segunda-feira, 12 de agosto de 2019
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Por quê?
Era preciso que a Ascensão fosse vista por homens que pudessem dar testemunho desse fato histórico duplo: não só de que Nosso Senhor ressuscitou, mas de que tendo ressuscitado Ele subiu aos céus.
Subindo ao Céu, Ele abriu o caminho para as incontáveis almas que estavam no Limbo esperando a Ascensão para irem se assentar à direita do Padre Eterno.
Antes de Nosso Senhor Jesus Cristo ninguém podia entrar no Céu. Ali só os anjos estavam lá.
Então Nosso Senhor, na Sua Humanidade santíssima, foi a primeira criatura – porque Ele ao mesmo tempo era Homem-Deus – que subiu aos Céus.
E enquanto Redentor nosso, Ele abriu o caminho dos Céus para os homens.
Também era preciso que Ele, que sofreu todas as humilhações, tivesse todas as glorificações.
E glória maior e mais evidente não pode haver do que o subir aos Céus.
Porque significa ser elevado por cima de todas as coisas da terra e unir-se com Deus Pai transcendendo esse mundo onde nós estamos para se unir eternamente com Deus no Céu Empíreo.
Jesus Cristo quis que Nossa Senhora tivesse a mesma forma de glória.
Assim como Ela tinha participado como ninguém do mistério da Cruz, que Ela participasse também da glorificação dEle.
A glorificação dEla se deu sendo levada aos céus.
Foi uma assunção e não uma ascensão. A ascensão foi a de Nosso Senhor ao céu por Sua própria força e poder.
A
coroação no Céu foi a culminação da Assunção.
Fra Angelico (1395 – 1455). Galeria degli Uffizi, Florença
Foi a grande glorificação dEla nesta terra, prelúdio da glorificação dEla no Céu.
No momento em que Ela entrou ao Céu, Ela foi coroada como Filha dileta do Padre Eterno, como Mãe admirável do Verbo Encarnado e como Esposa fidelíssima do Divino Espírito Santo.
Nós devemos conceber a Assunção como um fenômeno gloriosíssimo.
Infelizmente, os pintores da Renascença para cá não souberam descrever a glória que cercou este espetáculo.
Quando se quer glorificar alguém, todo mundo se põe nos seus melhores trajes, na casa se exibem os melhores objetos, se ornamenta com flores, tudo aquilo que há de mais nobre é exibido para glorificar a pessoa a quem se quer homenagear.
Esta regra da ordem natural das coisas é seguida também no Céu. Então é claro que o maior brilho da natureza angélica, o fulgor mais estupendo da glória de Deus deve ter aparecido no momento em que Nossa Senhora subiu ao Céu.
Muitas vezes na história a presença dos anjos se faz sentir de um modo imponderável, embora não seja uma revelação deles.
Mas nesta ocasião, deveriam estar rutilantíssimos, num esplendor invulgar.
É natural também que o sol tenha brilhado de um modo magnífico, que o céu tenha ficado com cores variadas refletindo a glória de Deus como numa verdadeira sinfonia.
Assunção, igreja de São Cipriano, Londres
Nenhum dos esplendores da natureza podia se comparar com o esplendor pessoal de Nossa Senhora subindo ao Céu.
À medida que Ela ia subindo, como num verdadeiro monte Tabor, a glória interior dEla ia transparecendo aos olhos dos homens.
O Antigo Testamento diz dEla: omnis glória eius filia regis ab intus ((Ps 44, 10) – toda a glória da filha do rei lhe vem de dentro.
Com certeza essa glória interna dEla se manifestou do modo mais estupendo quando, já no alto de sua trajetória celeste, Ela olhou uma última vez para os homens, antes de deixar definitivamente esse vale de lágrimas e ingressar na glória de Deus.
Foi o fato mais esplendorosamente glorioso da história depois da Ascensão de Nosso Senhor.
Comparável apenas com o dia do Juízo Final em que Nosso Senhor Jesus Cristo virá em grande pompa e majestade para julgar os vivos e os mortos.
Junto com Ele, toda reluzente da glória dEle, aparecerá também Nossa Senhora. Nós devemos considerar aí a impressão que tiveram os apóstolos e os discípulos quando A viram subir ao Céu.
A tradição narra que o apóstolo São Tomé duvidou da Ascensão. Por isso foi convidado por Nosso Senhor a meter a mão na chaga sagrada do flanco dEle.
Ele recebeu a Pentecostes e ficou confirmado em graça e um grande santo.
Mas conta uma tradição venerável que, porque ele duvidou da Ascensão, na hora da morte e da Assunção de Nossa Senhora ele não estava presente.
Quando chegou Nossa Senhora já estava a certa distância da terra.
E ali vemos a índole de Nossa Senhora super materna, incomparável. Quando
Foi um castigo pungente e merecido por uma culpa tão reparada. Então, conta-se que Ela sorrindo, concedeu uma graça a ele que não concedeu a nenhum outro:
Ela desatou o seu cinto e de lá de cima fez cair o cinto sobre ele, que ele recebeu – não como um perdão, porque ele já estava perdoado – mas como uma suprema graça, que era uma relíquia dEla atirada para ele do mais alto dos céus.
Assunção, col. UTS, manuscrito MS49
Assim faz Nossa Senhora quando tem algo a perdoar a algum filho muito dileto.
Ela pune às vezes, porque às vezes Ela nem sequer pune, mas Ela o faz com um sorriso tão bondoso, de um perdão tão completo e de uma graça tão grande que São Tomé poderia mostrar esse presente dizendo: “o felix culpa, ó culpa feliz! Eu tive a desgraça de duvidar de meu Salvador, mas em compensação eu tive a felicidade de receber esta relíquia direta e celeste de minha Mãe Santíssima”.
O último favor dEla, a amenidade mais extrema, a bondade mais suave Ela deu exatamente a São Tomé.
Isto nos deve encorajar.
Não há nenhum de nós que não tenha falhas, não tenha algum perdão a pedir.
Nós devemos pedir a Nossa Senhora na festa da Assunção que Ela olhe para nossas falhas, e nos dê um perdão.
Se nós chegarmos atrasados, que Ela nos dê o favor especial, particularmente rico e suave, de maneira tal que quando os acontecimentos anunciados por Nossa Senhora em Fátima nós estejamos prontos.
Em Fátima durante no milagre do sol, esse se manifestou de um modo tão esplêndido, num espetáculo de terribilidade.
Na Assunção de Nossa Senhora poderemos ir nos preparando para os grandes momentos previstos em Fátima com a certeza de que Ela nos sorrirá com a super maternidade com que tratou a São Tomé.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra de
10.8.1968, sem conferição do autor)
Vídeo:
O mesmo ato da assunção, completo, em 2013
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs.
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