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terça-feira, 19 de junho de 2018

EXTRATOS DA PALESTRA DA DRA. FILÓ, PEDIATRA EM BH.


20/4/2018

"Rio só existe porque tem margem. A criança só será um adulto completo se tiver limites.

Criança tem que ser monitorada. 

Mãe tem que ser chata.

Filho só pode ver aquilo que é próprio para a idade dele. 

Filho não pode ver aquilo que está além da sua capacidade de compreensão.

Tome a frente das regras da sua casa. 

Criança não dorme com celular no quarto. Recolha. Vigie. 

Criança tem que dormir com tranquilidade.

Quarto não tem que ter televisão. Quarto é para dormir.

Não compare a casa do outro com a sua. 

Na sua casa você tem que cuidar da integridade mental dos seus filhos. 

Criança não fica trancada no quarto jogando.

Filho tem que 'socializar', tem que ver, estar com pessoas. Corpo a corpo. Olho no olho.

Criança que é rejeitada por outros tem uma tendência a buscar redes sociais. Cuidado. Isso pode causar dependência.

Precisamos ter a coragem de olhar para a vida dos nossos filhos.
As coisas acontecem debaixo dos nossos olhos. 
Criança é esperta, mas temos que ser mais ainda. Pai e mãe têm que estar perto.

Criança não tem que ter senha.
Essa tal de privacidade é só quando eles saem de casa, só quando pagam as próprias contas.

O celular do filho não pode ser igual ao do pai.
Tem que haver hierarquia.

Cada mãe conhece o filho que tem. Mãe, no fundo, sabe o que está acontecendo com o filho. Não ignore suas sensações como mãe. 
Elas são verdadeiras. 
A mãe não erra o diagnóstico. Confie nos seus sentimentos de mãe.

A missão como pais é muito maior do que podemos imaginar. 
E não é uma missão fácil.

Mais do que dar coisas, se deem a seus filhos.

Questione seus filhos. 
Pergunte! 
Vigie! 
Investigue!

Existem muitos e muitos distúrbios psiquiátricos na infância. 
O segredo da prevenção é família e amor. 
Criança tem que ser amada.

Filho vai tentar se impor. Mas 'combinados' e regras devem existir. 
Tem que haver respeito. 
Tem que haver hierarquia.

Filho tem que desejar! 
Tem que querer ganhar alguma coisa! 
Tem que esperar ansiosamente pelo presente. 
As coisas não são descartáveis.

Coloque na vida do seu filho que somos criadores, que vamos criá-los e que temos sonhos para eles. 
Que a vida tem que ter sentido, além do dinheiro, do poder e de todas as possibilidades. 
Que a vida os desafiará, mas a vida não encerra.

Cuidado! 
O que os filhos trazem para o mundo é o que plantamos neles. 
Estimule-os a serem verdadeiros. 
A verdade abre caminhos".


(Recebi via WhatsApp)

* * *

A ILHA DE CÍCERO - Sherney Pereira


A ilha de Cícero


            Havia uma pequena ilha  no Rio Cachoeira, nas imediações do Salobrinho, e nela habitava um preto velho por nome de Cícero. Vivia ele na mais completa solidão, tendo apenas por companhia,  o canto dos pássaros e o ritmo das correntezas. Ali resolvera cultivar a terra fértil, plantando cana-de-açúcar, laranjeiras e abacateiros; somente ia ao povoado em caso de necessidade. Aos sábados fazia as suas compras e aproveitava para tomar alguns pileques, mas logo rumava para o seu cantinho, sempre preocupado com os vândalos, que normalmente invadiam o seu sítio para roubar.

            Muita gente temia o velho Cícero, pois se acreditava ser ele dotado de poderes sobrenaturais, e até havia quem o chamasse de feiticeiro, por causa das artimanhas que se ouvia contar a seu respeito.

            Realmente, não se sabe ao certo a respeito dos poderes mágicos daquele homem, entretanto vários fatos levaram o povo a acreditar na sua periculosidade, a exemplo da sua obstinada permanência na ilha, mesmo quando havia sérias ameaças de enchentes. Se alguém o advertia sobre as cheias ele retrucava ironicamente: “Não tenho medo, sei muito bem me defender”. Durante todo o tempo em que ali viveu alguém jamais testemunhou que ele abandonasse a sua ilha por causa das águas e, quando o Cachoeira amanhecia abarrotado, todos ironizavam: “Desta vez o velho Cícero foi pro inferno”. Quando o rio voltava ao seu curso normal, lá estava o velho são e salvo, cuidando normalmente das plantações, para a surpresa de todos.

            Os moradores mais antigos contam um episódio envolvendo Cícero e um pescador conhecido pela alcunha de “Pepita”. Como a ilha era cheia de uma variedade de árvores frutíferas, aquele lugar, efetivamente, consistia num convite irresistível aos olhos dos que por ali passavam. Apesar da rígida vigilância, os pescadores conseguiam burlar a atenção do velho, penetravam na chácara e roubavam as apetitosas laranjas, para em seguida saírem zombando, chamando-o de velho caduco.

            Foi assim que, numa certa manhã, o jovem pescador se encontrava pescando nas proximidades da ilha, talvez não resistindo à fome, invadiu os pertences de Cícero e dali levou algumas laranjas. Terminada a pescaria, o jovem ganhou o caminho de casa. Na estrada, porém, sentiu que algo estranho estava lhe acontecendo: uma sensação nervosa, aos poucos foi tomando conta do seu corpo, e a sua cabeça pôs-se a girar, a girar... Entrementes, um conhecido que também pescava por ali, o encontrou em estado lastimável. “Pepita” estava aluado: rodopiava, falava asneiras e cantava assim: “O batalhão tá me chamando/ estou aqui seu coroné”. O rapaz estava tresloucado, e muito lhe custou a recuperação. Cícero ficou sabendo do acontecido e sempre que ia ao povoado, comentava para os mais íntimos: “Bem feito!  Nunca mais ele terá a petulância de roubar as minhas laranjas”.

            O velho Cícero viveu por muitos anos naquela ilhota, “Ilha de Cícero”.


(SALOBRINHO - Encantos e Desencantos de um Povoado)
Sherney Pereira

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