Esta é a
expressão da minha amiga Mírian depois do lufa-lufa da semana.
Mírian tem
um pequeno sítio em Itapoan, onde costuma passar os finais de semana.
Ao dirigir-se
para este recanto, ela diz: “vou para o meu mundo”.
Como é bom
a gente constatar que tem um mundo. Mas, nem todos podem dar-se ao luxo de ter
um sítio onde possa isolar-se e gozar de seu mundo.
O silêncio
é importante em nossa vida. Mas, como o homem profano vive entre ruídos, o
silêncio, então, representa a morte.
Humberto Rohden
diz: “Silêncio é receita – ruído, despesas.” E quem tem mais despesas do que
receitas, abre falência. Então, a nossa humanidade está permanentemente falida.
E como
fazer para que o nosso silêncio não seja interrompido pelo ruído?
Para tudo
há jeito. Não é necessário comprar um sítio. Muitas vezes compramos casa de
campo, sítio, fazenda, mas o ruído nos acompanha.
O importante
é construir o nosso mundo e ao fazê-lo, cuidar para que ele seja à prova de
som. Só assim, onde formos não seremos importunados.
Há uma
quadra popular que diz:
“Dizem que há mundo lá fora
Eu não sonho, nunca vi;
Que me importa outro mundo,
Se o meu mundo é todo aqui.”
Quando estamos
satisfeitos com o nosso mundo, é assim que vivemos.
Que me
importa os ruídos, os blás-blás do exterior. A nossa sociedade constrói um
mundo exterior, onde predomina a aparência. Mas nessa mesma sociedade existem
homens que tentam construir um mundo interior. E este mundo interior, só será construído
com a dinâmica do silêncio. Por isso Jesus Cristo antes de partir para a vida
pública, ficou no deserto durante quarenta dias. Construiu o seu mundo
interior. Como Jesus Cristo, os grandes místicos e os grandes cientistas se
refugiaram no silêncio.
Einstein achava
a solidão a melhor companhia, a mais agradável. Esta solidão só se torna
agradável quando ela deixa de ser solidão para ser companhia. E se colocarmos
em nossa solidão o Cristo, seremos felizes e poderemos dizer: “Que me importa
outro mundo, se o meu mundo é todo aqui.”
(CARROSSEL)
Marília Benício dos Santos
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“Lendo este livro, ou melhor, saboreando suas páginas, aos
poucos nos apercebemos de que o trivial é, para Marília, o lugar próprio de
encontro e de diálogo. Assim, ela nos prende e nos encanta desde o primeiro
momento, precisamente pelo fato de que canta a vida, em suas alegrias e em suas
tristezas, mas, sempre, na perspectiva feliz da esperança”. (Lygia
Costa Moog).
- Trecho do Prefácio do livro CARROSSEL -
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