Total de visualizações de página

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

RAIVA E GÊNIO – Davi Nunes

Raiva e Gênio


Numa entrevista perguntaram a Jean Michel Basquiat o que motivava a sua arte.

Ele respondeu que era cerca de 80% Raiva. Acredito nisso.

A raiva é um sentimento sagrado.

É um rato que rói por dentro as entranhas com mandíbulas de cão a fazer o gênio voar: é o sangue no olho do negro drama a restituir em alguns momentos a sua realeza obliterada.

É a sanidade de Estamira enlouquecida.

É o pixador que no alto de um arranha-céu em frenesi de uma metrópole cinza escreve em forma de hierográfico egípcio a palavra zanga.

É Cruz e Sousa emparedado com a morte dos seus filhos. Caralho.
É a tosse etílica de Lima Barreto a explodir sangue no denso manuscrito.  É o quebranto das “aberrações afetivas” a impossibilitar o negro amor.

É nó que se desfaz só no grito. Bote fé. É a mãe que coloca o facão no pescoço do gambé para não matar o seu filho.

É a dor que forma o gênio, é o gênio que consome a vida, é viver grande em tempo de morte.


Davi Nunes é colaborador do portal SoteroPreta, mestrando no Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem- PPGEL/UNEB, poeta, contista e escritor de livro Infantil



* * *

ITABUNA CENTENÁRIA: UM SONETO - Reflexões – Ariston Caldas

REFLEXÕES


Eu quisera ser poeta de verdade,
minha musa é somente fantasia,
se fico triste invento uma saudade
de coisa que por mim passara um dia.

Falo de estrelas às vezes sem vontade,
comparando-as aos olhos de Maria,
procuro rimas, perco a liberdade
e não encontro a estrada que eu queria.

Contenta-me, porém, a natureza,
olhando um rio, um pássaro, a beleza
de nuvens róseas pelos horizontes.

As palavras me fogem como vento,
mas ganho a tela azul do firmamento
e as flores como festa pelos montes.

(OBRA REUNIDA)
Ariston Caldas
.......

"Recebi o Livro Obra Reunida, de Ariston Caldas, através do seu sobrinho Fernando Caldas. Li os seus versos do primeiro ao último. Honram a poesia baiana, a FICC, aliás, não lhe fez senão justiça e não precisaria fazer, porque as antenas da minha emotividade seriam suficientes para me por em contato com a realidade de sua arte mágica. 

Poesia bonita, leve, agradável. 

Privei da amizade do saudoso poeta. Conversávamos muito sobre todos os assuntos. Às vezes, quando eu passava defronte à sua residência encontrava-o na janela, como se já estivesse me esperando. 

Humanista e preocupado com o social, Ariston usava a sua intuição anímica para fazer versos num estilo primoroso e brilhante que os grandes artistas da palavra conseguem criar, nessa expressão peculiar do seu espírito, onde as coisas têm aspecto diverso, que não se assemelha ao da vida corrente.

Ninguém mais do que Ariston Caldas merece um lugar de destaque na história poética da região cacaueira. Fiel ao seu ideal jamais renegado.

Foi assim, durante toda a sua existência."
-------------
(Artigo publicado no Jornal AGORA)


Antônio José de Souza Baracho, membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL, ocupante da cadeira nº 11, Patronesse Amélia Tavares Amado.

* * *

AMERICANO VENCE PRÊMIO NOBEL DE ECONOMIA

Richard H. Thaler levou a honraria por suas contribuições ao estudo da economia comportamental

09/10/2017  
ESTOCOLMO - O americano Richard H. Thaler foi anunciado, nesta segunda-feira, como vencedor do prêmio Nobel de Economia. Ele foi um dos fundadores do campo das finanças comportamentais, que estuda como as limitações cognitivas influenciam os mercados financeiros. As contribuições do laureado relacionaram a economia às análises psicológicas das decisões individuais. Suas descobertas empíricas e teóricas serviram como instrumentos para expandir o campo da economia comportamental, que teve profundo impacto em muitas áreas da pesquisa econômica.

Formado pela Universidade de Chicago, Thaler incorporou suposições psicológicas realísticas em análises econômicas sobre tomadas de decisão e mostrou como os humanos sistematicamente afetam decisões individuais, assim como resultados do mercado, por meio do estudo das consequências de racionalidade limitada, preferências sociais e falta de autocontrole.

A teoria da contabilidade mental desenvolvida por ele explica como as pessoas simplificam a tomada de decisões financeiras quando criam contas separadas em suas mentes, enfocando o impacto estreito de cada decisão individual, e não o seu efeito geral. O vencedor do Nobel também mostrou como a aversão às perdas pode explicar por que as pessoas valorizam mais um mesmo item quando o detém, um fenômeno chamado "efeito doação".

Thaler mostrou ainda como as preocupações dos consumidores podem impedir as empresas de aumentar os preços em períodos de alta demanda, mas não em tempos de custos crescentes. Ele e seus colegas criaram o jogo do ditador, uma ferramenta experimental que tem sido utilizada em numerosos estudos para medir as atitudes em relação à justiça em diferentes grupos ao redor do mundo.

Sobre a falta de autocontrole, o economista analisou os motivos para as resoluções de Ano Novo serem difíceis de se manterem. De acordo com ele, a tentação a curto prazo é uma razão importante pela qual os planos de economizar para a velhice, ou fazer escolhas de estilo de vida mais saudáveis, muitas vezes, falham. Em seu trabalho, ele buscou mostrar de que forma essas dificuldades podem ser contornadas.

O Nobel de Economia foi premiado pela primeira vez em 1969 para festejar os 300 anos do Banco Central da Suécia. Desde então, foram 49 premiações para 79 condecorados. Em 2009, Elinor Ostrom foi a primeira mulher a ser laureada na categoria.

No ano passado, a honraria foi concedida ao britânico-americano Oliver Hart e o finlandês Bengt Holmström por seus trabalhos sobre a teoria do contrato. Hart é professor de Economia da Universidade de Harvard, enquanto Holmström leciona Economia e Administração no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).

Em 2015, o vencedor foi Angus Deaton, também britânico-americano, por sua análise dos padrões do consumo, da pobreza e do bem-estar, e sua demonstração de que o acúmulo de riqueza não é necessariamente paralelo à melhora do bem-estar.

O Nobel de Economia foi o sexto prêmio anunciado pela academia neste ano, que já divulgou os vencedores de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz.



* * *