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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A ESTRANHA - Dom Fernando Arêas Rifan

A Estranha


Alguns anos depois que nasci meu pai conheceu uma estranha, recém-chegada à nossa pequena cidade.

Desde o princípio, meu pai ficou fascinado com esta encantadora personagem e, em seguida, a convidou a viver com nossa família.

A estranha aceitou e, desde então, tem estado conosco.

Enquanto eu crescia, nunca perguntei sobre seu lugar em minha família; na minha mente jovem já tinha um lugar muito especial.

Meus pais eram instrutores complementares... Minha mãe me ensinou o que era bom e o que era mau e meu pai me ensinou a obedecer.

Mas a estranha era nossa narradora.

Mantinha-nos enfeitiçados por horas com aventuras, mistérios e comédias.

Ela sempre tinha respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber de política, história ou ciência.

Conhecia tudo do passado, do presente e até podia predizer o futuro!

Levou minha família ao primeiro jogo de futebol.

Fazia-me rir, e me fazia chorar.

A estranha nunca parava de falar, mas o meu pai não se importava.

Às vezes, minha mãe se levantava cedo e calada, enquanto o resto de nós ficava escutando o que tinha que dizer, mas só ela ia à cozinha para ter paz e tranquilidade. (Agora me pergunto se ela teria rezado alguma vez para que a estranha fosse embora).

Meu pai dirigia nosso lar com certas convicções morais, mas a estranha nunca se sentia obrigada a honrá-las.

As blasfêmias, os palavrões, por exemplo, não eram permitidos em nossa casa… nem por parte nossa, nem de nossos amigos ou de qualquer um que nos visitasse.

Entretanto, nossa visitante de longo prazo usava sem problemas sua linguagem inapropriada que às vezes queimava meus ouvidos e que fazia meu pai se retorcer e minha mãe se ruborizar.

Meu pai nunca nos deu permissão para tomar álcool. Mas a estranha nos animou a tentá-lo e a fazê-lo regularmente.

Fez com que o cigarro parecesse fresco e inofensivo, e que os charutos e os cachimbos fossem distinguidos.

Falava livremente (talvez demasiado) sobre sexo. Seus comentários eram às vezes evidentes, outras sugestivos, e geralmente vergonhosos.

Agora sei que meus conceitos sobre relações foram influenciados fortemente durante minha adolescência pela estranha.

Repetidas vezes a criticaram, mas ela nunca fez caso aos valores de meus pais, mesmo assim, permaneceu em nosso lar.

Passaram-se mais de cinquenta anos desde que a estranha veio para nossa família. Desde então mudou muito; já não é tão fascinante como era no princípio.

Não obstante, se hoje você pudesse entrar na guarida de meus pais, ainda a encontraria sentada em seu canto, esperando que alguém quisesse escutar suas conversas ou dedicar seu tempo livre a fazer-lhe companhia...

Seu nome? Ah, seu nome…

Chamamos de televisão!

É isso mesmo, a intrusa se chama TELEVISÃO!

Agora ela tem um marido que se chama Computador, um filho que se chama Celular e um neto de nome Tablet.

A estranha agora tem uma família. A nossa será que ainda existe?

 Dom Fernando Arêas Rifan


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Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy.


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HISTÓRIA DE ITABUNA:História de Ferradas

História de Ferradas


          João Pereira virou-se para Carlos Sousa e lembrou-lhe a promessa de contar a história de Ferradas.

          - Isto aqui, iniciou Carlos Sousa, que era homem meio letrado e escrevia alguns artigos no violento jornal do farmacêutico Tourinho, é uma terra que tem uma história bonita; nasceu do ideal cristão de um missionário chamado frei Ludovico de Liorne. Antes, porém,  da vinda do missionário passou uma estrada em direção ao sertão. Quem a mandou abrir foi um senhor de engenho de Ilhéus.
Chamava-se Felisberto Caldeira Brant, futuro Marquês de Barbacena. Resolveu fazer a estrada para abastecer a cidade de Ilhéus de carne de boi, dos rebanhos que existiam lá pelas bandas do sertão de Minas.

          A estrada saiu de Ilhéus com o rumo ao arraial de Conquista; custou naquele tempo um dinheirão, dois mil cruzados. Em 1812, ainda estava no rio Salgado. O trabalho da estrada foi realizado por um português brutamontes, de nome Felisberto Gomes Caldeira, parente do senhor de engenho. Esse português, naquele tempo tenente-coronel, dono da terra, metido com negras e mulatas escravas, pintou e bordou com os pobres índios. Fez tanta malvadez, bateu tanto, espancou tanto, que até as feras das matas se amedrontaram dele.

          Anos mais adiante, nas guerras da Independência, meteu-se a gente e foi trucidado pelo célebre batalhão dos periquitos, recebendo, assim, na própria carne, as dores que os aborígines sofreram com as suas perversidades.

          A notícia, porém, das atrocidades praticadas contra os selvagens chegou ao conhecimento das autoridades e dos missionários.

          Imediatamente tomaram providências e trataram de corrigir os excessos. Baltasar Lisboa, comendador, dono da sesmaria de Ferradas movimentou-se e aproveitou a oportunidade para localizar, nos seus domínios, a antiga aldeia dos Gueréns, do Almada. Em seguida, chegou frei Ludovico de Liorne, que pôs termo à intranquilidade reinante, provocada pelo empreiteiro da estrada, e ergueu logo a cruz de Cristo, como símbolo da civilização.

          Esse frade, continuou a contar Carlos Sousa, segundo as crônicas, era cheio de bondade e devoção. Seu olhar, brando como a luz da tarde, infundia respeito enorme. Não só os civilizados, também os índios tinham por ele consideração semelhante, a que um bom filho dispensa ao pai.

          Viveu em Ferradas mais de trinta anos, civilizando os índios camacãs, pataxós, gueréns, e estendeu a sua ação ao Boqueirão, ao Colônia, até ao rio Pardo.

          Homem santo, esse frade,  toda a sua vida dedicou-a ao bem da humanidade. Na sua terra, na Itália, foi capelão do exército de Napoleão Bonaparte.

          Nunca teve medo da maldade humana, porque tinha fé e acreditava em Deus. Servia aos homens pelo amor de Deus.
Contavam dele que, na mais terrível batalha, quando os soldados caíam mortalmente feridos ele os assistia com as suas orações, até o último suspiro. E nunca uma bala feriu o seu corpo, mais de santo que mesmo de homem pecador.

          Foi esse homem quem fundou Ferradas, quem lançou, aqui, a semente do trabalho e da civilização que se espalhou pelo município.

          Ferradas teve dias grandiosos. Hospedou gente muito boa. Acolheu cientistas. Estiveram visitando-a o Príncipe Maximiliano, Spix e Martius.

          Nessa ocasião os cientistas bávaros condecoraram o arraial com o título de Vila de São Pedro de Alcântara, em honra ao primeiro Imperador do Brasil.

          Mas tudo passou. Frei Ludovico, velho e enfermo, foi morrer no seu convento, em Salvador.

          As colônias se acabaram e as plantações de cacau começaram a aparecer e a despertar a ambição nos homens brancos. Enquanto os índios recuavam para as matas, levas e levas de desbravadores se apoderavam das terras boas para o cacau, vindos de Ilhéus e do norte.

          E assim Ferradas mudou logo. Saiu do poder dos índios e dos padres e entrou na posse dos civilizados do cacau. Num instante, as suas casinhas de barro, os seus barracões de índios, a sua igreja tosca se transformaram. Casas melhores foram aparecendo, fazendas foram plantando, umas  depois das outras. E a nova povoação, de homens de nova fibra, com outra mentalidade se espalhava pela mata, com a mentalidade do cacau, que é a da riqueza, que absorve o homem, que fanatiza o homem, despertando nele a ambição, que é a mola do progresso.

          A riqueza, companheiro, é assim, boa, mas audaciosa, fascinante, mas atrevida. Por ela os homens brigam, fazem a guerra, ofendem a Deus.

          No tempo de frei Ludovico era diferente. Havia a pobreza, que é mansa como os cordeiros. Os fazedores de riqueza, são diferentes, respeitam a cruz, mas não largam a espingarda, amam até o próximo, quando ele não perturba os seus interesses.



(TERRAS DE ITABUNA – Cap. III)
Carlos Pereira Filho

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NINO CAMPOS E SEU ”CAMPOS GERAIS” - Eglê S Machado

Clique sobre as fotos, para vê-las no tamanho original
Nino Campos e seu  ”Campos Gerais”


Ele chegou assim, do nada
Interrompendo descarada e graciosamente
Meu momento na Internet, bem no meio de uma leitura importante.
E eu não resisti... Quem resiste a uma amizade tão especial?

Bateu no meu "inbox" dizendo:
16 DE JANEIRO DE 2017 09:55

- bom dia menina, tudo bem?
- Pronto já me ganhou... - Bom dia, Nino Campos! Tudo nos 'conformes'. Prazer te ver aqui.
-bom dia menina, o prazer é meu. (ora, Nino, o prazer é meu  menina mimada)
Logo vem uma foto verdona de “Campos Gerais” - Esta é a capa do meu livro.

Este meNINO quer me vender o seu livro... - Parabéns, amigo! Comprarei um exemplar!
Boas vendas!
- obrigado
te envio pelo correio.
- Como farei o pagamento?
- depósito na Caixa Econômica (lotérica).
- Então manda os dados da tua conta.
-com as despesas do correio, fica em R$ xxxxx
- Ok.
- me passe o seu endereço completo.

- EIS O MEU ENDEREÇO: x-x-x-x
-obrigado menina, estou te enviando.
-Manda um autógrafo lindo!
-com certeza..
kkkkk
- Realizarei o depósito até amanhã
Abraço.
- abraçosssss.....obrigado.
...

- Oi, Nino... eis o recibo
Boa tarde!
...
17 DE JANEIRO DE 2017 21:07
Nino Campos
- boa noite menina, muito obrigado, logo estará em suas mãos...
20 DE JANEIRO DE 2017 10:54
Nino Campos
- bom dia menina, feliz sexta feira pra ti... beijos.
- Bom dia, Nino...
Para ti também, feliz sexta feira.

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26 DE JANEIRO DE 2017 14:00 – Na minha caixa de correspondência o “Campos Gerais” do Nino Campos: um encanto de livro contendo CONTOS, CRÔNICAS, CORDÉIS, POESIAS EM GERAL, POETRIX, AMORES, PENSAMENTOS, ETC!  - Abro em qualquer página  e...Leio: 

OBSCURO

Obscuro estou.
Penso... Por onde vou!
Será que sei quem sou!
Humano e desarranjado,
Casto por não saber viver.
A senda trilhada por cajado
Do mundo inóspito de saber.
Digo então de cima da varanda.
Vinde brisa mansa do prazer.
Transforma-me em cicerone,
Que te seguirei sem obscurecer..........

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... e falo com os meus botões: esse meNINO vai longe..........

Fecho o livro verdão, lindo, na contracapa contemplo o logo e selo com código de barras do Grupo Editorial BECO dos Poetas e Escritores Ltda. Leio a mensagem do Nino Campos:

      “Prezo pela coerência, escrevi  esse livro pensando na realidade que ele delineia.
      Realmente será e é um sonho realizado, o qual agradeço de coração àquela que deu ênfase e teve a coragem de atirar no escuro.
     Passei três anos nessa região do Paraná, cuja cidade de Ortigueira fica fora desse perímetro, mas bem que poderia fazer parte dos Campos Gerais, o qual é focado a história titular.
     Quanto aos cordéis também teve algo de representativo desse lugar, no entanto falo mais do nordeste com raiz e sotaque.
     E as poesias corriqueiras de amor e saudade de muitas amigas que tive e paixões adquiridas através dos tempos.
     Não falo de política, pois a realidade que coloquei em alguns textos gera esse pensamento.
     Enfim, creio que o gosto vai depender de quem o ler.
     Agradeço desde já a preferencia, pois a verve da escrita é por demais confortante para mim."

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“O ser humano não tem medo de morrer, e sim inveja de deixar o outro vivo”. “O ser humano só poda o outro por inveja... “ (Nino Campos)

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Obrigada, Nino Campos, pelo “Campos Gerais”, que me enviaste.


Eglê S Machado

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