Total de visualizações de página

segunda-feira, 13 de março de 2017

ITABUNA CENTENÁRIA REFLETINDO (5) – Hoje eu me Lembrei

Hoje eu me Lembrei...


Hoje eu me lembrei...
Que não sou branco, negro, amarelo ou vermelho.
Eu sou um cidadão do universo, no momento, estagiando como ser humano na escola terrestre.

Hoje eu me lembrei...
Que não sou homem ou mulher, nem alto ou baixo.
Eu sou uma consciência oriunda do plano extra-físico, uma centelha vital do Todo que está em tudo!

Hoje eu me lembrei...
Que tenho a cor da Luz, pois vim lá das estrelas.
E eu sei que o meu tempo aqui na Terra é valioso para minha evolução.

Hoje eu me lembrei...
Que não há nenhuma religião acima da verdade.
E que o Divino pode se manifestar em miríades de formas diferentes.

Hoje eu me lembrei...
Que só se escuta a música das esferas com o coração.
E que nada pode me separar do “Amor Maior Que Governa a Existência”.

Hoje eu me lembrei...
Que espiritualidade não é um lugar, ou grupo ou doutrina.
Na verdade, é um estado de consciência do Ser.

Hoje eu me lembrei...
Que ninguém compra Discernimento ou Amor.
E que não há progresso consciencial verdadeiro se não houver esforço na jornada de cada um.

Hoje eu me lembrei...
Que o dia em que nasci não foi feriado na Terra.
E no dia em que eu partir, também não será!

Hoje eu me lembrei...
Que tudo aquilo que eu penso e sinto se reflete na minha aura.
E que minhas energias me revelam por inteiro (logo, preciso crescer muito, para melhorar a Luz em mim).

Hoje eu me lembrei...
Que não vim de férias para o mundo.
Na verdade, vim para aprender e trabalhar (e também para vencer a mim mesmo nas lides da vida).

Hoje eu me lembrei...
Que não sou o centro do universo e que, sem a Luz, eu não sou nada!
Sem Amor, o meu coração fica seco... e sem a espiritualidade, o meu viver perde o sentido.

Hoje eu me lembrei...
Que os guias espirituais não são minhas babás extrafísicas.
Eles são meus amigos de fé e trabalho... e, sem eles, eu estaria frito!

Hoje eu me lembrei...
Que ninguém sabe tudo e que conhecimento não é sabedoria.
Todos nós somos professores e alunos uns dos outros (e, acima de tudo, o Mestre de todos, o Grande Arquiteto Do Universo).

Hoje eu me lembrei...
Que não nasço nem morro, só entro e saio dos corpos perecíveis ao longo da evolução.
Não posso ser enterrado ou cremado, pois sou um espírito (ah, eu sou sim!).

Hoje eu me lembrei...
Que viver não é só para comer, beber, dormir, copular e morrer sem sentido algum.
Viver é muito mais: é também pensar, sentir e viajar de estrela em estrela, sempre aprendendo.

Hoje eu me lembrei...
Que de nada vale a uma pessoa ganhar o mundo se ela perder sua alma.
E que o mal que me faz mal, não é o mal que me fazem, mas, sim, o mal que eu acalento em meu coração.

Hoje eu me lembrei...
Que eu sou mestre de nada e discípulo de coisa alguma.
E que eu, o apresentador desse programa, e vocês, os ouvintes dessa viagem espiritual, somos todos um!

Hoje eu me lembrei...
Que, sem Amor, ninguém segue.
E que o meu mantra se resume
numa só palavra: Gratidão!



Leia mais: 

* * *

OS VELÓRIOS DO POVOADO – Sherney Pereira

Os velórios do povoado

            Os velórios no Salobrinho sempre foram ambientes de algazarra e confusão, especialmente quando se tratava do falecimento de pessoas humildes. Logo a notícia corria levando pesar aos mais sensíveis e contentamento a outros, que encaravam o episódio com naturalidade, porque viam naquilo uma opção para uma noitada alegre, já que a presença de contadores de lorotas era certeza.

            Ao anoitecer, as pessoas iam chegando, e as mais curiosas se aproximavam do ataúde com certa inibição, suspendiam timidamente o lençol que envolvia o corpo, olhavam rapidamente a cara do finado, e ficavam por ali aguardando a chegada dos potoqueiros. Os homens, notadamente ficavam no terreiro e se acomodavam em qualquer lugar. As mulheres, na cozinha, preparavam o café que normalmente era servido com bolacha; os fiéis à cachaça preferiam tomar repetidas doses de aguardente, que servia de estímulo para abrir o repertório de piadas, e as mulheres rezadeiras, quando ficavam desinibidas, danavam-se a cantar benditos em sufrágio da alma do defunto, num canto triste, que ressoava como um agouro por todo o povoado e, varando madrugada a dentro ia até à manhã.

            Os inveterados se realizavam: eram atraídos aos velórios mais pela certeza de que não faltaria cachaça, que propriamente por solidariedade e os mais assíduos frequentadores eram: João Paulo, Mestre Vitorino, Manoel Crispim, Pedro Lagoa, Eugênio, José Pinto, Gaudêncio – este era pedinte, e “trabalhava” em Itabuna - , Pedro Pôia, Raimundo Francisco da Hora (Cardeal), o último morreu na mais completa miséria há pouco tempo. Eram tantos, que relacioná-los seria impossível.

            Em relação aos contadores de estórias, podemos citar aqui dois nomes célebres na matéria: João Paulo e Alberto. Foi justamente num velório, que ouvimos de Alberto, sertanejo destemido, uma série de casos engraçados, e o mais interessante é que ele os contava com uma seriedade incrível que realmente pareciam verdadeiros.

            “Foi lá pras bandas de Xique-Xique”, assim começava a sua estória... Contou-nos que um certo dia, ao cair da tarde, deixou o acampamento e, pegando a sua espingarda, saiu para uma rápida caçada. Penetrou a caatinga a procura de uma caça qualquer porém sem lograr êxito, resolveu retornar; eis que de repente uma musiquinha suave soou aos seus ouvidos. Parou... Estava surpreso com o que ouvia. Olhando para os lados não viu nenhum sinal de presença humana: como explicar tal fenômeno? Por ali não havia nada que comprovasse existência de aparelho sonoro. Alberto, ficava cada vez mais estarrecido, todavia procurou certificar-se de que realmente não estava delirando e calmamente foi andando em direção a um mandacaru que ficava perto dali. O vento forte quebrava a quietude com  o farfalhar dos arbustos tostados pelo sol. O caçador estranhando aqueles acordes, aos poucos,  foi se aproximando da árvore e aí sentiu que a música ficava cada vez mais audível e, ao olhar para o alto, viu, com surpresa, que tratava-se de um antigo LP, rotação 78, preso entre os galhos do velho mandacaru. Segundo Alberto, à proporção que o vento balançava o arbusto, o espinho corria suave nos sulcos do disco, emitindo baixinho uma velha e conhecida canção: “olê mulher rendeira/olê mulher rendá/tu me ensina a fazer renda/ que eu te ensino a namorar”. Assim era demais. Não havia quem não sorrisse ante tamanho absurdo: até mesmo os parentes do falecido, por um momento esqueciam o dissabor, pois quando davam conta de si, estavam também, participando do festival de gargalhadas. Menos “sêo” Alberto, que acendendo mais um cigarro já se preparava  para dar início a mais um potoca. Na verdade, eram realmente assim os velórios do povoado.

(Salobrinho – ENCANTOS E DESENCANTOS DE UM POVOADO)
Sherney Pereira

---
Sherney de Souza Pereira - nasceu a 11 de outubro de 1948 no eixo Ilhéus/Itabuna, mais precisamente no município de Ilhéus.

É cordelista, com vários trabalhos publicados e autor do Hino da Universidade de Santa Cruz, premiado em concurso público por ocasião do 4º aniversário da FESPI.

* * *

ITABUNA CENTENÁRIA: UM POEMA - Geraldo Maia

Olha a lua lá


Lua
Não eh minha
Nem eh sua
Nem de quem anda na rua
Da lua eh sim
A lua assim: Cheia de luz
Nova não se vê
E quando cresce
Mais parece
Um sorriso no céu
Minguante reduz
A sua atração
E envergonhada
Se esconde
Em meu coração
Olha
A lua
La 

Geraldo Maia
---
Geraldo Maia, poeta
Estudou Jornalismo na instituição de ensino PUC-RIO (incompleto)
Estudou na instituição de ensino ESCOLA DE TEATRO DA UFBA
Coordenou Livro, Leitura e literatura na empresa Fundação Pedro Calmon
Trabalha na empresa Folha Notícias,

Filho de Itabuna/BA/BRASIL, reside em Louveira /SP.

* * *