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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

CRITÉRIOS BÁSICOS PARA O VOTO ELEITORAL DOS CATÓLICOS - Mons. José Luiz Villaça



5 de outubro de 2018
  Mons. José Luiz Villaça

 Pergunta — Venho notando uma tremenda indefinição de meus conhecidos quanto às próximas eleições. Há muita confusão. Para esclarecê-los, tenho procurado falar que devemos escolher candidatos que não defendem projetos ou práticas transgressoras das Leis de Deus. Como eu não consigo ir além, rogo ao Mons. José Luiz a gentileza de uma ajuda para a minha argumentação. Pergunto se realmente a Igreja proíbe aos católicos votar em candidatos que defendem práticas contrárias às Leis de Deus.

Resposta — Atendo com muito gosto ao pedido do consulente, frisando de antemão que minha resposta não tem nenhum caráter político-partidário; trata-se apenas de uma orientação teórica para as consciências a respeito do reto exercício dos direitos e obrigações dos fiéis na sua participação na vida pública.

Deve-se de início ressaltar que os cidadãos são moralmente corresponsáveis ​​pela sociedade em que vivem, de modo especial numa democracia, na qual são convocados para eleger representantes que irão reger e legislar em seu nome. Não devem esquecer que a finalidade da votação deve ser, em última análise, a promoção do bem comum da sociedade.

A qualidade de um candidato, seja qual for o cargo público que pleiteie ocupar, não deve ser medida apenas com base em sua personalidade (simpatia, facilidade para falar em público, habilidade em gestão administrativa, etc.), mas também com base na sua personalidade pública: os princípios e os programas que ele pretende desenvolver para promover o bem comum.

Valores que um candidato não pode desprezar

A proteção da vida humana inocente
desde a concepção até a morte natural,
uma das condições para um católico votar em consciência

O Catecismo da Igreja Católica menciona os componentes essenciais do bem comum: os direitos fundamentais e inalienáveis ​​da pessoa humana (nº 1907); o bem-estar social e o desenvolvimento da sociedade, incluindo a educação, a cultura, o trabalho, a saúde, etc. (nº 1908); a paz e a segurança cidadã (nº 1909). Portanto, a ordem social “tem por base a verdade, constrói-se na justiça e é vivificada pelo amor” (nº 1912).

Existe uma hierarquia entre esses componentes do bem comum: alguns são essenciais e não negociáveis, outros são contingentes e permitem várias propostas. Logicamente, os valores não negociáveis devem ter primazia nas preferências dos eleitores católicos, porque dizem respeito a valores essenciais da pessoa humana e da vida social, cuja violação é um mal intrínseco e não pode ser justificado por nenhum motivo ou circunstância. A posição de um candidato a respeito dos valores não negociáveis deve ser, portanto, o critério essencial para julgarmos sua aptidão para ocupar um cargo público.

Atualmente os valores não negociáveis para um eleitor católico são:

*A proteção da vida humana inocente desde a concepção até a morte natural;
*O reconhecimento e a promoção da estrutura natural da família, baseada no matrimônio indissolúvel entre um homem e uma mulher;
*A proteção do direito primário dos pais de educar seus filhos (cfr. Papa Bento XVI – discurso a um grupo de parlamentares europeus em 30-3-06).


Critérios básicos para bem eleger

Reconheço que, para muitos leitores, escolher em quem votar é uma tarefa por vezes difícil. Mas determinar em quem não votar é relativamente fácil, pois são todos os candidatos que promovem o desrespeito e a violação dos mencionados valores não negociáveis. Tais candidatos são inimigos do bem comum, e sua eventual eleição para os cargos que disputam causaria muitos males ao Brasil e aos direitos dos seus habitantes.

Alguém poderia perguntar: Quais são os princípios morais que obrigam os eleitores, em consciência, a excluir do voto os candidatos favoráveis ao aborto, às uniões homossexuais ou à ideologia de gênero?

O fundamento é triplo.

Primeiro, porque a regra fundamental da moralidade é fazer o bem e evitar o mal. Mas para isto ser factível é preciso sabermos quais os bens que devem ser procurados e, acima de tudo, os males que devem ser evitados.

Segundo, porque os critérios que permitem fazer tais discernimentos entre o bem e o mal nos são dados pela moral católica, com base nos Mandamentos de Deus e na Lei natural: “O Deus Criador é, de fato, a única e definitiva fonte da ordem moral no mundo por Ele criado. O homem não pode por si mesmo decidir o que é bom e o que é mau, não pode ‘conhecer o bem e o mal, como Deus’” (João Paulo II, encíclica Dominum et vivificantem, nº 36).

Segue-se daí, em terceiro lugar, o que escreve São Boaventura: “A consciência é como o arauto de Deus e o seu mensageiro; e o que ela diz não provém dela própria, mas provém de Deus, à semelhança de um arauto quando proclama o edito do rei. Disto deriva o fato de a consciência ter a força de obrigar” (João Paulo II, encíclica Veritatis Splendor, n° 58).

Portanto, os eleitores católicos devem votar de acordo com a sua consciência, mas primeiro formá-la segundo os ensinamentos de Jesus Cristo e do Magistério da Igreja perene. Não devem seguir as modas do mundo, nem as inovações de alguns falsos teólogos descarrilados.

As leis humanas, de fato, só obrigam em consciência quando são justas. Quando prescrevem algo intrinsecamente imoral, seu cumprimento não é obrigatório, pelo contrário, é pecado obedecê-las (cfr. Atos 5,29). É intrinsecamente injusto (ou seja, é pecado, e pecado grave) elaborar uma lei semelhante ou votar a seu favor.

Não se pode contribuir com práticas imorais

Duas condições não negociáveis para se pensar ao votar em alguém:
o reconhecimento e a promoção da estrutura natural da família,
baseada no matrimônio indissolúvel entre um homem e uma mulher,
e a proteção do direito primário dos pais de educar seus filhos.

Alguém poderá objetar como sendo exagerado proibir por tais motivos o voto em candidato que é bom em outras coisas. Respondemos que não é exagerado, porque votar em um candidato que promove a violação dos valores não negociáveis equivale a colaborar formalmente com a prática dos inúmeros pecados que resultarão da aprovação legal de tal violação da ordem moral. Equivale também a contribuir para a deformação moral de toda a população, pois a ordem legal tem natureza pedagógica.

No caso específico do aborto, votar por um candidato pró-aborto equivale a associar-se ao que já foi qualificado pelo Concílio Vaticano II como crime abominável (Constituição Gaudium et Spes, nº 51). “A Igreja afirmou, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. Continua invariável. O aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral”, afirma categoricamente o Catecismo da Igreja Católica (n ° 2271).

Coerência entre vida privada e vida pública

Além dessas regras gerais de moral, cumpre ainda respeitar algumas normas elementares de prudência na escolha dos candidatos. Tanto mais isso é necessário quando se constata que grande parte dos nossos políticos não é transparente quanto às suas verdadeiras convicções no âmbito da moral, menos até do que no manejo dos fundos públicos. A vida pública nacional tem mostrado claramente isso nos últimos anos. Por isso, recomendo vivamente aos leitores investigar qual é a posição dos candidatos em relação aos valores não negociáveis mencionados acima. Não basta confiar na ideia simplória de que o candidato deve ser bom, se figura na lista do partido no qual se costuma votar. E se algum candidato ainda não manifestou o que pensa sobre o aborto, as uniões homossexuais, a ideologia de gênero, etc, é necessário pedir-lhe que se explique publicamente.

Devo lembrar que alguns candidatos se afirmam católicos e dizem que se opõem a essas práticas abomináveis, mas na realidade tomaram iniciativas em favor delas; ou também não estão dispostos a apoiar a sua revogação. Recomendo que desconfiem especialmente desses candidatos com posição ambígua ou contraditória, que afirmam distinguir entre sua vida privada e sua vida pública, entre suas opiniões privadas e suas condutas públicas. Porque contradizer na vida pública a fé e a moralidade que se declara ter na vida privada revela, no melhor dos casos, uma espécie de esquizofrenia espiritual, como salientou Bento XVI. Ou senão, um simples abuso da etiqueta de católico para angariar mais votos.

Finalmente, aconselho a todos rezarem a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, para que nos proteja e impeça que os valores não negociáveis sejam violados na Terra da Santa Cruz.


* * *

INDIFERENÇA NACIONAL! - Antonio Nunes de Souza


Parece incrível a maneira displicente dos brasileiros (em sua grande maioria), com relação a uma eleição importantíssima que abrange o senado, o palácio da Alvorada e as câmaras estaduais e federais.

Estamos nada mais, nada menos que, numa dificuldade terrível, quando teremos que separar o joio do trigo, para que possamos obter uma administração e legislação séria, para que possamos ver o nosso país voltar a crescer, ser digno de respeitabilidade no mundo, como vinha acontecendo nas últimas décadas, mas, sem as canalhices e crimes cometidos por uma série de políticos corruptos e canalhas oportunistas de quase todos os partidos existentes.

Imagino que, em outros países mais sérios, estaríamos todos sobressaltados com as promessas dos quase mesmos candidatos do passado que, vergonhosamente, vem prometendo e não cumprindo suas palavras!

Será que a idiotice do povo faz com que sejam levados por essas ladainhas cansativas e desgastadas?

“Darei educação, segurança, saúde, assistência social, transportes, casas ou moradias, saneamentos, etc.” Esse “beabá” ridículo já estamos cansados de ouvir e depois, os resultados são, literalmente, infames!

Espero que, na hora do voto, o povo tenha a sensatez de escolher bem entre os melhores(?) ou menos piores, que já provaram em muitas vertentes grandes melhorias em benefício do país e das comunidades.

Que não sejamos indiferentes, achando como sempre que é isso mesmo e, depois das eleições, passar quatro anos se lamentando, porque não tiveram a preocupação de escolher melhor!

Vamos aplicar a sensatez, sabedoria, respeito e patriotismo, fazendo com que essa tumultuada eleição seja a nossa redenção e um começo de uma nação respeitável, justa e democrática de verdade!

Antonio Nunes de Souza, escritor,
Membro da Academia Grapiúna de Letras (AGRAL)

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NOBEL DA PAZ 2018 VAI PARA ATIVISTAS QUE LUTAM CONTRA VIOLÊNCIA SEXUAL

Médico Denis Mukwege tratou com sua equipe de cerca de 30 mil vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo. Já a ativista Nadia Murad é sobrevivente da escravidão sexual imposta pelo Estado Islâmico no Iraque.

Por G1
05/10/2018

Médico Denis Mukwege, que atua na República Democrática do Congo, e a ativista Nadia Murad, ex-escrava sexual do Estado Islâmico no Iraque, ganharam o prêmio Nobel da Paz de 2018 — Foto: Christian Lutz/AP

A ex-escrava sexual do grupo extremista Estado Islâmico Nadia Murad e o médico ginecologista Denis Mukwege ganharam o Prêmio Nobel da Paz 2018 por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado. O anúncio dos vencedores foi feito na manhã desta sexta-feira (5), em Oslo, na Noruega.

Denis Mukwege, de 63 anos, passou grande parte de sua vida adulta ajudando as vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo, na África, e lutando por seus direitos. Ele e sua equipe trataram cerca de 30 mil vítimas desses ataques, desenvolvendo grande experiência no tratamento de lesões sexuais graves.

Nobel da Paz vai para ativistas que lutam contra a violência sexual

Conhecido como "doutor milagre", ele é um crítico feroz do abuso de mulheres durante guerras e descreveu o estupro como uma "arma de destruição em massa".

Financiado pela Unicef e outros doadores, Mukwege montou um hospital com 350 leitos, uma unidade de atendimento móvel e um sistema para oferecer microcrédito para as vítimas reconstruírem sua vida.

“Posso ver nas faces de muitas mulheres como estão felizes de serem reconhecidas", afirmou Mukwege, que estava em cirurgia quando soube que tinha ganhado o prêmio.



Ginecologista congolês Denis Mukwege, em imagem de arquivo de 24 de outubro de 2016 — Foto: Joel Saget / AFP

"O princípio básico de Denis Mukwege é que 'a justiça é da conta de todo mundo'. O Prêmio Nobel 2018 é o símbolo mais importante e unificador, tanto nacional como internacionalmente, da luta para acabar com a violência sexual na guerra e nos conflitos armados", diz a organização no tuíte acima.

Denis Mukwege’s basic principle is that “justice is everyone’s business”. The 2018 Peace Laureate is the foremost, most unifying symbol, both nationally and internationally, of the struggle to end sexual violence in war and armed conflicts.



Nadia Murad, de 25 anos, se tornou uma ativista dos direitos humanos da minoria yazidi após sobreviver a três meses de escravidão sexual imposta por integrantes do EI no Iraque.


"Espero que ajude a levar justiça às mulheres que sofreram violência sexual", afirmou Nadia após ser informada do prêmio.

Após escapar dos terroristas, em 2014, ela liderou uma campanha para impedir o tráfico de pessoas e libertar o grupo étnico-religioso yazidis, que é composto por cerca de 400 mil pessoas. As crenças desse grupo misturam componentes de várias religiões antigas do Oriente Médio. A etnia é considerada "infiel" pelos extremistas do EI.


Nadia Murad, em imagem de arquivo de 13 de dezembro de 2016 — Foto: Frederick Florin / AFP



Mulheres usadas como armas de guerra


A presidente do comitê norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen, afirmou que edição deste ano do Nobel pretende enviar a mensagem de que “as mulheres, que constituem a metade da população, são usadas como armas de guerra e precisam de proteção; e que os responsáveis devem ser responsabilizados e processados por suas ações”.

O comitê recebeu neste ano a nomeação de 216 indivíduos e 115 organizações. Somente algumas dezenas deles são conhecidos. O comitê mantém a lista em segredo há 50 anos.

O prêmio é de 9 milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão de dólares) e será entregue numa cerimônia em Oslo em 10 de dezembro. Criada pelo industrial sueco Alfred Nobel, o inventor da dinamite, a premiação foi concedida pela primeira vez em 1901.


Veja os vencendores de 2018

Química: Frances H. Arnold, George P. Smith e Sir Gregory P. Winter foram premiados por desenvolverem técnicas que permitem a fabricação de combustíveis verdes e de anticorpos mais eficientes.

Física: Arthur Ashkin, Gérard Mourou e Donna Strickland foram os ganhadores por descobertas sobre laser. O prêmio de Física foi pela primeira vez em 55 anos entregue a uma mulher.
Medicina: James P. Allison e Tasuku Honjo foram premiados por uma pesquisa sobre imunoterapia contra o câncer.

O ganhador na categoria Economia será conhecido na segunda-feira (8). O prêmio em Literatura foi adiado para 2019 depois de uma acusação contra o marido de uma de suas integrantes. Ele foi condenado esse ano por cometer abusos sexuais e vazar o nome de vários ganhadores do prestigiado prêmio.

Últimos ganhadores do Nobel da Paz

2017: A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican, sua sigla em inglês) foi premiada por chamar a atenção para as consequências catastróficas do uso de armas nucleares e pelos seus esforços inovadores para conseguir a proibição do uso dessas armas.

2016: Juan Manuel Santos, então presidente da Colômbia, conquistou o prêmio pelo esforço de pacificação do país. Naquele ano, o governo conseguiu fechar um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) após uma guerra civil que já durava mais de 50 anos.


 Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia, em imagem de arquivo — Foto: AP Photo/Ronald Zak

2015: Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia ganhou o prêmio por sua decisiva contribuição para a construção de uma democracia pluralista no país durante a revolução de 2011.

2014: os vencedores foram o indiano Kailash Satyarthi e a paquistanesa Malala Yousafzay, "pela sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação". A estudante do Paquistão se tornou a mais jovem ganhadora do prêmio.

2013: Organização para a Proibição das Armas Químicas, entidade que supervisiona destruição do arsenal químico na Síria em guerra.

Malala Yousafza durante visita a Salvador, em imagem de arquivo — Foto: Egi Santana/G1

2012: União Europeia ganhou por ter contribuído para pacificar um continente devastado por duas guerras mundiais.

2011: Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee (Libéria) e Tawakkol Karman (Iêmen) ganharam por sua luta não violenta em favor da segurança das mulheres e seus direitos a participar dos processos de paz.

2010: Chinês Liu Xiaobo (China), dissidente detido, "por seus esforços duradouros e não violentos em favor dos Direitos Humanos na China".

2009: O então presidente americano Barack Obama foi premiado "por seus esforços extraordinários com o objetivo de reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos".

Barack Obama, em imagem de arquivo — Foto: AFP

2008: Martti Ahtisaari (Finlândia) foi premiado por suas numerosas mediações de paz em todo o mundo.

2007: Al Gore (EUA) e o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU ganharam o prêmio por seus esforços para aumentar o conhecimento sobre as mudanças climáticas.

2006: O prêmio foi para Muhammad Yunus (Bangladesh) e seu banco especializado no microcrédito, o Grameen Bank, porque "uma paz duradoura não pode ser obtida sem que uma parte importante da população encontre a maneira de sair da pobreza".



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