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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A LISTA ... - Oswaldo Montenegro e Luiza Possi

A Lista

Oswaldo Montenegro e Luiza Possi
com a bela eternizada Lista de Amigos!

Ligue o vídeo abaixo:

"Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há anos atrás.
Quantos você ainda vê todo dia,
quantos você já não encontra mais.

Faça uma lista dos sonhos que tinha,
quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre,
quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria,
quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava...
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
eram o melhor que havia em você?
 
Quantas canções que você não cantava,
hoje assovia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita que amam você?"

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Enviado por: Lucia Crystal gotasdecrystal@gmail.com

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TERRAS DE ITABUNA: Notícia que abalou o povoado

Notícia que abalou o povoado


A política se metia em tudo. O chefe político de Ilhéus, que estava mandando, Domingos Adami, era contra Firmino Alves; perseguia Firmino Alves e os seus amigos, que se encontravam na oposição ao lado do Coronel Antônio Pessoa da Costa e Silva. Naquele tempo, política era política, mandava quem estava de cima, submetia-se quem estava debaixo e os que se encontravam na oposição não recebiam, nem queriam, um mínimo favor dos governantes.

Por isso mesmo o caso do atentado do Alferes Cupertino Santos rendia, se desdobrava e a “Gazeta de Ilhéus” do Coronel Pessoa não parava de escrever contra os bandidos da situação que enxovalhavam a civilização agredindo, ferindo, matando os adversários, que eram amigos de Firmino Alves, não respeitando sequer as autoridades policiais. E citava num artigo de fundo a série de crimes terríveis, a hecatombe de Mucuri; as mortes do Engenheiro Agenor Portela Póvoas, de Leôncio Lima, no dia de N. S. da Conceição, na Passagem do Gentio; de José Domingues de Oliveira, de Antônio Gomes dos Santos. Aquele José de Aguiar mandava e desmandava, prendia, soltava, matava, esfolava, esbulhava, comandava uma verdadeira tropa de jagunços, nas barbas das autoridades. E terminava o jornal repetindo as palavras de uma carta recebida de um correligionário do terceiro distrito, que era Tabocas: “quando o voto se transformar numa verdade, aqui um tenente não mandará mais como um rei prepotente, nem fará mais eleições, nem tão pouco escorchará o povo nos impostos e não explorará vergonhosamente o jogo”.

Quando o caso do alferes prometia multiplicar-se em outros acontecimentos sanguinários, surgiu uma notícia que absorveu e abalou a atenção do povoado. Antônio José da Silva Leça tinha enlouquecido. E um vizinho, narrava a outro, a ocorrência, com olhos arregalados, temeroso até ao repetir a triste e terrível história do castigo que caíra sobre Antônio José da Silva Leça, contada pela “Gazeta de Ilhéus”, com os respectivos detalhes. Um tropeiro tinha trazido o jornal que estava nas mãos do comissário de polícia. Pobre do Antônio Leça, um homem bom e duramente castigado. Encontrava-se na cadeia de Ilhéus, amarrado, urrando, parecia ter virado bicho. E depois de toda essa lengalenga vinha a história: - Antônio Leça assistiu às pregações de um protestante e se convertera ao credo de Lutero. Logo chegou em casa agarrou os santos, N. S. da Conceição, São José, Santo Antônio e os lançou ao fogo, destruindo-os completamente. Depois de jantar saiu para visitar um amigo, à Rua da Taboquinha e ao regressar para casa, tarde da noite, notou que os santos que ele havia queimado se encontravam perfeitos no mesmo local da sua veneração. Desconfiou da coisa e pensou que a sua família os substituíra na sua ausência, cumprindo-se assim a palavra de sua mulher que lhe dissera na cara: “Fico sem homem em casa, menos sem os meus santos.” Para não ter mais conversa olhou raivoso para as imagens e se deitou calmamente. Uma hora depois de estar deitado e sem sono e, logo depois de ter o galo cantado meia-noite, ouviu pisadas de um cavalo ferrado. Prestou atenção e convenceu-se de que o cavalo estava dentro de sua própria casa. Permaneceu quieta na cama, observando, e qual não foi a sua surpresa ao ver o cavalo penetrar no seu quarto, através da porta fechada.

O cavalo aproximou-se da cama e estendeu o pescoço em sua direção. Pelos olhos e pelas narinas saíam fogo. Olhou para o corpo do cavalo e verificou que só possuía a parte dianteira do corpo. Nessa altura deu um grito terrível, pulou da cama, abriu a janela, saltou na rua e correu sem parar até a casa de um amigo ao qual contou a história e caiu desmaiado. Quando acordou estava doido, urrando, escoiceando.

Pobre do Antônio Leça, desgraçado do Antônio Leça. Também esse infeliz não sabia que Lutero, chefe do protestantismo, foi um frade excomungado, que roubou uma freira, renegou a Deus e entregou-se ao diabo? Por que foi seguir semelhante crença, que renega Nossa Senhora, Santo Antônio, São José?

Crença do diabo, como bem dizia o padre Liberato Bittencourt, crença dos renegados, dos excomungados e amaldiçoados. Em Tabocas se matava até gente de Deus e perdoava alguns matadores arrependidos. Nunca esses protestantes, esses hereges queimadores de santos. E um fazendeiro perguntava ao outro: Veja se Firmino Alves, se Militão Oliveira, se Henrique Alves são protestantes.

Ao contrário, são da igreja da Mãe de Deus, na qual nascemos, nos batizamos e haveremos de morrer.

Ninguém mais falou no pobre alferes baleado na barriga, nem na história que a fiscalização realizou com escândalo no açougue de Jorge Grego, que vendia carne podre salgada ao povo.


(TERRAS DE ITABUNA Capítulo VIII)
Carlos Pereira Filho

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