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sexta-feira, 25 de junho de 2021

A DOR – Gibran Khalil Gibran

 


A Dor

 

          E uma mulher disse: “Fala-nos da Dor”.

          E ele respondeu:

          “Vossa dor é o rompimento do invólucro que encerra vossa compreensão.

          Assim com o a semente da fruta deve quebrar-se para que seu coração apareça ante o sol, deste mesmo modo deveis conhecer a dor.

          Se vosso coração pudesse viver sempre no deslumbramento do milagre cotidiano, vossa dor não vos apareceria menos maravilhosa que vossa alegria;

          E aceitaríeis as estações de vosso coração, como sempre aceitastes as estações que passa sobre vossos campos.

          E contemplaríeis serenamente os invernos de vossa aflição.

          Grande parte de vosso sofrimento é por vós próprios escolhida.

          É a amarga poção com a qual o médico que está em vós cura o vosso Eu doente.

          Confiai, portanto, no médico, e bebei seu remédio em silêncio e tranquilidade.

          Porque sua mão, embora pesada e dura, é guiada pela suave mão do invisível.

          E a taça que ele vos dá, embora queime vossos lábios, foi confeccionada com a argila que o Oleiro umedeceu com Suas lágrimas sagradas.”

         

(O PROFETA)

Gibran Khalil Gibran

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Gibran Khalil Gibran - Poeta libanês, viveu na França e nos EUA. Também foi um aclamado pintor. Seus textos apresentam a beleza da alma humana e da Natureza, num estilo belo, místico, conseguindo com simplicidade explicar os segredos da vida, da alegria, da justiça, do amor, da verdade.

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VIDA E OBRA DE GIBRAN (6)

1918 Gibran deixa, pouco a pouco, de escrever em árabe e se dedica ao inglês, no qual produz também oito livros:  1918, O Demente; 1920, O Precursor; 1923, O Profeta; 1927, Areia e Espuma; 1928, Jesus, O Filho do Homem; 1931, Os Deuses da Terra. (Após sua morte foram publicados mais dois: 1932, O Errante; 1933, O Jardim do Profeta). Todos os livros ingleses de Gibran foram lançados por Alfred A. Knopf, dinâmico editor americano com inclinação para descobrir e lançar novos talentos. Ao mesmo que escreve, Gibran se dedica a desenhar e pintar. Sua arte inspirada pelo mesmo idealismo que lhe inspirou os livros, distingue-se pela beleza e a pureza das formas. Todos os seus livros ingleses foram por ele ilustrados com desenhos evocativos e místicos, de interpretação às vezes difícil, mas de profunda e comovedora inspiração. Seus quadros foram expostos várias vezes com êxito em Boston e Nova Iorque. Seus desenhos de personalidades históricas são também célebres.

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