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sábado, 4 de novembro de 2017

O ESTABLISHMENT QUER O “CENTRO” (DE ESQUERDA), MAS MESMO CENTRISTAS DEVERIAM VOTAR NA DIREITA - Rodrigo Constantino

3 de novembro de 2017

Há um claro movimento, até meio desesperado, em prol de uma alternativa de “centro” (e coloco aspas porque, no fundo, todas as opções apresentadas até agora são de esquerda, não de centro mesmo). Esse foi o tema do meu vídeo desta semana. O nome de Luciano Huck é o mais cotado para ser o “Macron brasileiro”. Eis aí a prova de que esse “centro” é totalmente de esquerda: Macron era do governo socialista de Hollande!

A revista Veja, cada vez mais esquerdista (a ponto de quase levar à falência a CartaCapital), foi a mais escancarada nessa estratégia do establishment nacional em busca de seu Macron. Na capa desta semana, estampou a urgente necessidade de se encontrar o centro salvador:

Ou seja, a narrativa está dada: no extremo à esquerda, Lula, no extremo à direita, Bolsonaro, e no centro moderado o espaço a ser preenchido por alguém. Quem? Dória, Alckmin, Huck, Meirelles?
Fica claro que esse “centro” tem toda pinta de esquerda.

Centro, no Brasil, é o PMDB, nosso “poder moderador”. Serve para impedir que o Brasil vire a Venezuela, mas também para não permitir que vire o Chile. Com instinto de sobrevivência, o PMDB colocou seu parceiro PT para escanteio, e ensaia uma “ponte para o futuro”. É verdade que dar “continuidade” às reformas (que não saíram do papel ainda) é crucial, como lembra Rogério Werneck em sua coluna de hoje:

O que mais importa, no momento, é como o centro do espectro de forças políticas deverá se apresentar na disputa presidencial. Por sorte, já há sinais de que os principais pré-candidatos de centro perceberam, afinal, que o mais prudente, tendo em vista o que lhes espera, à esquerda e à direita, é unir forças e tentar construir uma ampla coalizão, multipartidária, em torno de um deles.

Não se pode subestimar as enormes dificuldades envolvidas nesse desafio. Mas não há como deixar de enfrentá-las. E parece a cada dia mais claro que a única argamassa que pode dar solidez a uma coalizão tão ampla e heterogênea — que vá de tucanos “cabeças pretas”, de um lado, à tropa de choque de Temer, do outro — é o compromisso comum com a manutenção, no próximo mandato presidencial, da política que vem sendo levada à frente pela equipe econômica do atual governo. Política que Lula vem prometendo, país afora, desmantelar.

É isso que estará em jogo em 2018. E não há tempo a perder.

Respeito a opinião do meu antigo professor, mas gostaria de trazer um contraponto. Se o objetivo é mesmo o centro moderado reformista, então, em primeiro lugar, é preciso deixar claro que os nomes até aqui aventados são de esquerda, não de centro. Em segundo lugar, uso o conceito de física para me auxiliar aqui: para ter o centro como vetor resultante, então é preciso votar na direita.

Sim, porque não vamos esquecer que a extrema-esquerda esteve no poder pelos últimos 14 anos! O governo Temer foi uma leve guinada ao centro. Mas depois de tanto tempo de esquerdismo radical, sem falar dos tempos esquerdistas dos tucanos, parece evidente que o Brasil vem sendo sufocado há tempo demais pelo excesso de esquerdismo.

Quem é realmente moderado, centrista, precisa entender o conceito de movimento pendular. Nosso pêndulo extrapolou para a esquerda.
Logo, para colocá-lo de volta ao centro, não basta ir de centro, menos ainda de um “centro” claramente esquerdista. É preciso ir de direita, para que a síntese seja mais de centro.

A França esquerdista, depois do socialista Hollande, resolveu apostar no “centro” de Macron, um esquerdista que surgiu do nada e era do governo do próprio Hollande. Prometeu muitas reformas.
Onde estão? Entendo o medo com aquela turma nacionalista de Marine Le Pen, mas daí a constatar que o “centro” realmente vai fazer diferença é uma longa distância. A França continua mergulhada no caos esquerdista.

Já os Estados Unidos, depois de oito anos de esquerdismo radical com Obama, não foi de “Macron”, não escolheu Marco Rubio ou Jeb Bush, e sim Donald Trump. “Ah, ele é muito radical”, dizem os “moderados”. Mas talvez seja justamente o remédio amargo necessário para regressar com o pêndulo ao centro, já que o Partido Democrata se radicalizou demais à esquerda. O país precisava de alguém que enfrentasse esse establishment e essa hegemonia “progressista”.

Portanto, não compartilho desse medo todo da direita, como a turma “moderada” que busca desesperadamente um Macron tupiniquim. E busca nos locais errados. Um apresentador da Globo que era simpático até com petistas e que quer mais “igualdade”?
Um ex-conselheiro da J&S, do grupo JBS? Um tucano sem coragem de comprar briga com petistas? São essas as soluções para o Brasil, para desintoxicar a máquina estatal do esquerdismo petista?

“A melhor prova do colapso de um movimento intelectual é o dia em que ele não tem nada mais a oferecer como um ideal último além da demanda por moderação”, disse Ayn Rand. “Extremismo na defesa da liberdade não é um vício; moderação na busca por justiça não é uma virtude”, disse Barry Goldwater, o senador que foi candidato a presidente em 1964 e abriu o caminho mais liberal-conservador para Reagan depois.

Não é preciso concordar com eles. Não é preciso ser um radical para defender a direita. Mesmo uma pessoa moderada, de centro, pode compreender que, para obter seu resultado desejado mais ao centro, há momentos em que é preciso forçar a barra para o outro lado, especialmente depois que ela foi toda envergada para a esquerda. Edmund Burke era um liberal Whig bem moderado, que se tornou o “pai do conservadorismo” ao ver a radicalização dos jacobinos.

No Brasil de hoje, não há nada de errado, é perfeitamente lógico, alguém gritar: “Voto na direita, mesmo na direita mais radical, porque sou um moderado de centro!” Conheço várias pessoas com esse perfil, que em condições normais de temperatura e pressão jamais cogitariam votar num candidato com perfil mais radical, mas que estão dispostos a abrir uma exceção, pois a alternativa não é o centro, mas a permanência no esquerdismo destrutivo, que já foi longe demais em nosso país.

Rodrigo Constantino
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Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.



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ALGUMAS FRASES PARA REFLEXÃO (II) – Vários autores

4 de novembro de 2017
Agência Boa Imprensa
Clique sobre a foto, para vê-la no tamanho original 
Funeral, obra de Pataky László. Vallatás (1886) 

Comemoração dos Fiéis Defuntos

Aos que do dia 1º ao dia 8 de novembro visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos, concede-se diariamente indulgência plenária, aplicável somente às almas do Purgatório. Para ganhar a indulgência é necessário preencher as condições costumeiras, isto é, ter-se confessado e comungado, e rezar nas intenções do Papa.
Com essas mesmas condições pode-se ganhar uma indulgência plenária só aplicável às almas do Purgatório, visitando-se no dia 1º qualquer igreja ou oratório público ou semipúblico e rezando-se o Credo e o Pai Nosso.

“Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó tornarás”
(Gênesis 3.19)

“Quanta vez junto a um jazigo, alguém murmura de leve: Adeus, para sempre, amigo! E diz-lhe o morto: ‘Até breve!’”
(Belmiro Braga)

“Um epitáfio dizia: Aqui jaz fulano, muito contra sua vontade”
(Pe. Manuel Bernardes)

“É preciso ter vivido muito tempo para reconhecer como é breve a vida”
(Arthur Schopenhauer)

“Tanto barulho, luta, gastos, atenção e cuidados para alguém viver um pouco mais. Outro tanto devemos fazer para viver eternamente”.
(Santo Agostinho)

“A vida consumida em cuidados escusados, e sujeita a desconcertos da ventura, não é vida vital, mas morte pura”
(Camões)

“É o medo de morrer, e não o desejo de viver, que mantém o tolo agarrado ao corpo”
(Michel de Montaigne)

“Aprendei de mim, ó flores,
o que vai de ontem a hoje;
que eu ontem maravilha fui
e hoje sombra do que fui não sou”
(Lope de Vega)



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A FAMÍLIA AMADO - José Pereira da Costa

A família Amado


            O progresso da região cacaueira e sua fama deram lugar aos comentários, promovendo a presença de várias famílias de outros estados, de linhagem, porém empobrecidas, a virem residir nessa região, tal como vieram os flagelados da seca nordestina, e da Guerra de Canudos. Dentre outras está a família Amado, com cerca de 18 membros. Os primeiros aqui aportados foram os srs. João e Álvaro Amado, os quais passaram a residir em Ferradas, onde começaram a vida com o ramo de vendagem de leite adquirido nos produtores  dos distritos e vendido em Itabuna. Mais tarde tornaram-se  conhecidos pela alcunha de “Leite com Água”. Desta ou daquela maneira, não tardou que “Leite com Água” se tornassem senhores do mercado do produto.

            Quando em 9 de abril de 1909, o estudante Gileno Amado aqui chegou, já foi recebido por seus tios, não mais como simples homens do povo, e sim por dois caudilhos políticos, pertencentes ao grupo Leonista, tanto assim que deles nasceu sua acolhida  junto a Olintho Leone sendo aproveitado através de sua inteligência para servir no seu júri, como promotor “ad-hoc”, em vista da falta  do promotor de Ilhéus. Leone absolvido, em sinal de gratidão lhe nomeou secretário da Intendência de Itabuna, da qual era o atual intendente. Dali saiu em 1910, para o Rio de Janeiro, para concluir seus estudos à custa da Intendência de Itabuna, onde formou-se em fins de 1911, voltando a Itabuna.

            Graças ao prestígio político de Olintho foi eleito, em 1912, deputado estadual. Com a morte do Dr. Olintho e do Cel. Fernando Dourado, seu sucessor, a estrela do Dr. Gileno apagou um pouco, mas teve tempo de trazer de Itaporanga, em Sergipe, todos os restantes da sua família. Voltando a política novamente para suas mãos,  nomeou logo o Cel. Melquisedeque, seu pai, como 2º Tabelião de Notas de Itabuna, e seus irmãos em cargos diversos. Em 1918, elegeu-se deputado federal e, em 22, intendente de Itabuna, onde montou sua máquina na política, que só o acaso lhe levou ao chão. Isto porque não se conformando com as atitudes do Dr. Seabra quando escolheu  Dr. Calmon para lhe suceder no governo do Estado, daí seu rompimento com aquele governador e seu afastamento imediato das posições políticas de Itabuna, passando a residir no Rio de Janeiro, em verdadeiro ostracismo.

            Mesmo assim precisou voltar a residir em Itabuna, para estar ao lado de seus amigos, daí sua volta à política onde após a vitória da Revolução de 1930, foi ele aproveitado pelo interventor Juracy Magalhães assumindo as diretrizes políticas de Itabuna, com seus amigos chegando a ser secretário da Fazenda, e mais tarde, no governo constituído do Sr. Juracy Magalhães, em 1958, foi escolhido para o cargo de secretário sem pasta, no quatriênio (1958 a 1961) e distinguiu-se nesta região, através dos seus atos.

            O mais admirado em tudo isso é que tendo o Dr. Gileno e todos os seus parentes residido em Itabuna, tendo a melhor acolhida, deles até se capitalizando como João, Álvaro e Gileno Amado, não existe ninguém que aponte qualquer pedra assentada em Itabuna por alguém desta família quando era dirigente. Dirá o adágio: “Aí está a ação fraternal!...” Puro engano. A Ação Fraternal é obra de dona Amélia. Dona Amélia Amado, apesar de ter nascido do lado do Cel. Misael e casada com um Gileno Amado, deu notícia ao mundo que pertence a qualquer casa da divindade, daí sua obra, Ação Fraternal. Não quero com isso dizer que eles fossem indesejáveis, falo apenas que foram pessoas ingratas e que viveram para  a vida lucrativa, haja vista que se ouviu falar por muito tempo que quando Misael morreu seus parentes pagaram a várias pessoas para chorar a sua morte. Na morte de Dr. Gileno, nem mesmo pago pelo Alcântara, seu parceiro, o povo conseguiu chorar e levá-lo a sua última morada.


               Por falar em José de Almeida Alcântara, preciso também relatar este fenômeno. Foi nos idos de 1930, que aqui chegou esse moço de boa aparência, procedente da cidade de Caravelas, neste estado, nomeado coletor estadual da vila de Itaúna, hoje cidade de Itapé, tornando-se em pouco tempo estimado, dado à sua popularidade. Pôde por em prática a sua intenção. Alcântara foi um daqueles que desejava ser grande e para isto ele teve um plano – ser útil à humanidade. Como coletor, tudo fazia em favor do cliente, desprezando muitas vezes até seu interesse e do Estado para facilitá-lo. Sua mão sempre se encontrava estendida a todos os necessitados. Neste dilema constituiu família, desprezando muitas vezes suas necessidades para atender ao próximo. Sem outros recursos  para atender a falanges de precisados foi lançando mão do dinheiro da coletoria sob sua guarda, até que caiu em insolvência. Foi surpreendido por uma denúncia do seu próprio escrivão ao Tesouro do Estado. Com a denúncia, veio a fiscalização e esta apurou os desvios de cerca de 700 contos de réis, e, como ele não tivesse esse dinheiro em mãos para cobrir os desvios, foi afastado do cargo e lhe dado um prazo de 30 dias para recolher aquela importância, sob pena de ser demitido e processado por peculato. Nesta altura, dizem que o seu sogro lhe emprestou a importância e ele pagou ao Estado e voltou ao seu lugar. Acontece que Alcântara, em vez de se abster daquele modo de proceder, continuou a mesma vida e quanto mais os dias se passavam mais aumentava o número de pedintes e sua fama crescia. Foi ameaçado de ser afastado do cargo, por mais outro desfalque de cerca de 3.000 contos de réis, e como não tivesse dinheiro para pagar ao Tesouro do Estado, fora demitido e processado, passando a viver nos esconderijos e perseguido pelos políticos para lhe tirarem a fama e o prestígio popular. Acontece que mesmo processado e perseguido. Acontece que mesmo processado e perseguido, o eleitorado lhe dava preferência para os seus apresentados. Daí os políticos lhe temerem. Certa feita, houve um derrame de selos falsificados do Tesouro do Estado, Alcântara foi caluniado em ser conivente, sendo pedida a sua prisão vivo ou morto. Sendo preso e posto na geladeira por 12 horas, e solto sob fiança pessoal do Dr. Vieira de Melo. Apurado o ‘derrame’ Alcântara nada tinha com aquele caso. Deste modo passou ele 10 anos vivendo dias e noites sem muito sossego, quando certo político lhe procurou e disse: “Trabalhe por minha candidatura e se for eleito lhe absolverei”, efetivamente aquele candidato foi eleito com estrondosa votação pelo município de Itabuna, e a promessa de Alcântara foi cumprida. Alcântara no próximo quatriênio se candidatara a prefeito de Itabuna levando a melhor, fruto de seus trabalhos e de sua perseverança, tornando-se um ídolo do povo de Itabuna. Após seu mandato de prefeito, foi eleito deputado estadual, onde se distinguiu, sendo novamente eleito prefeito de Itabuna em cujo cargo, após dois anos de governo, viera a falecer. Se isto não tivesse acontecido era de se esperar sua votação novamente na câmara Estadual ou Federal, e talvez até ao governo do Estado.

            O sul do estado da Bahia deu o maior líder político já visto. Sonho realizado de um gênio que atravessando os maiores impasses de sua vida através do sofrimento, tornou-se o maior líder popular de todo o estado da Bahia. Após sua morte, seu prestígio político conseguiu eleger mais dois prefeitos em Itabuna, o primeiro em sua substituição para o término do seu mandato e o segundo o Dr. Simão Fitermann  para completar sua obra.

Alcântara levava milhares à praça em seus comícios, passeatas, etc. seu lema era De colher.


(TERRA, SUOR E SANGUE – HISTÓRIA DA REGIÃO CACAUEIRA, Cap. XX)

José Pereira da Costa

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