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quarta-feira, 30 de maio de 2018

COTAS? OFICIALIZAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO! - Antonio Nunes de Souza


Cotas? Oficialização da discriminação


          Essa não é a primeira nem tão pouco a última vez que me referirei a esse assunto, pouco entendido, não só pelas ditas classes sociais, como também os representantes das etnias!

          Com relação aos órgão governamentais, esses estão se lixando em querer fazer o correto e merecido de direitos iguais. E, assim sendo, sempre fazem (quando fazem), apenas paliativos e leis retrogradas que, claramente, não atende as necessidades óbvias!

          Minha sólida e grande revolta é com essa forma simples e simplória usada de acalmar as solicitações principais de oportunizarem os negros, mestiços, mulatos, sararás, ou sejam, os afrodescendentes, indígenas e pobres de qualquer cor, utilizam o absurdo de “COTAS” que, com isso, estão nada mais nada menos, oficializando uma discriminação sórdida, demonstrando que essas pessoas são realmente inferiores e precisam de favores especiais para exercerem o que na verdade tem direitos como cidadãos!

          Pode-se até aceitar essa migalha, mas, com veemência continuar lutando para que, em vez de cotas de favorecimentos, sejam dadas oportunidades iguais, oferecendo boas escolas públicas, cursos qualificados, atender as necessidades básicas e, com esses itens, deixar que cada um aproveite as oportunidades e briguem com as mesmas armas para ocupar seus merecidos espaços.

          Sinto bastante que, na atualidade, as associações defensoras da etnia negra estejam exigindo mais negros nas TVs, nas publicidades, cinema, teatro, etc., como se isso fosse favores ou consolos. Nada disso representa uma verdade!

          O que se deve é dizer que os afro-brasileiros são tão humanos e competentes com qualificações para que sejam contratados e expostos dignamente.

          Por essas claras e evidentes razões que expus acima, creio que com justas lógicas,  não devem aceitar esses favores com características de mendicância!

          Jamais parar a luta achando que já ganharam ou estão ganhando, pois, somente quando houver igualdades de tratamentos é que veremos que, na verdade, as competências não estão nas cores ou origens humildes!

Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Legras-AGRAL


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TRÊS IMAGENS QUE NÃO DÁ PARA ESQUECER - Bolívar Lamounier


25/maio/18
Três imagens me vieram hoje à memória, duas de uns 20 dias atrás e outra de há dez ou doze anos. As duas primeiras, se não me engano, apareceram na internet no mesmo dia. A primeira mostrava o ministro Gilmar Mendes descendo os degraus da saída do STF. A seu lado, uma moça (ou seria já uma senhora) cobria-lhe a cabeça com um guarda-chuva. Mas não chovia. A assistência que ela prestava ao ilustre ministro devia ser para proteger a avantajada área exposta que ele ostenta na superfície superior da cabeça. Muito sol nessa área talvez prejudique a atividade cerebral.

A segunda imagem veio de Lisboa. Numa rua comum, à sombra de uma árvore, sentado numa cadeira, um senhor de terno e gravata lia o jornal enquanto um engraxate lustrava-lhe os sapatos. Perguntei-me por que alguém decidira estampar uma imagem tão prosaica. Ao pé da foto, a explicação. Acontece que aquele pacato senhor era ninguém mais ninguém menos que o Dr. Marcelo Rabelo, presidente de nossa terra-irmã, a República Portuguesa.

A terceira cena, que presenciei de perto, ocorreu em Madri lá pelos idos de 2005 ou 2006. Desde 2001, na condição de membro da comissão de assessoria acadêmica, compareço às reuniões anuais do Clube de Madri, entidade criada por ex-presidentes e ex-primeiros ministros com o objetivo de apoiar internacionalmente os regimes democráticos. As reuniões são sempre excelentes. No ano a que me refiro, quando a sessão já se aproximava do fim, vários dos ex-mandatários demonstravam certa impaciência, pois tinham voos agendados para logo depois. Esperavam apenas a leitura e se necessário a discussão da declaração final da conferência. Tal discussão era geralmente pro forma, mas eis que, naquele caso, a comissão de redação não fora de todo feliz. Feita a leitura do documento, três ou quatro membros do Clube suscitaram objeções. Os sinais de impaciência aumentaram, claro. Eis senão quando o ex-presidente norte-americano, Sr. Bill Clinton, simplesmente tirou o paletó, foi ao computador, abriu o arquivo, reescreveu o documento, imprimiu-o e levou-o à mesa diretora dos trabalhos. Feita a leitura, o texto foi aprovado por aclamação, a sessão foi encerrada e os impacientes partiram apressadamente. 
A moral da história fica a critério de cada leitor.

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Bolívar Lamounier é um sociólogo e cientista político brasileiro que foi o primeiro diretor-presidente do IDESP, escrevendo frequentemente para os mais importantes veículos da imprensa brasileira.

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