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terça-feira, 21 de novembro de 2017

CÉU ESTRELADO - Marília Benício dos Santos

Céu Estrelado

            Quando olho o céu cheio de estrelas, fico a pensar: “Qual será a minha?” Os teólogos, os católicos intelectuais, dirão: “Que bobagem! O céu é um estado de espírito.” Sei disso. Mas como é bom não ter compromisso com a teologia, nem com a ciência. E deixar que meu eu criança domine o meu mundo. E é isso que faço agora.

          Um dia, o Pai do Céu chamou uma estrelinha e disse: “Estrelinha, você vai descer à terra e tomar conta de uma criança que vai nascer hoje. Não perturbe sua liberdade. Deixe que ela lhe descubra. Aos pouquinhos ela vai unindo-se a você. E quando eu determinar, você a trará junto de mim.” E assim, minha estrelinha foi ajudando-me na caminhada. Com o meu Batismo, ela começou a nascer dentro de mim. Com a minha Primeira Comunhão, tornou-se mais nítida. E, apesar de muitas quedas, sempre consigo encontrá-la. Depende da minha união com ela para que sua luz me ilumine. Sei que enquanto eu estiver aqui na Terra, esta união não poderá ser perfeita. Aqui, vivo como naqueles brinquedos de armar, um quebra-cabeça. Não há acomodação perfeita, há sempre um desequilíbrio, ora um aborrecimento ou uma incompreensão, dores ou uma preocupação, uma dúvida, tanta coisa!

            Depois da missão cumprida, quando o Pai do Céu disser que está na hora, então a minha estrelinha me levará ao meu lugar certo. Então, eu e ela passaremos a ser a mesma estrela. É o lugar certo no brinquedo de armar.

            Espero em Deus não perder minha estrela de vista. E com a “certeza na frente e a minha estrela na mão chegarei lá”.

            Hoje, o meu eu criança, fitando o céu, tenta identificar cada estrela, reconhecer em cada uma os meus queridos que já se foram. “Aquela estrela é o papai, aquela outra de mamãe e a de lá de cima, bem pequenina e brilhante é a de Chiquinho.” E por aí eu vou brincando com as estrelas.

            O mais gostoso é imaginar  a festa das estrelas com a minha chegada no céu.



(ARCO ÍRIS)

Marília Benício dos Santos

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HERÓI DOS PALMARES - Cyro de Mattos

Herói dos Palmares
 Cyro de Mattos


Falo Zumbi,
Digo Palmares,
Ritmo da liberdade.

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
Batuque da igualdade.

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
Canção da fraternidade.

Falo Zumbi,
Digo Palmares
Sem o açúcar insaciável.

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
Grito de cor indignada.

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
No abismo a África salta. 

Falo Zumbi,
Digo Palmares
Nessa dívida impagável.



*Cyro de Mattos é autor de 43 livros individuais. Organizou dez antologias. Tem doze livros publicados em várias editoras europeias. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia.  Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

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