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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

RIO, DO BRASIL - Nélida Piñon

Rio, do Brasil

Meu coração recrimina quando ajo como se o Rio de Janeiro não merecesse ser a cada golpe inaugurado pelos meus olhos. Não fosse em si uma dádiva que me chegou junto com a vida que arfa teimosa. Uma paisagem cuja beleza é centro da fantasia brasileira, nela estão encravados os mitos nacionais.

Com estofo de heroína, aguento as benesses e os malefícios, examino os efeitos de seu repertório urbano na psique carioca. De caráter dual, espécie de Juno de duas faces, o Rio oscila entre pobres e ricos que esbarram nas esquinas sob falsa harmonia social. Contudo falam todos a mesma língua, a despeito dos tropeços gramaticais. Aliás, no capítulo linguístico, o carioca demonstra pendor para narrar. Seu humor inventa histórias que não viveu. Mas perdoa quem o lançou ao fogo do inferno e merece o cárcere. Pois sua frágil cidadania não ausculta as graves mentiras que lhe contam. Acolhe os políticos como membro da família.

No teatro carioca, as classes sociais simulam entender-se no período carnavalesco ou diante de uma desgraça. Os desprovidos da sorte ainda confiam no que lhes prometem os donos do poder público.

O Rio é belo, sem dúvida, mas não lê. Quase todos igualam-se na escassez de conhecimento. Não dispõem de um arsenal de saberes que apure o seus direitos cidadãos.

É uma cidade musical. Domina o Stradivarius e o tamborim. Seu carnaval dita pautas temporariamente felizes. Descendo das comunidades, as escolas de samba causam assombro com sua refinada estética. Sua arte maior sara as feridas, reconcilia-nos com a vida indigna.

Cumprimos no Rio, berço, ribalta e cova nossas, as etapas de nossas biografias. Devemos à pedagogia da cidade a esplêndida mestiçagem. Ela é o epicentro do Brasil, a metáfora eternizada por Machado de Assis em sua obra.

É proibido, porém, contemporizar com as mazelas morais com que tentam abortar o Rio. O veneno que a elite política nos injetou, há que vomitar. Mas como amo esta urbe, afugento o desencanto. Há que restaurar a cidadania ofendida. Entoar o hino pátrio enquanto exaltamos o privilégio de viver sob a resplandecência deste céu que se abate azulado sobre nós com a força do seu mistério . Estou cansada de pessimismo.
O Globo, 24/12/2017



Nélida Piñon - Quinta ocupante da Cadeira 30 da ABL, eleita em 27 de julho de 1989, na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda e recebida em 3 de maio de 1990 pelo Acadêmico Lêdo Ivo. Em 1996-1997 tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a Academia Brasileira de Letras, no ano do seu  Centenário.

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CENTRO LUSÓFONO RUSSO PREPARA ANTOLOGIA DE CONTOS BRASILEIROS QUE INCLUIRÁ O ESCRITOR CYRO DE MATTOS

Centro Lusófono russo prepara 
antologia de contos brasileiros 
que incluirá o escritor 
Cyro de Mattos


O Centro Lusófono Camões, da Universidade Estatal Pedagógica Herzen, de São Petersburgo, Rússia, está preparando a publicação de uma antologia de contos brasileiros contemporâneos em edição russo-portuguesa. Segundo o diretor do Centro, professor Vadim Kopyl, responsável pela publicação, a antologia reunirá mais de 30 autores, e, entre eles, estará presente o baiano (de Itabuna), Cyro de Mattos. A antologia será dedicada à memória do ex-embaixador do Brasil em Portugal (1979-1983), Dário Moreira de Castro Alves (1927-2010), antigo sócio honorário da instituição, que exerceu postos na Embaixada do Brasil em Moscou, foi chefe de gabinete no Ministério das Relações Exteriores e presidente do Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA), em Washington, entre outros cargos.

O escritor Cyro de Mattos (foto) participou em 1973 da antologia Ao Sul do Rio Grande (K Yug of Rio Grande) com o conto “O Velho e o Velho Rio”, tradução de Elena Riánzova, publicada na Rússia pela Editora Molodóia Guardia. Nessa antologia figuram, entre outros, Julio Cortázar, René Marques, Mário Benedeti, Rosário Castellanos e o baiano Ricardo Cruz. Cyro de Mattos tem contos e poemas publicados em antologias e revistas de vários países europeus, Estados Unidos e México. Possui doze livros pessoais publicados em várias editoras da Europa. Já na antologia que está sendo preparada pelo Centro Lusófono Russo Luís de Camões figuram, entre outros, Anderson Braga Horta, Caio Porfírio Carneiro, Cunha de Leiradella, Helena Parente Cunha, Iacyr Anderson Freitas, Luiz Ruffato, Rejane Machado e Ronaldo Cagiano.

Em abril, na Embaixada do Brasil em Moscou, foi lançado o romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (1881-1922), publicado por uma editora de Moscou. Nos anos anteriores, foram apresentados ao público os livros Contos de Machado de Assis e Contos Escolhidos de Machado de Assis, publicados em edição bilíngue russo-portuguesa pelo Centro Lusófono Camões, em 2006 e 2007, respectivamente, com prefácios do escritor e professor Adelto Gonçalves, doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP).

Desde a sua fundação em 1999, o Centro publicou também em edições bilíngues os livros Guia de Conversação Russo-Portuguesa Contemporânea, Poesia Portuguesa Contemporânea (2004), que reúne poemas de 26 poetas portugueses, e Vou-me embora de mim (2007), do poeta português Joaquim Pessoa. Em 2013, a Embaixada do Brasil em Moscou apoiou a publicação da segunda edição revista do livro Contos Escolhidos de Machado de Assis. O Centro Lusófono Camões  mantém estudantes nos níveis zero, médio e superior.

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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

MORRE O ARTISTA PLÁSTICO BAIANO ÂNGELO ROBERTO

O artista plástico baiano Ângelo Roberto deixou as dimensões deste velho mundo na manhã deste domingo (28), aos 80 anos. O corpo dele  foi cremado na segunda-feira (29), às 11, no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador.
Ângelo era especialista em ilustrações com bico-de-pena, e muitos de seus quadros retratavam cavalos. A causa da morte não foi divulgada pela família.

O falecimento de Ângelo foi comunicado pela sua filha Iana Landim, em uma postagem nas redes sociais. No comunicado, Iana se refere ao pai como seu maior ídolo e artista. Ângelo nasceu na cidade de Ibicaraí, no sul da Bahia.

Amigos e familiares fizeram comentários de pesar. "O artista se eterniza na arte, e o pai, na família, que é a continuação de tudo... Força... Um grande abraço em todos vocês", observou contrita uma dessas pessoas.

Com exposições no exterior, prêmios importantes, Ângelo Roberto pertenceu à Geração de Glauber Rocha, que na década de 60 movimentou o ambiente cultural de Salvador, com os jovens Florisvaldo Mattos, Paulo Gil Soares, João Carlos Teixeira Gomes e Fernando Rocha Perez.  Ilustrou capas e livros de autores baianos, como Florisvaldo Mattos, Guido Guerra, Cyro de Mattos e Ruy Espinheira Filho. Do itabunense  Cyro de Mattos ilustrou os livros A Casa Verde e Outros Poemas”, “Histórias Dispersas de Adonias Filho”,  “Oratório de natal”, “As Criações de Adonias filho”, “Alma M ais que Tudo” , “Cancioneiro do Cacau”, “Poesie Brasiliene della Bahia”, publicada na Itália,  e “Onde Estou e Sou”.

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ITABUNA CENTENÁRIA REFLETINDO: OS PAIS ENVELHECEM

Os pais envelhecem


Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho.

Plena de emoções, por vezes angustiante, ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.

Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.

Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor. Um sorriso é capaz de abrir as portas de um paraíso.

Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem.

Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.

O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem. Envelhecemos. E então algo começa a mudar.

Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes. Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.

Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância e isso é uma dor imensa para os pais.

Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebe as mínimas faíscas no olho de um filho.

É quando pais idosos, dizem para si mesmos: Que fiz eu? Por que o encanto acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular?

Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida.

Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente. Praticamente não ouvem mais os conselhos.

A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas.

Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas. E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos costumes.

Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber. Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente.

Passeios, comida, roupas, médicos - tudo passa a ser decidido pelos filhos.

E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente. Por que então desrespeitá-los?

Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?

Sim, é o que a maioria dos filhos faz. Dá ordens aos pais, trata-os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão.

E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor. Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia.

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A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação. Um dia, o velho pai já não estará aqui.

O cheiro familiar da mãe estará ausente. As  roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa.

Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.

Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, afeto...

Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.



Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v.13, ed. Fep.

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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O MASSACRE EM FORTALEZA E UMA NAÇÃO QUE ODEIA O POBRE - Sônia Meneses

Triste Realidade

 No dia 7 de janeiro de 2015, há três anos, dois atiradores, Saïd e Chérif Kouachi, mataram 12 pessoas em Paris, incluindo parte da equipe do jornal Charlie Hebdo. Até aquele momento, aquele atentado foi considerado um dos piores que Paris havia presenciado e, imediatamente, uma gigantesca comoção mundial se fez. O clamor, a dor, a indignação tomou conta das redes sociais. Orações de desespero, manifestações de solidariedade e EMPATIA com a dor dos franceses que foi demonstrada nos milhões de perfis no mundo que passaram a estampar as cores da bandeira francesa com o lema solidário, "Je suis Charlie". Aqui no Brasil isso não foi diferente, de tal maneira que, na época ficava-se na dúvida sobre em que país estávamos. 

Pois bem, ontem dia 27 de janeiro de 2018, um grupo armado metralhou um clube pobre da periferia da capital cearense, Fortaleza, e muito pouco se falou. Os mortos foram adolescentes, mulheres, alguns trabalhadores autônomos num forró. Ninguém mudou o perfil, tão pouco, empunhou algum slogan dizendo, "Je suis Cajazeira", "Je suis Fortaleza"...

Quem se importa com isso? Foram 18 pobres a menos, "que se matem" é o que dizem e pensam alguns. Para a periferia, acossada pelas facções criminosas que dominam esses bairros, não há democracia, não há solidariedade. Há o medo, o desespero, a desgraça de não ter nascido em Paris.

O simples espaço geográfico que habitam condiciona os olhares, os sentimentos, a desconfiança, a rejeição. Meus conterrâneos são os esquecidos moradores de uma periferia de uma capital do Nordeste. São invisíveis. A lista de mortos do jornal não trazia nomes, "duas adolescentes", "um motorista de aplicativo"  "um ambulante..."  não são ninguém, só têm um sexo e uma idade.
Nesse país grande e equivocado chamado Brasil, se chora pelo distante e se comemora a tragédia e a dor dos que estão perto.

Uma nação que odeia o pobre porque é o reflexo no espelho que quer negar.

Professora
Dra. Sônia Meneses,

Universidade Regional do Cariri.

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REALIDADE FICCIONAL É DESTAQUE EM 'MEMÓRIAS DISPERSAS'

                                                 
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Wagner Torres de Araujo, carioca da Zona Norte, não adaptado à formação de técnico de nível médio e ao trabalho em indústrias. Na verdade, sempre ansiou pelo conhecimento e cultura mais amplos. Por isso abraçou a formação em História, e com ela, exerce o magistério no ensino básico. Araujo tem trabalhado em cursos e colégios, públicos e privados, em vários locais do Rio de Janeiro.
Atualmente atua no tradicional Colégio Pedro II. Além disso, participa também de um laboratório pedagógico dedicado à formação continuada do professor, administra dois blogs direcionados aos estudantes de ensino básico (Engenho da História e Com o Tempo) e uma página do Facebook com sugestões de leituras (Wagner Comenta Livros) que também é apresentada como blog.

“A ficção se aproxima tanto da realidade, que alguns pensam que os contos sejam relatos de experiências. Não são. Gosto da expressão “realidade ficcional”.”

Boa Leitura!

Escritor Wagner Torres de Araujo, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos,em que momento se sentiu preparado para publicar “Memórias Dispersas”?

Wagner Torres - Este trabalho estava latente havia anos. Desde criança escrevia versos que imaginava que fossem poesia. Um ou outro podia não ser de todo ruim. Em 2013, uma de minhas crônicas, “Questão Política”, foi publicada na coletânea feita pelo Prêmio UFF de Literatura. Isso me animou bastante. Nos últimos anos fui muito incentivado por minha mulher e resolvi transformar alguns dos contos escritos em um livro. Assim surgiu  “Memórias Dispersas”.

Apresente-nos a obra.

Wagner Torres - Não é tarefa simples fazero que você pede. Este livro conta com 29 histórias bastante diferentes. Mesmo assim, há relações entre todas elas. São situações predominantemente urbanas, mas bastante variadas. Acima de tudo, os contos mostram os sentimentos dos personagens. Mostram as pessoas de forma tão natural e suave, que todos os leitores se identificam com algum personagem ou situação.

Quais temáticas estão sendo abordadas por meio dos textos que compõem a obra?

Wagner Torres - As temáticas são bastante variadas, como são diversas as situações e os ambientes onde se passam. Algumas são bem curtas e outras um pouco mais longas. As histórias estão ligadas a ocorrências cotidianas, humanas, onde os sentimentos dos personagens são mostrados intensamente. Os personagens estão sempre ligados ao Rio de Janeiro por viverem na cidade, mas nem sempre são cariocas, nem todos os eventos acontecem no Rio de Janeiro. Se os locais fossem alterados, não mexeríamos com as ideias básicas, pois as situações são humanas. Tudo é fruto das observações do autor e da imaginação. A ficção se aproxima tanto da realidade, que alguns pensam que os contos sejam relatos de experiências. Não são. Gosto da expressão “realidade ficcional”.

Quais critérios foram utilizados para escolha do título que compõe a obra?

Wagner Torres - A ideia do título do livro brotou em minha mente quando estava fazendo a revisão de um dos contos, que recebeu o mesmo título. Imaginei naquele momento que muita gente apostaria que essa e as outras fossem histórias vividas. Entendi que todos os contos causam a impressão realista, como se fossem memórias. Ao mesmo tempo, tudo resulta de fragmentos de observações que faço às pessoas com quem convivo, que observo nas ruas, casos que me contaram, que li nos jornais. Esses fragmentos são misturados, processados, ressignificados e transformados em criação ficcional. Portanto, são memórias, sim, embora dispersas nas vivências humanas em geral.

Qual o conto que mais o marcou no momento da escrita?

Wagner Torres - Cada conto me emociona de forma diferente, mas todos são intensos para mim. Eles me emocionaram quando escrevi, me tocaram em cada revisão que fiz e tornam a me emocionar a cada nova leitura que faço.

O que mais o encanta nos contos?

Wagner Torres - Eles são expressão literária, portanto, são minhas construções artísticas. Assim sendo, a emoção dos personagens é o ponto alto. Alguns dos leitores já me deram retorno nesse sentido, dizendo que se emocionaram. Essa é a minha maior alegria.

Onde podemos comprar o seu livro?

Wagner Torres - Os livros estão disponíveis no Brasil na versão física (papel) e na versão digital (e-book): Livraria Saraiva (https://www.saraiva.com.br), Livraria Martins Fontes (https://www.martinsfontespaulista.com.br) e Livraria Cultura (https://www.livrariacultura.com.br).
Em Portugal, o livro pode ser adquirido na Chiado Editora (https://www.chiadoeditora.com/livraria), na Chiado Café Literário, em Lisboa (https://pt-br.facebook.com/ChiadoCafeLiterarioLisboaAvLiberdade)e no Porto (https://pt-br.facebook.com/chiadocafeliterarioporto).

Quais os seus principais objetivos como escritor? Pensa em publicar novos livros?

Wagner Torres - Tenho um novo livro de contos pronto para ser publicado, com título escolhido, “Transgressores do tempo”. Espero que o lançamento aconteça em 2018. Projetos, tenho vários. Um romance e uma coletânea de poesias devem aparecer em breve.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Wagner Torres de Araujo. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Wagner Torres - As realizações da humanidade têm os sonhos como antecedentes. A criação ficcional tem muito de sonho, mas é criação de mentes inventivas. Ler ficção literária alimenta a capacidade de as pessoas sonharem e produzirem novas ideias. Por isso, todos que buscam atividades criativas devem ler ficção, ouvir música e apreciar as variadas expressões de artes visuais. O mundo tem saídas, e todas exigem criatividade. Uma delas está na realidade ficcional.


Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura



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domingo, 28 de janeiro de 2018

ADMIRÁVEL ÂNGELO ROBERTO por Cyro de Mattos

O baiano Ângelo Roberto,  ilustrador de vários livros de nossa autoria, faleceu hoje pela manhã em  Salvador. É triste, muito triste a notícia, está doendo muito. Em 1999, no meu livro "O Mar na Rua  Chile", dedico uma crônica a esse amigo de geração e parceiro na arte. Reproduzo abaixo a crônica referida,  maneira de homenagear um pouco o  valor desse genial poeta do traço 

Admirável Ângelo Roberto

                                 Cyro de Mattos

Diante dos desenhos de Ângelo Roberto, baiano de Ibicaraí, radicado em Salvador desde 1948, a primeira impressão que se tem  é de que a vida é ato de amor. Figuradas no real, criaturas simples sugerem o visual cativante através  de uma poetização imaginativa. Mãos e pés enormes não representam detalhes encaixados de maneira inteligente no humano que se pretende figurar. É mesmo o jeito próprio de imaginar o humano em seu excesso de pobreza, a nos atingir com amor em sua simplicidade. Podemos  perceber  isso  na imagem do menino, abraçando o cavalo amigo com todo o calor do coração. Em são Francisco de Assis e seus pássaros que acendem o dia, levando fraternidade pelos quatro cantos cardeais. Ainda na lágrima    da criança triste, riscada no instante do trauma causado  pelo passarinho morto na gaiola.

Ângelo Roberto, como se vê, é um poeta do traço expressivo. A  imaginação rica que possui lateja no drama  como um feixe de nervos numa só ritmação. Sensorial, intensa, sutil nos pontos que o artista sabe imprimir com mestria nas linhas. Nos poros abertos de sua verdade sentida pela vida. Linha, ponto e movimento pulsam com amor ao mesmo tempo, numa só projeção do drama. Flagrado no episódio tendo às vezes a configuração no mais exterior uma significação interna, de dor e cisão súbita feita na existência rústica. Acontece assim a concentração de forças que vibram na expressão oculta do vaqueiro baleado.

Já se disse que poesia é concentração, iluminação do ser e verdade no seio da linguagem plasmada. Então percebemos assim que Ângelo Roberto oferece com freqüência ao desenho momentos de poesia significativa. O gesto simples do artesão por suas criaturas, fraterno e doce tantas vezes nas emoções captadas configura na superfície branca o espírito pontilhado e delineado com o traço leve quando corporifica a matéria. Diríamos que a vida nesse instante flutua ou se flagra naquela zona suspensa do azul, que há muito tempo coabita dentro de nós, naquela aderência mansa de certo clima poético em nossa paisagem íntima.

Vagares de ternura, revelação solidária da tristeza, instante cálido da mulher com  flor no seio. Tudo idealizado por meio de pontos e linhas que determinam  um ritmo suave. Configuram na expressão segura o tema real do imaginário com objetivo de transmitir valores emotivos. Representam com habilidade a arte de riscar uma geometria que se projeta no tempo do viver, do sentir e do amar, para ocupar determinado estado onírico.

Posso dizer que os trabalhos desse artista humaníssimo que é Ângelo Roberto, de rica vocação para o traço poético, mostram outra vez que a Arte é necessidade fundamental da vida como forma de conhecê-la. Concordância de verdade e beleza, vínculo de gravidade e jogo, pode até não ser substitutivo da vida, não tendo mais importância do que comumente lhe é dada. Porém, útil compartilha a solidão, cativante aproxima as criaturas, dá prazer e faz meditar dentro daquele entendimento  tácito, que a vida no ritmo feroz de conflitos e abismos das civilizações atuais é destituída de sentido efetivamente.

Feita com amor e talento, de maneira humaníssima, reveladora do ser na existência, pode não salvar o indivíduo no conturbado lado de animal social, mas é ato que torna a vida suportável, sensível e essencial.

E viver sem ela seria mesmo impossível.
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Desenho da coleção “Cavalos & Sol” de Ângelo Roberto
O "movimento elegante, as linhas belíssimas" do cavalo traçados por Ângelo Roberto

 Fonte: Terra

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Cyro de Mattos - é baiano de Itabuna. Escritor e poeta, Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Sul da Bahia). Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Pen Clube do Brasil, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna.

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CARNAVAL - Wagner Albertsson

Clique sobre a foto, para vê-la no tamanho original
CARNAVAL



O LADO BOM DO CARNAVAL É QUE

DEPOIS DA FESTA,

OS "AMIGOS" VOLTAM

COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO.

OS TRÊS DIAS DE FOLIA

FORAM GOTAS DE ORVALHO

QUE SE DISSIPARAM

NA IMENSIDÃO DO EGOISMO,

QUE NÃO DEIXA DE SER

SERPENTINA DE ILUSÃO.

MAS A "AMIZADE"

DEVE CONTINUAR

ALEM DA EUFORIA

DE POUCAS HORAS,

SEGUNDO E MINUTOS... 


WAGNER ALBERTSSON

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PALAVRA DA SALVAÇÃO (63)

4º Domingo do Tempo Comum- 28/01/2018

Anúncio do Evangelho (Mc 1,21-28)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Na cidade de Cafarnaum, num dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar.
Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”.
Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!”
Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!”
E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão de Dom Alberto Taveira Corrêa:
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Palavras que destravam a vida 
“Cala-te e sai dele” (Mc 1,25)

Estamos fazendo o percurso contemplativo, seguindo o evangelista Marcos. Ele foi o primeiro que escreveu o Evangelho, por isso conserva o calor dos inícios da vida cristã. É o mais conciso. Não apresenta grandes discursos de Jesus nem conta muitas parábolas. Interessa-lhe sobretudo o cotidiano na vida pública de Jesus: sua atitude vital para com os pobres e excluídos, sua presença terapêutica, sua liberdade diante da religião, do templo, das tradições judaicas, a revelação do novo rosto de Deus, o anúncio da Boa Notícia da Salvação…

A intenção de Marcos é que as pessoas se façam a pergunta chave: “quem é Jesus?”. Todo o seu evangelho é revelação progressiva da personalidade e da identidade de Jesus. Jesus não tinha nenhum doutorado na Lei, não tinha nenhum Master em questões do Templo; não era um perito a quem consultar sobre a lei. Jesus era Ele mesmo; seu único título era sua verdade, sua honestidade, sua bondade, sua capacidade de sanar a dor daqueles que sofriam e libertá-los dos maus espíritos que os escravizavam. Era a identidade de si mesmo, plena: a identidade entre o que dizia e fazia, entre o que era e o que ensinava. Podemos afirmar que Jesus era um “profissional da vida”, um “mestre da vida humana digna”. Não havia estudado em outra universidade a não ser a universidade da vida, do amor, da liberdade...

O evangelho deste domingo (4º TC) é o primeiro ato público de Jesus: estamos num dia típico de sua vida e de sua atividade. Seu primeiro contato com as pessoas, depois do batismo e da experiência do deserto, tem lugar na sinagoga. É um sinal de que a primeira intenção de Jesus foi redirecionar a religiosidade do povo que tinha sido deformada por uma interpretação opressora da Lei. Por duas vezes no relato se faz referência ao ensinamento de Jesus, mas não se diz nada do que ensina. Fala-se de suas obras. As curas e a expulsão de demônios, entendidos como libertação, são a chave para compreender a verdadeira mensagem deste evangelho. O que Jesus faz é libertar um homem de um poder opressor, o espírito imundo.

A Boa Notícia que Marcos anuncia é a libertação, em duas direções: da força do mal e da força opressora da Lei, explicada de uma maneira alienante pelos fariseus e letrados. As pessoas reconhecem um novo ensinamento, com autoridade, ou seja, com convicção, com coerência de vida, com profunda fé... O ensinamento de Jesus é novo porque liberta ao mesmo tempo que ensina. Jesus não ensina nada verbalmente: mostra-se a si mesmo. Marcos dá mais importância ao modo de falar de Jesus que ao conteúdo de seu ensinamento.

De Jesus diziam que “ensinava com autoridade” e não como os escribas e fariseus. Ele tinha a graça de conceder autoridade a cada pessoa, de devolver-lhe sua dignidade, de remeter-lhe a si mesma, de ajudá-la a conectar com seu ser profundo, com aquilo que é mais divino no próprio interior.

Ensina com autoridade quem fala a partir de sua própria experiência e quem, com seu ensinamento, “faz crescer” (a palavra “autoridade” provém do verbo latino “augere”, que significa aumentar, fazer crescer, elevar o outro…); em outras palavras, é despertar a autonomia e a autoria do outro para que ele seja capaz de dar direção à própria vida.

O critério para distinguir quando nos encontramos em presença de quem “fala com autoridade” sempre será o mesmo: sua palavra faz as pessoas crescerem em profundidade. A “autoridade” de Jesus, portanto, está em que sua palavra e sua vida formam uma unidade plena, porque não diz nada que não esteja já fazendo; suas palavras brotavam de uma experiência profunda que confirmava com sua vida. Provava com suas obras suas palavras, vivia o que ensinava.

Ao entrar na sinagoga, Jesus se volta para quem não recebia atenção. Ele faz com que o possuído pelo mau espírito se torne o centro das atenções e sua libertação é, ao mesmo tempo, prática e ensino. O homem possuído é o símbolo de todas as pessoas despersonalizadas, impedidas de falar e agir, como sujeitos da própria vida e história. Sua vida e destino dependiam de “outros” que pensavam, falavam e agiam por elas.

Jesus vai curá-lo com sua presença e também com sua voz. Ao lhe dizer: “cala-te e sai dele”, Jesus está desatando uma vida, está devolvendo ao homem possuído o seu ser essencial. Há palavras que tem força reconstrutora, pois, não só restabelecem a saúde mas ativam a dignidade escondida da pessoa. Dizem que há pessoas capazes de serem curados por uma voz, pelo material sonoro de uma voz determinada. Quanto aspira nosso coração escutar este convite: “esteja livre...”! Esteja livre daquilo que os outros possam dizer ou pensar a seu respeito; livre do domínio das suas compulsões; livre para amar sem defesas; livre daquilo que se acredita saber sobre si mesmo e sobre os outros; no fundo, esteja livre para ser você mesmo, para poder entrar em uma relação nova com a realidade.

Somos seres de palavras e somos também seres de silêncios. Em nosso mundo atrofiamos o dom de proferir palavras de vida; elas tem pouco valor e, por isso, precisamos voltar a lapidá-las no silêncio, porque só o silêncio restaura a integridade de nossas palavras. Tais palavras tem força para curar, como aquela que Jesus proferiu diante do homem possuído pelo mau espírito.

Precisamos receber palavras que toquem nossas superfícies endurecidas e nos libertem de tantas ataduras que não nos deixam respirar com profundidade, nem olhar compassivamente, nem considerar a beleza da diversidade e a diferença. Também nós buscamos pessoas que possam nos dizer palavras para viver e somos requisitados a entregar aos outros uma palavra de vida.

Jesus foi o homem que movia com suas palavras. É extraordinário perceber como as palavras ditas com cuidado e amor (pedagogia de Jesus) produzem efeitos benéficos para o ser humano. Essas palavras são bem-aventuradas, pois são capazes de fazer crescer, sustentar, edificar as pessoas para o convívio social, humano-afetivo, espiritual. São palavras que trazem luz e calor, infundem confiança e segurança.

A palavra tem força de ressurreição, é como brisa suave que ativa nossas melhores energias. As palavras jamais deixam as coisas como estão. Elas não se limitam a transmitir uma mensagem; elas tem uma força operativa, desencadeiam um movimento... Quando falamos, algo acontece, muda alguma coisa dentro de nós e ao nosso redor. Aparentemente nada mudou; mas é possível que tudo tenha mudado. A palavra foi além de sua vibração sonora. Ela contribui para criar o clima, o ar que respiramos... um ambiente que nos plenifica, nos nutre, favorece o encontro e o compromisso e abre possibilidade de viver

Texto bíblico:  Mc 1,21-28

Na oração: Hoje o evangelho nos convida a sermos sinceros conosco mesmos, a revisar nossa conduta cristã. Devemos expulsar muitos “maus espíritos” interiores (ânsia de poder, riqueza, prestígio, vaidade…) que jogam ao chão nossa dignidade e impedem um testemunho coerente, uma verdadeira autoridade que profere palavras que fazem as pessoas crescer.
- Repassar o repertório das palavras proferidas ao longo do dia: palavras que elevam, que curam, que salvam...?

Pe. Adroaldo Palaoro sj


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sábado, 27 de janeiro de 2018

SABARÁ - O GRANDE BATERISTA DE ITABUNA – BA – Por Cyro de Mattos

Inst e Vocal BR / 7/31/2014

Quem não conhece na cidade o baterista Sabará, lenda da música popular brasileira em terras grapiúnas? Um dos fundadores do conjunto musical Ritmo Lord, atualmente Lordão, Sabará é o mesmo cidadão negro de nome Adalmiro Leôncio da Silva, nascido, em 3 de abril de 1934, em Ilhéus. Primeiro foi batuqueiro em escola de samba. Quando era adolescente, já tocava caixa em Ilhéus, na escola de samba “Eu Sou o Maior”, de Augusto Fidelis, jogador de futebol apelidado de Augustinho.

Sabará viu pela primeira vez uma bateria sendo tocada em Realengo, no Rio de Janeiro. O baterista era o habilidoso percussionista Djalma. Gostou. Mais tarde viu em Ilhéus o percussionista Carlito tocando bateria. Gostou ainda mais. Cheio de ritmos, sentimentos e sonhos tocou pela primeira vez uma bateria aos dezesseis anos de idade quando então integrou o grupo musical que se apresentava na boate Okay Night Club, de seu Maron, em Ilhéus. O grupo era formado com o professor Nivaldo no trompete, Florisvaldo Gouveia no piano, Francisco Augusto no sax e Antenor era a voz. Tempos depois, em Itabuna, participou do conjunto Os Diamantes, da Rádio Difusora Sul da Bahia, nos anos 1950 e 1960. O conjunto era integrado por Mimidi na guitarra, João Santos como baixista e Élson no sax.

Para quem não sabe, Sabará fez curso de aperfeiçoamento de bateria com os professores Jorge Sacramento e Jorge Startery Sampaio, da Universidade Federal da Bahia. Aperfeiçoou-se em ritmos brasileiros com o professor Martinelli Filho, da USP, e participou do curso de iniciação musical ministrado pelo maestro Florisvaldo Santos, da Filarmônica de Ilhéus. De aluno talentoso passou a professor competente de música, dando aulas de bateria em instituições sociais e culturais. Na Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania, Escola Beethoven, Sítio do Menor Trabalhador, bem como aos integrantes do Grupo Musical Cacau com Leite e Mel de Cacau.

Por sua atuação profissional expressiva, como baterista e professor musical em terras grapiúnas, Sabará recebeu, entre outros, o Troféu Mandacaru de Ouro, Troféu Jorge Amado da Fundação Cultural de Ilhéus, Troféu Jupará da Rádio Morena FM e Troféu Terravista. Participou como jurado em dezenas de festivais de música. Como baterista de conjuntos musicais, é bom saber que integrou o Grupo Encontros, Grupo Novos e Usados Jazz Band e Grupo Bahia 4, citando aqui apenas alguns.

Acompanhou trinta e dois artistas de expressão nacional, de 1960 a 2001, como Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Caubi Peixoto, Anísio Silva, Gregório Barrios, Elen de Lima, Booker Pitman, Eliana Pitman, Wanderley Cardoso, Miltinho, Trio Nagô, Nelson Ned, Tito Madi e Wando. No plano regional, para a nossa sorte, é difícil um artista de expressão em nosso cancioneiro não ter sido acompanhado do ritmo que Sabará consegue extrair quando toca bateria.

Esse cidadão negro, de jeito amigo, sincero e gestos generosos, que pensa e sente o mundo através do som, com uma impressão digital como percussionista tão dele, possui uma habilidade incrível para espalhar e reunir diamantes em cima de uma membrana esticada quando toca bateria. Com ligeireza nas mãos, firmeza nos punhos e trepidação nas veias, se a música pede alegria. Mas se for para embalar a tristeza, sabe fazer como poucos com que a caixa repercuta o abraço afetivo da noite, em carícia de lenço. Entre lamentos que deslizam e fluem da alma, dizendo segredo.


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Cyro de Mattos é baiano de Itabuna. Escritor e poeta, Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Sul da Bahia). Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Pen Clube do Brasil, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna.
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UMA NOVA GERAÇÃO DE MAGISTRADOS PEDE PASSAGEM - Joaquim Falcão

Desempenho impecável e encantador

Por Joaquim Falcão - 24 jan 2018

Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Sylvio Sirangelo/TRF4/Divulgação)

A transmissão ao vivo do julgamento do TRF4 permitiu ao público compará-lo com os julgamentos que se tem visto no Supremo Tribunal Federal. A postura dos magistrados, raciocínio, método de análise, forma de se comunicar, tudo é diferente.

Não há competição pessoal ou ideológica entre eles. Nem elogios recíprocos. Cada um é si próprio. Não há troca de críticas veladas, ou aplausos desnecessários. Ou insinuações jogadas no ar. Mais ainda: não há exibicionismo.

Não querem mostrar cultura. Não discutem com jargões jurídicos. Não se valem de doutrinas exóticas plantadas e nascidas no além mar. Não é preciso, embora seja legitimo e, às vezes, indispensável buscar amparo em autores ou abstrações estrangeiras. Em geral ultrapassados.

A argumentação é toda fundamentada nos fatos. Vistos e provados. Não se baseia apenas em testemunhos ou denúncias. Fundamentam seu raciocínio no senso comum que emanam dos fatos. Provas materiais. Ou como diria Ulysses Guimãraes: com base em suas excelências, os fatos. Que de tão evidentes e intensamente descritos não deixam margem a qualquer dúvida razoável.

Não é preciso muita argumentação para dizer o que é simples. Ninguém manda mudar um apartamento, manda comprar utensílios, faz visitas com o construtor, não pergunta preço, e não paga – só o dono de um imóvel procede assim.

A prova da propriedade está no comportamento registrado ao vivo. E não no papel, na escritura A ou B. Simples assim. Os magistrados de maneira informal tentaram transmitir o que a linguagem jurídica, formal, muitas vezes oculta.

A transmissão ao vivo permitiu a cada um de nós formar a própria opinião. Escolher um lado. Quase pegar a justiça com as próprias mãos, com as mãos do seu próprio entendimento. Restou provado que o Tribunal Federal da 4ª Região pretendeu ir muito além de simplesmente julgar o ex-presidente.

Apresentou ao Brasil uma nova maneira de pensar, expressar e construir a justiça. Provavelmente a maneira de magistrados se comportarem na televisão, na internet e até nos julgamentos sem transmissão nunca mais será a mesma.

Uma nova geração pede passagem.

Joaquim Falcão é professor da FGV Direito Rio. Seus artigos podem ser encontrados em www.joaquimfalcao.com.br




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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

FILHO DE DEUS OU CRIATURA DE DEUS APRESENTADO PELO AUTOR DOMINGOS HONORATO

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Nascido em 11 de julho 1960 em Santa Maria do Suaçuí (MG), Domingos Honorato é escritor e professor de cursos técnicos. Mudou-se para São Paulo aos 13 anos. Era católico praticante, mas não conhecia a Sagrada Escritura. Aos 23 anos Honorato começou a ler a Bíblia e livros evangélicos, nos quais afirma ter descoberto esta grande mentira que diz que todo mundo é filho de Deus.

“Que cada leitor se esforce ao máximo para que, no tripé da vida humana, possa alcançar a vida espiritual. O tripé é: fé, amor e esperança. Fé em nosso Senhor Jesus; amor para com os seres humanos; e esperança de um dia poder estar com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”

Boa Leitura!

Escritor Domingos Honorato, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Apresente-nos o seu livro “Ei você aí! É um Filho de Deus ou uma Criatura de Deus”?

Domingos Honorato - Ao descobrir esta mentira que diz que todo mundo é filho de Deus, passei a falar para todos os meus conhecidos. Foi aí que um colega, antes de morrer, me disse: “Domingos, eu não quero morrer como uma criatura; o que devo fazer para me tornar um filho de Deus?” Então falei para ele que em Romanos 10:13 diz que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo, e invocamos: “oh! Senhor Jesus, amém” por três vezes, e logo ele me disse: “Irmão Domingos, escreve estas palavras em um livro para ajudar as pessoas para que não fiquem enganadas”. Logo depois ele morreu, assim comecei a escrever!

Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio do enredo que compõe a obra?

Domingos Honorato - Para que todo aquele que ler o livro possa reconhecer que foi criado por Deus, e precisa voltar a Deus como filho, aceitando o Senhor Jesus como irmão, e não perca a oportunidade de se tornar um filho de Deus.

Quais os principais desafios para a escrita de “Ei você aí! É um Filho de Deus ou uma Criatura de Deus”?

Domingos Honorato - Foi entender a vontade de Deus, em 1 Timóteo 2:4, que diz que Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.

Apresente-nos alguns tópicos do sumário, apresentados no livro.

Domingos Honorato -
Três tipos de identidade;
Três tipos de seres humanos;
O poder da transferência;
A humanidade sábia;
Os três tipos de amor;
O que você mais ama na terra;
A ordem de Deus para os filhos que vivem na terra;
Cuidando do corpo, da alma e do espírito

A quem indica a leitura?

Domingos Honorato - À criatura humana e aos filhos de Deus que vivem no planeta terra!

Onde podemos comprar seu livro?

Domingos Honorato - Por meio do meu site: www.domingoshonorato.tk

Quais os seus principais objetivos? Você pensa em publicar novos livros?

Domingos Honorato – Tenho 12 obras prontas, como “A cura da humanidade”, “A maldição dos vícios”, “Os significados das palavras bom dia, boa tarde e boa noite”, “Quantos tipos de ser humano vivem no planeta terra”, “A Teoria do Big Bang – verdade ou mentira?” e “Os cinco modelos de família: três aprovados por Deus e dois reprovados por Deus”.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Domingos Honorato. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Domingos Honorato - Que cada leitor se esforce ao máximo para que, no tripé da vida humana, possa alcançar a vida espiritual. O tripé é: fé, amor e esperança. Fé em nosso Senhor Jesus; amor para com os seres humanos; e esperança de um dia poder estar com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Que o leitor possa se tornar um filho hoje. Falar para os seus familiares e conhecidos para ler este livro e a Bíblia, invocar o Senhor Jesus. Amém! E não viver invocado. Mas viver invocando todo o tempo de sua vida humana!

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura



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