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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

A MODERNIDADE REVERENCIANDO A IDADE MÉDIA - Paulo Henrique Américo de Araújo


26 de setembro de 2019
Evangelho da corte de Carlos Magno

Paulo Henrique Américo de Araújo

A Idade Média exerce uma atração inegável sobre a mentalidade moderna, por mais que isso pareça estranho… aos modernistas. A todo momento, livros, filmes, seriados, novelas, desenhos animados, histórias em quadrinhos se voltam para aqueles tempos, aludindo a um mundo que já não existe, um ideal ou sonho fascinante.

Uma ressalva necessária é que a indústria do entretenimento apresenta castelos, reis, príncipes, princesas e cavaleiros medievais sempre carregados de deturpações, como bruxaria, esoterismo, degradações morais, exagerado romantismo e incontáveis outros desvios, muito distantes da Idade Média real; mas relegam a um seletivo esquecimento os aspectos reais mais atraentes, sobretudo o fato de que a civilização medieval nasceu do Sangue precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo derramado na Cruz e da ação benemérita da Santa Igreja Católica. Não obstante, é forçoso constatar que vez por outra o mundo contemporâneo se inclina diante dos verdadeiros legados medievais, e em certas ocasiões o faz sem perceber.

São Alcuíno de Iorque apresenta um manuscrito a Carlos Magno (afresco) – Victor Schnetz, séc. XIX. Museu do Louvre, Paris.

Para demonstrar esta afirmação, recorro a um artigo de Antônio Prata na “Folha de S. Paulo”, em 21-4-19.1 O autor relata como desde jovem havia se acostumado a escrever seus trabalhos usando no computador a fonte Arial, mas em certa ocasião um problema técnico o obrigou a usar a fonte Times New Roman. Após o desagrado inicial com esses caracteres que lhe pareciam antiquados, confessa que passou a simpatizar com as serifas (pequenos traços e prolongamentos ornamentais acrescentados nas extremidades das letras), pois constatou a firmeza e solidez que o estilo Times transmitia. Consequentemente, a fonte Arial começou a lhe parecer um amontoado de “palitos de fósforo”, e reconheceu que suas crônicas, escritas ao longo de muitos anos, teriam ganhado em qualidade e beleza utilizando o Times New Roman.

Remontando aos tempos de Carlos Magno

Os milagres de Notre-Dame – Jean Miélot, séc. XV. Coleção Philippe “le Bon”, Biblioteca Nacional da França, Paris.

Qual a origem desse estilo de escrita? A resposta envolve uma curiosa descoberta e uma reverência que a modernidade presta à Idade Média, sem o perceber. Não se engane o leitor, a denominação Times New Roman não quer dizer “novos tempos romanos” ou “tempos do novo romano”. Nada mais equivocado. Primeiramente, o termo “Times” se refere ao jornal “Times” de Londres, que na década de 1930 estabeleceu como padrão de impressão a tão conhecida fonte.

Até aqui, portanto, nada parece haver de medieval. Mas de onde vem o termo New Roman? Na realidade, o padrão adotado pelo jornal “Times” fizera pequenas alterações em um padrão tipográfico existente há mais de 500 anos; o qual, por sua vez, remonta a uma época ainda mais distante, levando-nos aos tempos de Carlos Magno. Quem nos relata as origens da tipologia New Roman (“novo romano”) é o Prof. Thomas F. Madden,2 da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos.

Em fins do século VIII, Carlos Magno chamou a si a restauração do antigo Império Romano, e o projeto se consolidou no ano 800, quando de sua coroação como Imperador pelo Papa São Leão III, em Roma. Carlos Magno estabeleceu sua capital em Aix-la-Chapelle, também chamada “New Rome”, ou seja, “Nova Roma”.

Tornava-se necessário preservar a cultura romana, que ia definhando após tantos anos de decadência. O Renascimento Carolíngio foi propulsionado por um grupo de intelectuais, tendo como líder o famoso monge Alcuíno de Iorque. Além de muitos outros legados, ele nos deixou a escrita dita “romana”. Vem dessa época também a “minúscula carolíngia”, isto é, a diferenciação que nos parece hoje tão banal entre as letras maiúsculas e minúsculas, até então desconhecida.

Representação de Gutenberg revisando as primeiras provas da impressão da Bíblia

Com Alcuíno à frente, iniciou-se um árduo trabalho de pesquisa e cópia dos antigos escritos e documentos romanos. Nessa época já se conhecia na Cristandade a importância dos monges copistas na reprodução e conservação de escritos religiosos e litúrgicos dos séculos passados. Mas esse trabalho não abrangia os manuscritos sobre assuntos temporais, que eram simplesmente ignorados pelos copistas em geral. Carlos Magno e Alcuíno notaram essa lacuna, e contrataram copistas para esses importantes documentos, pagando-os com rendas do próprio Reino.

A empreitada não era simples. O Imperador e Alcuíno exigiram que as cópias fossem feitas usando um tipo de letra de fácil leitura, para favorecer estudos das gerações futuras; e os espaços entre as letras, principalmente entre as palavras, deveriam ser bem definidos, para melhor legibilidade; tudo isso sem esquecer o ornato — as serifas, mencionadas acima.

Geralmente se usava para documentos escritos, naquela época, o pergaminho (pele de animais), material caro e de confecção difícil. Mas as novas exigências traziam como consequência o pouco aproveitamento dos espaços nos pergaminhos. E também contrariavam a tendência da época, que por motivo de economia e melhor utilização dos pergaminhos forçava os copistas a escrever letras muito próximas umas das outras e com estilo verticalizado, dificultando em boa medida a leitura e o entendimento.3

Carlos Magno proporcionou a verba para que todos esses obstáculos fossem superados. O projeto rendeu frutos incontestáveis, pois mais de cem mil documentos não religiosos da Antiguidade foram copiados, dos quais sete mil chegaram até os nossos dias.4

A tipologia “clássica” passou a dominar

Infelizmente, com a morte do grande Carlos e o período caótico que se seguiu, o método de cópia criado por Alcuíno foi deixado de lado; e as letras nítidas embelezadas com serifas, da época carolíngia, ficaram esquecidas por 600 anos. Então algo surpreendente aconteceu, fazendo-as voltar à luz. Que surpresa foi essa?

Em 1450, Gutenberg apresentou ao mundo uma das mais importantes invenções da História: a imprensa de tipos móveis, uma máquina para reprodução de documentos escritos. O difícil trabalho dos copistas tornou-se assim desnecessário, mas os homens envolvidos na utilização do invento se depararam com um problema: encontrar um padrão tipográfico ideal para a máquina de imprensa.5

Não nos esqueçamos de que esses eram homens da Renascença, por isso rejeitavam tudo o que dizia respeito àquela “época de trevas” medieval. Queriam desencravar um tipo de letra proveniente da Antiguidade clássica, romana, pois aí estava a “verdadeira civilização”, segundo eles.

Iniciaram-se as pesquisas. Foram evitados solertemente documentos sobre temas religiosos ou litúrgicos dos monges copistas, facilmente reconhecíveis, pois eram registrados com caracteres comprimidos, apertados, “grotescos” até.

Mais pesquisas, e finalmente encontraram manuscritos com grafia diferenciada, não relacionados com o cristianismo ou a Igreja Católica. Eram mais recentes, inspirados em antigos escritos clássicos “profanos”. Além disso traziam letras espaçadas, bem legíveis – uma padronização distante daquela “época de trevas” e perfeitamente adequada ao desejo dos pesquisadores.

Satisfeitos, aqueles renascentistas implementaram na máquina de imprensa a tal tipologia “romana clássica”. Não suspeitavam que fosse justamente o estilo de letras desenvolvido por Alcuíno e promovido por Carlos Magno, dois homens símbolos da mesma Idade Média que tais renascentistas tanto menosprezavam.

A partir das rudimentares máquinas do século XV, a tipologia “clássica” passou a dominar todas as formas de imprensa e publicações escritas. Mais recentemente foi incorporada aos sistemas de informática, e até nos métodos chamados virtuais os caracteres medievais reinam incontestes.

Os mesmos homens que desprezaram ou desprezam a herança medieval acabaram agindo, sem o saberem, no sentido contrário aos seus próprios preconceitos, uma espécie de revide histórico às avessas!

 “E Deus zombará de seus inimigos”, diz a Escritura (Salmos 2-4). Também assim a Idade Média se vingou de seus críticos.

*   *   *
Como vimos no início, o cronista Antônio Prata, ao destacar a solidez e beleza da fonte Times New Roman, na realidade se curvou ante o gênio medieval. O mundo moderno faz o mesmo a todo momento, sem o saber. Apesar de representarem uma rejeição aos ornatos medievais, mesmo as fontes sem serifas, como a Arial, têm sua origem no estilo dos tempos de Carlos Magno. O leitor que tem diante dos olhos este texto, seja na versão impressa ou eletrônica, o lê no mesmo padrão proveniente da Idade Média. Não há, portanto, como fugir da reverência a essa época histórica. Todos lhe prestam homenagem, mesmo os seus adversários.
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Notas
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 824, Agosto/2019.


2. The Modern Scholar: The Medieval World, Part II: Society, Economy, and Culture (The Modern Scholar) Audio CD – 2009, Thomas F. Madden, Universidade de Saint Louis.

3. Geralmente designa-se como gótico esse estilo de escrita.

4. Nesse conjunto encontram-se obras de Cícero, Marcial, Estácio, Lucrécio, Terêncio, Júlio César, Boécio, dentre outros.

5. Na Alemanha, as primeiras impressões utilizaram tipos góticos, como a famosa Bíblia de Gutenberg. Na Itália, o mesmo não ocorreu, como se vê mais adiante no mesmo artigo.



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A HISTÓRIA DO DEPUTADO QUE FALAVA SOZINHO ENQUANTO TODOS OS OUTROS SAQUEAVAM A NAÇÃO


30/09/2019


2002: PT eleito. 2006: PT eleito. 2010: PT eleito. 2014: PT eleito. O Congresso Nacional todo comprado, servindo apenas de um mero carimbador para os projetos de lei que vinham do Executivo e como “sócio” do Governo em maracutaias.

Nesse cenário, um Deputado Federal destacava-se (negativamente), falando sozinho no Plenário, em discursos de forte oposição à política da época, nadando contra a maré de roubalheira desenfreada e de fisiologismo.

Ninguém o levava a sério, e até mesmo o ridicularizavam, já que ele era motivo de chacota.
Agora, que ele é Presidente da República, e continua se mantendo firme e fiel aos mesmos princípios que sempre teve, ao primeiro sinal de que seu governo será mais difícil do que alguns pensavam, já vejo gente desanimada, e disseminando histerismo nas redes sociais e na internet.

Você, que não aguenta 9 meses de um governo que, antes mesmo de tomar posse, já sabia que receberia forte oposição e sabotagem de todo o sistema (incluindo-se aí os outros 2 Poderes e o próprio Executivo, com setores da administração pública indireta, como universidades, além da totalidade da mídia do país), sem dar chilique e ficar nervoso, com crises de ansiedade e pânico: quer um conselho?

O mundo não tem lugar pra gente fraca. Se for o seu caso, que já desistiu do Presidente que ajudou a eleger (obviamente, estou escrevendo para quem votou em Bolsonaro, ainda que no 2º turno por “falta de opção”, como gostam de falar) e do Brasil, saia das redes sociais e da internet, e vá viver a sua vida tranquilamente, tentando ter paz de espírito.

Não fique contaminando pessoas que têm fé e esperança, e que acham que o que fazem juntas, conscientizando todos sobre a necessidade de se empenharem para o Governo dar certo, é importante para o Brasil.

Saiba você que, no fundo, Jair Bolsonaro continua lutando sozinho contra essa corrupção que se espalhou e se instalou em nosso país. Queremos apenas ajudá-lo, para tornar a sua missão um pouco menos dolorosa e seu fardo um pouco menos pesado.

É que nós não vamos simplesmente cruzar os braços, ver o barco afundar e não fazer nada. Não e não. Ficaremos até o final. Até o último homem. Até o último suspiro. Porque sabemos que o que fizemos na urna, no ano passado, não acabou, e nosso pensamento é de longo prazo; a mudança que implementamos em nosso país, quanto à forma de se fazer política, é irreversível.

Mas se isso tudo é demais para você, mais uma vez eu sugiro que saia da internet, para se preservar do sofrimento com as crises de ansiedade e histerismo. Volte em 2022, para ajudar a reeleger Bolsonaro, para continuarmos o trabalho que iniciamos em 2018 (e do qual você participou). Será muito bem recebido, como sempre. Sabemos que no fundo você quer o mesmo que nós, só que não aguenta a luta, as consequências da batalha, e entendemos isso.

Mas, por outro lado, se você está é decepcionado e desanimado com o Governo de Jair Bolsonaro, e já se pondo em dúvida se está arrependido com o seu voto, fique tranquilo que em 2022 você poderá votar em João Dória, Luciano Huck, João Amoedo, ou ainda em Ciro Gomes. Eles certamente não farão você se arrepender do seu voto.

Já nós todos aqui, repito, ficaremos até o final, junto com aquele deputado que falava sozinho diante de um plenário vazio, na época em que nenhum outro parlamentar o ouvia, porque estavam todos ocupados saqueando a Nação.



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