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terça-feira, 8 de novembro de 2016

MENSAGEM - Tetsuo Watanabe*

Mensagem

Todo mundo deve ter minutos por dia para apreciar o mar, o céu, a mudança das marés, as flores.
Aprendemos muito com a natureza. Precisamos olhar para ela.
Na verdade, o que eu queria é que as pessoas pensassem de forma simples.
Que percebessem que o verdadeiro aprendizado está em observar as pequenas coisas, os detalhes delicados e sutis.
Nisso consiste a verdadeira sabedoria humana.
Sempre penso que a grama cresce todos os dias em direção ao sol.
A árvore balança ao vento.
O nó fortalece o bambu.
A nuvem sempre passa e vai embora.
Se a grama cresce cada dia um pouquinho, por que não nos preocupamos em crescer também?
Se a árvore balança ao vento, deixando-o passar, por que nos mantemos inflexíveis em nossos pontos de vista?
Se o nó fortalece o bambu, por que os nós de nossas vidas nos entristecem tanto?
Se a nuvem sempre passa, nossos problemas não passarão também?
Quando não souber o que fazer, abra a janela de sua sala ou de sua vida.
A natureza é a mais sábia dos mestres.
Aprenda com ela tudo o que ela tem para ensinar.

*Reverendíssimo Tetsuo Watanabe - presidente mundial da Igreja Messiânica.

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O IMPÉRIO DA IGNORÂNCIA - Olavo de Carvalho

O império da ignorância

Vamos falar o português claro: Aquele que não dá o melhor de si para adquirir conhecimento e aprimorar-se intelectualmente não tem nenhum direito de opinar em público sobre o que quer que seja. Nem sua fé religiosa, nem suas virtudes morais, se existem, nem os cargos que porventura ocupe, nem o prestígio de que talvez desfrute em tais ou quais ambientes lhe conferem esse direito.
Discussão pública não é mera troca de opiniões pessoais, nem torneio de autoimagens embelezadas: é eminentemente intercâmbio de altos valores culturais válidos para toda uma comunidade humana considerada na totalidade da sua herança histórica, e não só num momento e lugar.
O direito de cada um à atenção pública é proporcional ao seu esforço de dialogar com essa herança, de falar em nome dela e de lhe acrescentar, com as palavras que dirige à audiência, alguma contribuição significativa. O resto, por “bem-intencionado” que pareça, é presunção vaidosa e vigarice.
Todos os males do Brasil provêm da ignorância desses princípios. Políticos, empresários, juízes, generais e clérigos incultos, desprezadores do conhecimento e usurpadores do seu prestígio, são os culpados de tudo o que está acontecendo de mau neste país, e que, se esses charlatães não forem expelidos da vida pública, continuarão aumentando, com ou sem PT, com ou sem “impeachment”, com ou sem “intervenção militar”, com ou sem Smartmatic, com ou sem Mensalão e Petrolão.
Desprezo pelo conhecimento e amor à fama que dele usurpa mediante o uso de chavões e macaquices são os pecados originais da “classe falante” no Brasil.
Só o homem de cultura pode julgar as coisas na escala da humanidade, da História, da civilização. Os outros seguem apenas a moda do momento, criada ela própria por jornalistas incultos e professores analfabetos, e destinada a desfazer-se em pó à primeira mudança da direção do vento.
A cultura pessoal é a condição primeira e indispensável do julgamento objetivo. A incultura aprisiona as almas na subjetividade do grupo, a forma mais extrema do provincianismo mental.
Vou lhes dar alguns exemplos de desastres nacionais causados diretamente pela incultura dos personagens envolvidos.
Só pessoas prodigiosamente incultas podem ter alguma dificuldade de compreender que uma eleição presidencial com apuração secreta, sem transparência nenhuma, é inválida em si mesma, independentemente de fraudes pontuais terem ocorrido ou não.
O número de jumentos togados e cretinos de cinco estrelas que, mesmo opondo-se ao governo, raciocinam segundo a premissa de que a sra. Dilma Rousseff foi eleita democraticamente em eleições legítimas, premissa que lhes parece tão auto evidente que não precisa sequer ser discutida, basta para mostrar que o estado de calamidade política e econômica em que se encontra o país vem precedido de uma calamidade intelectual indescritível, abjeta, inaceitável sob todos os aspectos.
Quando na década de 90 os militares aceitaram e até pediram a criação do “Ministério da Defesa”, foi sob a alegação de que nas grandes democracias era assim, de que só republiquetas tinham ministérios militares.
Respondi várias vezes que isso era raciocinar com base no desejo de fazer boa figura, e não no exame sério da situação local, onde a criação desse órgão maldito só serviria para aumentar o poder dos comunistas. Mil vezes o Brasil já pagou caro pela mania de macaquear as bonitezas estrangeiras em vez de fazer o que a situação objetiva exige. Esse caso foi só mais um da longa série.
Mesmo agora, quando a minha previsão se cumpriu da maneira mais patente e ostensiva, ainda não apareceu nenhum militar honrado o bastante para confessar sua incapacidade de relacionar a estrutura administrativa do Estado com a disputa política substantiva. Continuam teimando que a ideia foi boa, apenas, infelizmente, estragada pelo advento dos comunistas ao poder – como se uma coisa não tivesse nada a ver com a outra, como se fosse tudo uma soma fortuita de coincidências, como se a demolição do prestígio militar não fosse um item constante e fundamental da política esquerdista no país e como se, já no governo FHC, a criação do Ministério não fosse concebida como um santo remédio, com aparência legalíssima, para quebrar a espinha dos militares.
Um dos traços mais característicos da incultura brasileira, já assinalado por escritores e cientistas políticos desde a fundação da República pelo menos, é a subserviência mecânica a modelos estrangeiros copiados sem nenhum critério.
Numa sociedade culturalmente atrofiada, a coisa mais inevitável é que todas as correntes de opinião que aparecem na discussão pública sejam apenas cópias ou reflexos de modelos impostos, desde o exterior, por lobbies e grupos de pressão que têm seus próprios objetivos globais e não estão nem um pouco interessados no bem-estar do nosso povo.
Cada “formador de opinião” é aí um boneco de ventríloquo, repetidor de slogans e chavões que não traduzem em nada os problemas reais do país e que, no fim das contas, só servem para aumentar prodigiosamente a confusão mental reinante.
Como é possível que, num país onde cinquenta por cento dos universitários são reconhecidamente analfabetos funcionais e os alunos dos cursos secundários tiram sistematicamente os últimos lugares nos testes internacionais, o currículo acadêmico de um professor continue sendo aceito como prova inquestionável de competência?
Não deveria ser justamente o oposto? Não deveria ser um indício quase infalível de que, ressalvadas umas poucas exceções, o portador dessa folha de realizações é muito provavelmente, por média estatística, apenas um incompetente protegido por interesses corporativos? Terá sido revogado o “pelos frutos os conhecereis”? A interproteção mafiosa de carreiristas semianalfabetos unidos por ambições grupais e partidárias tornou-se critério de qualificação intelectual?
Não é mesmo um sinal, já não digo de mera incultura, mas de positiva debilidade mental, que os mesmos apologistas do establishment universitário fossem os primeiros a apontar como mérito imarcescível do candidato Luís Ignácio Lula da Silva, em duas eleições, a sua total carência de quaisquer estudos formais ou informais? Não chegava a prodigiosa incultura do personagem a ser louvada como sinal de alguma sabedoria infusa? Todo sujeito que, à exigência de conhecimento, opõe o louvor evangélico aos “simples”, é um charlatão. Jesus prometeu aos “simples” um lugar no paraíso, não um palanque ou uma cátedra na Terra.


Olavo de Carvalho – Escritor, conferencista, jornalista, filósofo e astrólogo brasileiro. Atua nas áreas de filosofia, astrologia e ciência política, sendo um dos principais nomes do discurso conservador no Brasil.
(Wikipédia)
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FEIRA DO LIVRO PORTO ALEGRE: OS ESCRITORES “NÃO LIDOS” COMPARTILHAM SUA ESCRITA COM O PÚBLICO DA FEIRA

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Os escritores “não lidos” compartilham sua escrita com o público da Feira

“Sarau dos não-lidos” apresentou a literatura marginal e periférica na Feira

Foi com o auditório Carlos Urbim lotado de alunos das turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e demais freqüentadores da Feira do Livro, que aconteceu nesta segunda-feira (31), o Sarau dos não-lidos: literatura marginal periférica. Uma das atividades que mais emocionou e aproximou escritores e público na programação do evento. O sarau foi promovido pelo site Nonada, coletivo de jornalismo cultural alternativo de Porto Alegre.
A editora do site, Thaís Seganfredo, conta que a proposta partiu da necessidade de descobrir onde está a literatura de periferiana Capital.  “A gente sabe que Porto Alegre é um centro de literatura independente, no entanto, majoritariamente branca e masculina”, disse, contando que, assim que o evento foi divulgado, diversos escritores se interessaram em participar.
“Não estamos com nossos livros à venda, mas trouxemos nossas palavras”.

A atividade abriu com o show do rapper Guerreiro Poeta & Time show e com a participação mais do que especial de sua filha, a pequena Emily, de seis anos de idade. Letras que incentivavam a leitura e o respeito ao próximo ganharam a plateia. Em seguida, os escritores Ana dos SantosCíntia ColaresJonatan Ortiz BorgesMarcelo MartinsNayara Lemos e Roberta Mello (representando  as escritoras do Ponto de Cultura Feminista) subiram ao palco para a leitura de seus textos. A mediação foi do editor-fundador do Nonada, Rafael Gloria.
Os poemas – e também um cordel – falaram sobre a condição da mulher negra, racismo, consciência política, preconceito, entre outros temas que buscam espaço na literatura. “Não estamos com nossos livros à venda, mas trouxemos nossas palavras”, disse a escritora e poeta Ana dos Santos, em referência ao fato de muitos autores, apesar de sua constante escrita, não conseguirem verba – e espaço também – para publicarem seus livros.
O site da Feira do Livro entrevistou o editor-fundador do Nonada, Rafael Gloria, que falou sobre o evento e a literatura marginal e periférica:
Quem são as vozes da literatura marginal e periférica, como elas se caracterizam? 
Acreditamos que essas vozes abordam temas mais políticos e engajados, e que muitas vezes acabam sendo minorizados por grupos opressores. No próprio evento você pode ver alguns exemplos de poemas dos autores. São temas do cotidiano e da vivência de cada um. Também não acredito que é tudo uma culpa da mídia hegemônica ou de grandes eventos que não dão visibilidade, o problema é um sistema que tende a não dar muita opção para quem deseja trabalhar com cultura.  E a literatura nesse sentido está encaixada em um movimento maior que se une ao hip hop, formado e as suas linguagens: o grafite, dança de rua, que dão voz à periferia e que dão espaço aos que estão à margem da sociedade seja geograficamente, culturalmente ou economicamente.

Quais seriam os prejuízos ao leitor em ter ao alcance apenas o cânone?
Não acho que se deve banir a leitura dos cânones, obviamente, mas devemos sim problematizá-lo sempre. Não só na literatura, mas em qualquer área artística: repensar o porquê de estarmos lendo aquela obra, colocá-lo no devido contexto. Sabe-se que o cânone é elaborado ao longo do tempo por quem tem o controle de algum tipo de poder, seja o acadêmico, econômico ou social. Quero dizer que o cânone não reflete necessariamente uma época, nem necessariamente o que é melhor produzido nele. Há grupos que sempre foram “abafados”, vistos como secundários, apartados do cânone. Quantas mulheres há no cânone da literatura brasileira, por exemplo? Há, mas são poucas e não reproduzem a qualidade e a quantidade de mulheres que já escreveram.
Priscila Pasko


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