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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE OBRA DE JOÃO CARLOS TEIXEIRA GOMES




            A Academia de Letras da Bahia promove nos dias 3 e 4 de outubro, em sua sede, na Avenida Joana Angélica, 198, Nazaré, em Salvador, o seminário “Entre Labirintos e Tesouros – a poética de João Carlos Teixeira Gomes”. Os debates versarão sobre a trajetória e a obra desse importante intelectual baiano, conhecido por sua atuação como jornalista, professor universitário e escritor. Gomes é também membro da Academia de Letras da Bahia  onde ocupa a cadeira número 15.

            No primeiro dia do evento, a professora universitária  Antonia Herrera abordará o tema “Na Encruzilhada do Fazer Poético – o Labirinto de Orpheu”. O tema “Joao Carlos Teixeira Gomes – O Mago dos Ventos” ficará por conta da escritora  Cassia Costa Lopes, enquanto o ensaísta Sandro Ornellas destacará “Aspectos da Critica de João Carlos Teixeira Gomes”. A mediação estará a cargo da Professora Doutora em Letras  Edilene Matos.

            O segundo dia do seminário terá como tema “A Geração Mapa – depoimentos e diálogos” e contará com a participação dos poetas Fernando da Rocha Peres, Florisvaldo Mattos e Kátia Borges como debatedores. A mediação será feita pela crítica e acadêmica Gerana Damulakis.

         Associando-se ao evento, patrocinado em boa hora pela Academia de Letras da Bahia, o poeta e escritor  Cyro de Mattos, em afetuosa homenagem, manifesta sua admiração pelo homenageado, ao escrever os versos singelos do  “Poemeto do Joca”,  que transcrevemos abaixo:


 Poemeto do Joca

João Carlos Teixeira Gomes,
Moço apelidado de Joca,
De tanto afeto que por ele temos,
Quem não sabe fique sabendo.

Eis que surge menestrel
No Colégio da Bahia,
Na Faculdade às voltas
Com o direito e as letras.

Eis o Joca jornalista
Arrojado, contundente.
É o ensaísta de Gregório,
Boca de fogo como ele.

Eis o Joca poeta grande, 
Nesses rincões da Bahia,
De gafanhoto domador,
Da esfinge contemplada.

De bom gosto sonetista,
Entre tesouro e labirinto,
Um dos melhores no Brasil.
Até mesmo em terra lusa.
Iluminado como sempre.

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Cyro de Mattos é escritor e poeta. Publicado por várias  editoras na Europa. Premiado no Brasil, Itália, Portugal e México. Membro da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa pela UESC.


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SANTA TERESINHA - INFÂNCIA ESPIRITUAL E NATURALIDADE


1 de outubro de 2018
♦  Plinio Corrêa de Oliveira

A concepção moderna do traje é fundamentalmente falsa, porque joga com a ideia de naturalidade. O homem tem de fato duas formas de naturalidade. A primeira é quando sua natureza está entregue a todos os seus instintos — é o estado ruim da natureza, que tende para a barbárie. A segunda é quando sua natureza está educada pela civilização. Adquirindo assim o hábito de se mortificar, ele instala-se até mesmo em situações desagradáveis, mas de um modo tão natural que até se poderia dizer espontâneo.

Este quadro de Santa Teresinha é um monumento, que exemplifica bem a segunda forma de naturalidade. Observem que é quase impossível uma naturalidade maior. É uma criança inteiramente à vontade dentro de seu traje. De tal maneira à vontade, que se tem a impressão de que nem percebe o próprio corpo, e está apenas meditando. Toda a vida dela está no olhar. Mas notem que sua leveza, sua graça, seus movimentos infantis têm toda a expansão que se pode desejar de uma criança.

Notem também que é uma menina da pequena burguesia. Seu pai, Monsieur Martin, era um joelheiro de Alençon, pequena cidade francesa. Os pais deram a Santa Teresinha uma educação muito estrita, como se pode ver no porte dela: ereta, não tem nada de mole. A aparência de seu corpo é de suma compostura. Numa criança, isso significa o triunfo da segunda forma de naturalidade, numa menina que está perfeitamente bem nessa situação. Assim se compreende como é uma mentira o mito do “conforto” nudista, largado e escarrapachado.

Existe para o homem um ponto de equilíbrio muito mais verdadeiro, que é o espiritual. Dessa forma — excluindo outras considerações a que esta foto se presta — ela é um documento sociológico de primeiríssima, mostra a autenticidade da infância numa concepção que não é a de uma criança de anúncio de dentifrício, boba, cretina, que não pensa. Vemos nesse quadro a concepção da infância espiritual profundamente meditativa, precoce, embora inteiramente infantil. E com toda a naturalidade.

Que impressão teria Santa Teresinha, se visse uma criança moderna? Ficaria chocada, por ver a natureza humana no seu escarrapachado, no seu desgovernado, segundo seus instintos.

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 11 de novembro de 1968. Essa transcrição não passou pela revisão do autor.

Santa Teresinha (na foto, aos 8 anos) nasceu em 2 de janeiro de 1873 em Alençon e faleceu em 30 de setembro de 1897 em Lisieux, França. A grande santa de nossos tempos entrou no Carmelo aos 15 anos, levando uma vida de imolação e sacrifícios em favor das missões e da Igreja. Desejando possuir todas as vocações, para nelas glorificar o Criador, encontrou no amor a Deus a solução para essa aspiração. Por isso foi nomeada padroeira das missões, sem nunca ter deixado a clausura. Sua doutrina espiritual da “pequena via” abriu as portas da perfeição a numerosas almas.


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EXPOSIÇÃO TRAZ PRIMEIRAS EDIÇÕES DE OBRAS DE MACHADO DE ASSIS


A mostra reúne 108 itens raros, alguns têm a dedicatória do próprio autor.

POR AGÊNCIA BRASIL
 30/09/2018

Foto inédita de Machado de Assis doada à Academia Brasileira de Letras – ABL
Foto original por herdeiros de José Veríssimo / Fernando Frazão/Agência Brasil


São Paulo - As primeiras edições de livros de Machado de Assis, algumas com dedicatórias do próprio autor, estão na exposição Machado de Assis na BBM: Primeiras Edições e Raridades, que pode ser visitada até 22 de novembro, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), que fica na Universidade de São Paulo (USP). A mostra, que tem entrada gratuita, ocorre no ano em que se completam 110 anos da morte do autor.

O curador Hélio de Seixas Guimarães, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e professor de literatura brasileira da Universidade de São Paulo, destaca que “são exemplares únicos, é uma coleção absolutamente única, e que permite recompor muita coisa da história da produção, da publicação, da edição e da circulação dos textos de um dos grandes, senão do maior escritor que o Brasil já teve”.

A mostra reúne 108 itens, incluindo 17 periódicos com textos do autor e 40 obras coletadas postumamente por pesquisadores, tudo com acesso público atualmente na biblioteca. A ideia da exposição veio da pesquisa de Guimarães sobre a influência da obra de Machado de Assis na de escritores do século 20. “No meio desse trabalho, eu fui levantando também o que existia do Machado de Assis na biblioteca. Fui me dando conta da variedade do interesse desse conjunto porque eles têm todas as primeiras edições das obras.”

Além das primeiras edições, há obras publicadas durante o período de vida que trazem dedicatórias do próprio autor. “Esses exemplares têm autógrafos ou dedicatórias do Machado para figuras muito importantes da cultura brasileira, da literatura brasileira. Por exemplo, José Veríssimo, um dos grandes críticos literários do fim do século 19 e início do século 20, que foi amigo do Machado, que acompanhou a obra dele.”

Esses livros contam um pouco a história também das relações pessoais, intelectuais e das relações literárias do Machado de Assis, do início da carreira até o fim da vida, em 1908”, disse Guimarães. Por meio do material disponível na exposição, o público terá acesso ao modo como os textos e livros foram publicados no período em que o autor ainda supervisionava o processo, quando estava vivo e participando da produção e edição dos textos.

A seleção convida ainda o visitante a conhecer a carreira do autor com publicações em jornais e revistas. “O que conhecemos hoje como livro, esses textos, em grande parte, saíram antes em jornais e revistas. Tem um movimento na obra do Machado em que ele vai publicando contos, muitos de seus romances saem em capítulos, em formato de folhetim. E, posteriormente, ele recolhe para produzir a obra em livro, que é a obra que em geral chegou até a gente”, explicou o curador.

Além disso, a exposição mostra o movimento da obra do Machado, a composição da obra dele, a importância dos periódicos nisso. Segundo Guimarães, quase tudo passava pelos periódicos antes de chegar no formato de livro, recolhido pelo próprio Machado ou recolhido por pesquisadores e estudiosos de sua obra.

Outra curiosidade é o modo como os textos de Machado de Assis misturam-se às publicações cotidianas dos jornais e revistas da época, no meio de anúncios, desenhos, de gravuras, em alguns casos, em revistas sobre moda. “É interessante ver. Parece muito contrastante, quer dizer, o texto do Machado de Assis, desse grande escritor, saindo publicado ao lado de uma espécie de mosaico de informações que compõem o jornal e as revistas no século 19. É uma surpresa ver que o ambiente em que essa obra foi publicada originalmente.”


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