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sábado, 19 de novembro de 2016

PALAVRA DA SALVAÇÃO (3)

Solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo - 20/11/2016

Anúncio do Evangelho (Lc 23,35-43)


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós!
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!


Naquele tempo, os chefes zombavam de Jesus dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!”
Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre, e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”
Acima dele havia um letreiro: “Este é o Rei dos Judeus”.
Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”
Mas o outro o repreendeu, dizendo: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação?Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.


— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Pe. Paulo Ricardo:

Cruz: Mistério do “amor em excesso” de Deus
 “Acima d’Ele havia um letreiro: ‘Este é o Rei dos judeus’” (Lc 23,38)

Pode nos causar espanto o fato da liturgia escolher, para a festa de Cristo Rei, a cena da morte de Jesus na Cruz. Para Lucas, o Reino de Jesus é essencialmente o Reino da reconciliação do ser humano com Deus. Em outras palavras, a reconciliação tem como centro a Cruz, ato supremo de amor e expressão visível da Misericórdia de Deus. Podemos, então, afirmar que a “A CRUZ é o lugar por excelência da revelação visível da Misericórdia de Deus”.

No mistério da Paixão do Filho se manifestou radicalmente a Misericórdia do Pai. Na Paixão encontramos a Misericórdia de um Deus que desceu e chegou até o extremo da fragilidade para manifestar a força reconstrutora de seu Amor. Se Deus “sofre”, é por seu excesso de Amor, desde o princípio.

A Cruz de Jesus expressa de maneira penetrante o Amor Misericordioso do Pai. Ela é revelação do Amor levado até às últimas consequências. Ela nos fala daquilo que Deus sente por nós. “Deus é capaz de sofrer porque é capaz de amar. Sua essência é a MISERICÓRDIA” (Moltmann). A Misericórdia torna o próprio Deus vulnerável e passível de um sofrimento livre, ativo, fecundo. Se Deus fosse impassível (incapaz de sofrer) seria também incapaz de amar.

De fato, o mistério do “amor em excesso” de Deus, revelado no silêncio junto ao sofrimento inocente, chama-se misericórdia compassiva. Só o amor é capaz desse sofrimento compassivo. Porque é Amor puro, Deus usa de paciência, de presença silenciosa, de misericórdia ativa e, assim, salva de forma compassiva toda criatura em seu seio regenerador. Só Ele é capaz de assumir para si o sofrimento e a fragilidade humana, abrindo um novo horizonte de vida.

No N.T., o mistério da Misericórdia do Pai atravessa toda a experiência de Jesus, de sua missão, mas também de sua própria paixão e de sua Páscoa. No sofrimento e morte do Filho há a dor de dilaceração, fragilidade e silêncio do Deus Pai/Mãe, como em dores de parto por uma criação que ainda precisa da compaixão e da misericórdia maternal do Criador. Se o Criador sofre em dores de parto por sua criação, nosso sofrimento está em suas mãos, em seu seio. É a maternidade divina regeneradora de sofrimentos.

Sem a Cruz seria muito difícil convencer o ser humano do amor misericordioso de Deus, e mais ainda de seu apaixonado interesse por nos salvar. Mas, a partir dela, será sempre possível dizer ao ser humano que a Cruz de Jesus tem um sentido, e que a última palavra é “salvação”.

No Jesus crucificado se encontram e se reconhecem todos os sofredores inocentes e crucificados da história; n’Ele se condensam todos os gritos da humanidade sofrida e excluída.A “kénosis” de Jesus nos ensina, portanto, a encontrar Deus nos lugares onde a vida se acha bloqueada.

Deus “desceu” às zonas mais escuras da humanidade – sofrimentos, fracassos, amarguras, pecados... – para sentir como Seu nosso sofrimento e ali falar ao nosso coração. No silêncio, Deus não apenas se solidariza, mas sofre “em sua pele”, identificado com os sofredores, aqueles que sobram...

A primeira coisa que descobrimos ao contemplar o Crucificado do Gólgota, torturado injustamente até à morte pelo poder político-religioso, é a força destruidora do mal, a crueldade do ódio e o fanatismo da mentira. Precisamente aí, nessa vítima inocente, nós seguidores de Jesus, vemos o Deus identificado com todas as vítimas de todos os tempos. Está na Cruz do Calvário e está em todas as cruzes onde sofrem e morrem os mais inocentes.

Jesus foi condenado como herege e subversivo, por elevar a voz contra os abusos do templo e do palácio, por colocar-se do lado dos perdedores, por ser amigo dos últimos, de todos os caídos.  “Jesus morreu de vida”: de bondade e de esperança lúcida, de solidariedade alegre, de compaixão ousada, de liberdade arriscada, de proximidade curadora... “Morreu de vida”: isso foi a Cruz, e isso é a Páscoa. E é por isso que tem sentido recordar Jesus, olhando as chagas de seu corpo e as pegadas de sua vida.

O Crucificado nos revela que não existe, nem existirá nunca um Deus frio, insensível e indiferente, mas um Deus que padece conosco, sofre nossos sofrimentos e morre nossa morte. A partir da Cruz, Deus não responde o mal com o mal; Ele não é o Deus justiceiro, ressentido e vingativo, pois prefere ser vítima de suas criaturas antes que verdugo. Despojado de todo poder dominador, de toda beleza estética, de todo êxito político e de toda auréola religiosa, Deus se revela a nós, no mais puro e insondável de seu mistério, como amor misericordioso.

Nós cristãos contemplamos o Crucificado para não esquecer nunca o “amor louco” de Deus para com a humanidade e para manter sempre viva a memória de todos os crucificados da história. Mais uma vez, no alto da Cruz, a Misericórdia visível em Jesus revela-se expansiva, envolvente e salvífica.

Lucas, no evangelho de hoje, destaca diferentes reações das diferentes pessoas que estavam junto à Cruz. Elas representam toda a humanidade frente à Misericórdia solidária de Jesus. Por um lado, estão aquelas pessoas que não viram no rosto de Jesus o olhar misericordioso do Pai; parece não terem entendido a proposta de vida de Jesus. Por isso zombam, desprezam, pedem sinais...

Mas, por outro lado, do meio das zombarias e escárnios, alguém, tocado pelo silêncio e inocência de Jesus, deixa escapar uma surpreendente súplica: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Não se trata de um discípulo nem um seguidor de Jesus, mas um dos ladrões crucificados junto a Ele. Ele só pede que Jesus não se esqueça dele. E Jesus responde prontamente: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Revela-se impactante que, dos lábios de homem derrotado e moribundo, brote uma palavra de vida, acompanhada de uma certeza que a torna eterna, em um presente sempre atual: “hoje”.

Esta cena nos indica até onde pode chegar a Misericórdia: do meio da morte ela se revela, mais uma vez, geradora de vida, e vida eterna. Agora, na Cruz, estão os dois unidos no suplício e na impotência, mas Jesus, com sua presença misericordiosa, o acolhe como companheiro inseparável. Morrerão crucificados, mas entrarão juntos no mistério de Deus.

Estamos encerrando o “Jubileu extraordinário da Misericórdia”; e a vivência da Misericórdia é a que impulsiona a Igreja para fora de si mesma, para as margens, onde acontece o sofrimento humano. Uma Igreja configurada pelo “Princípio Misericórdia” tem força e coragem para denunciar os geradores de sofrimento e morte, para desmascarar a mentira daqueles que oprimem, para animar e despertar a esperança daqueles que são as vítimas.

Quando isso ocorre, a Igreja é ameaçada, atacada e perseguida; mas isso mostra que ela se deixou conduzir pelo “Princípio Misericórdia”. A ausência de tais ameaças, ataques e perseguições significa, por sua vez, que a Igreja não está sendo fiel a esta misericórdia reconstrutora que se fez visível na Paixão e Cruz de Jesus Cristo. Se ela leva a sério a misericórdia e deixa transparecer no seu modo de se fazer presente no mundo, então ela se torna conflitiva.

Diante do supremo indicador do amor misericordioso de Jesus e do amor do Pai, abre-se para a Igreja uma inesgotável inspiração e uma referência única para ser, também ela, presença misericordiosa.

Texto bíblico:  Lc 23,35-43

Na oração: recordar momentos significativos vividos neste Jubileu de Misericórdia que ora se encerra.
Mas a Misericórdia não se restringe a um jubileu, não é um evento; ela é habito de vida, pois é a marca distintiva de todo seguidor de Jesus: “Sede misericordiosos como o Pai”.
- Como deixar transparecer a Misericórdia do Deus Pai/Mãe no cotidiano de sua vida?

Pe. Adroaldo Palaoro sj
Itaici-SP



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BABILÔNIA: ENTRE BEIRU E ENGOMADEIRA FORA MOCAMBO DE GUERREIROS ANCESTRAIS - Davi Nunes

Babilônia: entre Beiru e Engomadeira fora mocambo de guerreiros ancestrais

Esse trecho de Apocalipse – 18.16:19 “Ai! Ai! da grande cidade,… porque, em uma só hora, foi devastada!” – falando da destruição da Babilônia, dá conta de muito que vou descrever aqui. Visto que num só dia (19/07/2016) um jovem foi morto, uma criança de 2 anos e uma mulher foi baleada por ações impetradas pelo estado sanguinolento da Bahia, cuja cor negra a vestir a pele tem que ser também tingida com o sangue da morte, é a lógica macabra do genocídio e foi isso que ocorreu na Babilônia, um local que se encontra entre os bairros Engomadeira, Beiru/Tancredo Neves e Estrada das Barreiras, no miolo cidade do Salvador, o Cabula.

O local está onde hoje é um vale preenchido de casas com telhas de Eternit, lajes e blocos nus. No passado, segundo relato de um amigo morador da comunidade: ele ouviu de um mais velho que a região era habitada por uns homens e mulheres negras que não se misturavam e eram descendentes diretos de Beiru, homem nigeriano que veio escravizado na primeira metade do século XIX para Salvador e conseguiu a liberdade e terras. Eles viviam da agricultura, além da caça, pesca e da colheita de frutas, visto a imensidade de árvores frutíferas que existiam na região, além do rio que hoje é esgoto e divide o bairro Beiru e Engomadeira.

Óbvio que reconstruímos isso tudo através dos fios tênues da oralidade, os quais vão chegando no ouvido e vamos tentando transfigurar em escrita, pois como nos diz Hampatê Bâ, pensamento e fala não se contradizem, tem que ser um fato verdadeiro  e documental. Assim vamos como bibliotecas vivas transpassando saberes, tradições e histórias através das gerações.

A violência que atinge os moradores da região não fora porque desafiaram algum deus construindo o zigurate de Babel para alcançarem o céu, ela existe porque desde a escravização à favelização atual, ela fora a pedra de toque, o escopo de uma (como fala Achille Mbembe) necropolítica secular.

E o movimento que se arvora paralelo na comunidade não se reveste em ações para colocá-la como sujeita da construção de um novo porvir; ver-se imbuída, ou é arquitetada pelas próprias frechas assassinas do estado a nos criminalizar e fazer da gente corpos matáveis.

Sei que o espírito transformador ainda existe, está lá desde os primeiros habitantes quilombolas, ainda estamos em busca de um método, buscando o jeito para fazer com que toda a nossa potencialidade ganhe grande proporções, nos una como um povo para além da primeira ação de revolta à violência, que o principio dos ônibus atravessados na rua de descontentamento possa se tornar algo poderoso e transformador.

Davi Nunes, graduado em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia, é poeta e contista.

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PAULUS LIVRARIA E CENTRO LOYOLA CONVIDAM PARA LANÇAMENTO DE LIVROS



Caro amigo,
O Centro Loyola e a Paulus Livraria convidam para o Lançamento dos livros:
- Em Busca de Jesus de Nazaré. Uma análise Literária.
- Origens do Cristianismo.
Dia 24 de novembro, próxima quinta-feira, às 19h30, no Centro Loyola, com a presença do autor, o historiador e teólogo Eduardo Hoornaert.
Apreciações críticas dos professores Dr. Pe. Mauro Passos (presidente do CEHILA e professor da UFMG) e Dr. Pe. J.Konings sj (Doutor em Filologia Bíblica).
Atividade Gratuita. 
Abraços fraternos,
Equipe do Centro Loyola-BH.


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TRAGÉDIA DE MARIANA: UM ANO DO MAIOR DESASTRE AMBIENTAL DO BRASIL

Por Marina Branco
No dia 5 de novembro de 2015, a cidade histórica de Mariana, que fez parte da Estrada Real criada ainda no século XVII, foi o cenário principal do maior desastre ambiental da História do Brasil, de acordo com o Ibama. Por volta das 16h, a barragem de Fundão, da mineradora Samarco, se rompeu, provocando o vazamento de 62 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério, matando 19 pessoas (entre moradores e funcionários da empresa), destruindo centenas de imóveis e deixando milhares de pessoas desabrigadas. O vazamento, considerado o maior de todos os tempos em volume de material despejado por barragens de rejeitos de mineração - como informou reportagem do GLOBO em 17 de novembro daquele ano - provocou também a poluição do Rio Doce e danos ambientais que se estenderam aos estados do Espírito Santo e da Bahia. http://acervo.oglobo.globo.com/
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De um morador de Governa
dor Valadares, MG:
"Infelizmente, o BRASIL ainda não sabe o que está acontecendo aqui em Minas Gerais. Os veículos de "des-informação" continuam omitindo fatos e números importante para amenizar a tragédia. Sugiro que aqueles que tem amigos virtuais em outras cidades, estados e países, informem melhor e alertem o Brasil de que são centenas de milhares de pessoas afetadas pelo fato. Toda a economia dos municípios está comprometida. As escolas suspenderam as aulas, a agricultura está comprometida, porque não tem chuva, o comercio já quase parou, pois não tem água, nem para os banheiros; bares e restaurantes estão adotando material descartável para servirem, mas não existem panelas descartáveis e essas precisam ser lavadas. A construção civil também foi afetada; não há água para o banho das pessoas. Hospitais e asilos, presídios e serviços essenciais estão sendo abastecidos por caminhões pipa, que precisam ir a outros municípios para se abastecerem de água, o que está onerando os cofres públicos com o alto consumo de combustível - isso quando conseguem passar pelas estradas bloqueadas pela manifestação de caminhoneiros.

O Rio Doce, um dos MAIORES DO BRASIL, está morto! As populações, desde Mariana-MG até Linhares-ES (e depois no Oceano Atlântico) estão sofrendo as consequências do que talvez seja a maior tragédia ambiental, ecológica, econômica, hídrica, já ocorrida no pais. E as consequências serão sentidas por muitos décadas. Somente em Governador Valadares são 260 mil pessoas afetadas. Alguém já imaginou uma cidade de 260 mil pessoas totalmente sem água? E o pior: a água está correndo no Rio Doce, mas completamente envenenada por arsênico, mercúrio e outros metais.

Todos - eu disse todos - os peixes morreram envenenados e já se pode sentir o "cheiro" a quilômetros de distância. Esse é o quadro que o BRASIL precisa saber. Divulguem para que outras tragédias possam ser evitadas. Talvez a próxima seja a dos lixões, ou das enormes pastagens que avançam derrubando as florestas, ou quem sabe, as imensas lavouras de soja???
Informem, manifestem a indignação pacífica, sem revolta ou violência. Chega de violência contra povo Brasileiro, menos ganância, é o que precisamos.

Obrigado por me ler! É apenas o desabafo de um Valadarense, mineiro, brasileiro e... Ser humano".
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Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy.

CONSCIÊNCIA NEGRA E A LUTA PELA IGUALDADE RACIAL – Sione Porto

Consciência Negra e a luta pela igualdade racial 



O importante dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, em homenagem à morte de Zumbi, o lendário líder negro do Quilombo dos Palmares, teve como fato impulsor o resgate pela Igualdade e Liberdade Racial.

A escravidão no Brasil e no mundo teve alijamento que repercutiu por séculos, envolvendo os interesses da monarquia, elites aristocráticas e senhores dos engenhos de açúcar e café, principais recursos da época.

De um modo geral, a história transmitiu os horrores da época escravocrata, mas, muitas vezes, são escassas as informações, inclusive por culpa de quem sofreu preconceito, racismo e intolerância, já que tem vergonha de declarar e romper com o imobilismo, numa demonstração de maturidade social, preço do grande erro da sociedade, um câncer que já deveria ser extirpado da nação humana.

O racismo se destaca em todos os seguimentos: futebol, jornalismo, modelos, cantores, atores, esportistas, escritores, poetas, presidente e ministros. Corajosos denunciantes, como Roberto Carlos, campeão da Seleção Brasileira, chamado de macaco; a apresentadora Oprah Winfrey; a jornalista Glória Maria; a atriz Thalma de Freitas; o cantor Seu Jorge, assim como Preta Gil, Rihanna, Anderson Silva, MMA, Machado de Assis (“mulato de alma branca”), João da Cruz e Souza, Barack Obama (EUA), ministra Cristiana Taubira (França) e o ministro Joaquim Barbosa (Brasil).

O movimento social que resgatou o antirracismo surgiu em 1971, por iniciativa do Grupo Palmares de Porto Alegre (RS), e foi assimilado em 1978, durante o Congresso do Movimento Negro Unificado Contra A Discriminação Racial, hoje denominado Movimento Negro Unificado – MNU.

Essa menção ao dia da Consciência Negra, prestada ao negro Zumbi, nativo do Quilombo dos Palmares, engrandece pela sua trajetória, luta incansável pelos anseios de liberdade. Aos seis anos de idade, ele foi entregue pelos holandeses ao Padre Antonio Melo, que ensinou os primeiros Sacramentos e o batizou com o nome de Francisco.

Nada mais justo que esse resgate, à promoção pela luta contra o racismo, discriminação vivida pelos negros e afrodescendentes, que deve fortalecer todos os movimentos nacionais internacionais.

O preservado Sítio Histórico dos Palmares, onde viveu Zumbi, foi reconhecido pelo Governo Federal em 1980. Premia-nos com a beleza singular do local, onde, além do Observatório, temos um magnífico viveiro, trilhas exuberantes, universo que banha parte de nossa história afro-brasileira. Diz ainda a lenda, que vinte mil quilombolas ali viveram, amaram, ensinaram suas crenças e sua cultura.

Temos histórias também tristes e cruéis contra os negros fujões dos Palmares, que sofriam pesados castigos dos líderes impiedosos, sendo torturados e, muitas vezes, executados, no chamado Palco da Justiça Severa.

O fenômeno Zumbi, como herói, é contestado, coroando-se Ganga-Zumba como o verdadeiro herói dos Palmares (José Murilo Carvalho, Cidadania no Brasil).

A data 20 de Novembro é também intitulada Semana da Consciência Negra, comemorada em todo o Brasil, mas centrada nos moinhos da negritude brasileira e coincide com a data de morte de Zumbi dos Palmares, que teria sido em 20/11/1695, segundo historiadores.

Após ter lutado bravamente pelos seus ideais de igualdade e liberdade, Zumbi, casado com Dandara, resistiu à pesada artilharia do bandeirante paulista Domingo Jorge Velho, que não conseguiu capturá-lo em 1694.

Em 1695, entretanto, traído por Antonio Soares e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça, tornou-se Zumbi um mártir, ao ser preso e degolado, cuja cabeça foi exposta na cidade do Recife, após ser apresentada ao governador de Pernambuco Melo e Castro.


Sione Porto
Membro da Academia de Letras de Itabuna-ALITA

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