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domingo, 10 de novembro de 2019

UMA ORAÇÃO DE 18 SÉCULOS A NOSSA SENHORA PARA REZARMOS NA HORA DE SAIR DE CASA



Chalitsa HONGTONG | Shutterstock

Redação da Aleteia | Set 27, 2019

Ela já era invocada como Mãe de Deus em pleno século III, bem antes que esse dogma fosse promulgado

A Biblioteca John Rylands, de Manchester, na Inglaterra, adquiriu em 1917 um grande painel de papiro egípcio escrito em koiné, o dialeto grego popular que servia como língua franca em toda a região Mediterrânea. É o mesmo dialeto grego, aliás, em que foram escritos os Evangelhos.

No papiro em questão há um fragmento, numerado pela biblioteca como 470, cujo conteúdo, decifrado em 1939, parece proceder de uma antiquíssima liturgia cristã copta de Natal.


Trata-se de uma oração a Nossa Senhora, possivelmente composta no século III, na qual Maria é invocada como “Theotókos”, um termo grego que significa “Mãe de Deus“.

É importante observar que a maternidade divina de Maria só viria a ser oficialmente explicitada pela Igreja no III Concílio Ecumênico, o de Éfeso, cerca de duzentos anos depois. Ou seja: os primeiros cristãos já veneravam Nossa Senhora como Mãe de Deus desde bem antes que o dogma fosse promulgado – e ao menos um século antes de Constantino e do Edito de Milão.

“Sob a vossa proteção”
Diz a oração:

Sob a vossa proteção nos refugiamos,
Mãe de Deus!
Não desprezeis as nossas súplicas
em nossas dificuldades,
mas livrai-nos do perigo,
Vós, toda Santa e bendita!

Esta oração passou a ser tradicionalmente rezada quando se sai de casa, pedindo o auxílio de Nossa Mãe.

“Sub tuum praesídium”
Conheça também a versão em latim:

Sub tuum praesídium confúgimus,
Sancta Dei Génitrix;
nostras deprecatiónes ne despícias
in necessitátibus nóstris,
sed a perículis cúnctis
líbera nos sémper,
Virgo gloriosa et benedicta.




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9 DE NOVEMBRO DE 1989 — 9 DE NOVEMBRO DE 2019 - Paulo Roberto Campos


9 de novembro de 2019
➤  Paulo Roberto Campos

Neste dia celebramos o 30º aniversário da impressionante derrubada do Muro de Berlim — simbólica do desmoronamento do regime comunista e de sua utopia igualitária.

Esse “Muro da Vergonha”, construído na ex-Alemanha comunista em 1961, teve como objetivo esconder do mundo ocidental a miséria do império soviético — fruto do projeto de dissolução das tradições, das famílias e das propriedades particulares — e impedir que aqueles que estavam do lado de lá da “cortina de ferro” fugissem do “paraíso” comunista. Para isso, nas proximidades do muro, os esbirros bolcheviques, além de vigiarem dia e noite armados de metralhadoras, mantinham cães ferozes, minaram o terreno e levantaram torres de vigilância e cercas eletrificadas e de arame farpado. 

Apesar de todos esses obstáculos, mais de 100 mil alemães orientais tentaram atravessar a intransponível muralha a fim de fugir para o lado ocidental; mais de mil deles foram, na tentativa de travessia, covardemente mortos pelos vigias comunistas. 

Em 9 de novembro de 1989 ruiu aquela muralha comunista e temos muito a comemorar, assim como milhões de alemães ficaram eufóricos com a ruína do Muro de Berlim — muito desejada, mas a tal ponto inacreditável que muitos alemães afirmaram que, naquele dia histórico, se beliscavam para comprovar que não estavam sonhando. Entretanto, não tenho visto comemorações desta grande data por parte de certas autoridades eclesiásticas que, contudo, tanto têm esbravejado contra a construção de muros… Então, comemoremos nós!  

Celebremos, mas mantenhamo-nos alertas, pois em muitos países, inclusive no Brasil (sobretudo agora com a soltura de presidiários…), temos visto movimentos de esquerda procurando “venezualizar” as instituições e provocar o caos na pretensão de voltar ao poder, e… levantar novos muros como bons agentes de Stalin que são. 

Em memória desses 30 anos do desmoronamento do “Muro de Berlim”, reproduzimos a seguir uma análise de Plinio Corrêa de Oliveira, publicada em Catolicismo, Nº 181/2 (Janeiro/Fevereiro de 1966).

FUGINDO À TIRANIA DOS SEQUAZES DO DEMÔNIO

➤  Plinio Corrêa de Oliveira

Enquanto o mundo ocidental se preparava para as festas do Natal, uma notícia trágica, publicada com pouco destaque pela imprensa diária, chamou a atenção de uns poucos leitores. Tratava-se de um telegrama conjunto das agências Reuters e AFP, datado de Colônia. Informava ele que, segundo dados coletados pelo Serviço Federal de Guardas de Fronteira, cerca de quatro mil pessoas residentes na Alemanha comunista tentaram fugir para a Alemanha Ocidental, transpondo de um ou de outro modo a cortina de ferro, nos dez primeiros meses de 1965. Somente 1.233 delas foram bem sucedidas.
É claro que o que quatro mil pessoas ousaram um incontável número desejou. Muitos, retidos pelo receio de sanções contra seus familiares, nem tentaram fugir. Outros foram paralisados pelo explicável terror dos riscos que esse lance acarreta.
Mas, apesar desses riscos, 400 alemães em cada mês preferiram empreender a fuga, postos fora de si pelos horrores do paraíso comunista.
*   *   * 
Do que seja a atmosfera moral trágica em que essas evasões se desenrolam dão testemunho os clichês desta página. Em um deles vemos uma anciã de 78 anos, residente em uma casa situada no setor soviético de Berlim, cujas janelas se abriam para o setor ocidental. A pobre setuagenária resolveu saltar a janela do segundo andar, firmando-se no friso existente junto à mesma, e daí jogar-se em uma rede que bombeiros desdobravam a seus pés. Alguns comunistas, tomando conhecimento do fato, tiveram a covardia de tentar reter a anciã pelo braço. Por fim, ela se desvencilhou, com a ajuda de populares, e conseguiu cair sobre a rede em condições satisfatórias.
Essa fotografia bem poderia passar para a História como um símbolo do martírio de todo um povo, mais precisamente de um dos povos mais cultos e civilizados da terra.
A outra fotografia, de edifícios da Bernauer Strasse de Berlim, mostra o resultado de evasões como esta. Os comunistas muraram todas as janelas de todos os prédios situados no setor comunista que dão para o setor ocidental. Com isso revelam eles a convicção de que sua tirania é de tal maneira execrada, que por qualquer orifício praticável, dela fugiriam em quantidade suas infelizes vitimas.

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Esses clichês não ilustram apenas o quanto o comunismo é mau. Eles provam também a que grau de endurecimento de alma chegaram largos setores do Ocidente, que levam a insensibilidade moral ante fatos tais a ponto de pensar seriamente na possibilidade de um modus vivendi com os comunistas na política interna dos países ainda livres.
A maldade do comunismo não é, nele, mero acidente, que tanto poderia existir como não existir. É uma consequência necessária de suas concepções filosóficas e morais. É a expressão mais requintada da malícia diabólica presente, já nesta vida terrena, nos que lutam por Satanás, suas pompas e suas obras.
Quem ama o perigo nele perecerá, diz a Sagrada Escritura (Ecli. 3, 27 ). É de algum modo amar o perigo, fechar os olhos para a gravidade dele e aceitar as manobras astuciosas com que o adversário nos tenta ilaquear.


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PALAVRA DA SALVAÇÃO (156)


32º Domingo do Tempo Comum – 10/11/2019

Anúncio do Evangelho (Lc 20,27-38)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, que negam a ressurreição, e lhe perguntaram: “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a viúva, a fim de garantir a descendência para o seu irmão.
Ora, havia sete irmãos. O primeiro  casou e morreu, sem deixar filhos. Também o segundo e o terceiro se casaram com a viúva. E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos. Por fim, morreu também a mulher. Na ressurreição, ela será esposa de quem? Todos os sete estiveram casados com ela”.
Jesus respondeu aos saduceus: “Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se, mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram. Que os mortos ressuscitam, Moisés também o indicou na passagem da sarça, quando chama o Senhor de ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’.Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Padre Roger Araújo:
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“...pois todos vivem para Ele” (Lc 38)

Estamos nos aproximando do final do ano litúrgico. Finalmente, depois de um longo percurso contemplativo e fazendo caminho com Jesus, chegamos a Jerusalém. Lucas já narrou a entrada solene na cidade e a purificação do Templo. Continua a polêmica e os conflitos com os dirigentes religiosos. Os saduceus, que tinham seu suporte junto ao templo, entram em cena. Formado pela aristocracia laica e sacerdotal, eles constituíam a elite econômica, social e religiosa da sociedade judaica nos tempos de Jesus. Eram colaboracionistas dos romanos, uma estratégia para não colocar em risco seus interesses. Só admitiam o Pentateuco como livro sagrado e não acreditavam na ressurreição. Por isso, um grupo deles se aproxima de Jesus, ironizando precisamente sobre o tema da ressurreição, apresentando um absurdo caso hipotético de vários irmãos que, sucessivamente e de acordo com a lei do levirato, casam-se com a mesma mulher.

Jesus, porém, não responde diretamente à pergunta absurda. Como bom pedagogo, aproveita a ocasião e responde, sim, àquilo que deviam ter perguntado. Jesus sempre foi muito sóbrio ao falar da vida nova depois da ressurreição. No entanto, quando este grupo de aristocratas ridiculariza a fé na ressurreição dos mortos, Jesus reage elevando a questão ao seu verdadeiro nível e fazendo afirmações básicas.

Antes de mais nada, Jesus rejeita a ideia infantil dos saduceus que imaginavam a vida dos ressuscitados como prolongamento desta vida que agora conhecemos. É um erro representar a vida ressuscitada por Deus a partir de nossas experiências atuais. Jesus tira sua própria conclusão, fazendo uma afirmação decisiva para nossa fé: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para Ele”. E a ressurreição não é, como supõem os saduceus, um retorno ao passado. Pelo contrário, é a entrada em uma outra vida. Ressuscitar não é voltar a ser como antes, é voltar a ser como depois. 

Por ser “Deus dos vivos”, a experiência da ressurreição consiste numa Nova Criação. Deus é fonte inesgotável de Vida e acolhe a todos em seu amor de Pai-Mãe. Nesse sentido, há uma diferença radical entre nossa vida terrestre e essa vida plena, sustentada pelo Amor criativo de Deus, depois da morte. É Vida absolutamente “nova”, que deve ser esperada, mas nunca descrita ou explicada. As relações interpessoais não serão uma cópia do modo de ser desta vida. A Ressurreição é uma “novidade” que está além de toda e qualquer experiência terrestre e que é antecipada e preparada na maneira de “viver intensamente” esta vida.

Nós somos destinados, portanto, não à morte, mas à Vida e essa Vida já começou. Não temos Vida, somos Vida! Experimentamos que somos Vida. Vida mais além desta vida, e não meramente “vida depois”, nem sequer “vida perdurável”, mas vida transformada no seio da Vida que se faz vida em nós. Vivemos no fluxo da única Vida que vive em nós. Nessa Vida repousamos, surpreendidos e maravilhados por aquilo que Ela realiza em e através de tudo o que existe.

Somos visibilizações da Vida, envolvidos, sustentados e inspirados por Ela. Somos a Vida, ou mais precisamente, Ela é em nós. E a Vida é uma contínua celebração de si mesma. É o Divino em nós que ativa todas as possibilidades de nossa vida, conduzindo-nos ao seio da única Vida. Por isso, crer no Deus que é Vida, revela uma forma de viver e implica ser militante em favor da vida, frente a uma cultura de morte e violência. E crer na vida é rebelar-se contra todos os poderes que a asfixiam, fazer-se presente junto às vidas rejeitadas, ser humilde fermento que levanta e transforma as vidas caídas, abrir o coração e os olhos para apalpar a Vida em todas as mãos e pés feridos daqueles que são vítimas da “cultura do descarte”: os imigrantes expulsos, os índios despojados de suas terras, as mulheres marginalizadas, as crianças e idosos abandonados... 

Com frequência, muitas pessoas que creem, estabelecem uma separação entre Deus e a vida; ou seja, para elas, Deus e vida são realidades dissociadas e, sobretudo, contrapostas. São muitos aqueles que veem na vida, com seus males, seus sofrimentos e suas contradições, a grande dificuldade para acreditar que existe um Deus infinitamente bom e misericordioso.  E, em sentido contrário, outros veem em Deus o grande obstáculo para viver, desenvolver e desfrutar a vida em toda sua plenitude; pois o Deus que lhes é anunciado é o Deus que manda, proíbe, ameaça e castiga. Tem-se a impressão que, para viver a vida com todas as suas possibilidades e suas riquezas, é preciso prescindir de Deus. 

Na realidade, o que acontece é que, em Nome de Deus, muitas vezes as religiões reprimem tudo aquilo que na vida significa dinamismos, impulsos, forças..., enfim, tudo aquilo que o ser humano mais deseja e necessita: ser feliz, viver com segurança, com dignidade, respeitado em seus direitos, acolhido em suas diferenças, com a possibilidade real e concreta de viver prazerosamente. Com isso, a religião e a vida entram em conflito, porque a religião complica a vida de muitas pessoas que levam a sério sua experiência de Deus. E a vida, com seus dinamismos, seus direitos e seus instintos mais básicos, é vista, pelos responsáveis pela religião, como um perigo para fazer uma experiência de Deus.  Somos culpabilizados até que nos sintamos como seres miseráveis que só merecem a eterna condenação.

Todos sabemos, e experimentamos, as consequências funestas desta confrontação entre Deus e a vida: a centralidade do sacrifício e da renúncia, a repressão dos instintos da vida, a violência contra os dinamismos da sexualidade, a agressão a tudo o que se refere ao prazer e à alegria de viver... No entanto, o Evangelho deixa muito claro que a mediação entre os seres humanos e Deus é a vida, não a religião. A religião é uma expressão fundamental da vida e deve estar sempre a seu serviço. Nesse sentido, a religião é aceitável só na medida em que serve para potenciar e dignificar a vida, inclusive o prazer e a alegria de viver. Quando a religião é vivida de maneira a agredir à vida e à dignidade das pessoas, ela se desnaturaliza e se desumaniza, e acaba sendo uma ofensa ao Deus da vida revelado por Jesus. De fato, para Jesus, o primeiro é a vida e não a religião. Ele colocou a religião onde deve estar: a serviço da vida, para dignificá-la. Ele tomou partido da vida, contra aqueles que, a partir da religião, cometiam todo tipo de agressão contra a vida.

Jesus sempre se deixou conduzir pelo Espírito do Senhor para aliviar o sofrimento humano, levar a Boa Nova aos pobres, devolver a vista aos cegos, dar a liberdade aos presos e oprimidos, dar vida àqueles que tinham a vida massacrada ou diminuída, devolver a dignidade da vida àqueles que eram encurvados pelo peso da opressão e do legalismo.

Isto significa que a espiritualidade cristã, apresentada pelo Evangelho, funde a causa de Deus com a causa da vida; os cristãos encontram a Deus somente na medida em que defendem, respeitam e dignificam a vida. Nesse sentido, a vida tem a dimensão do milagre e até na morte anuncia o início de algo novo; ela carrega no seu interior o destino da ressurreição. 

Texto bíblico: Lc 20,27-38 

Na oração: A maior perda da vida é o que “resseca” dentro de nós enquanto vivemos: sonhos, criatividade, intuição.
A vida não é uma realidade estática, nem um momento congelado ou petrificado. Cada dia é única e nela vamos construindo uma história irrepetível, percorrendo um caminho em direção à Vida plena: ressurreição.
- Quando vou começar a viver como ressuscitado? Há na vida muitas coisas – pequenas ou imensas – que vão morrendo e nascendo de novo, diferentes, melhores, reconciliadas...
- Que sinais de ressurreição vou vislumbrando no meu cotidiano?
- Sou militante em favor da vida, ou alimento a cultura da morte: julgamentos, intolerância, preconceitos...? 

Pe. Adroaldo Palaoro sj


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