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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O MASSACRE EM FORTALEZA E UMA NAÇÃO QUE ODEIA O POBRE - Sônia Meneses

Triste Realidade

 No dia 7 de janeiro de 2015, há três anos, dois atiradores, Saïd e Chérif Kouachi, mataram 12 pessoas em Paris, incluindo parte da equipe do jornal Charlie Hebdo. Até aquele momento, aquele atentado foi considerado um dos piores que Paris havia presenciado e, imediatamente, uma gigantesca comoção mundial se fez. O clamor, a dor, a indignação tomou conta das redes sociais. Orações de desespero, manifestações de solidariedade e EMPATIA com a dor dos franceses que foi demonstrada nos milhões de perfis no mundo que passaram a estampar as cores da bandeira francesa com o lema solidário, "Je suis Charlie". Aqui no Brasil isso não foi diferente, de tal maneira que, na época ficava-se na dúvida sobre em que país estávamos. 

Pois bem, ontem dia 27 de janeiro de 2018, um grupo armado metralhou um clube pobre da periferia da capital cearense, Fortaleza, e muito pouco se falou. Os mortos foram adolescentes, mulheres, alguns trabalhadores autônomos num forró. Ninguém mudou o perfil, tão pouco, empunhou algum slogan dizendo, "Je suis Cajazeira", "Je suis Fortaleza"...

Quem se importa com isso? Foram 18 pobres a menos, "que se matem" é o que dizem e pensam alguns. Para a periferia, acossada pelas facções criminosas que dominam esses bairros, não há democracia, não há solidariedade. Há o medo, o desespero, a desgraça de não ter nascido em Paris.

O simples espaço geográfico que habitam condiciona os olhares, os sentimentos, a desconfiança, a rejeição. Meus conterrâneos são os esquecidos moradores de uma periferia de uma capital do Nordeste. São invisíveis. A lista de mortos do jornal não trazia nomes, "duas adolescentes", "um motorista de aplicativo"  "um ambulante..."  não são ninguém, só têm um sexo e uma idade.
Nesse país grande e equivocado chamado Brasil, se chora pelo distante e se comemora a tragédia e a dor dos que estão perto.

Uma nação que odeia o pobre porque é o reflexo no espelho que quer negar.

Professora
Dra. Sônia Meneses,

Universidade Regional do Cariri.

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REALIDADE FICCIONAL É DESTAQUE EM 'MEMÓRIAS DISPERSAS'

                                                 
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Wagner Torres de Araujo, carioca da Zona Norte, não adaptado à formação de técnico de nível médio e ao trabalho em indústrias. Na verdade, sempre ansiou pelo conhecimento e cultura mais amplos. Por isso abraçou a formação em História, e com ela, exerce o magistério no ensino básico. Araujo tem trabalhado em cursos e colégios, públicos e privados, em vários locais do Rio de Janeiro.
Atualmente atua no tradicional Colégio Pedro II. Além disso, participa também de um laboratório pedagógico dedicado à formação continuada do professor, administra dois blogs direcionados aos estudantes de ensino básico (Engenho da História e Com o Tempo) e uma página do Facebook com sugestões de leituras (Wagner Comenta Livros) que também é apresentada como blog.

“A ficção se aproxima tanto da realidade, que alguns pensam que os contos sejam relatos de experiências. Não são. Gosto da expressão “realidade ficcional”.”

Boa Leitura!

Escritor Wagner Torres de Araujo, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos,em que momento se sentiu preparado para publicar “Memórias Dispersas”?

Wagner Torres - Este trabalho estava latente havia anos. Desde criança escrevia versos que imaginava que fossem poesia. Um ou outro podia não ser de todo ruim. Em 2013, uma de minhas crônicas, “Questão Política”, foi publicada na coletânea feita pelo Prêmio UFF de Literatura. Isso me animou bastante. Nos últimos anos fui muito incentivado por minha mulher e resolvi transformar alguns dos contos escritos em um livro. Assim surgiu  “Memórias Dispersas”.

Apresente-nos a obra.

Wagner Torres - Não é tarefa simples fazero que você pede. Este livro conta com 29 histórias bastante diferentes. Mesmo assim, há relações entre todas elas. São situações predominantemente urbanas, mas bastante variadas. Acima de tudo, os contos mostram os sentimentos dos personagens. Mostram as pessoas de forma tão natural e suave, que todos os leitores se identificam com algum personagem ou situação.

Quais temáticas estão sendo abordadas por meio dos textos que compõem a obra?

Wagner Torres - As temáticas são bastante variadas, como são diversas as situações e os ambientes onde se passam. Algumas são bem curtas e outras um pouco mais longas. As histórias estão ligadas a ocorrências cotidianas, humanas, onde os sentimentos dos personagens são mostrados intensamente. Os personagens estão sempre ligados ao Rio de Janeiro por viverem na cidade, mas nem sempre são cariocas, nem todos os eventos acontecem no Rio de Janeiro. Se os locais fossem alterados, não mexeríamos com as ideias básicas, pois as situações são humanas. Tudo é fruto das observações do autor e da imaginação. A ficção se aproxima tanto da realidade, que alguns pensam que os contos sejam relatos de experiências. Não são. Gosto da expressão “realidade ficcional”.

Quais critérios foram utilizados para escolha do título que compõe a obra?

Wagner Torres - A ideia do título do livro brotou em minha mente quando estava fazendo a revisão de um dos contos, que recebeu o mesmo título. Imaginei naquele momento que muita gente apostaria que essa e as outras fossem histórias vividas. Entendi que todos os contos causam a impressão realista, como se fossem memórias. Ao mesmo tempo, tudo resulta de fragmentos de observações que faço às pessoas com quem convivo, que observo nas ruas, casos que me contaram, que li nos jornais. Esses fragmentos são misturados, processados, ressignificados e transformados em criação ficcional. Portanto, são memórias, sim, embora dispersas nas vivências humanas em geral.

Qual o conto que mais o marcou no momento da escrita?

Wagner Torres - Cada conto me emociona de forma diferente, mas todos são intensos para mim. Eles me emocionaram quando escrevi, me tocaram em cada revisão que fiz e tornam a me emocionar a cada nova leitura que faço.

O que mais o encanta nos contos?

Wagner Torres - Eles são expressão literária, portanto, são minhas construções artísticas. Assim sendo, a emoção dos personagens é o ponto alto. Alguns dos leitores já me deram retorno nesse sentido, dizendo que se emocionaram. Essa é a minha maior alegria.

Onde podemos comprar o seu livro?

Wagner Torres - Os livros estão disponíveis no Brasil na versão física (papel) e na versão digital (e-book): Livraria Saraiva (https://www.saraiva.com.br), Livraria Martins Fontes (https://www.martinsfontespaulista.com.br) e Livraria Cultura (https://www.livrariacultura.com.br).
Em Portugal, o livro pode ser adquirido na Chiado Editora (https://www.chiadoeditora.com/livraria), na Chiado Café Literário, em Lisboa (https://pt-br.facebook.com/ChiadoCafeLiterarioLisboaAvLiberdade)e no Porto (https://pt-br.facebook.com/chiadocafeliterarioporto).

Quais os seus principais objetivos como escritor? Pensa em publicar novos livros?

Wagner Torres - Tenho um novo livro de contos pronto para ser publicado, com título escolhido, “Transgressores do tempo”. Espero que o lançamento aconteça em 2018. Projetos, tenho vários. Um romance e uma coletânea de poesias devem aparecer em breve.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Wagner Torres de Araujo. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Wagner Torres - As realizações da humanidade têm os sonhos como antecedentes. A criação ficcional tem muito de sonho, mas é criação de mentes inventivas. Ler ficção literária alimenta a capacidade de as pessoas sonharem e produzirem novas ideias. Por isso, todos que buscam atividades criativas devem ler ficção, ouvir música e apreciar as variadas expressões de artes visuais. O mundo tem saídas, e todas exigem criatividade. Uma delas está na realidade ficcional.


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