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terça-feira, 21 de agosto de 2018

ESCRITORA LORENA ZAGO APRESENTA 'O ACAMPAMENTO'


Publicado: 20 Agosto 2018
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Margarida Lorena Zago (Lorena Zago) é pedagoga pela FUBR (Fundação Universidade Regional de Blumenau – SC); pós-graduada em Psicomotricidade e em Psicopedagogia pela UNIDAVI (Universidade Para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – SC); mestranda em Educação pela UPAP (Universidade Politécnica e Artística Del Paraguay – PY);

parapsicóloga pelo Instituto de Parapsicologia e Ciências Mentais de Joinville, SC; presidente da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina em Presidente Getúlio; membro do Conselho Estadual da Academia de Letras do Brasil Santa Catarina e membro do Conselho Superior Brasileiro da Academia de Letras do Brasil. Zago foi Secretária Municipal de Educação e Cultura no município de Presidente Getúlio por dez anos. É casada e tem três filhas e quatro netos.

“O objetivo principal deste conto tem como alicerce belíssimas lições de vida de um menino da cidade, contracenando com as belezas naturais de uma floresta que lhe é apresentada pelo avô, em um acampamento durante um fim de semana.”
Boa leitura!

Escritora Lorena Zago, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a escrever “O Acampamento”?

Lorena Zago - Os personagens do conto “O Acampamento” são assíduos leitores dos contos que eu havia escrito anteriormente. Imbuídos em contribuir com as histórias infantis e deixando uma mensagem de fantasia mediada com a realidade aos leitores e a literatura infanto-juvenil, empenharam-se os meus personagens em contribuir com uma aventura de um fim de semana em busca de conhecimento no meio de uma floresta.

O que mais a atrai nos contos?

 Lorena Zago - O que mais me atrai nos contos infantis, infanto-juvenis e adultos é a possibilidade de viajar no fantasioso universo imaginário, deleitando-me com os cenários e personagens. Coloco-me em suas aventuras, sonhos e realidades. Sinto-os um a um e fico maravilhada com suas conquistas, aprendizagens, vivências, respeito, amor, carinho, amizades, diálogos e muito mais…

Vislumbro um universo familiar que aponta para a importância da união e desvelo entre os seres que compõem o seio familiar, tão importante para a formação dos cidadãos.

Apresente-nos “O Acampamento”.

Lorena Zago – “O Acampamento” é um conto que apresenta uma experiência fantástica de um avô e seu neto em busca de conhecimento em uma floresta. O objetivo principal deste conto tem como alicerce belíssimas lições de vida de um menino da cidade, contracenando com as belezas naturais de uma floresta que lhe é apresentada pelo avô, em um acampamento durante um fim de semana. Uma história que poderá ser lida por pessoas de oito a oitenta anos, servindo de lição para inúmeras famílias, primando por aprendizagens múltiplas no seio familiar.

Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da leitura desta obra literária?

Lorena Zago - O objetivo maior ao escrever contos infantis ou infanto-juvenis é a valorização das vivências saudáveis no seio familiar. Entendo ser este o núcleo mais efetivo e de suma importância para a constituição e contribuição na formação dos cidadãos e de suas personalidades. Os momentos saudáveis vivenciados com avós, pais, tios, professores e amigos ficarão registrados eternamente no baú da memória. Haveremos de dar o devido valor aos seres em construção e em evolução.

Qual o momento, enquanto escrevia “O Acampamento”, que mais chamou sua atenção?

Lorena Zago - Ao escrever “O Acampamento” inseri-me em cada momento vivenciado por seus pares. Senti-lhes a alegria desde a preparação dos pertences na noite anterior ao passeio, a felicidade de Marcos ao acordar na manhã seguinte, a chegada à casa do vovô José e finalmente a realização do grande sonho de um avô e de seu neto em busca do desconhecido em meio a uma floresta.

Para Marcos tudo era novo, e a expectativa o deixava eufórico.

A alegria dos pares, a cada novo movimento vivenciado, era imensurável!

Todos os momentos corroboravam para aprendizagens prazerosas, instigantes, coroados de amor, confiança e infinitos conhecimentos inimagináveis.

Marcos, seu avô José e seu pai, Lauro, viveram uma aventura belíssima em meio à natureza. Fauna e flora eram por demais lindas e contagiantes!

O que a escrita representa para você?

Lorena Zago - A escrita proporciona-me sonhar, viajar a lugares desconhecidos, transpor horizontes e fronteiras. Aguça o meu mundo interior, imaginário, permitindo-me desnudar minha alma, meus anseios, minhas frustrações, alegrias e superações. Dialogo com o desconhecido possibilitando-me o encontro com os leitores, dos quais, inúmeras vezes, recebo mensagens gratificantes. Isso me move a inserir-me cada vez mais na arte da escrita. O diálogo inimaginável é o maior retorno e estímulo que um escritor pode receber. Amo escrever!

Além de “O Acampamento”, você tem outras obras publicadas. Apresente-nos os títulos.

Lorena Zago - Tenho 8 obras publicadas e outras em andamento à espera de publicação, dentre as quais: contos infantis, infanto-juvenis, adultos, poemas, lendas e romances.
Publicadas: “A Borboleta Encantada no Jardim Secreto”, “A Canoa de Coqueiro”, “Tomy e a Princesa do Mar”, “Um Natal de Esplendor”, “Um Segredo Muito Sigiloso”, “O Acampamento”, “Poemas”, “Contos e Encantos I”, “Poemas, Contos e Encantos II”, em português, espanhol e alemão. Participo de inúmeras antologias e coletâneas.

Onde podemos comprar seus livros?

Lorena Zago - Meus livros podem ser adquiridos nas Livrarias Catarinense de Blumenau, Florianópolis, Itajaí, Joinville, Balneário Camboriú; Livrarias Curitiba; e na Central Livros em Rio do Sul, Blulivros em Blumenau, Analú Presentes em Presidente Getúlio e pelo Messenger no Facebook.

Quais os seus principais objetivos como escritora?

Lorena Zago - Como escritora meus principais objetivos estão alicerçados em mensagens de bem-estar, amor ao próximo e à natureza. Também pretendo vislumbrar superações apontando para a evolução dos seres. Meu diálogo pretende transcender o amor em dimensão maior. Sinto que há a necessidade se abrir as portas das memórias e dos corações, emanando ao mundo generosas doses de compreensões, diálogo e reflexões profundas, para amenizar ou até mesmo erradicar a necessidade do Ter pelo Ser. Primo pela mudança saudável e por um mundo mais humano!

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Lorena Zago. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Lorena Zago - Queridos leitores, honro-me com cada Ser que se dispuser a dialogar comigo nas linhas e entrelinhas dos meus escritos. Que as minhas mensagens possam servir para despertar momentos de reflexões, lazer e ações prazerosas a vocês, leitores, refletindo-se às pessoas e contextos de seu entorno. Um forte e carinhoso abraço literário de paz e luz!

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura


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DIÁRIO DE VIAGEM Francisco - Benício dos Santos (12)


BORDO DO Pedro II

31º DIA (Continuação)

Post anterior - clique no link abaixo: 


No mesmo “Hudson”, o navio que me trouxe de Valparaíso, embarco com destino ao México, via Canal do Panamá. Quito.
O navio demorou poucas horas no porto. Não saltei.
Caracas. Venezuela.
Desembarco.
Percorro a cidade de automóvel e visito os pontos principais.
Palácio Mira Flores, Museu Nacional...
Estamos no Panamá.
O navio é medido e revistado para poder penetrar no canal propriamente dito.
Maravilhosa obra de arte e de engenharia que assombrou o mundo e superou todas as realizações do engenho humano.
Via de comunicação segura entre o Pacífico e o Atlântico, sem os perigos e os riscos da travessia pelo estreito de Magalhães.
O homem aqui venceu a natureza e superou-a.
A língua que se fala e que se ouve é somente a inglesa.
Tudo americanizado.
O dólar é o imperador.
De comporta em comporta, ordens, contraordens, tudo mecanicamente, militarmente disciplinado...
Vamos sulcando as águas protegidas e tranquilas do canal.
Fortificações monstruosas dos Estados Unidos de uma e outra margem do canal.
No Pacífico a frota de guerra americana faz exercício de tiro.
Ondas de aviões passam ensurdecendo tudo com o ruído dos seus possantes motores.
E os tiros espaçados dos couraçados são ouvidos ritmadamente.
É o poderio e a potência da bandeira estrelada.
Cinquenta quilômetros de travessia e o espetáculo solene da entrada do “Hudson” no Oceano Atlântico.
Um apito, um tiro de canhão,  e a marcha livre do transatlântico no leito macio das águas atlânticas.
Rumo ao México, sem escala.
Na costa, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e, no meio do Atlântico, como um oásis de bem-aventurança e fartura – Cuba.
Amanhecemos tendo Vera Cruz em nossa frente.
O sol dardejava latejadas de luz sobre  os metais dos navios, tirando chispas e queimando a epiderme cor de camarão torrado dos marinheiros “ianques”, desnudos, a fazerem a lavagem do tombadilho, metidos em botas de borracha, dorso nu e, na cabeça um minúsculo gorro branco com a aparência  exótica.
Saltamos.
Viagem para o México de automóvel.
Estou instalado na capital da República do México – o término e o ponto final  da minha excursão – viagem-prêmio.

As visitas protocolares de praxe.
Hotel Juarez

Uma surpresa:

Uma carta de Nísia por intermédio da Embaixada do Brasil, avisando-me da próxima chegada da Embaixada que em viagem de retorno, breve estariam nesta capital.
A alegria foi indescritível.
Era o remate final, com chave de ouro.
A terra de Juarez e dos astecas, quíchuas, é verdadeiramente impressionante.
Ruínas e vestígios de um passado importante e de uma civilização maravilhosa observa-se a cada passo.
Templos e escombros de cidades que diziam da magnificência destruída.
Lembranças me vêm à mente, dos morticínios perpetrados por Cortez, cuja cobiça e rapinagem destruíram um povo e uma civilização pacífica e interessante.
Quanto sangue, quanta miséria, quanta destruição perpetradas em nome de uma religião que queria salvar as gentes das garras do paganismo!...
Oh! Espanha criminosa, Espanha inimiga do progresso, ah, Espanha fradesca e inquisitorial.
Tu manchaste a terra com o sangue das vítimas inocentes, imoladas ao altar dos teus inconfessáveis desejos.
Hás de pagar um dia perante a história, as tuas culpas e os teus crimes.
O sangue dos habitantes do México e do Peru clama contra ti e a justiça é tardia, mas um dia chegará.
Maximiliano pagou e era culto e bom.
Os descendentes do intrépido Juarez estão se multiplicando e com eles o grito de vingança e de revolta contra esta Europa cínica e criminosa, egoísta e idólatra.

Chegada da Embaixada acadêmica brasileira.

Faz hoje sessenta dias de viagem, viagem em que estou a fazer um “S” pelas Américas.
O cérebro cheio de emoções e de recordações.
E na tela do pensamento vejo deslizarem as cenas, os cenários, os motivos e as vistas panorâmicas policrômicas que me deixam extasiado com a sua contemplação.
Fecho os olhos e percorro toda a caminhada.
Rio, Santos, Porto Alegre, Montevidéu, Buenos Aires, os Andes, o Pacífico, Santiago, Valparaíso. Calau, Lima, Cuzco, Titicaca, Quito, Caracas, Panamá, o Atlântico, Vera Cruz, México...

Abro-os e digo assim a mim mesmo:
Nada igual ao meu Brasil. (continua na próxima postagem)


(AQUARELAS E RECORDAÇÕES  Capítulo XXII)  continuação...
Francisco Benício dos Santos

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A ONU A SERVIÇO DE UM CRIMINOSO E DE UM PLANO IDEOLÓGICO



Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal

Todos aqueles que possuem o mínimo de prudência, e capacidade de ir além dos gritos das massas, conseguem perceber que a validade da vida humana é inerente a ela mesma. Esses mesmos ponderados que aqui rogamos para que ainda existam, entendem que os postulados dos “Direitos Humanos” não iniciaram com a ONU; que o cristianismo já pincelava há séculos em suas doutrinas aquilo que hoje vemos mais ou menos sistematizados em tratados. É verdade que na história esses direitos andaram claudicantes e, por vezes, relativizados pelo poder do momento; o século XX que nos diga.

Mas os ditos Direitos Humanos, agora institucionalizados por dezenas — talvez centenas — de instituições da ONU, UNESCO, ONG’s, institutos e demais órgãos duvidosos, não tardaram em abandonar suas manjedouras cristãs adotando os comitês socialistas como suas catequeses humanistas. Quem possui o mínimo conhecimento sobre o pensamento marxista e os desdobramentos de suas teorias, sabe que as pautas defendidas por essas instituições não passam de um servilismo ideológico ao socialismo e suas vertentes culturais. De defesa da dignidade humana não tardam a passar para defesa de governos e queridos.

Se é verdade que conhecendo a árvore qualificamos os frutos por ela gerada; podemos qualificar as intenções dessas instituições de “Direitos Humanos” a partir de suas causas finais.

Sexta-feira (17/08) fomos brindados com a “recomendação” do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para que a justiça brasileira, através do TSE, possibilite a disputa eleitoral pelo presidiário Lula. Não entrarei muito na questão jurídica dessa absurdidade, pois no amago da questão está um pedido de um comitê da ONU para que a justiça transgrida uma lei nacional; apenas quero reforçar que se trata de uma recomendação medonha que afronta de maneira debochada a Lei da Ficha limpa que impossibilita a candidatura do presidiário petista.

Também devo esclarecer que o pedido não consegue disfarçar seu apelo ideológico; sob uma máscara de legalidade jurídica banal, unida a uma carteirada de instituição internacional, tentar influenciar o processo criminal de um Estado-Nação independente chega a beirar o desrespeito à soberania jurídica do país.

Como disse Nelson Lehmann da Silva ao comentar o pensamento de Crane Brinton, a característica “comum mais em evidência de todas as grandes revoluções modernas tem sido seu inicial escopo universal, que depois contrasta com seus sucessos meramente locais. Elas começam com uma mensagem para toda a humanidade, mas acabam por adiar tal meta, que então se torna a missão de um povo ou grupo escolhido de iniciados” (SILVA, 2016, p. 54).

O que começou como salvaguarda dos “Direitos Humanos” acaba como couraça dos direitos dos companheiros; aquilo que era defesa da dignidade humana passa a ser tutela ideológica; a instituição guardiã das tábulas da liberdade dos indivíduos, passou a ser tão somente peão de partido. Uma comissão internacional e, porque não dizer: global; está a serviço de um partido e plano ideológico. Não é possível, sendo politicamente sensato e mentalmente razoável, levar a sério uma instituição que se presta a tal vergonha vistosa.


Entenderam ou querem que eu desenhe?

O globalismo não brinca e sequer tem vergonha de seus meios de ação, dizer que não há uma agenda internacional em favor daquilo que damos a alcunha de: “esquerdismo cultural”, é negar o evidente. São esses que se calam e nada fazem frente aos aberrantes desumanismos na Venezuela e Nicarágua; se contentando com cartas e textos vergonhosos de uma suposta “preocupação com a situação política do país”, mas que, bem sabemos, não passa de panos quentes e acovardamentos.

Enfim, esse artigo tem que acabar porque tal recomendação da ONU me parece tão importante quanto uma carta ao Papai Noel; e, sinceramente, a nós que vivemos sob o leviatã de 63 mil assassinatos ao ano, sem nunca termos visto nenhuma efetiva ajuda da ONU para amenizar esse pandemônio, por que deveríamos agora nos importar com as suas recomendações? Quando passávamos pela da maior crise de corrupção que essa nação já viveu não contamos com nenhuma ajuda ou apoio institucional da ONU, tivemos que arregaçar as mangas ir às ruas parar o país sozinhos; pois agora que fiquem com suas ideologias e recomendações enviesadas.

Referência:
SILVA, Nelson Lehmann da. A religião civil do Estado moderno, 2ª Ed, Campinas: Vide Editorial, 2016.

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/onu-servico-de-um-criminoso-e-de-um-plano-ideologico/?utm_medium=feed&utm_source=feedpress.me&utm_campaign=Feed%3A+rconstantino

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DAS TRÊS FORMAS DE AMOR: EROS - Paulo Coelho


Em 1986, enquanto fazia o caminho de Santiago com Petrus, o meu guia, passamos pela cidade de Logroño enquanto se realizava um casamento. Pedimos dois copos de vinho, preparei mm prato de canapés, e Petrus descobriu uma mesa onde pudéssemos sentar junto com outros convidados.

O casal de noivos cortou um imenso bolo.

- Eles devem se amar - pensei em voz alta.

- É claro que eles se amam - disse um senhor de terno escuro que estava sentado na mesa. Você já viu alguém casar por outro motivo?

Mas Petrus não deixou passar a pergunta:

- A que tipo de amor o senhor se refere: Eros, Philos ou Ágape?

O senhor olhou sem entender nada.

- Existem três palavras gregas para designar o amor - disse ele. - Hoje você está vendo a manifestação de Eros, aquele sentimento entre duas pessoas.

Os noivos sorriam para os flashes e recebiam cumprimentos.

- Parece que os dois se amam. Dentro de pouco tempo estarão lutando sozinhos pela vida, vão montar uma casa, e vão participar da mesma aventura: isto engrandece e torna digno o amor. Ele vai seguir sua carreira, ela deve saber cozinhar e será uma excelente dona-de-casa, porque foi educada desde criança para isto. Vai acompanhá-lo, terão filhos, e se conseguirem construir alguma coisa juntos, serão realmente felizes para sempre.

"De repente, entretanto, esta história pode acontecer de maneira inversa. Ele vai começar a sentir que não é livre o suficiente para manifestar todo o Eros, todo o amor que tem por outras mulheres. Ela pode começar a sentir que sacrificou uma carreira e uma vida brilhante para acompanhar o marido. Então, ao invés da criação conjunta, cada um irá sentir-se roubado em sua maneira de amar. Eros, o espírito que os une, irá começar a mostrar apenas seu lado mau. E aquilo que Deus havia destinado ao homem como seu mais nobre sentimento, passará a ser fonte de ódio e destruição".

Olhei em volta. Eros estava presente em vários casais. Mas eu podia sentir a presença de Eros Bom e Eros Mau, exatamente como Petrus havia descrito.

- Repare como é curioso - continuou meu guia. - Apesar de ser bom ou ser mau, a face de Eros nunca é a mesma em cada pessoa.

A banda começou a tocar uma valsa. As pessoas foram para um pequeno espaço de cimento em frente ao coreto para dançar. O álcool começava a subir e todos estavam mais suados e mais alegres. Notei uma menina vestida de azul, que deve ter esperado este casamento apenas para que chegasse o momento da valsa, porque queria dançar com alguém com quem sonhava estar abraçada desde que entrou na adolescência. Seus olhos seguiam os movimentos de um rapaz bem vestido, de terno claro, que estava numa roda de amigos. Eles conversavam alegremente, não haviam percebido que a valsa tinha começado, não notavam que a alguns metros de distância uma menina de azul olhava insistentemente para um deles.

Pensei nas cidades pequenas, nos casamentos sonhados desde a infância com o rapaz escolhido.

A menina de azul reparou meu olhar e saiu de perto. E como se todo o movimento estivesse combinado, foi a vez do rapaz procurá-la com os olhos. Ao descobrir que ela estava perto de outras garotas, voltou a conversar animadamente com os amigos.

Chamei a atenção de Petrus para os dois. Ele acompanhou durante algum tempo o jogo de olhares, e depois voltou ao seu copo de vinho.

- Agem como se fosse uma vergonha demonstrar que se amam - foi seu único comentário.

Outra menina olhava fixamente para nós dois: devia ter metade de nossa idade. Petrus levantou o copo de vinho, fez um brinde, a garota riu encabulada, e fez um gesto apontando para os pais, quase se desculpando por não chegar mais perto.

- Este é o lado belo do amor - disse. - O amor que desafia, o amor por dois estranhos mais velhos que vieram de longe, e amanhã já partiram por um caminho que ela também gostaria de percorrer. O amor que prefere a aventura.

Diário do Nordeste , 18/08/2018



Paulo Coelho - Oitavo ocupante da Cadeira nº 21, eleito em 25 de julho de 2002 na sucessão de Roberto Campos e recebido em 28 de outubro de 2002 pelo Acadêmico Arnaldo Niskier.

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