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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

OS FILHOS DO QUARTO! - Cassiana Tardivo

Os filhos do quarto!


"Estou para escrever desde o dia que me peguei chorando por aquele garoto de 13 anos em São Vicente que por uma brincadeira, veio a falecer.

Não sejamos exageradas para dizer que só agora com advento da WWW temos perdido filhos. Eles faleciam também antes disso. Mas antes perdíamos filhos nos rios, nos matos, nos mares, hoje temos perdido eles dentro do quarto! Quando brincavam nos quintais ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias e ao ouvi-los, mesmo a distância, sabíamos o que se passava em suas mentes. Quando entravam em casa não existia uma TV em cada quarto, nem dispositivos eletrônicos em suas mãos. Quero deixar bem claro que não sou contra e nem capetizo tudo isso. Mas queridos, precisamos ser sinceros: temos perdido o equilíbrio.

Hoje não escutamos suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias, as crianças estão ali, dentro de seus quartos, e por isso pensamos estarem em segurança. Quanta imaturidade a nossa.
Agora ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus mundos, construindo seus saberes sem que saibamos o que é...

Alguns, como o garoto de São Vicente, perdem literalmente a vida, mas tantos outros aí, ainda vivos em corpos, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de ídolos de youtube, de modismos passageiros, que em nada contribuem para formação de crianças seguras e fortes para tomarem decisões moralmente corretas e de acordo com seus valores familiares. Dentro de seus quartos perdemos os filhos pois não sabem nem mais quem são ou o que pensam suas famílias, já estão mortos de sua identidade Se tornam uma mistura de tudo aquilo pelo qual eles tem sido influenciados e pais nem sempre já sabem o que seus filhos são.

Você hoje pode ler esse texto, amar, marcar os amigos. Pode enxergar nele verdades e refletir. Tudo isso será excelente. Mas como Psicopedagoga tenho visto tantas famílias doentes com filhos mortos dentro do quarto, então faço a você um convite e, por favor aceite! Convido você a tirar seu filho do quarto, do tablet, do fone de ouvido, convido você a comprar jogos de mesa, tabuleiros e ter filhos na sala, ao seu lado por no mínimo 2 dias estabelecidos na sua semana a noite (além do sábado e domingo). E jogue, divirta-se com eles, escute as vozes, as falas, os pensamentos e tenha a grande oportunidade de tê-los vivos, "dando trabalho" e que eles aprendam a viver em família, se sintam pertencentes no lar para que não precisem se aventurar nessas brincadeiras malucas para se sentirem alguém ou terem um pouco de adrenalina que antes tinham com as brincadeiras no quintal!"

Cassiana Tardivo



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DISCURSO DE MERYL STREEP É A CARA DA ESQUERDA CAVIAR: VITIMISMO E HIPOCRISIA MANIPULANDO EMOÇÕES

Discurso de Meryl Streep é a cara da esquerda caviar

9 de janeiro de 2017


Só consegui ver agora o discurso da atriz Meryl Streep no Golden Globes, quando ela detonou o presidente eleito Donald Trump com sua voz embargada de “emoção” (é uma boa atriz, admito). A coisa viralizou, e inúmeros patetas estão caindo na ladainha, ou seja, ficaram tocados com a performance da atriz.

Não há nada mais fácil do que odiar Trump e, com isso, conseguir alguns “likes” na escala politicamente correta. Não é preciso estudar, ter argumentos, conhecer nada, muito menos praticar algum ato louvável: basta odiar Trump que você já é uma boa pessoa, uma alma caridosa e preocupada com as “minorias” e os pobres. O esquerdismo é um atalho para preguiçosos também.

Pois bem: esse texto de Marcelo de Paulos resume muito bem o que ocorreu nesse discurso e por que ele é tão perigoso (mas não tanto quanto a esquerda caviar gostaria, tanto que Trump venceu apesar – ou talvez por causa – de todo o apoio das celebridades):

Você já deve ter visto o discurso da Meryl Streep no Golden Globes de ontem. Ela faz o que bons atores sabem fazer: mentir para provocar uma emoção.

Ela estava recebendo um daqueles prêmios pela carreira, logo tinha o privilégio de subir com um discurso preparado. E talvez a coisa toda estivesse combinada.

No evento organizado pela imprensa estrangeira do entretenimento, ela começa falando que os três segmentos mais vilanizados da sociedade americana estão ali: Hollywood, estrangeiros e imprensa.

Um minuto para digerir. Ela disse que Hollywood — ela e seus colegas que faturam muitos milhões para depois querer “redistribuir” os milhões dos outros — é vilanizada. Ok, vamos em frente.

Estrangeiros? Passou uma lista enorme de atores nomeados na noite para demonstrar que “sem os estrangeiros, só restaria o futebol americano e as artes marciais mistas (MMA), que não são as artes!”

Perceberam o truque? Ela quer que o clamor por cumprir as regras que limitam a imigração ILEGAL para os Estados Unidos seja recodificado como “ódio por estrangeiros” ou um desejo de mantê-los fora da América.

Este é o clássico “straw man argument” (o argumento do espantalho): você pega o argumento de quem pensa diferente de você, caricatura em algo muito horroroso e depois fica vociferando contra a caricatura.

Por fim, a imprensa. Ela disse que a imprensa livre precisa “ser vigilante do poder”. Pergunta, dona Meryl: onde esteve essa imprensa nos últimos oito anos, a não ser vazando perguntas para a Hillary antes dos debates ou escondendo todos os escândalos, fracassos e tragédias do governo Obama? AGORA a imprensa precisa ser vigilante? Tá bom.

Agora, a parte que mais repercutiu foi a declaração “emocionada” dela contra o deboche que Donald Trump teria feito de um repórter deficiente. Isso é uma mentira perpetuada pelas insistentes repetições.

Um repórter deficiente do New York Times estava cumprindo seu papel de troll com a campanha do Trump quando foi ridicularizado pelo candidato em um comício. O link abaixo prova que ele ridiculariza a todos da mesma forma — uma forma infantil e de mau gosto, na minha opinião.

Mas foi exatamente essa forma politicamente incorreta de Donald Trump que fez com que ele quebrasse as amarras de silêncio que a imprensa esquerdista americana sempre impôs aos candidatos republicanos.

Hollywood, imprensa e academia descobriram que não conseguem domar o Trump — e isso os deixa furiosos. Os bons atores (Barack Obama entre eles) conseguem ainda fingir que sua motivação é a bondade ingênua. Mesmo quando não conseguem distinguir na sua atuação uma voz embargada de uma afonia.

Nada mais a acrescentar. Se você quer bancar o otário, então basta continuar se encantando com as palavras vazias e a bela retórica dos políticos “progressistas”, dos atores engajados e dos “intelectuais” socialistas, os ícones da esquerda caviar que vivem numa bolha estética e conhecem o povo somente como abstração e os pobres e minorias apenas como mascotes para massagens em seus egos inflados.

PS: A expressão nas caras de Mel Gibson e de Vincent Vaughn enquanto ouviam aquela baboseira está impagável.
Nem todos em Hollywood são bobocas…



Rodrigo Constantino





Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.


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ELES TRABALHAM E CONFIAM – Kleber Galvêas

Eles trabalham e confiam


Será que se pretende “botar areia” nas locomotivas da economia nacional: SP, RJ e MG?  Esses Estados impulsionam o Brasil. Enviam para o Governo Federal recursos muitas vezes superiores aos que dele recebem. O ES não consegue que o Governo Federal invista aqui nem 10% do que enviamos para ele. Já os Estados do Norte e do Nordeste do país contribuem modestamente para o bolo da União, mas resgatam fatias muitas vezes superiores às suas contribuições.

Se o povo punido pelo desgoverno, que ocorreu, resolver reagir pacificamente o capixaba apoiará. O ES é, também, vítima da repartição política do Tesouro Nacional.

Tímido, sem expediente (ação), visto com desconfiança por seu provincianismo, higiene precária (saneamento/poluição), saúde debilitada, personalidade pública distante da sua identidade, valores intrínsecos desprezados e a vocação esquecida, o ES nos preocupa. Sem imaginação, contando com parcos recursos, o governo investe na aparência e procura mascarar a pobreza e inação glorificando a hipotética independência, se vangloriando por não dever a ninguém, ter o barraco arrumado e servidores fiéis. Esqueceu que detonando o ambiente inviabiliza a nossa legítima vocação para o terceiro setor da Economia.

Dívida, com responsabilidade, é um privilégio. É ter a confiança dos credores, ter crédito na praça e poder investir. É conseguir manter as atividades e progredir. SP, BH e RJ passaram por grandes transformações em tempo curto. Infelizmente sabemos que muito do capital para esses investimentos foi desviado, administrado sem o devido cuidado, e a roubalheira foi à mão grande.

Corrigir distorções populistas, investigar para recuperar a grana desviada, apontar os ladrões e os gestores irresponsáveis, aplicar punições exemplares aos verdadeiros culpados é o correto. Aliviar o povo desses estados, lembrando a contribuição que oferecem ao bolo nacional e a disposição que têm para o trabalho e liderança é agir com bom senso, tolerância, respeito e justiça. Sejamos solidários.



Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com janeiro, 2017

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2016 - José Murilo de Carvalho

2016


Em nossa história política, o ano de 2016 ficará provavelmente conhecido pelo impedimento da presidente da República, embora troca de presidentes fora do calendário eleitoral não seja novidade entre nós.

Baste lembrar que em 86 anos, de 1930 até hoje, apenas quatro presidentes eleitos pelo povo completaram seus mandatos: Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubitschek, Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Isso quer dizer que nossa República pós-1930, passadas duas ditaduras e 26 anos de governo democrático, continua incapaz de rotini-zar a troca de governantes.

Embora parte de longa tradição, o impedimento havido neste ano teve marca própria, como todo evento histórico. Por lei, impedimento é julgamento político feito pelo Legislativo.
Fernando Collor não dispunha de apoio no Congresso nem nas ruas: sua remoção foi tranquila. Por contarem com esse apoio, escaparam do impedimento Fernando Henrique e Lula.

No corrente ano, a chefe de Estado, graças à inabilidade política, a diretrizes econômicas desastradas e à revelação das relações espúrias entre políticos, partidos e grandes empreiteiras, perdeu o apoio do Congresso e viu ruas e redes levantarem-se contra ela. A consequência foi a perda da batalha do impedimento. A diferença em relação a Collor foi que desta vez o país se dividiu e restou um legado de ressentimento e ódio.

O novo governo herdou a ingrata tarefa de enfrentar a maior crise econômica já vivida pelo país. De início, ele foi visto com moderado otimismo por contar com base parlamentar suficiente para fazer aprovar reformas impopulares exigidas para o reequilíbrio das contas públicas.

Mas o presidente logo se viu forçado a enfrentar a reação das ruas às reformas e, sobretudo, o enfraquecimento de sua base pela artilharia da Lava Jato. Seu próprio mandato passou a ser colocado em dúvida, agravando-se o estado de incerteza em que vive o país.

O ano termina com pesado passivo político: incerteza sobre a continuidade do mandato do chefe de Estado; a devastação causada pela Lava Jato nas lideranças políticas; a crise da esquerda e o consequente reforço do enraizado conservadorismo brasileiro evidenciado nas eleições municipais; a redução da confiabilidade em políticos, partidos, instituições e no próprio sistema representativo vigente; e a demonstração de que, 31 anos após a redemocratização, nossas instituições continuam frágeis e nosso sistema representativo é incapaz de processar os conflitos de interesses inerentes a uma sociedade escandalosamente desigual.

Essas dificuldades políticas, por sua vez, têm dificultado a implementação de iniciativas que reponham a economia na rota do crescimento, condição indispensável para reduzir os 12 milhões de desempregados e retomar as políticas sociais. 
De positivo, deve-se apontar a democratização da justiça.
Descontados excessos nas investigações, há que reconhecer que, levando-se também em conta o julgamento do mensalão, pela primeira vez na história do país ricos e poderosos foram, e continuam indo, para a cadeia, indicador de grande avanço Renata Miwa republicano.

Também, frente à desmoralização do Legislativo e do Executivo, o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal têm agido em consonância com o grosso da opinião pública. A Corte Suprema caminhava também nessa direção, acumulando credibilidade, até que aceitou um arreglo desmoralizante forçado pela arrogância do presidente do Senado, um réu que ela própria terá que julgar.

Ainda no lado positivo, tendo em vista nossa tradição, há que registrar o silêncio das Forças Armadas. Caberá só aos cidadãos continuar a batalha, já por demais longa, e talvez já perdida, por uma república democrática estável e eficaz. Os mais pessimistas podem ouvir neste fim de ano o "Nearer, my God, to Thee", tocado pelos violinistas enquanto o Titanic se afundava.

Folha de S. Paulo, 18/12/2016




José Murilo de Carvalho - Sexto ocupante da Cadeira nº 5 da ABL, eleito em 11 de março de 2004, na sucessão de Rachel de Queiroz e recebido em 10 de setembro de 2004 pelo acadêmico Affonso Arinos de Mello Franco.

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