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terça-feira, 4 de setembro de 2018

ABL: DIRETOR E ROTEIRISTA JORGE FURTADO ABRE NA ABL O CICLO DE CONFERÊNCIAS ‘CINEMA E LITERATURA’


A Academia Brasileira de Letras abre seu ciclo de conferências do mês de setembro de 2018, intitulado Cinema e Literatura, com palestra do diretor e roteirista Jorge Furtado. A coordenação será do Acadêmico e poeta Geraldo Carneiro e o tema escolhido é Imagens e sons por escrito: a arte do roteiro. O evento está programado para quinta-feira, dia 6 de setembro, às17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.

Serão fornecidos certificados de frequência.

A Acadêmica Ana Maria Machado é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2018.

Jorge Furtado adiantou um resumo sucinto do que será sua conferência: “Vou falar sobre a transposição da literatura para a linguagem audiovisual. Tenho duas profissões, sou diretor e roteirista, portanto conheço bem de perto as dificuldades para transformar palavras escritas em imagens e sons, pensamentos e emoções em ações e palavras. Vou comentar o assunto do modo mais prático e objetivo possível, baseado em minha experiência pessoal em trinta e seis anos de profissão. Como roteirista, eu adaptei para o cinema ou para a televisão mais de trinta autores. Em cada um desses trabalhos me deparei com problemas diferentes e experimentei, com maior ou menor sucesso, diferentes soluções. Pretendo dividir com os ouvintes aquilo o que tenho de mais valioso: minhas dúvidas”.

Cinema e literatura terá mais três palestras nas quintas-feiras de setembro, no mesmo local e horário, com os seguintes dias, conferencistas e temas, respectivamente: dia 13, Aderbal Freire Filho, Romance-em-sena: questão de gênero; 20, Maria Adelaide Amaral, Literatura e Teledramaturgia: diferenças e confluências; 27, Cacá Diegues, Letras e Imagens: a literatura no cinema.


O CONFERENCISTA

Diretor e roteirista dos longas Houve uma vez dois verões (2002), O homem que copiava (2003), Meu tio matou um cara(2005), Saneamento Básico, o filme (2007), O mercador de notícias (2014), Real Beleza (2015) e Quem é Primavera das Neves (2017), Jorge Furtado dirigiu, também, diversos curtas-metragens premiados no Brasil e no exterior, como: O dia em que Dorival encarou o guarda (1986), Barbosa (1988), Ilha das Flores (1989), Esta não é sua vida (1991) e O sanduíche (2000).

Para a TV Globo, Jorge Furtado dirigiu a série Cena aberta (2003), a minissérie Luna callente (1998), Decamerão(2010), as três temporadas de História do amor (2011/ 2012/2013), e os telefilmes Homens de bem (2011) e Doce de mãe (2012). Este último, originou a série em 14 episódios Doce de mãe (2014) e rendeu dois prêmios Emmy Internacional: Melhor atriz, para Fernanda Montenegro, em 2013, e Melhor Série de Comédia, em 2015.

Os últimos de seus trabalhos para televisão são as séries Mister Brau e Sob pressão, as duas da TV Globo. O mais novo filme, Rasga coração, uma adaptação da peça de Oduvaldo Vianna Filho, será lançado em outubro de 2018. Jorge Furtado é um dos sócios-fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre.

31/08/2018

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A DIFÍCIL ESCOLHA - Zuenir Ventura


A difícil escolha 

Fizeram para mim a pergunta do momento: “Você já sabe em quem vai votar pra presidente?”. Respondi que não, eu e a torcida do Flamengo, exagerando um pouco. Portanto, não fiquei surpreso quando a pesquisa do Ibope revelou que 38% dos eleitores estão indecisos, vão votar em branco ou anular o voto. E que há 20 anos isso não acontecia nesta altura da disputa.

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, especialista em cenários eleitorais, acredita que a eleição de agora será marcada por “recorde de rejeição aos políticos, por eleitores mais exigentes e por fake news para todos os lados”.

Pode-se alegar, porém, que já foi pior — o eleitor brasileiro, por pelo menos duas vezes, preferiu depositar na urna o nome de animais em lugar de pessoas. Em 1959, o rinoceronte Cacareco recebeu cem mil votos na eleição para a Câmara dos Vereadores de São Paulo, chegando a ser notícia de primeira página do “New York Times”. Em 1988, o fenômeno do candidato animal voltou a surgir, e um protesto agitou o Rio. Macaco Tião, um chimpanzé do Zoológico que atirava fezes nos visitantes, foi lançado candidato à prefeitura pelo Partido Bananista Brasileiro (PBB), uma brincadeira dos redatores do “Planeta Diário” e da “Casseta Popular”.

A repercussão foi tanta que, no dia do seu lançamento, Tião foi transferido para uma jaula isolada. Calcula-se que recebeu 400 mil votos, ficando em terceiro lugar entre os 12 candidatos e figurando no “Guinness Book” como “o chimpanzé mais votado do mundo”.

A atual campanha, além de não ter a mesma graça, apresenta a peculiaridade da polarização extremada entre militantes de esquerda X direita. E como originalidade, o fato de que o primeiro colocado nas intenções de votos está preso, enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que impede condenados em segundo grau de concorrer nas eleições. Por ironia, a lei foi promulgada por ele quando presidente.

Por tudo isso, não tem sido fácil para o eleitor se decidir.

Espera-se que a partir de depois de amanhã, com a propaganda no rádio e na TV, haja mais animação.

O Globo, 29/08/2018


Zuenir Ventura - Sétimo ocupante da Cadeira n.º 32, eleito no dia 30 de outubro de 2014, na sucessão do Acadêmico Ariano Suassuna, e recebido no dia 6 de março de 2015, pela Acadêmica Cleonice Berardinelli.

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JORNALISMO LACRADOR - Rodrigo Constantino


31/ago/18

Jornalismo lacrador

Havia uma grande esperança do establishment: que Bolsonaro fosse “desidratar” quando a campanha começasse e as entrevistas colocassem o candidato contra a parede. Até agora não se viu nada disso. No Roda Viva, na GloboNews e no Jornal Nacional, o que se viu foi um candidato engolindo seus entrevistadores, todos aprisionados numa bolha cognitiva.

A surra dessa semana foi no JN. Renata Vasconcellos tentou apertar Bolsonaro sobre a questão da desigualdade salarial entre homem e mulher, uma pauta endossada pelo movimento feminista radical. Só há um problema: é falso que mulheres ganham menos, dada a produtividade. Quando o entrevistado puxou da cartola que o próprio William Bonner ganha mais do que a colega, gerou mal estar, mas não mentiu.

Se os jornalistas lessem Thomas Sowell em vez de tentar “lacrar” atendendo as demandas dos movimentos organizados, saberiam que esse papo de desigualdade é pura falácia. O que se faz é manipular estatísticas distorcendo seus resultados, ignorando conceitos como média, comparando laranja com banana.

A agenda LGBT também foi trazida à tona, novamente para “lacrar” com a turma do Projaquistão. No entanto, o candidato lembrou que o problema não é com homossexual, mas sim com a doutrinação em sala de aula, para crianças. Ao mostrar um livro aprovado pelo MEC para escolas infantis, os entrevistadores entraram em pânico e pediram para Bolsonaro não expor o material no ar. Ou seja, o público da Globo não pode ver aquilo que crianças aprendem nas escolas públicas. Outro gol do candidato.

O xis da questão aqui é o mundo à parte em que nossos jornalistas vivem. Trata-se de uma bolha “progressista”, que se fechou para os reais anseios da população, do povo comum. Bolsonaro fala a essa gente, que quer mais segurança, rigor contra marginais, decência nas escolas, empregos e saneamento. Mas a mídia insiste em sua agenda “lacradora”, dominada pelos movimentos coletivistas que mergulharam nessa “revolução das vítimas”.

Ninguém aguenta mais essa asfixia do politicamente correto, a ponto de alguns confundirem o combate a essa postura com ser tosco ou boçal (sem dúvida há uma boa quantidade deles apoiando Bolsonaro). Mas esse papo desarmamentista não seduz mais ninguém. Quando o candidato pergunta se é para reagir aos bandidos com flores, ele toca a fundo no telespectador, aquele que não anda em carros blindados.

Bolsonaro está longe de ser um ótimo candidato, e não sabemos se vai mesmo vencer. Mas o fenômeno em si já foi fundamental para retratar o quadro lamentável do nosso jornalismo. Acostumada a só dar voz ao esquerdismo, quando aparece um “homem comum” só resta à imprensa rotular: extrema direita! O povo, porém, enxerga bom senso.
Quando o Bolsonaro pergunta se é para reagir aos bandidos com flores, ele toca a fundo no telespectador, aquele que não anda com seguranças ou carros blindados.

Sobre o autor
Rodrigo Constantino é economista, escritor e um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”




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