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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

ESQUECER UM AMOR DÓI TANTO - Marília Benício dos Santos

Esquecer um amor dói tanto


          Sentada nas pedras da praia de Itapoan, olhava a chegada dos saveiros. É lindo vê-los no horizonte e acompanhar sua chegada até a praia. O sol estava se pondo e derramava sobre a terra os seus últimos raios, que não eram dourados, mas vermelhos parecendo chama de fogo. As ondas batiam nas pedras com tanta força, que pareciam querer quebrá-las mas apesar de toda a sua fúria, eram transformadas pelas pedras em espuma. Como era gostoso sentir no corpo as gotinhas dessas espumas que subiam até nós.
          Junto de mim estava Margot que com os olhos cheios d’água, declamava:

          “Tu gostas tanto do mar
          E eu me fico tão triste
          Só em pensar
          Que tu gostas assim tanto mar”.

          - Margot, eu tenho a impressão de que Luiz não gosta assim tanto do mar.
          Ela, porém continuou:

          “Tu gostas mais do mar
          Do que de mim
          Porque dizes que o mar é verde
          Mas tu não vês que eu tenho
          A alma toda verde de esperança”.

          Margot realmente vivia cheia de esperança. Vivia apaixonada e não era correspondida. Luiz era o nome da paixão de Margot. Os dois se conheceram em minha casa. Ele gostou muito da conversa dela. Conversamos sobre os livros de Machado de Assis.
          Depois daquela noite, ficaram amigos e batiam longos papos. 
          Para Luiz, tudo não passava de uma amizade, mas Margot com sua fantasia romântica transformou tudo num grande amor. Quando ele percebeu que ela queria algo mais, afastou-se. 
          A pobre Margot vivia esperando a passagem do seu amor, na esperança de um encontro.
          Luiz resolveu então mudar de caminho, já não ia tomar o bonde onde costumava tomar: em frente a casa de Margot. Mesmo assim, ela tinha uma esperança.
          Naquele fim de tarde, ela sentada nas pedras, chorava muito. Ficara sabendo que Luiz estava namorando. Com os olhos cheios de lágrimas declamava:

          “Amar e ser amada, uma aventura
          Não amar sendo amada, triste horror
          Mas há na vida, uma noite mais escura
          Amar alguém que não nos tem amor”.

          Eu muito aflita, fazia tudo para ajudá-la, mas estava muito difícil.
          - Esqueça, namore outro. Vamos, esqueça. 
          Ainda hoje me recordo da expressão sofrida em seu rosto ao declamar:

          “Esquecer um amor dói tanto
          Que é melhor se lembrar a vida toda”.

          E foi isso que ela fez. Não o esqueceu. Namorou outros mas não podia esquecê-lo.
          Depois de muitos anos, encontrei-me com ela, agora, já casada e com netos. Conversamos muito, matamos as saudades. Ela convidou-me para dar um passeio na praia. Enquanto admirava a beleza do mar, ela declamava:

          “Tu gostas tanto do mar...”


(CARROSSEL)
Marília Benício dos Santos

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ITABUNA CENTENÁRIA REFLETINDO (3) - A lenda do colar

A lenda do colar


Li certa vez uma lenda, que não sei quem escreveu, mas que me fez muito bem. Dizia que um rei tinha dado à sua filha, a princesa, um belo colar de diamantes. Mas o colar foi roubado e as pessoas do reino procuraram por toda a parte sem conseguir encontrá-lo. Alguém havia dito ao rei que seria impossível encontrá-lo, porque um pássaro o teria levado fascinado por seu brilho. O rei, desesperado, então ofereceu uma grande recompensa para quem o encontrasse.

Um dia, um rapaz caminhava de volta para casa ao longo de um lago sujo e mal cheiroso. Enquanto andava, o rapaz viu algo brilhar no lago e quando olhou viu o colar de diamantes. Tentou pegá-lo, pôs sua mão no lago imundo e agarrou o colar, mas não conseguiu segurá-lo, o perdeu. No entanto, o colar continuava lá no mesmo lugar, imóvel. Então, desta vez ele entrou no lago, mesmo sujo, e afundou seu braço inteiro para pegar o colar; mas não conseguiu de novo, o colar escapava-lhe.

Saiu, sentou e pensou de ir embora, sentindo-se deprimido. Mas, de novo ele viu o colar brilhando. Decidiu agora mergulhar no lago, embora fosse sujo. Seu corpo ficou todo sujo, mas ainda assim não conseguiu pegar o colar.

Ficou realmente aturdido e saiu, sentou-se às margens do lago, pensativo... que mistério!

Um velho que passava por ali o viu angustiado, e perguntou-lhe o que estava havendo. O rapaz não quis contar para o velho com medo de perder a recompensa do rei. Mas o velho pediu ao rapaz que lhe contasse qual o problema, e prometeu que não contaria nada para ninguém e não o atrapalharia em nada.

O rapaz, dando o colar por perdido, decidiu contar ao velho. Contou tudo sobre o colar e como ele tentou pegá-lo, mas fracassando. O velho então lhe disse que talvez ele devesse “olhar para cima”, em direção aos galhos da árvore, em vez de olhar para o lago imundo. O rapaz olhou para cima e, para sua surpresa, o colar estava pendurado no galho de uma árvore. Tinha o tempo todo, tentado capturar um simples reflexo do colar...

A felicidade material é como este colar brilhante no lago deste mundo; pois é um mero reflexo da felicidade verdadeira do mundo espiritual. É melhor “olhar para cima”, em direção a Deus, que é a fonte da felicidade real, do que ficar perseguindo o reflexo desta felicidade no mundo material. A felicidade espiritual é a única coisa que pode nos satisfazer completamente.

 (autor desconhecido)

(Retirado do livro: 100 Mensagens para Alma, Ed.Cléofas)

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