Total de visualizações de página

domingo, 13 de dezembro de 2020

VARIEDADE E UNIDADE NAS CANÇÕES DE NATAL – Plinio Corrêa de Oliveira

13 de dezembro de 2020


Por meio de seus cantos natalinos, cada povo glorifica a seu modo o Menino Jesus

Plinio Corrêa de Oliveira

 

Nas diversas nações, os cânticos de Natal variam de acordo com a índole nacional, mas em todos estão sempre presentes as mesmas notas apropriadas à Noite Santa. Há canções natalinas norte-americanas, brasileiras, italianas, alemãs, francesas, espanholas etc. São bem diferentes umas das outras, entretanto manifestam-se em todas os mesmos sentimentos despertados pelo Menino Jesus, por Nossa Senhora, por São José, pelo presépio. Quais são esses sentimentos?

O primeiro é a inocência. Os vários povos souberam compor verdadeiramente hinos de entusiasmo à inocência do Menino Jesus, que repercutem sob a forma de acordes a inocência de cada um ao glorificá-Lo. O entusiasmo que cada povo manifesta pela inocência do Divino Menino reflete um elemento de inocência que há em nós. Se não tivéssemos inocência alguma, não nos interessaríamos por Ele. Há quem não se interesse por Ele, ou aparenta interesse por pura formalidade. Como há em nós uma inocência, nos interessamos e cantamos a inocência presente n’Ele.

Está presente também o sentimento de ternura, pelo fato de o Menino Jesus ser tão frágil e pequeno, sendo ao mesmo tempo Deus. Há uma espécie de ternura, de compaixão, pois Ele é o Homem Deus — tão grande, entretanto contido naquela Criancinha. Disso decorre a vontade de proteger o Menino Jesus contra qualquer fator agressivo. Assim, algumas canções de Natal sugerem uma nota de defesa do Divino Infante.


As canções natalinas dos diversos países apresentam certa analogia com o sol, cuja luz tem a mesma cor; porém, quando ela atravessa um vitral, seus raios tomam coloridos diferentes, mas harmoniosos. A luz do sol que incide sobre o vitral projeta belezas como a de pedras preciosas.

Da mesma forma, o Menino Jesus é um só. Mas, quando cantado pela alma anglo-saxônica, notamos certo tipo de beleza; pela alma germânica, outro aspecto do belo; pela alma latina, brasileira, hispano-americana, surgem outras belezas. Já ouvi canções eslavas, inclusive russas; muito bonitas, mas com outras notas. Todas essas canções formam como que um vitral do Menino Jesus.

_____________

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 30 de dezembro de 1988. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

https://www.abim.inf.br/variedade-e-unidade-nas-cancoes-de-natal/

* * *

 

PALAVRA DA SALVAÇÃO (213)


3º Domingo do Advento – 13/12/2020

Anúncio do Evangelho (Jo 1,6-8.19-28)

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.

 

Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?” João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”. Eles perguntaram: “Quem és, então? És tu Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu: “Não”.

Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?” João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías. Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?”

João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. Isso aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

https://liturgia.cancaonova.com/pb/

---

Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Padre Roger Araújo:


---

Deixar o Advento des-velar nosso "eu verdadeiro"

 


imagem: pexels.com/andrea-piacquadio

“Quem és, afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo? (Jo 1,22) 

 

Vivemos um tempo de múltiplas imagens e estímulos, de novas versões e mudanças radicais, de diversidade de comunidades, religiões e línguas, de quebras de paradigmas em todos os campos da humanidade, de profundas transformações sociais, de rompimento de fronteiras... Este contexto de pluralidade faz com que todos se perguntem sobre sua identidade: “quem sou eu? quem somos nós?”

O ser humano está sempre em busca de sua identidade; não lhe basta existir, ele quer saber quem é, para se compreender e encontrar o sentido de sua própria existência.

Como cristãos que somos, não estamos protegidos dos ventos do momento em que vivemos; quem não se define, morre. Por isso, somos desafiados a falar de nossa identidade e adentrar-nos nas profundezas da nossa vida, para apresentar, num contexto global e totalmente mudado, qual é o nosso “rosto” hoje.

Frente às nossas falsas imagens e mentiras, frente às mascaras que nos escondem, frente às convenções sem alma, frente aos silêncios cúmplices, frente à impossível busca da perfeição, frente à negação das nossas próprias capacidades..., o tempo do Advento nos inspira a despojar-nos de capas ridículas que nos cobrem, para deixar aflorar nossa verdade desnuda, nosso “eu original”. É preciso atrever-nos a ser nós mesmos, a partir do mais interior e nobre. Há um grito que se eleva das profundezas existenciais: Viva! 

O evangelho deste domingo (3o Dom Advento) quer ser um convite a “desvelar nossa identidade”, descobrindo o que é mais original em nós, lançando-nos a superar aquilo que talvez nos impeça manifestar o que somos e expressar aos outros a riqueza que trazemos dentro de nós...

Sabemos que o ser humano age de acordo com a visão que tem de si mesmo. A percepção íntima da própria identidade é o supremo motivo e explicação das opções e mudanças importantes na vida pessoal.

João Batista tem consciência de sua identidade profunda e por isso proclama: “eu sou a voz que grita no deserto”. Ao mesmo tempo, deixa transparecer uma íntima sintonia entre sua identidade e sua missão; ou melhor, sua identidade se visibiliza na missão de “aplainar o caminho do Senhor”.

Minha identidade determina o meu comportamento. “O que eu sou determina o que eu faço”. O “quem sou eu?” é a base do “que faço eu?”  Todo ser age de acordo com sua própria autoimagem.

O agir se segue ao ser. Assim, conhecendo a mim mesmo acabo conhecendo o segredo de minhas ações e, fazendo emergir o que é mais nobre em mim, posso dirigir o curso dos meus atos, tornando-os mais oblativos e descentrados.

“Eu sou as minhas ações”, porque o que “eu sou” é o que positiva e visivelmente aparece em minhas ações. Quanto mais sou eu mesmo mais amplo é o alcance de minhas atitudes e mais transcendente o sentido de minhas opções.

Portanto, da identidade, assumida e vivida, é que brota a missão.

A identidade faz parte da missão, está em função dela, a inspira, a anima e é por ela configurada.

Com isso fica claro que a Identidade e Missão são inseparáveis, assim como a unidade insuperável entre ser e agir. Não é suficiente continuar adiante com a missão se não o fazemos como João Batista: abrasado com o amor de Deus, deixa transparecer sua verdadeira identidade na missão de ser o “precursor” do Messias.

Ter uma missão sem uma identidade que a inspire é cair no ativismo, na tarefismo, na ação insensata, ou seja, sem sentido, sem motivação e sem horizonte (para quê? para quem?).

Por outro lado, uma identidade que não se expressa na missão é vazia, é carente de humanidade e se fecha num intimismo alienante. Portanto, a identidade já é missão e a missão é revelação da identidade.

A identidade nos dá um rosto, centra-se tanto no ser como no fazer.  

Toda pessoa é um mistério para si mesma e para os outros. E quanto mais rica for sua vida, mais profundo o mistério. Mas é no coração que está a fonte, a origem e o mistério do ser humano.

O coração é a expressão da pessoa em sua interioridade e totalidade.

É no coração que se origina a necessidade de comunicação, de relacionamento e de comunhão.

É preciso ter a coragem de mergulhar até o mais profundo de si mesmo, em busca dessa luz infinita que emerge de dentro, quando se tira tudo o que é máscara e revestimento. O “eu original” é livre, criativo, transparente, iluminado... Ele escolhe os melhores caminhos que levam à plena realização de si e à transcendência.

Se a maneira pela qual nos conhecemos determina a maneira pela qual nos comportamos, quanto mais nós nos conhecemos e a tudo o que existe dentro de nós, melhor poderemos orientar nossa vida e dirigir conscientemente nossas opções.

Somos ainda, em grande parte, uma “terra desconhecida” para nós mesmos, e a viagem de descoberta é como a viagem imaginária a uma nova terra, estranha e bela, que desperta assombro frente aos seus encantos e à novidade de suas mil maravilhas. Perceberemos, depois, com surpresa e alegria, que a bela terra nova a que chegamos sem saber é nosso próprio país natal esquecido, subestimado e abandonado. A redescoberta de nós mesmos é a maior e sem dúvida a mais gratificante aventura de nossa vida.

Redescobrindo a nós mesmos, vamos encontrar o nosso lugar na história. Quanto melhor conhecemos o nosso verdadeiro ser, melhor será o valor de nossa vida para os outros.

De onde minha identidade ganha seus contornos originais? No mistério da alteridade, no encontro com o outro que me provoca a ser. A alteridade está no centro da construção da identidade, porque esta não se acha totalmente dada (como a existência), mas está para ser construída.

A identidade de João Batista é realçada pela alteridade do Messias que “está no meio de vós...; e eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”.

A alteridade é fator constitutivo da identidade. O outro não é o inimigo, o intruso, mas facilitador de minha identidade. O outro é exatamente aquele que, justo por sua alteridade, chama-me, convoca-me e assim me faz sair do enclausuramento em mim mesmo. Aqui se revela o dinamismo mobilizador presente no próprio nome

Cada um de nós tem um nome, que é próprio, não comum. É de uma pessoa. Ele expressa o nosso ser,  indica uma missão a realizar, uma vocação, um apelo a responder.. Somos chamados. É isso que significa ter um nome. É preciso crescer na consciência de que o próprio nome tem uma história e manifesta uma identidade única, irrepetível, original. O nome próprio está relacionado com nossa realidade pessoal, responsável, criativa e livre.

Na Bíblia, o nome é algo dinâmico, é um programa. A troca de nome implica uma missão que deve ser realizada pela pessoa (Gen, 17,5; Jo. 1,42).

Um nome novo: uma aventura que começa; uma história a ser construída. Nosso nome secreto Deus o conhece. Ter recebido um nome de Deus significa tomar um lugar na história, uma missão a cumprir. 

Texto bíblico:   Jo 1,6-8.19.28 

Na oração:  Diante da presença de Deus, procure estar aberto ao contato com a própria realidade interior, para que venha à superfície aquilo que o sustenta e dignifica o seu viver.

- Dirija seu olhar para o que é mais íntimo em você, onde nascem sentimentos e valores, desejos e atitudes... onde você é convidado a se alegrar com os rastros da Graça. 

- Qual é a verdade original presente no seu nome?

- Quê você acredita ser o mais autêntico em sua maneira de ser e viver?


Pe. Adroaldo Palaoro sj

https://centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/espiritualidade/2207-deixar-o-advento-des-velar-nosso-eu-verdadeiro

* * *