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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

CONHEÇA A OBRA DO MESTRE HM. - Kleber Galveas

Conheça a obra do mestre HM.

Homero Massena fez sua última exposição em 1968. Não havia nenhuma galeria no Espírito Santo. Ela aconteceu na entrada do Carlos Gomes. O teatro estava caindo aos pedaços. Uma reforma completa foi iniciada logo após, e Massena foi convidado a pintar o teto. Ele tinha 84 anos, subiu escadas íngremes altíssimas e retocou o seu trabalho. Após serem fixadas as dezoito placas de compensado naval, que havia pintado em Jucutuquara.
Massena revolucionou nossa pintura. Até 1951, data da inauguração da Escola de Belas Artes do ES, preponderava aqui a escola da Irmã Tereza Monteiro Novaes, no Colégio do Carmo. Ela estudou pintura com Carlos Reis em Vitória e com acadêmicos famosos no Rio. Foi mestra dedicada por mais de meio século. Com suas discípulas produziu obras para culto das igrejas católicas, eventos cívicos e decoração de residências. Iniciou centenas de capixabas na pintura. Uma dessas foi minha mãe, de quem tenho dois óleos de 1938. A Escola do Carmo era de maneiristas: o desenho bem acabado e as figuras representadas com contornos bem definidos recebiam a cor como complemento. Faziam, na verdade, belíssimos desenhos coloridos.
Na escola do Massena a pintura se liberta. O desenho continua a ser feito com rigor de perspectiva, claro–escuro, com definição de espaços e equilíbrio. Perde a sua função de contorno e ganha importância como estrutura, orientando a cor aplicada com pinceladas soltas, tintas diluídas, criando veladuras ricas em matizes. É a pintura com suas tintas cozinhadas na paleta e texturas representando a natureza dos materiais, o movimento, a luminosidade local e a emoção. Tudo isso com fatura (resultado pictórico) original e extrema economia de materiais, até no tema. Sua sensibilidade e habilidade nos coloca em comunhão com a natureza capixaba.
Impressionista ciente das transformações provocadas pela luz na forma e na cor dos objetos, certo de que o branco puro e o preto inexistem na natureza e de que a linha do horizonte é abstração, Massena pesquisa ao ar livre, ganhando dimensão como antropofágico. Digerida a técnica que absorveu nos grandes centros, como Rio e Paris, ele foi capaz de criar um estilo próprio e inconfundível, representando nossa natureza com elegância. O artista perenizou trechos da nossa terra, nossa gente, nossos costumes, e nos emociona. 
Massena viveu de 1885 a 1974. Assistiu ao nascimento da República e ao homem pisar na lua. Acompanhou a evolução dos transportes, do cavalo para os carrões e aviões; o aparecimento do radio, TV... Viu a interação entre sua obra e a arquitetura moderna quando Juscelino quis uma tela sua, para inaugurar o gabinete da presidência, no Palácio do Planalto.
Nós, capixabas, depositários da pintura mais antiga exposta nas Américas (Convento da Penha) e da pintura mais antiga feita no Brasil (Reis Magos em Nova Almeida), passamos a ter, com Massena, a sétima escola oficial de Belas Artes no Brasil, hoje, CA da Ufes.
Rever a sua obra, na hora em que acontecem profundas transformações na paisagem e no estilo de vida dos capixabas, pode nos proporcionar reflexões muito interessantes, para ajudarmos a construir o futuro. 
No dia 30 de outubro de 2016, o Museu Atelier Homero Massena completa 30 anos com portas abertas. Você é bem-vindo.


Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com outubro, 2016

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REMINISCÊNCIAS – Oscar Benício dos Santos

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Reminiscências


Agradáveis ou más reminiscências
são rosas da existência colhidas:
Umas – alegres, exalando essências! 
Outras – murchas, de pétalas despidas!

Flores amanhadas e recolhidas:
Lúgubres – como da dor o lamento!
Ou vivas – rosas, dálias, margaridas!
Benfazejas, se nos servem d’alento.

Pinçadas do passado pro presente:
alegrias, amores, decepções...
Flores sutis do jardim da mente,

cultivadas nos invernos e verões
da vida passada e assim ausente,
do presente, das nossas sensações!
 

Oscar Benício Dos Santos
Salvador, 28/ 10/ 03


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