E uma mulher
disse: “Fala-nos da Dor”.
E ele
respondeu:
“Vossa dor é
o rompimento do invólucro que encerra vossa compreensão.
Assim com o
a semente da fruta deve quebrar-se para que seu coração apareça ante o sol,
deste mesmo modo deveis conhecer a dor.
Se vosso
coração pudesse viver sempre no deslumbramento do milagre cotidiano, vossa dor
não vos apareceria menos maravilhosa que vossa alegria;
E aceitaríeis
as estações de vosso coração, como sempre aceitastes as estações que passa
sobre vossos campos.
E contemplaríeis
serenamente os invernos de vossa aflição.
Grande parte
de vosso sofrimento é por vós próprios escolhida.
É a amarga
poção com a qual o médico que está em vós cura o vosso Eu doente.
Confiai,
portanto, no médico, e bebei seu remédio em silêncio e tranquilidade.
Porque sua
mão, embora pesada e dura, é guiada pela suave mão do invisível.
E a taça que
ele vos dá, embora queime vossos lábios, foi confeccionada com a argila que o Oleiro
umedeceu com Suas lágrimas sagradas.”
(O PROFETA)
Gibran Khalil Gibran
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Gibran Khalil Gibran - Poeta libanês, viveu na
França e nos EUA. Também foi um aclamado pintor. Seus textos apresentam a
beleza da alma humana e da Natureza, num estilo belo, místico, conseguindo com
simplicidade explicar os segredos da vida, da alegria, da justiça, do amor, da
verdade.
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VIDA E OBRA DE GIBRAN (6)
1918 Gibran deixa, pouco a pouco, de escrever em árabe e se
dedica ao inglês, no qual produz também oito livros: 1918, O Demente; 1920, O Precursor; 1923, O Profeta;
1927, Areia e Espuma; 1928, Jesus, O Filho do Homem; 1931, Os Deuses da Terra. (Após
sua morte foram publicados mais dois: 1932, O Errante; 1933, O Jardim do
Profeta). Todos os livros ingleses de Gibran foram lançados por Alfred A.
Knopf, dinâmico editor americano com inclinação para descobrir e lançar novos
talentos. Ao mesmo que escreve, Gibran se dedica a desenhar e pintar. Sua arte
inspirada pelo mesmo idealismo que lhe inspirou os livros, distingue-se pela beleza
e a pureza das formas. Todos os seus livros ingleses foram por ele ilustrados
com desenhos evocativos e místicos, de interpretação às vezes difícil, mas de
profunda e comovedora inspiração. Seus quadros foram expostos várias vezes com
êxito em Boston e Nova Iorque. Seus desenhos de personalidades históricas são
também célebres.
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