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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

UM MOZART AFÔNICO - Marco Lucchesi

Um Mozart Afônico


Lembro-me do susto e da alegria, da viva emoção na primeira leitura de Poema sujo, adolescente ainda, quando a descoberta do mundo, dentro e fora dos livros, era uma demanda feroz, uma correnteza impiedosa e selvagem. Lembro-me do céu azul, naquela tarde de sábado. Lembro da livraria, em Niterói, da segunda estante do lado esquerdo. E o coração, que batia forte, e do mesmo lado, não me deixava fechar o livro, que continua, desde a década de setenta, vertiginosamente aberto.

Porque se “muitos dias há num dia só”, naquele poema havia uma enormidade de poemas. Foi o “Navio negreiro” de minha geração, o “Y-Juca Pirama” da segunda metade do século XX. Mesmo à vista desarmada, dos meus olhos meninos, não errei. Porque não se tratava apenas de um poema. Era também, sobretudo, uma poética de exílio e rebelião, esperança e enfrentamento, eis o que sentíamos, então, os brasileiros, os que estávamos  do mesmo lado. Mas sem que o laboratório de Gullar perdesse um milímetro de sua dinâmica do espaço, mudanças de escala, dimensões cruzadas entre o corpo e o mundo, a História e a subjetividade.

Como se houvesse uma fina camada, ou película, esticada até o limite, fina e transparente, ao longo de todo Poema sujo, dentro de um lirismo que se revela em alternância: ora explosivo, com força inusitada, generoso, radical; ora discreto, líquido, latente, como um obstinado rumor de fundo. Música sem melodia, sagazmente desafinada. Apenas ritmo, com ampla variação mozartiana. Um Mozart impuro e afônico, revisto por Villa-Lobos, tal como Gullar revisitou a poesia brasileira, de Castro Alves a Drummond, passando pelas ferrovias de Jorge de Lima ou de Manuel Bandeira.

Não se deve perder a cosmologia no Poema sujo, porque ela existe e aclara perfeitamente a densidade das coisas, dos conflitos sociais, do corpo-galáxia, da vida dos insetos, da liquefação dos corpos a céu aberto. Poema longo, que devora a si mesmo e renasce, com a vitória de uma espécie de zangada visibilidade. Tenho uma palavra para traduzir minha ligação com o Poema sujo, e não encontro outra que não seja o de um entusiasmo, como somente as grandes obras são capazes de criar.

Somente agora me dou conta, menos de uma semana depois de sua morte, que Gullar não foi apenas um dos poetas fundamentais do século XX, mas dou quase como certo de que foi, e o confesso com emoção, um dos grandes heróis no cenário de meu quarto adolescente. 

Comunità Italiana , 14/12/2016




Marco Lucchesi - Sétimo ocupante da cadeira nº 15 da ABL, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila , foi recebido em 20 de maio de 2011 pelo Acadêmico Tarcísio Padilha.

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BELA MENSAGEM DE NATAL – Papa Francisco

Bela mensagem de NATAL


O Natal costuma ser sempre uma ruidosa festa; entretanto se faz necessário o silêncio, para que se consiga ouvir a voz do Amor.

Natal é você, quando se dispõe, todos os dias, a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma.

O pinheiro de Natal é você, quando com sua força, resiste aos ventos e dificuldades da vida.

Você é a decoração de Natal, quando suas virtudes são cores que enfeitam sua vida.

Você é o sino de Natal, quando chama, congrega, reúne.

A luz de Natal é você quando com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros.

Você é o anjo do Natal quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor.

A estrela-guia do Natal é você, quando consegue levar alguém, ao encontro do Senhor.

Você será os Reis Magos quando conseguir dar, de presente, o melhor de si, indistintamente a todos.

A música de Natal é você, quando consegue também sua harmonia interior.

O presente de Natal é você, quando consegue comportar-se como verdadeiro amigo e irmão de qualquer ser humano.

O cartão de Natal é você, quando a bondade está escrita no gesto de amor, de suas mãos.

Você será os “votos de Feliz Natal” quando perdoar, restabelecendo de novo, a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício.

A ceia de Natal é você, quando sacia de pão e esperança, qualquer carente ao seu lado.

Você é a noite de Natal quando consciente, humilde, longe de ruídos e de grandes celebrações, em silêncio recebe o Salvador do Mundo.

Um Feliz Natal a todos que procuram assemelhar-se com esse Natal.



Papa Francisco


Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy.