Total de visualizações de página

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

ABL: JOAQUIM FALCÃO, ACADÊMICO ELEITO, JURISTA E EDUCADOR, FALA NA ABL SOBRE ‘CONSTITUIÇÃO E O PATRIMÔNIO CULTURAL’



A Academia Brasileira de Letras abre seu ciclo de conferências do mês de outubro de 2018, intitulado Patrimônio Cultural Brasileiro: abordagens, desafios, políticas, com palestra do jurista e educador Joaquim Falcão (também Acadêmico eleito para a cadeira 3 da ABL). A coordenação será do Acadêmico, historiador e professor Arno Wehling e o tema escolhido é A Constituição e o patrimônio cultural. O evento está programado para quinta-feira, dia 4 de outubro, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.

Serão fornecidos certificados de frequência.

A Acadêmica Ana Maria Machado é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2018.

O ciclo terá mais três palestras nas quintas-feiras de outubro, no mesmo local e horário, com os seguintes dias, conferencistas e temas, respectivamente: dia 11, Maria Cecília Londres, Uma breve trajetória do patrimônio cultural brasileiro: políticas, atores, perspectivas; 18, Marcia Sant’Anna, Política urbana e patrimônio: monumento, documento e espetáculo; e 24, Ulpiano Bezerra de Menezes, Dicotomias no campo do patrimônio cultural.

O CONFERENCISTA

Jurista, educador, intelectual público, Joaquim Falcão, 74 anos, nasceu no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, mas mantém origem e vínculos com Olinda, Pernambuco. Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Rio de Janeiro (Summa cum Laude), é mestre em Direito na Harvard Law School, mestre em Planejamento de Educação e doutorado na Universidade de Genebra.

Trabalhou diretamente com Gilberto Freyre, que o convidou para criar, na Fundação Joaquim Nabuco, o Departamento de Ciência Política. Foi chefe de gabinete do Ministro da Justiça Fernando Lyra e indicado pelo Presidente José Sarney para a Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, a Comissão Afonso Arinos. Os artigos da atual Constituição sobre veto legislativo (art. 57, 3º, IV) e sobre a ampliação de patrimônio cultural, integrado por bens materiais e imateriais (art. 216), de sua inciativa, foram aceitos pela Assembleia Nacional Constituinte.

Indicado pelo Senado, foi conselheiro representante da sociedade civil na primeira gestão do Conselho Nacional de Justiça, na época presidido pelo Ministro Nelson Jobim. Quando, então, se combateu o nepotismo e os adicionais salariais dos magistrados. Trabalhou diretamente com o Ministro da Cultura Celso Furtado, que o convidou para presidir a Fundação Nacional Pró-Memória, responsável pelas principais casas de cultura do Brasil, tais como Biblioteca Nacional, Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Cinemateca Brasileira, Museu Lasar Segall e tantas outras.

Trabalhou diretamente com Roberto Marinho, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, que o convidaram para dirigir a Fundação Roberto Marinho, na década de noventa. Na época, criou o Telecurso 2000, que chegou a ter mais de dois milhões de alunos. Criou, também, o pioneiro Globo Ecologia, com Cláudio e Elza Savaget, e o Canal Futura, com Roberto de Oliveira.

Ruth Cardoso o convidou para conselheiro da Comunidade Solidária, quando importantes avanços na organização e mobilização da sociedade civil foram feitos, inclusive a criação do GIF. Seu livro Democracia, Direito e Terceiro Setor, publicado pela Editora FGV – Rio de Janeiro, em 2006, reflete esta mobilização.

A convite de Otávio Frias Filho, começou a colaborar na Folha de S. Paulo, no movimento pela redemocratização do país, no final dos anos setenta. Escreveu durante anos na página dois, onde depois Carlos Heitor Cony, a quem substitui na cadeira 3 da Academia Brasileira de Letras, escrevera.

Na área jurídica, especializou-se no Supremo Tribunal Federal e publicou o livro O Supremo, pela Edições de Janeiro – Rio de Janeiro, em 2015. Organizou com colegas os livros Onze Supremos, publicado pela Editora Letramento – Belo Horizonte, em 2017; Impeachment de Dilma Rousseff: entre o Congresso e o Supremo, em 2017, editora Letramento – Belo Horizonte; e em breve sairá o novo livro o Supremo Criminal. Entre outros livros que escreveu estão também: Os advogados: ensino jurídico e mercado de trabalho, pela Editora Massangana, 1984; Quase Todos, em 2014, pela Editora FGV.

Faz parte de múltiplas instituições como: Vice-Presidente do Instituto Cultural Itaú; Conselheiro da Fundação do Câncer; Conselheiro da Fundação Bienal de São Paulo; Membro do Instituto dos Advogados do Brasil; Conselheiro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Membro da Ordem dos Advogados do Brasil; e Conselheiro da Transparência Internacional.

28/09/2018


* * *

NOBEL DE FÍSICA VAI PARA ARTHUR ASHKIN, GÉRARD MOUROU E DONNA STRICKLAND POR PESQUISAS COM LASER


Academia Sueca anunciou os três vencedores do prêmio de R$4 milhões nesta terça-feira (02). Ashkin ficou com metade; Gérard Mourou e Donna Strickland, apenas a terceira mulher a vencer o prêmio em Física, dividirão a outra metade.

Por Lara Pinheiro, G1
02/10/2018
Premio Nobel de física é concedido a três cientistas

Arthur Ashkin, Gérard Mourou e Donna Strickland são os ganhadores do prêmio Nobel de Física deste ano. A Academia Sueca anunciou nesta terça-feira (02) que os três dividirão o prêmio de 9 milhões de coroas suecas, equivalente a R$ 4.098.402.

O americano Arthur Ashkin, 96, foi premiado com metade do valor por sua pesquisa em pinças ópticas e a aplicação delas em sistemas biológicos. O francês Gérard Mourou, 74, e a canadense Donna Strickland dividirão os outros R$ 2 milhões. Eles ganharam por seu método de gerar pulsos de laser supercurtos de alta intensidade, utilizados em cirurgias para os olhos. Donna Strickland é apenas a terceira mulher a vencer o prêmio desde 1903, e a primeira desde 1963.


"Obviamente precisamos celebrar as mulheres, porque elas existem, e espero que esse número aumente com uma velocidade maior. Estou honrada em ser uma dessas mulheres", disse Strickland em conferência após o anúncio. Ela ainda era estudante de doutorado quando fez a descoberta, orientada por Mourou.

Gérard Mourou, um dos vencedores do Nobel de Física de 2018, em foto de arquivo — Foto: Jeremy Barande/Ecole Polytechnique via AP

Ashkin inventou pinças ópticas que conseguem agarrar partículas, átomos, vírus e outras células vivas com dedos de raios laser. Ele conseguiu que luzes laser empurrassem pequenas partículas para o centro do feixo e as segurassem ali. Em 1987, o americano conseguiu capturar bactérias vivas sem danificá-las. As pinças ópticas agora são utilizadas para investigar a "maquinaria da vida", de acordo com a Academia sueca.


"Fiquei muito feliz com a nomeação do Ashkin, que foi reconhecido por seu trabalho pioneiro em experimentos usando lasers para aprisionamento de átomos e partículas", diz Oscar Nassif de Mesquita, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que introduziu a técnica no Brasil, em 1999, junto com seu grupo de pesquisa.

"Utilizando raios de luz, Ashkin mostrou que era possível manipular a célula como se fosse uma pinça. É difícil desenvolver uma pinça mecânica, tão pequena, capaz de pegar uma célula só, mas você consegue desenvolver uma com feixes de luz. E sem matar a célula, que é o mais importante", explica Vanderlei Bagnato, pesquisador em ótica e diretor do Instituto de Física de São Carlos, vinculado à USP.

Bagnato acrescenta que um feixe de luz, além de carregar energia, também tem a capacidade de gerar força. "Quando a luz penetra na célula, a célula funciona como uma lente e desvia o feixe de luz. É como se a célula empurrasse a luz para uma direção, mas aí ela sofre também um empurrão na direção oposta. E o efeito é usado para controlar o movimento das células".

Lasers de alta intensidade

Já Mourou e Strickland desenvolveram "os pulsos de laser mais curtos e intensos já criados pela humanidade", segundo a Academia. A técnica inventada por eles, a amplificação de pulsos (CPA, em inglês), tornou-se o padrão para raios laser de alta intensidade, servindo para cirurgias nos olhos.

A professora Ana Maria de Paula, pesquisadora da área na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a técnica funciona porque permite que sejam feitos cortes muito precisos, sem danificar o material em volta do local da operação. A pesquisadora aponta também que, com os lasers ultracurtos e de alta potência, é possível estudar fenômenos que acontecem muito rápido, como o movimento de elétrons.

"Os elétrons, as partículas dentro dos átomos, são muito minúsculos. Os tempos associados a esses movimentos também são muito curtos. Com os lasers, você consegue acompanhar esses movimentos, que são da escala de femtosegundos (um quadrilionésimo de segundo)", explica.

A luz é a coisa mais fundamental pra tudo na vida. Toda vez que a gente consegue desenvolver novos aplicativos, ou novas formas de manipular a própria luz, é extremamente importante para a humanidade", completa Bagnato.

Mulheres

A falta de mulheres vencedoras na categoria foi destaque durante o anúncio do prêmio. A pesquisadora Olga Botner, membro do comitê, afirmou que "a porcentagem de mulheres nomeadas reflete o número de mulheres na ciência há 20 ou 30 anos, e vem aumentando constantemente ao longo dos anos".

O diretor da Sociedade Brasileira de Física, Marcos Pimenta, confirma que a presença da mulher na física, hoje, é uma preocupação. “A vitória dela é uma coisa fantástica — que deveria ser mais comemorada e falada do que as pesquisas em si. As mulheres, muitas vezes, têm mais dificuldades de ascender na carreira. Eu formo de 15% a 20% de mulheres na graduação, mas a fração das que conseguem chegar a professora titular ou pesquisadora vai caindo”, avalia.

Ana Maria de Paula concorda. "Existe, sim, discriminação contra as mulheres. O trabalho das mulheres acaba sendo menos prestigiado do que o masculino, mesmo que tenha o mesmo valor e qualidade". Ela acredita que a mudança deve ser cultural.

"Não é uma questão muito simples de ser resolvida, mas, tendo alguns reconhecimentos, incentiva mais as mulheres a perceberem que podem, também, ter chances de serem reconhecidas", conclui.

A Fundação Nobel anunciou na segunda-feira os vencedores em Medicina, premiados por uma pesquisa de imunoterapia contra o câncer. O comitê irá anunciar os vencedores em Química nesta quarta-feira (03). Os ganhadores na categoria Paz e Economia serão conhecidos na sexta (05) e segunda-feira (11), respectivamente. O prêmio em Literatura foi adiado para 2019.



* * *

DOIS BRASIS – Plinio Corrêa de Oliveira


3 de outubro de 2018
 ♦  Plinio Corrêa de Oliveira

A economia está longe de ser o fator principal da grandeza de uma nação, e mesmo do seu bem estar, pois este não consiste só na riqueza material do seu povo, mas sobretudo na posse tranquila da Verdade e na prática invariável do Bem.

Nossas maiores incertezas, nossas mais angustiantes dificuldades, nossos choques mais violentos promanam, de fato, das divergências entre dois Brasis: um deles é o Brasil político; o outro, porém, não é o Brasil econômico, e sim o Brasil religioso. Esses dois Brasis estão muito mais distanciados um do outro do que o Brasil político em relação ao Brasil econômico.

Esse mal não é de hoje. Desde o Império o Brasil, apesar de profundamente católico, era dirigido por uma camarilha de parlamentares que procuravam, por todos os modos, destruir a vida religiosa do País. Com a corda de seda dourada do regalismo de Pombal, o Brasil político do Império tentava enforcar o Brasil religioso. E a República, ao invés de corrigir esse mal, acentuou-o desmedidamente, destruindo os últimos pontos de contato que ainda os uniam.

A leva de autopromovidos da política, que logo no início da era republicana sucedeu aos estadistas do Império e passou a encarnar o Brasil político, tentou estrangular o Brasil religioso, não mais com corda de seda, mas com a reles corda de amarração do positivismo francês. Isto durou até 1934, quando a Liga Eleitoral Católica alterou parcialmente esse estado de coisas.

Opondo-se ao catolicismo, como até agora se opôs, o Estado brasileiro não pode dar à Nação o seu verdadeiro rumo, porque implicitamente se aparta da Igreja, e portanto dos brasileiros. Dos governantes que até aqui teve o Brasil, só a excelsa Princesa Isabel tentou fazer uma política em sentido contrário.

Se o Estado Novo [getulista] quiser ser realmente novo, deve extinguir essa odiosa cisão entre os dois Brasis, característica do Estado Imperial e da República velha.
___________
(*) A íntegra deste artigo, publicado originalmente no “Legionário”, em 6 de março de 1938, encontra-se disponível no link: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20380306_DoisBrasis.htm

 Comentário:


Costa Marques

3 de outubro de 2018 à 11:54

O comentário do Prof. Plinio sobre os dois Brasis — publicado em 1938, logo após o golpe getulista (novembro de 1937) descreve a raiz da solução brasileira, seja para 38 seja para 2018.
Porque a solução meramente econômica acaba sendo aceitar a tese marxista.Um Pais, o Brasil de 2018, também está à volta com dois Brasis: um petista e um conservador.
Cabe a nós, conservadores, insistirmos na restauração dos Valores Morais (2018) porque um organismo sadio gerará por consequência um Brasil sadio.
Não é deixar de lado a Economia, trata-se de fazer ambas as coisas. CostaMarques



* * *


AQUILO DEU NISTO - Ana Maria Machado



Em uma conjuntura eleitoral em que a retórica irresponsável insinua fraudes e ameaças de golpe, e se soma a mentiras em cascata, repete-se a pergunta: como chegamos a este ponto?

É que as coisas têm consequências concretas. É claro que escolhas levianas causam efeitos desastrosos. A falta da reforma política impede a renovação. O Congresso votou absurdo atrás de absurdo. O STF desencavou firula após firula para não deixar mudar nem punir poderosos. Inevitavelmente, de erro em erro, aquilo lá atrás deu nisto aqui.

Veja-se o incêndio do Museu Nacional. Não se trata de apontar culpados e crucificar o reitor ou propor a privatização das universidades, como os melindres distorceram as análises frias. Mas é impossível não atentar para prioridades equivocadas quando, como calculou a BBC, toda a verba aplicada este ano no museu daria para cobrir os gastos de 15 minutos do Congresso Nacional — ainda que ninguém esteja propondo seu fechamento. Alguma coisa está errada nisso. Que tal comparar? Que percentual coube a todos os nossos museus, em relação ao que o BNDES deu a Joesley Batista? Como não perceber que tantas carências fundamentais têm a ver com a desastrosa “nova matriz econômica” de Dilma e Mantega?

A corrupção pesa, sem dó: só o que o ex-diretor da Petrobras Pedro Barusco devolveu, como parte do acordo de delação premiada, daria para cobrir os gastos de 640 anos do museu, baseado no que recebeu em 2017.

E o atentado a Bolsonaro? Somou-se a tiros no ônibus de Lula, pedradas, truculência com manifestantes. Como se alimentou essa exacerbação das discordâncias, em nível tão hostil e raivoso? A escalada verbal corrói a política. Qualquer eleito precisa ser capaz de negociar com os perdedores, de modo a poder governar. Não é possível que cada aceno ao entendimento seja demonizado. Ou cada ideia divergente na busca de saídas gere xingamento e fúria.

Um clima desses tem consequências nefastas. Nele todos irão perder, mesmo os aparentes vencedores.

O Globo, 01/10/2018

.............
Ana Maria Machado - Sexta ocupante da Cadeira nº 1 da ABL, eleita em 24 de abril de 2003, na sucessão de Evandro Lins e Silva e recebida em 29 de agosto de 2003 pelo acadêmico Tarcísio Padilha. Presidiu a Academia Brasileira de Letras em 2012 e 2013.

* * *