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sexta-feira, 30 de abril de 2021

SAUDADES DE NOTRE-DAME IMPULSIONAM SUA RESTAURAÇÃO



Já foram escolhidos os oito majestosos carvalhos de dois séculos [foto], cuja preciosa madeira sustentará a nova agulha da catedral de Notre-Dame de Paris.

A estrutura de 300 toneladas será feita com instrumentos medievais, seguindo os planos do arquiteto Eugène Viollet-Le-Duc, que restaurou a catedral no século XIX.

Ao todo, 1.000 carvalhos seletos foram oferecidos gratuitamente para o telhado da catedral. Eles provêm de várias regiões francesas e até do exterior, inclusive de 150 florestas particulares. As mil árvores utilizadas representam apenas 0,1% do corte anual de carvalho na França.

O caos que assalta o país reacendeu a saudade da ordem, hierarquia e beleza, conferindo um impulso espontâneo à restauração da catedral de Nossa Senhora, Rainha da Cidade Luz, de acordo com o modelo medieval.

https://www.abim.inf.br/saudades-de-notre-dame-impulsionam-sua-restauracao/

 

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O MENINO E O MAR / EL NIÑO Y EL MAR - Cyro de Mattos / Alfredo Pérez Alencart

 


O Menino e o Mar*

 Cyro de Mattos

 

Era a primeira vez

Que tinha ido ver o mar.

Todo alegre, de calção.

Peito nu e pé no chão.

 

Quando viu tanta água

Fazendo barulho

Sem parar, disse:

 

— Pai, me dê sua mão.

 

 

*  Este poema foi um dos vencedores do Quinto Concurso Poético do Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa, do Instituto Piaget de Almada, Portugal.


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El Niño  y el Mar*

Versão de Alfredo Pérez Alencart

  

Era la primera vez

Que había ido a ver el mar.

Todo alegre, de pantalón corto.

Pecho desnudo y pie en el suelo.

 

Cuando vio tanta agua

Haciendo ruido

Sin parar, dijo:

 

— Padre, déme su mano.

 

*  Este poema fue uno de los ganadores del Quinto Concurso Poético del Cancionero Infantil-Juvenil para la Lengua Portuguesa, del Instituto Piaget de Almada, Portugal.

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CÉU NOTURNO – Marco Lucchesi


Céu Noturno

Marco Lucchesi


Espanto e maravilha, irrompe a fresca madrugada nos domínios da insônia.

A descoberta da escala me pareceu assombrosa. Não sofro de insensibilidade numérica. A estrela Ícaro, na constelação do Leão, dista nove bilhões de anos-luz da Terra! A fome da distância produz vertigem e delírio. Impossível morrer por falta de ar.

Poincaré: a astronomia é útil porque nos eleva acima de nós, útil porque é bela. Faz ver quanto o homem é pequeno no corpo e no espírito, pois essa imensidão resplandece onde seu corpo não passa de um ponto obscuro, e pode abarcar a sua inteligência e dela fruir a silenciosa harmonia.

O céu noturno clama o sentimento do infinito. Ou de operar em vastas, sublimes escalas. E de obrigar-se para o mais, não para o menos. Apelo de angústia ou de paz. A luz das nebulosas, estrelas e quasares. Leio Paul Coudrec: “os poetas não terão mais, sozinhos, o privilégio de celebrar a luz: toda a ciência tornou-se um hino à luz”

 Também assim, para Farias Brito, mas por motivos outros, ao declarar que dentro da luz agimos e estamos.

 As não pequenas dificuldades do campo unificado. O primeiro livro que me abordou foi o de Abdus Salam. A mecânica celeste e os sóis incontáveis. 

 Betelgeuse e Bellatrix. Les belles dames sans merci. Amo as nebulosas de Órion e Cabeça de Cavalo. Assim na Cruz o Saco de Carvão. Mais belas entre Escorpião e Sagitário, as nebulosas da Lagoa, a Trífida e a Messier 55.

Comprei alguns livros de radioastronomia. Mas inutilmente. Olhar de poesia, artesanal. Vou mais longe com a matemática. Reclamo sempre o corpo razoavelmente tangível.

Minhas estrelas: Antares e Aldebarã. E a Mira Coeli – em vez de Mira Coeti para dizer como Jorge de Lima.

Passaram-se muitos anos. Meu telescópio ainda vive. É preciso colimar as lentes. Eu também vivo. Quando o mundo é mais hostil, não falta céu.

 

Humanitas, 01/04/2021


Marco Lucchesi - Sétimo ocupante da cadeira nº 15, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila, foi recebido em 20 de maio de 2011 pelo Acadêmico Tarcísio Padilha. Foi eleito Presidente da ABL para o exercício de 2018.

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