Pontes de Itabuna
As primeiras
pontes de Itabuna, resultado da ousadia e liderança somadas ao espírito
desbravador dos primeiros habitantes deste pedaço de chão. A mais folclórica, a
ponte dos Velhacos, submersa nas águas do Cachoeira, tem história e data de
1940, quando começaram as obras. A colocação de módulos em cimento armado foi
feita durante a administração do então prefeito Francisco Ferreira da Silva.
Essa passagem, que ligava o bairro Nossa Senhora da Conceição ao centro da cidade, teve um grande momento na gestão do prefeito Miguel Fernandes Moreira, quando ganhou corrimão de madeira, sendo batizada com o nome de Ponte do Tororó em dezembro de 1954, com direito a festa e muitos fogos.
Uma enchente, em 1955, levou o corrimão e parte de sua estrutura. Então o povo esqueceu o nome de Tororó e continuou a chamá-la de ponte dos Velhacos.
A verdadeira primeira
ponte, construída oficialmente em Itabuna, foi a do Góes Calmon (que liga o
Conceição ao centro) e surgiu em 1920 no governo J.J. Seabra. A ponte veio dar
suporte ao traçado da estrada de rodagem Itabuna-Macuco (hoje Buerarema).
Sua inauguração,
em 1 de março de 1928, contou com a presença do governador Francisco Marques de
Góes Calmon e do Intendente de Itabuna na época, o coronel Henrique Alves do
Reis.
A terceira
ponte, que liga o Centro ao São Caetano, a Francisco Lacerda, foi construída em
1955 pelo Dr. Abílio Caetano de Almeida, então dono de todos os terrenos do
bairro. A ponte foi construída por iniciativa própria, a fim de valorizar os
terrenos da área.
Outra construída
por particular, de iniciativa do fazendeiro Mário dos Santos Padre, foi a
Miguel Calmon, também chamada de Marabá. A ponte leva desvantagem por ter sido
construída no mesmo nível do rio e é a primeira a ficar submersa durante as
cheias do Cachoeira.
A ponte foi
inaugurada em 1958 e foi considerada a responsável pela ruína de Mário Padre.
Ele acreditava estar investindo em algo lucrativo. Tanto que conseguiu um
empréstimo no então Banco da Bahia e usou o dinheiro para comprar terrenos e
fazer a ponte. Não teve sucesso. Vendeu todos os seus bens de herança para
pagar débitos e foi à falência.
Finalmente vem a
última e mais recente, que homenageia uma das grandes lideranças de Itabuna,
Calixto Midlej Filho, construída na década de 80 pelo Estado. Com modernas
técnicas, até mesmo para evitar problemas com o rio Cachoeira, a ponte liga a
Vila Zara (que faz divisa com o São Judas) ao bairro de Fátima. Foi o
atendimento de uma antiga reivindicação de moradores dos dois lados do rio.
Um exemplo de
resistência é a ponte 28 de Dezembro, usada por milhares de pessoas por dia,
mas quase invisível aos olhos do público. Ela está lá há 77 anos e foi
construída na administração do coronel Henrique Alves dos Reis.
Sua inauguração
ocorreu em grande estilo, justamente no dia 28 de dezembro de 1926, data em que
se comemora o dia da padroeira do bairro Conceição. A placa, que simbolizou a
inauguração, está centralizada no pilar que dá para o lado do rio. Bem
escondida, suja e gasta pela ação do tempo, ainda assim é possível ler os
dizeres.
A ponte, com
menos de 40 metros de comprimento e cinco de largura, foi erguida sobre um
ribeirão, na Rua Felícia de Novaes (próximo à ponte Calixto Midlej Filho). À
época, o ribeirão tinha suas águas escuras, mas limpas o suficiente para
permitir que os poucos moradores que viviam próximos tomassem banho e pescassem
belos robalos, como lembra um ex-morador, o aposentado Juracy Costa Oliveira.
Ele conta que
era menino e morava com sua avó e sua mãe na única casa existente no lado
direito do rio, onde funcionou por muito tempo a Usina Luz e Força, ou a usina
do Cajueiro, como era conhecida. "Isso aqui era muito bonito, tinha muito
verde e poucas casas".
Ela era uma
importante via para quem partia do centro de Itabuna para a cidade de Ilhéus.
Com mais de 75 anos, ela suportou por muitas décadas o tráfego pesado de
caminhões carregados de cacau. Em tempos recentes passou anos sendo castigada
pelos caminhões da Brahma, de tonelagem bem superior ao que ela foi projetada
para aguentar, e hoje continua firme mesmo com o tráfego dos caminhões da
Schincariol.
Embora ainda
resista ao tempo a ponte está mal conservada. As laterais de proteção estão
quebradas, o piso gasto e o mato em volta toma conta. Já o piso, asfaltado há
alguns anos, continua firme, assim como a placa colocada na lateral quando de
sua inauguração.
O que era um
saudável ribeirão, hoje é um esgoto. De entulhos, matagal e insetos, tudo
seguindo uma mesma direção: o velho Rio Cachoeira.
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