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quarta-feira, 31 de março de 2021

8 DE JULHO – Antônio Baracho


8 de Julho

Antônio Baracho*

 

Fui assistir a semifinal do jogo BRASIL X ALEMANHA com um forte pressentimento. Na véspera a minha vizinha convidou-me para comemorarmos o seu aniversário, na referida data, junto às amigas. O pior é que segundo a aniversariante, o Brasil, repetidamente em outras ocasiões, jogando na mesma data, tinha obtido resultado adverso. Não deu outra. No entanto são coincidências que fazem parte do cotidiano.

O que aconteceu dentro do campo tem relação com o que acontece fora. Ouvi muita gente dizer que não confiava no futebol brasileiro e que precisávamos de mais educação, saúde, segurança etc. A nossa psicosfera gerava um clima de dúvida e desesperança antes da copa do mundo. O Brasil precisava de um choque de realidade, por mais cruel que fosse. Diz Tostão, craque do time tricampeão em 1970 e hoje lúcido crítico. "É um sistema viciado, incompetente e promíscuo, baseado numa estrutura política de troca de favores que começa desde as categorias de base. A derrota só reflete isso".

Mas, para amenizar o texto transcreverei o ensaio poético que fiz durante uma partida de futebol, no mês de abril de 1978. Época que eu tinha mais prazer de ir aos estádios com os meus amigos e o Esporte Clube Vitória sagrou-se campeão.




VIM, VI E VENCI

 

Rola a bola no gramado

E há o predomínio das cores rubro-negras
Numa mística de geração à geração

De que o vermelho e preto

É a cor da guerra e a cor da morte.

Dando um impacto visual até nos indígenas
Quando numa partida de futebol
Apontaram nessas cores: as suas preferidas.
Olho em volta do estádio

Num confronto torcida x torcida.

Vejo nesses comportamentos os anseios,

  As frustrações, os recalques,
O fanatismo de um povo.

Nesse momento penso no estudo que poderia fazer
do comportamento grupal e individual.

São apenas divagações que são despertadas
Pelo gool que não existiu, mas perigou.  

A torcida do Vitória vaia a torcida do Bahia
Em um coro de vozes uníssono.

É o espetáculo dos artistas no gramado
Que parece um jogo cadenciado

Mas prevalece um futebol modernizado
No ritmo de sinfonia e de luz.

De repente o silêncio total:

O número nove do Vitória entra na área adversária
E num pique drible um, dribla dois.

De cara com o goleiro é goooooolllllll......

Mais uma vez brilha a bola nos pés do jogador
Como brilha a lua cheia no céu nesse momento,
Substituindo o placar eletrônico:

VIM, VI E VENCI!

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*Antônio Baracho, membro da Academia Grapiúna de Letras (AGRAL), ocupante da cadeira nº 11. Email: antoniobaracho@hotmail.com.

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