Total de visualizações de página

sexta-feira, 7 de maio de 2021

ITABUNA CENTENÁRIA UM SONETO: Madalena – Dom Aquino Corrêa



                                         Madalena

 

Aos pés do Mestre, que ela beija e lava,

Dos seus olhos na límpida corrente,

Enxugando-os depois, na coma flava,

Como em toalha de seda refulgente!

 

Ao partir o alabastro, que levava,

E cujo aroma que a envolve inteiramente,

O coração a estuar, como uma lava,

Transfigurada, extática, imponente!

 

A Madalena encarna, nesse instante,

A alma humana, que ao fim do voo errante

Pelas quimeras dos ideais risonhos,

 

Despedaça, sem dó, chorando embora,

Ante o olhar da Verdade Redentora,

A ânfora azul dos seus mais lindos sonhos!

 

(DOM AQUINO CORRÊA)

Nova et Vetera

 

 ------------


DOM AQUINO CORRÊA

Distinto e dedicado poeta mato-grossense, natural de Cuiabá, nascido em 02/04/1885, faleceu em São Paulo em 22/03/1956. Ingressou na Congregação Salesiana, tendo-se ordenado presbítero, em Roma, em 17/01/1909. Eleito bispo em 1914, chegou, em 1921, a Arcebispo de Cuiabá. Foi governador do seu estado em 1918. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras (cadeira nº 34, cujo patrono é Sousa Caldas), onde foi recebido em 1926. Seus primorosos Discursos foram reunidos em uma grande maioria, em três volumes, aparecidos respectivamente em 1927, 1945 e 1952. Estreou na poesia com 2 volumes de Odes, editados em 1917. Publicou ainda em verso : Terra Natal (1922) E Nova et Vetera em 1947. Sua figura empolgante de sacerdote, de literato e de homem acaba de ser magistralmente traçada pelo Prof. Arlindo Drumond Costa na obra de sabor clássico a que deu por título – A Nobreza espiritual de Dom Aquino Corrêa (São Paulo, 1962).

* * *