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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

ITABUNA ONTEM - Por Fátima Barros

Diversão dos Jovens Itabunenses  na década de 60 e início anos 70


- Assistir filmes nos Cines Catalunha, Itabuna, Marabá ( o mais cotado), Plaza e Oásis em sessões denominadas: Matinal (manhã), Matinê ( tarde), Soirée (noite). Vestia-se a melhor roupa e usava-se um "bom" perfume: Lancáster ou Rastro, Toque de Amor.
Quem não se lembra dos filmes: Romeu e Julieta, Dr. Jivago, Ao Mestre com Carinho...

- Matinês dançantes no T.E.I. (Teatro Estudantil de Itabuna) na Rua Francisco Benício, ao som de envolventes canções românticas onde o objetivo dos jovens era paquerar, iniciar um namoro  “certo", e curtir o amor. Não se pensava em cometer nenhum tipo de violência. 
Quanta pureza. Que saudade me dá!

- Passear à noite, principalmente nos finais de semana no jardim da Praça Olinto Leone. Era comum as mães costurarem vestidos para as filhas durante a semana para elas desfilarem aos domingos à noite no jardim. Enquanto algumas pessoas ficavam passeando ao redor da praça, à procura de paquera, outras formavam grupinhos para conversar. Geralmente grupos só de homens ou só de mulheres.

- Ir a Shows de cantores da época como Orlando Dias, Valdik Soriano, Adilson Ramos , Os Vips, Jerry Adriany, Vanderlei Cardoso e outros. Os Shows  aconteciam no Cine Catalunha, na maioria das vezes pela manhã.

- Festas dançantes de formaturas nas próprias escolas ou clubes, isto quando era concluído o curso de Magistério do 1° grau, Curso Técnico em contabilidade e Científico (curso considerado de grande valor em conhecimentos para o exame do vestibular).

- Namorar na "porta" com o consentimento dos pais, sentados no sofá ou em cadeiras, no passeio da frente da casa, sempre acompanhados de olhares dos pais ou de algum irmão mais velho. Mas era muito gostoso. Era muita emoção, muitos planos para o noivado e futuro casamento. Era compromisso, respeito e ao mesmo tempo diversão.

- Matinal dançante no Clube do Pontalzinho ao som do conjunto Lordão e outros da própria cidade.

- Festa de Carnaval nos clubes Grapiúna Tênis Clube, Itabuna Esporte Clube e Clube do Pontalzinho ao som de músicas puramente carnavalescas chamadas marchinhas que cantavam o amor. (Bandeira branca amor, não posso mais ... , Oh jardineira, por que estás tão triste...).

- Grito de Carnaval no Clube do Pontalzinho - Era como se fosse um ensaio, uma prévia do Carnaval Oficial

Relembrar é Viver! Falar dos anos 70 me emociona muito.
Vivi grandes emoções nessa época.

Fátima Barros

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A FAVOR DA VIDA - João Baptista Herkenhoff

A favor da vida 



Sou a favor da Vida. Contra a pena de morte e a guerra.

A favor de políticas públicas que favoreçam o parto feliz e a maternidade protegida.

Contra a falta de saneamento nos bairros pobres, causa de doenças e endemias que produzem a morte.

Discordo da percepção limitada, embora possa ser honesta e sincera, dos que reduzem a defesa da vida à proibição do aborto quando, na verdade, a questão é muito mais ampla.

Abomino a hipocrisia dos que sabem que a defesa da vida exige reformas estruturais, mas resumem o tema a um artigo de lei porque as reformas mexem com interesses estabelecidos e ofendem o deus dinheiro.

Sou contra o pensamento dos que não admitem o aborto nem quando é praticado por médico para salvar a vida da mãe, mas aceitariam essa opção dolorosa se a parturiente fosse uma filha.

Sou contra a opinião que obscurece as medidas sociais, pedagógicas, psicológicas, médicas que devem proteger o direito de nascer. Reprovo a opinião dos que lançam anátema contra a mulher estuprada que, no desespero, recorre ao aborto quando, na verdade, essa mulher deveria ser socorrida na sua dor. Se não tiver o heroísmo de dar à luz a criança gerada pela violência, seja compreendida e perdoada.

Hoje eu debato esta questão doutrinariamente, mas, quando fui Juiz, eu me defrontei com o aborto em concreto.

Lembro-me do caso de uma mocinha. Quase à morte foi levada para um hospital que a socorreu e comunicou depois o fato à Justiça. O Promotor, no cumprimento do seu dever, formulou denúncia que recebi. Designei interrogatório.

Então, pela primeira vez, eu me defrontei com o rosto sofrido da mocinha. Aquele rosto me enterneceu, mas não havia ainda nos autos elementos para uma decisão. Designei audiência e as testemunhas me informaram que a acusada tinha o costume de toda noite embalar um berço vazio como se no berço houvesse uma criança. No mesmo instante percebi o que estava ocorrendo. Nem sumário de defesa seria necessário. Disse a ela, chamando-a pelo nome:

“Madalena (nome fictício), você é muito jovem. Sua vida não acabou.
Essa criança, que estava no seu ventre, não existe mais.
Você pode conceber outra criança que alegre sua vida. Eu vou absolvê-la, mas você vai prometer não mais embalar um berço vazio como se no berço estivesse a criança que permanece no seu coração.
Eu nunca tive um caso igual o seu. Esse gesto de embalar o berço mostra que você tem uma alma linda, generosa, santa. Você está livre, vá em paz. Que Deus a abençoe.”

A decisão nestes termos, em nível de diálogo, foi dada naquele momento. Depois redigi a sentença no estilo jurídico, que exige técnica e argumentação.



João Baptista Herkenhoff - Magistrado aposentado (ES), palestrante e escritor. Tem ministrado Cursos de Hermenêutica Jurídica e de Direitos Humanos, de curta duração, no Espírito Santo e fora do Estado.



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ITABUNA CENTENÁRIA: UM POEMA - O Nascimento de um Bebê

O Nascimento de um Bebê


Chegaste,
e a casa encheu-se de fragrância.
Parece primavera.
Em ti, Pai Santo, manancial de toda paternidade,
Em ti estão todas as nossas fontes.
Mandaste-nos um presente desejado e sonhado:
Uma criança chegou para o banquete da festa.
Seja bem-vinda!
Como é que vamos te agradecer,
Senhor da vida, com quê palavras?
Obrigado por seus olhos e por suas mãos,
Obrigado por seus pés e por sua pele,
Obrigado por seu corpo e por sua alma,
Em Tuas mãos de ternura nós a depositamos
Para que cuides dela, e lhe faças carinhos
E a enchas de doçura.
Pai Santo e querido, põe um anjo ao seu lado
Para que impeça a passagem da doença e
De todo o mal,
E a guie pelas sendas da saúde e bem estar.
O bem, a paz e a Bênção
Acompanhem-na todos os dias de sua vida
Amém




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CARNAVAL - Arnaldo Jabor

Arnaldo Jabor...


Jamais vou entender este fenômeno chamado, Carnaval. Um povo sofrido, roubado, explorado, muitas vezes sem perspectivas, de uma hora pra outra, explode numa alegria sem motivo...sem limites, sem pudor. Homens que até sexta feira, trabalharam de terno e gravata, no sábado vão para as ruas, maquiados, vestidos de mulher, sutien por cima de peitos peludos, braços e pernas cabeludas, numa imitação grotesca e sem sentido do sexo feminino. Mulheres que se matam em trabalhos, muitas vezes degradantes e mal remunerados...sofrem nas filas de hospitais e creches, aparecem na passarela, cobertas de brilho e rebolando, como se não houvesse o amanhã.

Os canalhas no poder, adoram esta orgia sem sentido, porque pelo menos por alguns dias, o povo está olhando pro outro lado, enquanto eles continuam sugando cada gota de sangue e cada centavo que puderem roubar.

As ruas estão tomadas de foliões urrando de alegria...e eu me pergunto: VOCÊ ESTÁ ALEGRE PORQUÊ, OTÁRIO? Sua vida melhorou de ontem pra hoje? Seu salário aumentou? Seu filho entrou numa boa escola? Se você cair de um trio elétrico e quebrar a cabeça, vão te levar para um bom hospital? Você terá água em casa, pra tomar banho, quando voltar da gandaia?

Então me explica, seu trouxa... TA RINDO DE QUE? Você irá pra rua com esta mesma vontade, pra protestar contra esta roubalheira absurda, que está destruindo a você e ao nosso país?

Por estas e outras que os governantes adoram Carnaval e eu jamais vou entender porque nosso povo é tão alienado.




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