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sexta-feira, 29 de abril de 2022
quinta-feira, 28 de abril de 2022
WILLIAM THOMAS WALSH — Escritor e Historiador Genuinamente Católico
Plinio Maria Solimeo
É difícil encontrar nos últimos tempos um historiador
católico que tenha sido em seus livros inteiramente coerente e ufano de sua fé.
Na primeira metade do século passado houve um que preencheu esses requisitos.
Trata-se do americano William Thomas Walsh [foto acima].
Desse vibrante jornalista, escritor, romancista e
historiador diz o site Catholic Authors: “William nasceu em
Waterbury, Connecticut, em 11 de setembro de 1891, e ao longo dos anos
recebeu uma sólida educação católica que o inspiraria nos anos
posteriores com um desejo feroz de defendê-la”. Ao que acrescenta
a Wikepedia em inglês: “A obra de Walsh é escrita
de um ponto de vista declaradamente católico”.
Thomas Walsh era neto de irlandeses radicados nos Estados
Unidos e, como diz o site acima, “recebeu sólida educação católica”.
Muito precoce, já aos 16 anos, ainda no ginásio, tornou-se repórter e passou a
escrever para alguns jornais. Aos 19 anos, aluno da famosa universidade de
Yale, publicou seu primeiro livro, The Mirage of Many (A
Miragem de Muitos), alertando contra o socialismo que estava se infiltrando na
sociedade americana. Na mesma universidade estudou violino, fazendo-o com tanto
sucesso que se tornou regente de sua orquestra sinfônica.
Em 1913, aos 22 anos, recebeu em Yale o título de Bacharel
em Artes. No ano seguinte casou-se com Helen Gerard Sherwood, com quem teve
seis filhos, entre eles um homônimo que faleceu na infância, e uma filha que se
tornou religiosa.
Em 1918 lecionou na Hartford Public School, e
depois tornou-se chefe do departamento de inglês da Roxbury School por
quase 20 anos. Em 1933 tornou-se professor de inglês no Manhattanville
College of the Sacred Heart, em Nova York, no qual lecionou por 14 anos.
Foi em 1930, praticamente 20 anos depois de ter publicado
seu primeiro livro e seis anos antes do início da Guerra Civil espanhola, que
Walsh escreveu sua segunda obra: Isabella of Spain – The Last
Crusader (Isabel da Espanha – A Última Cruzada) [foto ao lado], a
primeira de uma série dedicada pelo autor ao Século de Ouro da Espanha. Seu
sucesso fez com que a obra fosse traduzida na Espanha, Alemanha e França.
Em 1935 publicou a documentadíssima obra Philip II [foto
abaixo], sobre esse grande rei da Espanha, recebendo elogios do London
Times e do New York Times, que escreveu: “O livro ’Felipe
II’ está tão completamente documentado, que deve permanecer como um retrato
calmo e realista de um homem e uma época, muitas vezes mais excitante para a
imaginação do que ficção, enquanto a suavidade de seu estilo literário
impecável oferece constante deleite.” E a poderosa mega-empresa Amazon diz
dessa obra em seu anúncio de venda: “O maior livro de Walsh ‒ sobre o
rei mais poderoso da Europa de todos os tempos. Mas, mais do que isso, é um
panorama de todo o século XVI. Abrange o nascimento do protestantismo e os
esforços secretos para minar a unidade católica, as guerras huguenotes na
França, o saque de Roma, o Grande Cerco, a Batalha de Lepanto, a Armada
Espanhola, o Concílio de Trento etc.. E, Henrique VIII, Maria Tudor, Isabel I,
São Pio V, Santa Teresa de Ávila, Santo Inácio de Loyola etc.”.
A sofreguidão de Walsh em resgatar de toda uma legenda negra
uma obra da Igreja levou-o a publicar em 1940 os Characters of the
Inquisition (Personagens da Inquisição) [foto abaixo] , a cujo
respeito diz a mesma Amazon: “Este livro é sobre a Inquisição,
particularmente a Inquisição Espanhola em oposição à Inquisição Romana nos anos
seguintes à Reconquista Espanhola. Walsh investiga a Inquisição, sua prática,
propósito, história e personalidades. A Inquisição não foi um festival de BDSM
[sadomasoquismo] sanguinário que enlouqueceu. Foi uma resposta racional à
infiltração da Igreja Católica por inimigos da fé cristã que fingiam ser
cristãos para perverter o culto, a doutrina, e enfraquecer a cristandade. Quem
quiser entender a Inquisição faria bem em ler Personagens e aprender sobre os
heróis da Fé, Cardeal Ximenes, Torquemada e outros que lutaram o bom combate
por Jesus Cristo e sua Igreja. Depois de ler este livro, você nunca mais olhará
a Inquisição do mesmo modo”.
Em 1943 William Thomas escreveu um de seus mais conhecidos
livros, sobre a grande mística e Doutora da Igreja Santa Teresa d’Ávila [foto
ao lado], porque: “Quando li uma tradução inglesa da Autobiografia
de Santa Teresa […] me perguntei se uma mulher na qual o divino e o humano se
encontraram de maneira tão surpreendente poderia realmente ter sido tão banal,
tão arrogante , tão conscientemente ‘literária’ como muitas vezes ela aparecia
naquelas páginas. Mais tarde, quando pude ler o texto em espanhol, descobri que
as qualidades irritantes não eram dela, mas de seu devoto tradutor”. Assim,
com o texto original espanhol em mãos, escreveu um livro baseado nas “minhas
próprias traduções, e tão literalmente quanto possível, mesmo com algum
sacrifício de eufonia, sem excluir os ocasionais lapsos de gramática,
referências errôneas e coloquialismos vigorosos de quem escreveu sem olhar para
o efeito livresco, mas no momento em que ela falava — rápida, concisa, de vez
em quando bastante desajeitada”.
No decurso do ano de 1946 ou 1947, Walsh tomou conhecimento
dos surpreendentes acontecimentos em Fátima, Portugal. Impressionou-se tanto
com eles, que resolveu deixar de lado todas as suas outras obras para ir àquele
país recolher material para um livro que contaria a história do que lá se
passou em 1917. Ele estava convencido de que nada é mais importante do que
propagar o que a Mãe de Deus pediu nessas aparições tão incompreendidas, e das
quais dependem o próprio futuro da humanidade. Entre muitas pessoas,
entrevistou no convento das Dorotéias a única testemunha viva dos
acontecimentos, a Irmã Maria das Dores (Lúcia), no que resultou o livro Nossa
Senhora de Fátima [foto abaixo], que foi fundamental para
trazer sua mensagem à atenção de milhões de católicos americanos.
Thomas Walsh escreveu algumas outras obras de vários
gêneros, que não tiveram tanta repercussão como as citadas.
O livro São Pedro Apóstolo [foto abaixo]
, de 1948, um ano antes de sua morte, foi o último que publicou. Dele diz o
site do Good Reads: “‘Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja’ (Mateus 16:18). Raramente em toda a História um mero homem foi
encarregado de uma responsabilidade tão terrível como a que foi delegada ao
Príncipe dos Apóstolos quando Nosso Senhor pronunciou essas palavras. E é a
história deste humilde pescador, tão curiosamente negligenciado pelos autores
modernos, que William Thomas Walsh conta de forma tão brilhante”.
William Thomas Walsh foi premiado com a Medalha Laetare pela
Universidade de Notre Dame em 1941, em reconhecimento pelo contributo de um
católico americano à Igreja e à nação; e em 1944 foi homenageado pelo governo
espanhol com a mais alta honra cultural da Espanha: A Cruz de Comendador da
Ordem Civil de Afonso, o Sábio. Walsh foi o primeiro escritor norte-americano a
receber tal honra. Muito escrupuloso, ele entrou em contato com o Departamento
de Estado para saber se um “leal cidadão dos Estados Unidos” poderia aceitar
tal honra de um governo estrangeiro.
Em 1947, enfrentando problemas de saúde, o escritor se
aposentou do ensino, concentrando-se em terminar seu romance Nossa
Senhora de Fátima. No ano seguinte, agravando-se muito seu estado de saúde,
foi internado no Hospital Santa Inês, em White Plains, no estado de Nova Yor,
onde haveria de morrer.
Diz a Imitação de Cristo que talis vita finis ita (tal
vida, tal morte). Tendo levado uma vida ilibada e sempre segundo os princípios
da Igreja, esse grande batalhador morreu como viveu: como verdadeiro filho da
Igreja.
Assim, quando lutava entre a vida e a morte, seu dileto
amigo, o Pe. William C. Mc Grath, responsável pelas visitas da Imagem Peregrina
de Nossa Senhora de Fátima, a levou a seu quarto. Wash olhou fixamente para a
bela Imagem, tendo com ela um profundo colóquio mudo.
No dia 22 de janeiro de 1949, com apenas 58 anos
incompletos, o grande batalhador faleceu na esperança de receber no Céu a
recompensa demasiadamente grande que Deus reserva aos seus eleitos.
https://www.abim.inf.br/william-thomas-walsh-escritor-e-historiador-genuinamente-catolico/
* * *
quarta-feira, 27 de abril de 2022
GIL E A LUZ DO LUAR NA ABL - Arnaldo Niskier
Com belíssimas imagens poéticas, o acadêmico e poeta Antonio Carlos Secchin saudou a chegada do cantor e compositor Gilberto Gil à Academia Brasileira de Letras, em noite das mais concorridas. Recebeu o colar da nova imortal Fernanda Montenegro.
Secchin dedicou parte do seu discurso à esposa de Gil,
Flora, grande inspiradora da sua consagrada carreira, onde pontuam mais de 600
músicas que enriquecem o cancioneiro popular brasileiro, entre as quais o
famoso 'Aquele abraço'. Garantiu que a presença de Gil será iluminada por uma
permanente luz do luar.
Muitos aplausos interromperam o discurso do grande cantor
quando ele criticou o atual tratamento discriminatório dado pelo governo
federal à cultura brasileira. Ficou claro o inconformismo também da plateia.
'Há uma guerra em prol da desrazão e do conflito ideológico nas redes sociais
de internet, e a questão merece a atenção dos nossos educadores e homens
públicos. A ABL tem muito a contribuir nesse debate civilizatório. E eu
gostaria aqui, efetivamente, de colaborar para o debate, em prol da justiça e
da cultura', disse o novo imortal.
Em artigo no GLOBO, Merval Pereira escreveu a respeito do
general Lyra Tavares, antecessor de Murilo Melo Filho na cadeira 20 da Casa de
Machado de Assis: 'Gil falou a seu respeito com elegância e generosidade,
apesar de ter sido vítima da repressão militar que tomou conta do país, a
partir de 1964.' O novo acadêmico falou do comportamento sempre afável e
solidário, no convívio com os imortais, num gesto de grandeza moral. Lyra
Tavares era irmão mais velho de João Lyra Filho, que foi reitor da Uerj e era
também notável escritor.
Gil recordou sua participação no movimento chamado de
'Tropicália' e disse da sua profunda tristeza quando perdeu o filho Pedro Gil,
morto num acidente de automóvel, em 1989.
Primeiro representante de música popular do Brasil, filho de
professora primária Claudine e do médico José Gil Moreira. Gilberto chegou à
ABL de forma consagradora, substituindo o jornalista potiguar Murilo Melo
Filho, que me coube saudar na chegada à ABL. Foi muito aplaudido, numa
cerimônia marcada para sempre pelo número de convidados e a diversidade da sua
composição.
O Globo, 19/04/2022
https://www.academia.org.br/artigos/gil-e-luz-do-luar-na-abl
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Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18, eleito
em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17 de
setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos Murilo
Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia Brasileira
de Letras em 1998 e 1999.
* * *
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Nota Oficial - As Forças Armadas e o processo eleitoral
Publicado em 24/04/2022 21h39 Atualizado em 24/04/2022
23h42
Brasília (DF), 24/04/2022 - Acerca da fala do Ministro Luís Roberto
Barroso, do Supremo Tribunal Federal, durante participação, por
videoconferência, em um seminário sobre o Brasil, promovido por entidade
acadêmica estrangeira, em que afirma que as Forças Armadas são orientadas a atacar
e desacreditar o processo eleitoral, o Ministério da Defesa repudia qualquer
ilação ou insinuação, sem provas, de que elas teriam recebido suposta
orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia.
Afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o
sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência
de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em
ofensa grave a essas Instituições Nacionais Permanentes do Estado Brasileiro.
Além disso, afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições.
As Forças Armadas, republicanamente, atenderam ao convite do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e apresentaram propostas colaborativas,
plausíveis e exequíveis, no âmbito da Comissão de Transparência das Eleições
(CTE) e calcadas em acurado estudo técnico realizado por uma equipe de
especialistas, para aprimorar a segurança e a transparência do sistema
eleitoral, o que ora encontra-se em apreciação naquela Comissão. As eleições são
questão de soberania e segurança nacional, portanto, do interesse de todos.
As Forças Armadas, como instituições do Estado Brasileiro,
desde o seu nascedouro, têm uma história de séculos de dedicação a bem servir à
Pátria e ao Povo brasileiro, quer na defesa do País, quer na contribuição para
o desenvolvimento nacional e para o bem-estar dos brasileiros. Elas se fizeram,
desde sempre, instituições respeitadas pela população.
Por fim, cabe destacar que as Forças Armadas contam com a
ampla confiança da sociedade, rotineiramente demonstrada em sucessivas
pesquisas e no contato direto e regular com a população. Assim, o prestígio das
Forças Armadas não é algo momentâneo ou recente, ele advém da indissolúvel
relação de confiança com o Povo brasileiro, construída junto com a própria
formação do Brasil.
domingo, 24 de abril de 2022
AONDE QUER CHEGAR O STF? – Manifesto do Clube Militar
“Contrariamente ao que se espera de uma corte constitucional, o STF vem há tempos propagando notórias e repetidas demonstrações de partidarismo político em suas interpretações da Constituição Federal e, até mesmo de modo surpreendente, manifestando publicamente preferências partidárias, como agiu um de seus Ministros em evento no exterior, ao considerar como inimigo o Chefe do Poder Executivo.
Arrogando-se o direito de, sem cerimônias, interferir nas
atribuições dos demais Poderes que constituem o Estado Brasileiro, decidiu recentemente
aquele Tribunal punir, de modo injusto e desproporcional, um parlamentar que,
de forma insultuosa, emitiu opinião sobre a corte e alguns de seus integrantes.
Estritamente de acordo com o que reza a Carta Magna, o
Presidente exerceu o direito de indultar o punido, não por concordar com os
insultos, mas para corrigir um processo e julgamento cristalinamente
inconstitucionais, posto que caberia ao Congresso conduzi-los.
Estabelecido o impasse institucional, pergunta-se: Aonde
querem chegar alguns Ministros do Supremo? Pretendem enfraquecer nossa
democracia? Com que finalidade? Premeditaram essa crise para fazer valer suas
indisfarçáveis tendências políticas? É esta a postura que os cidadãos
brasileiros devem esperar de uma corte que se pressupõe isenta e tida como
suprema?
Nós, integrantes dos Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica
manifestamos incondicional apoio ao Presidente da República em seu esforço para
sustentar a democracia e a liberdade de expressão no país.”
Luiz Fernando Palmer Fonseca, Almirante de Esquadra, Presidente do Clube Naval;
Eduardo José Barbosa, General de Divisão, Presidente do Clube Militar;
Marco Antonio Carbalo Perez,
Major Brigadeiro do Ar e Presidente do Clube da Aeronáutica.
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RÁDIO FRANCESA DECLAMA VERSOS DE CYRO DE MATTOS
No encerramento do programa Travessias, divulgado pela Radio Galere de Marseille, na França, o radialista e escritor Jean-José Mesguen, https://radiogalere.org/?playlist=2022-04-04-que-viva-la-musica, declamou os versos de Cyro de Mattos do poema O Canto Impossível, que integra o livro Poemas de Terreiro e Orixás, publicação das Edições Mazza, Belo Horizonte, com prefácio de Muniz Sodré.
Abaixo o poema.
O Canto Impossível
Cyro de Mattos
Quero cantar o negro / com todas as notas / de meu coração lírico./ Torna-se impossível. /Pra não morrer corre / do irmão em África. / Foge como bicho, /na tevê eu vejo./ Os dentes da guerra, / a fome, a sede, / o sal alimentam/ o sonho de dias melhores./ A carga precária / no barco socada. / De repente emborca, / morrem centenas./ Ouço os gritos,/ pressinto as mãos, / debatem-se na água, / somem no desespero./ A Europa não se importa / com o menino nascido / nessa aventura suicida / do novo navio negreiro. /Quero cantar o negro / mas como fazê-lo? / Resistência, sofrimento / fazem o verso impossível.
Le Chant Impossible
Traduit pas Jean-José Mensguens
Je veux chanter le noir / de toutes les notes / de mon cœur lyrique. / Et c’est impossible. /Pour ne pas mourir il fuit / son frère en Afrique. / Il court comme une bête,/ on le voit à la télé. /Les dents de la guerre, / la faim, la soif, / le sel nourrissent / le rêve de jours meilleurs./ La charge précaire / entassée dans le bateau. / Soudain elle prend l’eau, / ils meurent par centaines./J’entends les cris, / je pressens les mains,/ ils se débattent dans l’eau, / ils sombrent dans le désespoir./L’Europe n’a cure / de l’enfant qui naît / dans cette aventure suicidaire / du nouveau navire négrier./Je veux chanter le noir / mais comment le faire ? / Résistance, souffrance / rendent le vers impossible.
Cyro de Mattos é escritor de contos, crônicas, romance, poemas, literatura infantojuvenil, ensaio e memorialista. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz. Também é editado no exterior.
* * *
PALAVRA DA SALVAÇÃO (262)
2º domingo da Páscoa – 24/04/2022
Anúncio do Evangelho (Jo 20,19-31)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo
João.
— Glória a vós, Senhor.
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando
fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se
encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja
convosco”.
Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então
os discípulos se alegraram por verem o Senhor.
Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai
me enviou, também eu vos envio”.
E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse:
“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão
perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.
Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com
eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o
Senhor!”
Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em
suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no
seu lado, não acreditarei”.
Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente
reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus
entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.
Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas
mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas
fiel”.
Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”
Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste?
Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”
Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos,
que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis
que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em
seu nome.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
http://liturgia.cancaonova.com/pb/
Ligue o vídeo abaixo, e acompanhe a reflexão do Padre
Donizete Ferreira, Sacerdote da Comunidade Canção Nova:
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O relato pascal deste 2º domingo da Páscoa é chave para
entender o sentido de todas as aparições do Ressuscitado aos seus amigos e
amigas. Ele não tem a intenção de nos querer dizer o que “aconteceu”, mas
transmitir-nos uma vivência, uma experiência.
Ao refletir sobre os relatos das Aparições padecemos de um
míope e estéril realismo: quê viram? quê aconteceu? como Ele apareceu?... Interessa-nos
muito mais a curiosidade do investigador. Lemos os Evangelhos mais como
jornalistas do que como pessoas de fé. Nosso desejo era ter estado ali e ver
tudo com nossos próprios olhos.
Mas, se tivéssemos estado ali, teríamos acreditado no
Crucificado? Esta é a pergunta decisiva. Esta é a finalidade do relato de João,
especialmente do conjunto Paixão/Ressurreição: “que creiais no
Crucificado”. Aquele que não sente sua fé interpelada pelo crucificado e
pelos crucificados do mundo, não tem uma fé bem enraizada.
A experiência pascal dos(as) seguidores(as) de Jesus revela
que é na comunidade onde se pode descobrir a presença do
Ressuscitado. A comunidade é a garantia da fidelidade a Jesus e ao seu
Espírito; sobretudo, é a comunidade que recebe a nobre missão de expandir a
grande surpresa realizada pelo Pai em Jesus.
Jesus aparece no centro da comunidade dos seus amigos e
amigas, como presença de unidade, porque, agora, Ele é para eles e elas a única
referência e fator de comunhão. A comunidade cristã está centrada em Jesus: sua
saudação elimina o medo; as chagas, sinal de sua entrega, evidenciam que é o
mesmo que morreu na cruz; o sopro do seu Espírito lhes reacende a alegria e a
coragem; desaparece o medo da morte...
A verdadeira Vida não pode ser tirada de
Jesus nem tirada dos seus seguidores. A permanência dos sinais de
sua morte (chagas) indica a permanência de seu amor. Além disso, garante a
identificação do Ressuscitado com o Jesus crucificado. A comunidade tem agora a
experiência de que Jesus vive e lhe comunica essa mesma Vida.
O evangelista João é o único que divide em dois o relato da
aparição aos apóstolos reunidos. Com isso personaliza em Tomé o
tema da dúvida, que é capital em todos os relatos de aparições. Bastavam
os sinais anteriores: o dom da paz, a memória de sua entrega (mãos e lado), o
perdão, o sopro do Espírito. Mas o texto joanino continua dizendo que faltava
Tomé, precisamente um dos Doze. Não é um cristão comum aquele que estava
ausente da comunidade, mas um dos antigos companheiros de Jesus, um de seus
doze seguidores. Precisamente Tomé, um dos líderes da igreja primitiva, corria
o risco de entender a ressurreição de um modo “espiritualista”, “desencarnada”,
fora da comunidade.
Não há experiência pascal sem um retorno à corporalidade do
Cristo, que continua sendo o mesmo Jesus da história que morreu por sua
fidelidade à causa do Reino: trazer vida em abundância a todos.
Neste segundo encontro do Ressuscitado com os discípulos,
João destaca a exigência de “tocar” as feridas de
Jesus, para conservar assim a memória de sua paixão, descobrir sua presença
pascal e encontrá-lo nos feridos da história. “Tocar” em Jesus significa tocar
e curar as feridas da humanidade que sofre.
A fé pascal expressa-se, dessa forma, como experiência
mística (mas realíssima) do sofrimento e morte do Messias, que continua
morrendo nos crucificados e enfermos deste mundo. O Ressuscitado não se
apresenta com força e poder, mas com amor e a partir do amor, exercendo o “ofício do
consolar” (S. Inácio). Por isso, às vezes não é fácil reconhecê-lo. E, no
entanto, é Ele mesmo. Aquele que foi crucificado é o que Deus
ressuscitou. Esta igualdade fica expressa por meio das chagas que
o Ressuscitado traz em seu corpo. Mas estas chagas são algo mais que um modo de
dizer “sou eu mesmo”. As chagas são expressão de identidade, ou seja, pertencem
a seu novo ser de ressuscitado; elas são as “marcas” da entrega e que
nunca desaparecerão.
Dito de outro modo: Jesus, vencedor da morte, não abandona a
fragilidade da existência humana. A fragilidade da carne mortal foi assumida na
glória do corpo ressuscitado. A ressurreição não O separa da condição
humana anterior. Não é a passagem a uma condição superior, mas a mesma condição
humana levada à sua culminação. A Jesus e a nós o Pai nos acolhe com toda
nossa realidade, purificada e transformada.
Ao contemplar as chagas do Ressuscitado, somos movidos a
olhar e acolher também nossas chagas: medos, traumas, fracassos, feridas...
Jesus, que conhece bem nossas obscuridades e resistências,
medos e bloqueios que nos habitam, se faz presente em meio às nossas vidas
abrindo as portas fechadas e pacificando nosso interior: “a paz esteja com
vocês!”. Assim, no-lo repete, continuamente, insistentemente,
pacientemente.
Ele vem ao nosso encontro e se empenha em re-criar-nos,
comunicando seu Sopro sobre nós, como o Criador fez no princípio de
tudo. Ali onde continua habitando o caos, a incerteza e a desconfiança, Ele nos
oferece alegria, paz e fortaleza. Alenta nossa fé e renova nossas relações
pessoais e comunitárias. Gratuitamente; com infinito amor. Com o mesmo amor com
que nos anunciou a Boa Nova e nos libertou de nossas enfermidades; com o mesmo
amor com que se pôs a nossos pés para lavá-los; com o mesmo amor com que fez de
sua vida uma doação radical.
A experiência do encontro com o Ressuscitado nos
faz também encontrar o verdadeiro lugar do nosso corpo em nossa vida.
Normalmente tratamos mal nosso corpo: há muito de stress, de suspeita, medo e
submissão. Sabemos muito sobre nossa mente e muito pouco sobre nosso corpo;
temos uma alma livre num corpo rígido.
A nossa vida é uma bela história de ressurreição, um milagre
de fortaleza na fragilidade que nos impulsiona continuamente a nos despertar da
letargia, a sair de nossos lugares fechados, a colocar-nos de pé, a pisar firme
sobre a terra, abandonando nossos túmulos e fechamentos, e continuar
caminhando, com a cabeça erguida e os olhos fixos no horizonte da vida, onde se
revela a Vida plena do Ressuscitado.
A este Vivente seguimos, pois Ele sempre nos oferece a
oportunidade para nos encontrar com Ele e reconhecê-lo, apesar de nossas
cegueiras, medos e pesadelos. Ele sempre nos toma pela mão para aproximá-la de
suas feridas abertas e mostrar-nos, nas marcas deixadas pelos cravos, que a
morte não tem a última palavra. Aproximar de suas feridas reacende em nós a solidariedade
e o impulso para sair de nossos espaços fechados e entrar em sintonia com os
chagados da história. As chagas do Crucificado, por graça, nos transformam em
testemunhas de sua presença em todos os feridos e sofredores.
Que sua paz alente nosso anúncio alegre para que outros
possam crer e, crendo, todas tenham vida em seu Nome!
Texto bíblico: Jo 20, 19-31
Na oração: Abrir espaço interno para que o
Ressuscitado tenha liberdade de transitar por suas feridas existenciais
(traumas, fracassos, rejei-ções, crises...) integrando-as, ressignificando-as,
iluminando-as...
- Como ser presença ressuscitada neste mundo onde impera a
cultura da morte, do ódio e da violência...? Como se fazer próximo e “tocar” as
vítimas chagadas?
- Sua fé no Ressuscitado tem implicações sociais, políticas,
relacionais..., ou se revela mais como uma “espiritualidade desencarnada”,
intimista, alienada...?
Pe. Adroaldo Palaoro sj
https://centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/espiritualidade/2558-ressuscitado-com-chagas
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sexta-feira, 22 de abril de 2022
quarta-feira, 20 de abril de 2022
OS ESTATUTOS DO HOMEM (ATO INSTITUCIONAL PERMANENTE) – Thiago de Mello
Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)
( Thiago de Mello )
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Amadeu Thiago de Mello (Barreirinha, 30 de março de 1926 — Manaus, 14 de
janeiro de 2022) foi um poeta, jornalista e tradutor brasileiro. Foi
considerado um dos poetas mais influentes e respeitados no país, reconhecido
como um ícone da literatura regional.
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terça-feira, 19 de abril de 2022
domingo, 17 de abril de 2022
POEMAS CRISTÃOS - Cyro de Mattos
Poemas Cristãos
Cyro de Mattos
Jesus
Deus é o crivo da
Dor no coração. Pétala,
Que na chaga exsurge.
Este Cristo
É maior que o mundo
este andor feito na dor
dos grandes rumores.
É maior que o mundo
esta luz feita na cruz
dos grandes tremores.
É maior que o mundo
este amor feito no ardor
dos grandes clamores.
Ó peso da terra,
cuspe, chicotada, crivo.
E das chagas flores.
Súplica
Se te coloquei nesse
calvário,
Coroei com cuspe e
escárnio,
Ofendi com agudo cravo,
Nada me disse o teu sangue,
Não te vi olhando-me no alto.
Vesti com roxo o dia claro,
A mim atendei, ó pai eterno,
Derramai o teu perdão
No meu coração solitário.
Canto de Amor
E todo este peso
terrestre atendeu
na flor da comunhão,
de braços abertos
clamas como cacto.
E dignos não somos
de olhar este rosto
que pende no amor
do sangue derramado.
E solitários caminhos
da ternura os desviados
na voz de tudo que é perdão.
O canto de amor prossegue
pelos que têm fome e sede,
carregam o dilema do
pacto.
Santa Cruz
Todo o peso da terra
com ofensa e lenho
aqui deste desterro.
Pedras cor de
vinho,
setas de veneno
dos que ladram.
Lábios de sede,
botão que se
abre
na flor do
perdão.
Até hoje a
oferta,
a ternura como
meta
jogada na
sarjeta.
Sexta-Feira Maior
O sol morre.
turva onda
o mundo em aflição
molha-me de roxo.
Nada valho.
Nada sou de fato.
Prefiro Barrabás,
crucifico o amor,
sem dó e lágrima
dilacero o afeto.
Soneto da Paixão
Ao pé do Cristo todas as infâmias,
ao pé do Cristo todas as insônias,
ao pé do Cristo todas as intrigas,
ao pé do Cristo todas as refregas.
Ao pé do Cristo todos os sedentos,
ao pé do Cristo todos os famintos,
ao pé do Cristo todos os horrores,
ao pé do Cristo todos os clamores.
Ao pé do Cristo todos os insultos,
ao pé do Cristo todos os corruptos,
ao pé do Cristo todos os ladrões,
Ao pé do Cristo todas as prisões.
Nessa onda que nos leva como cães,
cura-me, ó Deus de todas as paixões.
Calvário
Na opressão
na perseguição
na aflição
na traição
na depressão
na escuridão
na solidão
na sensação
do cuspe
e do cravo
no coração
ó Senhor meu
dá-me tua mão
Poema na Semana Santa
Tudo é roxo e ofensa e perdão.
A tristeza está nos ares,
já anda pelas veredas
e no perfume dos caminhos.
No ocaso da saudade ao longe,
na flor do cacau que é espinho.
E chega à igreja a procissão.
Tudo é clamor e cruz e paixão
porque uma coroa sensitiva
instalou-se em Itabuna
com fadiga e sede e fome
e escorre suas dores
pelas pedras cor de vinho.
Mas no sábado tudo é verde
e claro sem o roxo e o espinho.
Os sinos repicam na cidade
e um dia novo está nas galhas,
no coro de milhões de passarinhos.
Cyro de Mattos é ficcionista e poeta. Da Academia de Letras
da Bahia. Possui prêmios importantes no Brasil e exterior. Publicado também por
várias editoras europeias. Primeiro
Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz.
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