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 

Esta é a pergunta que também deve ter ressonância em nosso interior; afinal, dizemos ser seguidores(as) de Jesus. Seguimos, de fato, uma pessoa ou seguimos uma doutrina, uma religião, uma moral...? Não é suficiente repetir fórmulas aprendidas na catequese. Aqui trata-se de expressar uma identificação profunda com a vida e com o modo de ser do Profeta da Galileia. Por que o seguimos? Não basta afirmar que Ele é o “Messias de Deus”; é preciso dar passos no caminho aberto por Ele, acender também hoje o fogo que Ele quis espalhar no mundo. Como podemos falar tanto dele sem sentir sua sede de justiça, seu desejo de solidariedade, sua vontade de paz?

Na experiência humana ressoa, desde sempre, a marca ou o chamado a transcender-se, a ir além de si mesmo. O seguimento de Jesus pressupõe a pessoa capaz de sair de si mesma, de descentrar-se. Deixar ressoar a voz do chamado no próprio interior implica um investimento de toda a pessoa. O ouvido se abre, o olhar se aclara, a mente se expande, o coração compreende, o corpo se ergue e a vida se reinicia. Vida aberta e sempre em movimento, pronta para acolher e viver as surpresas. 

Estamos inseridos numa cultura onde as entregas são vividas pela metade, as opções são de fôlego curto e os projetos não tem consistência. Vivemos a chamada “cultura líquida” onde tudo parece que nos escapa das mãos. Não há solidez nas decisões pois elas são apressadas e superficiais, porque o horizonte está obscuro.

Jesus não impõe nenhuma condição, não quer gente que busque carreiras ilustres, riquezas, prestígio.... Quer pessoas que sejam capazes de descentrar-se, de renunciar ao próprio ego, de desapegar-se daquilo que as atrofia e as limita, para investir numa proposta de vida que dê direção e sentido à própria existência. Este é o lema de Jesus: “renunciar a si mesmo, tomar a cruz cada dia e segui-Lo”. O que significa “renunciar a si mesmo”? Significa sair da visão egocentrada, nascida da crença errônea de que somos o ego. Talvez pudesse ser expresso desta forma: “Deixa de crer que és o eu separado e descobrirás a riqueza de tua verdadeira identidade; nem sequer vê a tua vida a partir do ego, porque sofrerás e farás sofrer; contempla-a a partir de tua verdadeira identidade, onde há uma unidade profunda, mas sem apego nem comparações”. 

Não é a renúncia o que nos salva, mas o desenvolvimento e a expansão da vida em direção à plenitude. A renúncia é sempre lícita e aconselhável quando fazemos por algo melhor. O apego a nós mesmo, às coisas ou às pessoas, impede-nos de mover com facilidade. Perdemos o fluxo da vida e o impulso do movimento, a suavidade do “deslizar pela existência”. 

Na vida cristã, o seguimento é questão de sedução, de paixão, de atração, de coração...; isso significa que Jesus Cristo é de fato o “amor primeiro”, aquele que antecede a qualquer outro, de maneira especial o amor a si mesmo. Daí nasce a harmonia interior. Quando o seguimento se torna o eixo central, todos os elementos da vida, todas as afeições, todas as potencialidades do espírito, encontram-se em “seus lugares”, estabelecendo uma deliciosa experiência de paz. Os afetos “orientados” e “ordenados” à pessoa de Jesus, cria um novo referencial, um novo centro afetivo.

Se queremos fazer caminho com Jesus temos de acolher suas condições e entendê-las como Ele as entende. “Renunciar a si mesmo” é descentrar-se, não ser já o centro de seu próprio projeto. É pôr a vida inteira a serviço do outro, neste caso o projeto de Jesus. A isto Jesus chama “perder a vida por sua casa”. E quem assim fizer, “ganhará”, salvará sua vida. A condição que Jesus propõe para segui-lo não pretende negar nossa autonomia, mas orientar nossas energias e valores para a construção do Reino que Ele iniciou, renunciando, também Ele, a si mesmo, para cumprir em tudo a vontade do Pai. Na medida em que nos desprendemos de todo apego, incluído o apego à vida, a favor dos outros, estaremos amando de verdade e, portanto, crescendo como ser humano. Nossa Vida com maiúscula se potenciará, e a vida com minúscula, adquirirá, então, todo seu sentido.

A resposta à pergunta de Jesus (“e vós, quem dizeis que eu sou?”) implica adesão à pessoa d’Ele e ao seu projeto, o Reino; significa fazer o caminho com Ele, colocar-se onde sempre se colocou, na margem, na periferia... Isso acarreta oposição, perseguição, cruz.

Em quê consiste “carregar a Cruz?” É acaso suportar tudo sem reclamar como se toda contrariedade nos é mandada pelo Deus mesmo? É submeter-se à dor pela dor, como se a dor fosse um valor em si mesmo? Algo ou muito disto temos entendido assim e não tem nada a ver com a condição que Jesus propõe para que sigamos seus passos. Ele quer dizer que todos devem estar dispostos a viver da mesma maneira que Ele viveu, embora sabendo que este estilo de vida pode acarretar a perseguição e talvez a morte. Tomar a Cruz significa prontidão, estar preparado, mobilizado... Essa é a cruz de Jesus e também deve ser a nossa. Não inventemos cruzes sob medida, não coloquemos cruzes sobre nós ou sobre os outros. Sigamos os passos de Jesus, assumindo seu estilo de vida! 

Nesse sentido, a cruz de Jesus não é um “peso morto”; ela tem sentido porque é consequência de uma opção radical em favor do Reino. A Cruz não significa passividade e resignação; ela nasce de sua vida plena e transbordante; ela resume, concentra, radicaliza, condensa o significado de uma vida vivida na fidelidade ao Pai, que quer que todos vivam intensamente.

“Jesus morreu de vida”: de bondade e de esperança lúcida, de solidariedade alegre, de compaixão ousada, de liberdade arriscada, de proximidade curadora. Aquele que acompanha Jesus vai também tomando consciência que a opção pela vida pode conduzi-lo à Cruz. Mas não basta carregar a Cruz; a novidade cristã é carregá-la como Jesus. Essa é a nova maneira de carregar a Cruz que Jesus nos ensina: transformá-la em sinal e fonte de amor e de entrega.

A palavra “cruz” – em grego “staurós” – vem do verbo “ficar em pé”. “Tomar sua Cruz” não é, portanto, suportar passivamente sua vida, tornar-se escravo de um destino tirânico; significa prontidão, estado de vigilância... para passar de uma vida suportada para uma vida escolhida.
  
Texto bíblico:  Lc 9,18-24

Na oração: “Quem é Jesus para mim?” Pergunta instigante que nos ajuda a captar a originalidade de Sua vida, a escutar a novidade de Seu chamado, a deixar-nos atrair pelo Seu projeto, contagiar-nos por Sua liberdade, empenharmos por viver seu caminho.

- Cada um de nós deve se colocar diante de Jesus, deixar-se olhar diretamente por Ele e escutar, a partir do mais profundo de si mesmo, Sua pergunta: “Quem sou Eu realmente para você?”

- A esta pergunta responde-se mais com a vida que com palavras sublimes. 

Pe. Adroaldo Palaoro sj
https://centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/espiritualidade/1744-pesos-mortos-que-travam-o-seguimento-2

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