Ocê num presta
Sodade di ocê, ti digo, num tem hora,
Num tem lugá, digo di novo, e vô dizê,
Si toda essa sodade fosse colorida,
Um arcu-iris tão bunito ocê pudia vê!
Mai qui fazê se uncê num tá cumigo?
As minha zora eu passu cum tristeza.
Choro na cama, choro na privada,
Choro no quintá e em riba da mesa…
Tô te jurando – Ocê num acridita?
Intão ocê fica sem acriditá.
Eu sô tão besta! Ocê num mi merece,
Anssim pra que que eu vô cuntiá chorá?
Só me arrependo de vê isso agora,
Dispois de cum esse choro meus óio eu gastá.
Ôio vremeio, inchado - eu fiquei horriver!
Neim pro espêio eu posso mais oiá!
Se todas lágrima que de bestera derramei
- Muié marvada, foram pra vancê,
Nem no meu tanque, nem numa bacia,
Eu ti cunfesso, num ia cabê…
Vô ti dizê, anssim, com todo o coração,
Eu quero mais é que ocê chore agora.
Arrependida de te mi perdido!
Num güento mais, eu já tô indo embora!
Se o Zé Formiga, chutou tua bunda
Ocê deixô di eu, e ele num ti quis.
Muito bem feito; tô inté gostando,
Di vê vancê anssim desinfiliz.
Chora bastante, uma semana intera,
- Lembra que bão, quando ocê mi tinha?! –
Chora no pasto, chora na cochera,
No galinhero junto cás galinha.
Mírian Warttusch
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