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sábado, 17 de junho de 2017

PALAVRA DA SALVAÇÃO (31)

11º Domingo do Tempo Comum - 18/06/2017


Anúncio do Evangelho (Mt 9,36-10,8)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: ”A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!” Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade. Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu Irmão João; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4imão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. Jesus enviou estes Doze, com as seguintes recomendações: “Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!”


— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe e reflexão do  Pe. Gustavo Sampaio, mss:

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A compaixão como fonte do chamado


“Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas...; chamou os doze discípulos” (Mt 9,36)

Uma pessoa que se define tem força para despertar, para arrastar, para mobilizar os outros. Jesus é o homem que se definiu. Por isso, Ele nos inspira e nos impulsiona. Inspirar e impulsionar, impulsionar a partir da inspiração: isso é seduzir no melhor sentido da palavra. Jesus não nos seduz simplesmente para provar sua condição divina ou a veracidade de sua mensagem. Ele nos seduz porque foi um homem de carne e osso como nós, e porque alcançou um grau de humanidade, de compaixão e liberdade, de sensibilidade e compromisso..., que está em nossas mãos alcançar.

A grande novidade e originalidade de Jesus (sua subversão) começou em sua maneira de olhar a realidade e de deixar-se afetar por ela. A “subversão” da vida começa pela subversão do olhar e vice-versa. O coração sente de acordo com o que os olhos veem, mas os olhos veem de acordo com o que sente o coração. A realidade subverte o olhar, e o olhar subverte a realidade. Olhos que não veem, coração que não sente. Mas os olhos não veem quando o coração não sente.

Os olhos de Jesus viram muita dor, miséria, violência..., e suas entranhas se comoveram. Viu o seu povo despojado da terra, dos direitos mais elementares... Jesus viu e se compadeceu; compadeceu-se e indignou-se; indignou-se e se comprometeu na transformação daquela realidade dolente; comprometeu-se porque seus olhos viram mais a fundo, mais além, outro mundo possível. Na raiz de sua atividade terapêutica e inspirando toda sua atuação junto aos enfermos está sempre seu amor compassivo. Jesus se aproxima dos que sofrem, alivia sua dor, toca os leprosos, liberta os possuídos por espíritos malignos, os resgata da marginalização e os devolve à convivência.

O que move a vida de Jesus é a compaixão e a compaixão é expansiva, tem impacto profundo naqueles(as) que estão ao seu redor. Compaixão desperta compaixão pois ela é mobilizadora dos sentimentos mais nobres presentes no interior de cada um. No calor da compaixão ativada brota o chamado de Jesus e a resposta dos seus(suas) seguidores(as). Sem compaixão, a resposta ao chamado se esvazia, o serviço se burocratiza, o seguimento vira lei. 

Jesus não nos chama para seguir uma religião, uma doutrina, nem faz proselitismo... Ele desencadeia um movimento e nos convoca a segui-Lo, ou seja, identificar-nos com Ele e com sua proposta de vida.  O horizonte do chamado e do envio não é outro que o compromisso em favor da vida e das pessoas, frente àquelas forças que tendem a travar e danificar a mesma vida. A partir desta perspectiva, a “missão” pode reencontrar seu verdadeiro sentido. Enviados(as) em favor da Vida, seus(suas) seguidores(as) sabem muito bem qual é o encargo que Jesus lhes confia. Nunca O viram governando a ninguém; sempre O conheceram curando feridas, aliviando o sofrimento, regenerando vidas, destravando os medos, contagiando confiança em Deus.

A novidade de Jesus consiste justamente em afirmar que existe um caminho para encontrar a Deus que não passa pelo Templo, pela pompa dos ritos e pela observância estrita das leis. Desse modo, reconhece-se a vida como lugar privilegiado da Sua Presença.

O(a) seguidor(a) de Jesus não é aquele(a) que, por medo, se distancia do mundo, mas é aquele(a) que, movido por uma radical compaixão, desce ao coração da realidade em que se encontra, aí se encarna e aí revela os traços da velada presença d’Aquele que é a Misericórdia.

É aqui, neste mundo, que Deus nos chama a estender o seu Reinado, trabalhando cada dia como amigos(as) de Jesus que passam, se compadecem, curam, ajudam, transformam, multiplicam os esforços humanos. Apaixonados(as) por Deus, apaixonam-se pelo mundo que, em sua diversidade, riqueza, profundidade, fragilidade, sabedoria... lhes fala e lhe revela o rosto misericordioso do Deus que se humanizou para humanizar nossas vidas.

Jesus não fundou o clero nem quis instituir um corpo ou estamento de “homens sagrados”, uma espécie de funcionários do templo, constituindo-se numa “classe superior”. O que Jesus quis foi “discípulos/as” que lhe “seguissem”, ou seja, que vivessem como Ele viveu: dedicados a curar enfermidades, aliviar sofrimentos, acolher as pessoas mais perdidas e extraviadas. Assim nasceu o “movimento de Jesus”.

Jesus, o “rosto misericordioso do Pai”, continua passando diante de cada um de nós, parando e fazendo um chamado que desperta comoção e compaixão. Sua presença provocativa e seu chamado exigente colocam em questão nosso costume de nos refugiar no mundo asséptico das doutrinas, na tranqüilidade de uma vida ordenada, satisfatória e entorpecida, na segurança de horários imutáveis e de muros de proteção, longe do rumor da vida que luta para ter um lugar ao sol, dos gritos daqueles que sofrem e morrem nas periferias deste mundo.

Escutar e seguir Seu chamado implica abandonar a estreiteza de nossos caminhos e deixar o nosso coração bater no ritmo dos doentes e marginalizados, vítimas da desumanização de nossa sociedade. O importante não é pôr em marcha novas atividades e estratégias, senão desprender-nos de costumes, estruturas e dependências que estão nos impedindo ser livres para contagiar o essencial do Evangelho, com verdade e simplicidade.

Como evitar que a aventura, na qual um dia nos embarcamos, nascida de uma paixão pelo Senhor e pelo seu Reino, transforme-se num tedioso cumprimento de normas e costumes? Estamos, talvez, experimentando a frustração de não ter acertado na rota da busca da vida plena e transbordante na qual quisemos investir as nossas melhores energias: sentimo-nos cansados(as) de palavras sem significado e sentimos fome de proximidade, de presença, de compromisso.

Como Igreja, nem sempre temos adotado o estilo itinerante que Jesus propõe. Nosso caminhar torna-se  lento e pesado; não acertamos o passo para acompanhar a humanidade; não temos agilidade para deslocar-nos em direção à margem sofredora; agarramos ao poder e às estruturas que tiram a mobilidade; enredamos nos interesses que não coincidem com o Reinado de Deus.

Não estaremos desperdiçando as nossas forças para conservar atitudes arcaicas e nos deliciamos com um estilo de vida que nos atrofia? Não chegou, talvez, o momento de deixar de repetir aquilo que fazíamos antes, e de abrir-nos àquilo que está diante de nós, à novidade que o Espírito está criando?

Para Jesus, o ideal de sua mística é “viver com um pé levantado”, isto é, sempre pronto para responder às oportunidades que são oferecidas pela vida. O(a) seguidor(a) de Jesus vive a aventura enquanto capacidade de estar “na frente” de situações desafiantes, superando o medo de romper paradigmas, potencializando talentos e fomentando a criatividade... Tem a ousadia de inovar, a coragem de arriscar e a vontade de realizar mudanças importantes. Para isso é preciso despojar-nos de hábitos arraigados, pré-juizos, ideias fixas, modos fechados de viver e abandonar a atitude do “sempre fizemos assim”. Estes são os vícios que impedem uma resposta diferente e sedutora num mundo em transformação.

A compaixão deve configurar tudo o que constitui nossa vida: nossa maneira de olhar as pessoas e de ver o mundo; nossa maneira de nos relacionar e de estar na sociedade, nossa maneira de entender e de viver a fé cristã...

Texto bíblico:  Mt 9,36-10,8

Na oração: Jesus, foi o homem que se definiu, tinha claro qual era sua missão; por isso, nos apresenta uma causa muito nobre e, com seu chamado, rompe nosso estreito mundo e desperta em nós ricas possibilidades, reacende o que de mais nobre há em cada um(a) e amplia nosso horizonte de vida.
Seguir Jesus Cristo é aderir a Ele incondicionalmente, é “entrar” no seu caminho, recriá-lo a cada momento e percorrê-lo até o fim. Seguir é deixar-nos “configurar”, isto é, movimento pelo qual vamos sendo modelados(as) à imagem de Jesus Cristo.
- Sua vivência do Seguimento de Jesus é marcada pelo “olhar compassivo e comprometido” ou por práticas piedosas alienadas, que não o(a) projetam em direção aos mais sofredores?

Pe. Adroaldo Palaoro sj



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JUNHO - MÊS DE MACHADO DE ASSIS (XI)

SINFONIA POÉTICA 

Homenagem a Machado de Assis
Música, letra e interpretação de Mírian Warttusch
Produção musical, maestro Nelson Mids

*21/06;/1839 (Rio de Janeiro)

+29/09;/1908 (Rio de Janeiro)


"Machado de Assis, encanta o Brasil", disse eu em minha canção, e a mim encanta ainda mais! Adorei Helena, Iaiá Garcia e Capitu, personagens fortes dos seus romances, e tanto fiquei embasbacada com as tramas nas quais as enredou magistralmente esse magnífico autor, que criei uma pequena peça de teatro, plena de humor,  ciúme e sensualidade, onde essas três mulheres se encontram, tentando mudar o rumo de suas próprias histórias, num enredo bem elaborado, cujo desfecho é bastante inesperado.
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IDEAIS SÃO TESOUROS 
(Marcha Militar)

Ligue o vídeo abaixo:

Um hino glorioso vamos entoar
A canção mais bela agora floresceu.
Com alegria nossa alma vai cantar
Cada verso, cada rima 
Em homenagem a Machado de Assis
Este hino nasceu.
Machado de Assis encanta o Brasil
Imenso tesouro os seus ideais

De origem humilde, enfrentou preconceitos, 

Acesa trazia uma chama no peito.
Machado de Assis encanta o Brasil
Na alma vicejam orgulho e nobreza 
E disse ao vencer os seus maus momentos,
“As lágrimas não são argumentos!”

O Brasil é tão maravilhoso!
De feitos e histórias memoráveis,
Pátria de ilustres poetas
Berço de escritores tão notáveis!
Um grande sonho se cultiva dia a dia
Não esmoreça nossa vontade de vencer
Seja de fé, de esperança e alegria,
Os doces frutos que venhamos a colher.

Um hino glorioso vamos entoar
A canção mais bela agora floresceu.
Com alegria nossa alma vai cantar
Cada verso, cada rima 
Em homenagem a Machado de Assis

Este hino nasceu.




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CONTRACAPA DO LIVRO "LAFAYETTE DE BORBOREMA - UMA VIDA, UM IDEAL", DE HELENA BORBOREMA - Por Telmo Padilha

          
Contracapa do livro Lafayette de Borborema - uma vida, um ideal

No tempo de Lafayette de Borborema existiam em Itabuna uma biblioteca pública, um piano para concertos, um grêmio Literário, o teatro era feito em residências, os saraus varavam a noite. Quem conta isso é Helena Borborema. Seu livro é um belo inventário escrito com amor. A gente fica com uma inveja danada daquele tempo, quando as pessoas, ditas ignorantes, sabiam no entanto ser dignas e inteligentes. Não eram nem brutas nem desalmadas.

            Na vila não existiam carros, mas as ruas eram limpas e as fachadas das casas recebiam tinta nova todos os anos. Não se poluía o Cachoeira. Matava-se , é verdade, por ambição ou paixão, ignorância ou orgulho, mas a verminose e a subnutrição não imolavam crianças indefesas como agora. Cinco, em média, por dia. Quem não ganhava para comer não morria de fome. A caridade era um dever. O amor à terra um sentimento generalizado.

            Ao falar de seu pai com a modéstia que dele herdou, ressaltando-lhe as virtudes que justificariam o livro que sobre ele escreveu. Helena Borborema só não é ela mesma quando se detém na descrição de ambientes e paisagens: aí sua imaginação se solta, é minuciosa e pródiga, nada lhe escapa. É uma escritora. Mesmo descrevendo, seleciona, e selecionando, julga. Não reproduz apenas: traduz. E, traduzindo, participa-nos e participa da História.

            Um livro despretensioso o seu, inclusive pela avareza do número de páginas. A gente fica esperando que ela diga mais, e ela não diz. Mas diz o suficiente para que saibamos que Lafayette de Borborema era em sociedade o que era em família, e que a terra que escolheu para viver e morrer não era apenas uma terra de brutos e desalmados, porque os brutos a amavam como já não nos esforçamos por amar.

            Para os jovens, ou alguns velhos que não envelheceram completamente, este livro põe por terra o vaticínio ruibarboseano de que um dia o homem teria vergonha de ser honesto. Sob esse aspecto, “Lafayette de Borborema – um ideal, uma vida”, é um livro subversivo, porque nos prova o contrário. Isto é, que a virtude da honestidade é uma coisa que não morre e que produz mais alegrias do que comumente se admite.

TELMO PADILHA
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HELENA BORBOREMA -  Nasceu em Itabuna. Professora de Geografia lecionou muitos anos no Colégio Divina Providência, na Ação Fraternal e no Colégio Estadual de Itabuna. Formada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Itabuna. Exerceu o cargo de Secretária de Educação e Cultura do Município. (A autora)


Conhecida professora itabunense, filha do Dr. Lafayette Borborema, o primeiro advogado de Itabuna. É autora de ‘Terras do Sul’, livro em que documento, memória e imaginação se unem num discurso despretensioso para testemunhar o quadro social e humano daqueles idos de Tabocas. Para a professora universitária Margarida Fahel, ‘Terras do Sul’ são estórias simples, plenas de ‘emoção e humanidade, querendo inscrever no tempo a história de uma gente, o caminho de um rio, a esperança de uma professora que crê no homem e na terra’.  (Cyro de Mattos)

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ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS PRESTA HOMENAGEM AOS ACADÊMICOS ANTONIO CALLADO (1917-1997), CELSO CUNHA (1917-1989) E ROBERTO CAMPOS (1917-2001)

Clique sobre a foto, para vê-la no tamanho original
Os Acadêmicos Alberto Venancio Filho, Cícero Sandroni e Evanildo Bechara, sob a coordenação do Acadêmico Domício Proença Filho, Presidente da Academia Brasileira de Letras, participarão de mesa-redonda em celebração ao centenário de nascimento dos Acadêmicos Antonio Callado, Celso Cunha e Roberto Campos, na quinta-feira, dia 22 de junho, às 17h30min, no Salão Nobre do Petit Trianon, Avenida Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.

Saiba mais:
Quarto ocupante da Cadeira 8, eleito em 17 de março de 1994, na sucessão de Austregésilo de Athayde, e recebido pelo Acadêmico Antonio Houaiss, em 12 de julho de 1994, Antonio Callado (Antonio Carlos Callado), jornalista, romancista, biógrafo e teatrólogo, nasceu em Niterói, RJ, em 26 de janeiro de 1917, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de janeiro de 1997.

Quarto ocupante da cadeira 35 da ABL, Celso Ferreira da Cunha foi eleito em 13 de agosto de 1987, na sucessão de José Honório Rodrigues, e recebido pelo acadêmico Abgar Renault, em 4 de dezembro de 1987. Professor, filólogo e ensaísta, nasceu em Teófilo Otoni, MG, em 10 de maio de 1917, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de abril de 1989.

Sétimo ocupante da Cadeira 21, eleito em 23 de setembro de 1999, na sucessão de Dias Gomes, e recebido pelo Acadêmico Antonio Olinto, em 26 de outubro de 1999, Roberto de Oliveira Campos, economista, diplomata e professor, nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, em 17 de abril de 1917 e faleceu no dia 9 de outubro de 2001, no Rio de Janeiro, RJ.

14/06/2017



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PAPA EM SANTA MARTA: QUANDO ACEITAMOS ‘A VERGONHA’ DE SER DE BARRO DEUS NOS SALVA

Nesta sexta-feira Francisco parte da Segunda carta aos Coríntios e do tesouro em vasos de barro
16 JUNHO 2017
PHOTO.VA
(ZENIT – Cidade do Vaticano, 16 Jun. 2017).- O papa Francisco na homilia desta sexta-feira na Casa Santa Marta, partiu da Segunda carta aos Coríntios, em que o apóstolo fala do mistério de Cristo dizendo “temos um tesouro em vasos de barro” e convidou a tomar consciência de serem ‘barro, frágeis e pecadores’.

“Temos este tesouro de Cristo em nossa fragilidade… nós somos barro”, porque é o poder, a força de Deus que nos salva, que nos cura, que nos ergue. É esta, no fundo, a realidade de nossa fraqueza”.

“Todos nós somos –recordou o Santo Padre– vulneráveis, frágeis, fracos, e precisamos ser curados. Ele nos diz: somos afligidos, abalados, perseguidos, atingidos: é a manifestação da nossa fraqueza, é a nossa vulnerabilidade. E uma das coisas mais difíceis na vida é admitir a própria fragilidade. Às vezes, tentamos encobri-la para que não se veja; ou mascará-la, ou dissimular… O próprio Paulo, no início deste capítulo, diz: ‘Quando caí em dissimulações vergonhosas’.Dissimular é vergonhoso sempre. É hipocrisia”.

Além da ‘hipocrisia com os outros’ existe também para nos mesmos quando acreditamos ‘ser outra coisa’, pensando ‘não precisar de curas ou apoio’. Quando dizemos: “não sou feito de barro, tenho um tesouro meu”.

“Este é o caminho, é a estrada rumo à vaidade, à soberba, à autorreferencialidade daqueles que não se sentindo de barro, buscam a salvação, a plenitude de si mesmos. Mas o poder de Deus é o que nos salva, porque Paulo reconhece a nossa vulnerabilidade” indicou o Santo Padre.

E lembrou que o apóstolo diz: ‘Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia. Existe algo em Deus que nos dá esperança. Somos postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados’. “É o poder de Deus que nos salva. Sempre existe esta relação entre o barro e o poder, o barro e o tesouro. Nós temos um tesouro em vasos de barro, mas a tentação é sempre a mesma: cobrir, dissimular, não admitir que somos barro… a hipocrisia em relação a nós mesmos”.

“O apóstolo Paulo com este modo de pensar, de raciocinar, de pregar a Palavra de Deus, nos conduz a um diálogo entre o tesouro e a argila. Um diálogo que continuamente devemos fazer para sermos honestos”.

Como na confissão, disse o Papa, “quando dizemos os pecados como se fossem uma lista de preços no supermercado”, pensando em “clarear um pouco o barro” para sermos mais fortes.

Ao invés, temos que aceitar a fraqueza e a vulnerabilidade, mesmo que seja difícil fazê-lo: é aqui que entra em jogo a ‘vergonha’. “É a vergonha, aquilo que aumenta o coração para deixar entrar o poder de Deus, a força de Deus. A vergonha de ser barro e não um vaso de prata ou de ouro. De ser de argila. E se chegarmos a este ponto, seremos felizes. O diálogo entre o poder de Deus e o barro. Por exemplo, no lava-pés, quando Jesus se aproxima de Pedro e este lhe diz: ‘Não, a mim não Senhor, por favor’. O que? Pedro não tinha entendido que era de barro, que precisava do poder do Senhor para ser salvo”.

E concluiu que somente quando aceitamos ser de barro “o extraordinário poder de Deus virá a nós e nos dará a plenitude, a salvação, a felicidade, a alegria de sermos salvos, recebendo assim a alegria de sermos ‘tesouro’ do Senhor”.



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