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sábado, 17 de março de 2018

ABL: ACADÊMICO JOÃO ALMINO FAZ NA ABL A TERCEIRA PALESTRA DO CICLO 'GUIMARÃES ROSA, ESCRITOR E DIPLOMATA’


A Academia Brasileira de Letras dá continuidade ao seu ciclo de conferências do mês de março de 2018, intitulado Guimarães Rosa, escritor e diplomata, com palestra do Acadêmico e romancista João Almino. O tema escolhido foi Guimarães Rosa, do sertão às fronteiras. O evento está programado para terça-feira, dia 20 de março de 2018, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.

A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado, Primeira-Secretária da ABL, é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2018.

Serão fornecidos certificados de frequência.

Acadêmico Carlos Nejar convida para o ciclo "Guimarães Rosa, escritor e diplomata"
O ciclo terá mais uma palestra, no dia 27, com o jornalista e romancista Benito Ribeiro, intitulada Rios e Riobaldos.

A conferência de João Almino, segundo adiantou, vai explorar os temas do estrangeiro e da vivência diplomática na obra de Guimarães Rosa, enfocando a “universalidade do sertão”, na contracorrente do regionalismo e do nacionalismo, e as distintas linguagens do autor, nas quais sobressai aquela propriamente “rosiana”.

“Refere-se às crônicas de seu período de Cônsul-Adjunto em Hamburgo e a alguns de seus escritos diplomáticos. O que há em comum nas distintas linguagens do autor é o esmero, a precisão, a atenção ao detalhe e o rigor, fruto de apuro, dedicação e grande capacidade de trabalho. Seu último texto, o discurso de posse na Academia, é de um poeta prosador e é quase todo sobre um diplomata”.

O CONFERENCISTA

João Almino, nascido em Mossoró, Rio Grande do Norte, em 1950, foi eleito ano passado para a Academia Brasileira de Letras.

Escritor e diplomata, doutorou-se em Paris, orientado pelo filósofo Claude Lefort. Ministrou aulas na Unam – Universidade do México, na Universidade de Brasília – UnB, no Instituto Rio Branco, em Berkeley, em Stanford e na Universidade de Chicago.

É autor dos seguintes romances: Ideias para onde passar o fim do mundo (indicado ao Jabuti e ganhador de prêmio do Instituto Nacional do Livro), Samba-enredo, As cinco estações do amor (Prêmio Casa de las Américas 2003), O livro das emoções (indicado ao 7o Prêmio Portugal Telecom 2009), Cidade livre (Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon 2011, finalista do Jabuti e do Portugal Telecom) e, ainda, Enigmas da primavera (finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2016; prêmio Jabuti, 2º colocado, pela edição em inglês).

Alguns desses romances foram publicados na Argentina, Espanha, EUA, França, Itália, México e em outros países. Seus escritos de história e filosofia política são referência para os estudiosos do autoritarismo e da democracia.

Entre facas, algodão é seu mais recente romance (2017).

14/03/2018


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MUNDO REAL – Continho de Cyro de Mattos


Continho de Cyro de Mattos


          - Você soube o que aconteceu ontem na rua do comércio?

          - Não faço ideia.

          -Tiroteio da polícia com os traficantes.

          - De dia?

          - Pela tarde.  Resultado, três bandidos mortos, um policial assassinado, uma mulher grávida  que passava no passeio tombou morta com um tiro na barriga.

          - Ninguém sabe  até onde vamos parar com essa onda de violência...

          - Ninguém está seguro.

          - Assalto a banco, bala perdida matando gente, latrocínio, estupro de padrasto em enteada de um ano, explosão de caixa eletrônica, político corrupto roubando milhões dos cofres públicos e do povo, aluno esmurrando a professora e por aí vai.

          - Você sai vivo de casa e pode voltar morto.

          -  Todo mundo se queixa de tudo,   mas ninguém respeita a vida.
  
          O magro fica  em silêncio. O gordo cabisbaixo.
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Cyro de Mattos,  escritor e poeta. Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Pen Clube do Brasil, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna. Autor premiado no Brasil, Portugal, Itália e México.

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GENTE INVISÍVEL - Luiz Caversan.


"Depois de uma certa idade, a mulher se torna invisível".

A revelação, feita mais em tom de chacota do que de desabafo, é de uma amiga querida, para quem, a partir dos 40 ou dos 50, ou quando deixa de exibir certo atributos "indispensáveis" pelos padrões convencionais de beleza, a mulher torna-se invisível. 

"Alguns homens, mesmo maduros, e certas jovens parecem esquizofrênicos, olham através da gente como se não existíssemos".

É feia esta amiga? Não acho.

Mas minha opinião não importa, diz ela: pelos padrões "oficiais", e assim como milhares de outras pessoas normais, ela deixou de fazer parte da paisagem para determinado tipo de olhar, garante.

Talvez minha amiga exagere um pouco, mas faz muito sentido o que ela diz. Porque também são invisíveis para quem não quer ver os idosos, as crianças remelentas abandonadas nas esquinas, os moradores de rua, os pedintes em geral, os desvalidos que abundam nesta e em tantas outras cidades.

Seres inconstatáveis que talvez só se convertam em realidade para os funcionários da limpeza pública que vez ou outra passam recolhendo seus andrajos e jogando água e desinfetante com um caminhão pipa para expulsar as suas inconveniências.

Pensando bem, há outras categorias de invisíveis, entre as quais os deficientes físicos, as crianças com problemas de desenvolvimento mental, os pobres, os pardos e os diferentes em geral, aqueles que, diante da parvoíce que assola nossos tempos modernos, teimam em existir.

Apesar de todas as evidências...

Luiz Caversan é jornalista e consultor



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