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quinta-feira, 7 de março de 2019

SER MULHER – Silvana Duboc


Ser mulher... É viver mil vezes em apenas uma vida. É lutar por causas perdidas e sempre sair vencedora. É estar antes do ontem e depois do amanhã. É desconhecer a palavra recompensa apesar dos seus atos. É caminhar na dúvida cheia de certezas.

Ser mulher... É correr atrás das nuvens num dia de sol. É alcançar o sol num dia de chuva. É chorar de alegria e muitas vezes sorrir na tristeza. É acreditar quando ninguém mais acredita. É cancelar sonhos em prol de terceiros. É esperar quando ninguém mais espera.

Ser mulher... É identificar um sorriso triste e uma lágrima falsa. É ser enganada,  e sempre dar mais uma chance. É cair no fundo do poço e emergir sem ajuda. É estar em mil lugares de uma só vez. É fazer mil papéis ao mesmo tempo.

Ser mulher... É ser frágil e fingir que é forte. É ser forte e fingir que é frágil... pra ter um carinho. É se perder em palavras e depois perceber que se encontrou nelas.

Ser mulher... É distribuir emoções que nem sempre são captadas. É comprar, emprestar, alugar, vender sentimentos, mas jamais dever. É construir castelos na areia, vê-los desmoronados pelas águas e ainda assim amá-los. É saber dar o perdão...

Ser mulher... É tentar recuperar o irrecuperável. É entender o que ninguém mais conseguiu desvendar. É estender a mão a quem ainda não pediu. É doar o que ainda não foi solicitado. É não ter vergonha de chorar por amor. É saber a hora certa do fim. É esperar sempre por um recomeço.

Ser mulher... É ter a arrogância de viver apesar dos dissabores, das desilusões, das traições e das decepções.  É ter confiança no amanhã e aceitação pelo ontem. É desbravar caminhos difíceis em instantes inoportunos e fincar a bandeira da conquista. É entender as fases da lua por ter suas próprias fases. 

Ser mulher... É ser "nova" quando o coração está à espera do amor, ser "crescente" quando o coração está se enchendo de amor, ser "cheia" quando ele já está transbordando de tanto amor e "minguante" quando esse amor vai embora.

Ser mulher... É hospedar dentro de si o sentimento do perdão, é voltar no tempo todos os dias e viver por poucos instantes coisas que nunca ficaram esquecidas. É cicatrizar feridas de outros e inúmeras vezes deixar sangrar as suas próprias feridas. É ser princesa aos 20, rainha aos 30, imperatriz aos 40 e especial a vida toda. É conseguir encontrar uma flor no deserto, água na seca e labaredas no mar.

Ser mulher... É chorar calada as dores do mundo e em apenas um segundo já estar sorrindo. É subir degraus e se os tiver que descer não precisar de ajuda, é tropeçar, cair e voltar a andar.  Ser mulher é saber ser super-homem quando o sol nasce e virar cinderela quando a noite chega. É ter sido escolhida por Deus para colocar no mundo os homens. É acima de tudo um estado de espírito, é uma dádiva, é ter dentro de si um tesouro escondido e ainda assim dividi-lo com o mundo!


 "Gotas de Crystal" gotasdecrystal@gmail.com

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EXCLUSÃO SOCIAL - Antônio Baracho*


Por alguns dias vivi a doce ilusão de que não havia mais desigualdade social no Brasil. Creio que é um direito meu sonhar, ou melhor, me refugiar no devaneio de uma situação estressante. O sonho é um mecanismo de defesa e se não tivéssemos esses mecanismos ficaríamos loucos. Ledo engano, usei esse mecanismo para não me frustrar.

Todo poeta é utópico, porque sua verdade é a que ele acha que é, embora não seja. Há coisas que só acontecem na sua imaginação, embora possam acontecer de fato. A imaginação é o seu limite, dentro dela ele se move como um deus.

Confesso que não estou decepcionado com o meu sonho e sim com essa dívida interna que para alguns economistas é impagável. E por esse motivo muitos brasileiros continuarão sofrendo por causa de suas mazelas. Não seria apenas a cruel concentração de renda que se repete à exaustão, mas também a adoção de um comportamento em que "sociabilidade e moralidade" torna adversários, tudo isso gerando a exclusão social.

Os especialistas advertem que a concentração de riqueza cria uma situação de "polarização social". Em um extremo há um restrito grupo que concentra grande parte da riqueza social; no outro, uma numerosa população de pobres, cerca da metade dos brasileiros. Historicamente, a exclusão social que caracteriza a população com baixa renda, exposição à violência, má qualidade de vida é associada ao grau de escolaridade. A má repartição da riqueza é um grave problema no Brasil, que tem uma das piores distribuições de renda do mundo, atrás de por exemplo de Serra Leoa e a Suazilândia.

Faltaram na história brasileira momentos de maior distribuição de renda como uma reforma agrária ou tributária que transferisse riqueza dos ricos para o grosso da população. Em países desenvolvidos como a Alemanha, quem ganha mais paga mais impostos, que revertem em bons serviços sociais como educação, saúde e assistência social à população, o que reduz as desigualdades sociais.

Há esperança para a solidariedade e honestidade. Essas têm valor fundamental, são a bússola. Basta pensar que estamos na fase de julgamento, envolvendo políticos que desviaram o dinheiro público para fins ilícitos. Uma nova fase no Brasil. Alemães, japoneses e italianos "carregaram pedras" depois da segunda guerra mundial e estão aí de novo. Se eles fizeram aquilo, a gente também pode fazer.

*Antônio Baracho, Poeta Psicólogo.
Pertence a Academia Grapiúna de Letras- AGRAL e ao Clube do Poeta Sul da Bahia.
Tel. (73) 98801-1224 / 99102-7937


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