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domingo, 30 de abril de 2017

O TALENTO ESQUECIDO - Chico Xavier

O Talento Esquecido
ABRIL 24, 2017


No mercado da vida, observamos os talentos da Providência Davina fulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões. Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e doméstico, do poder e da popularidade.

Alinham-se, à maneira de joias grandes e pequenas, agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que as procuram.
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Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha entre ricos e pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte. Salienta-se em todos os ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e sugere engrandecimento em todos os lugares.

E o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o mesmo, na corrente viva e incessante das horas.

É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao círculo da maledicência, de fortalecer com um sorriso o ânimo abatido do companheiro desesperado, de alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar um serviço insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da amizade, de cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhã fale sem palavras de nossas elevadas intenções.
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Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.

Com as horas os santos construíram a santidade e os sábios amealharam a sabedoria.

É com o talento esquecido das horas que edificaremos o nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes, prometeu, com amor, não somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos terrestres, mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente na vida, de acordo com as nossas próprias obras.
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Da obra: Caridade. Médium Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/poesia/mensagem-de-esperanca/585/#ixzz4ehIKoZSY




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sábado, 29 de abril de 2017

COMPRAS E VENDAS. OS MASCATES - Helena Borborema

Compras e Vendas. Os Mascates


          Até hoje não sei como a notícia chegava à minha casa. Não havia telefone, não havia rádio, nem propaganda de alto-falante; havia distância, mas a grande notícia vinha. Nunca perguntei como, por isso fiquei sempre na ignorância e ainda hoje é um mistério para mim. O certo é que ouvia minha mãe dizer: amanhã cedo vamos ver seu Gabriel, ele chegou. Esta frase para mim, menina, era como se me anunciassem uma visita ao céu. Eu vibrava de contentamento. À noite, ia dormir embalada na alegria do grande passeio que ia dar. Pela manhã cedinho, era acordada: “levante, está na hora!”. Que despertar maravilhoso eu sentia. Tínhamos de sair antes que o sol esquentasse, porque a caminhada era grande. Tomado o café, partíamos para o que eu considerava a grande aventura. Minha mãe comigo pela mão, a empregada com a minha irmã no braço, e um moleque para trazer os embrulhos. Da Rua Paulino Vieira, onde eu morava, até à Caixa d’Água, a esticada era grande. O sol ainda estava baixo. Íamos a pé, acompanhando a estrada de ferro. Logo no início, um grande empecilho: um alto pontilhão sobre o qual passava o trem. Aí parávamos e minha mãe ficava à espera de alguém que nos desse a mão e ajudasse uma a uma a pisar sobre os grandes e altos dormentes do pontilhão. Essa ajuda era fácil, porque a estrada era movimentada e nunca faltava um passante musculoso e prestativo. Vencida esta primeira etapa, a caminhada era feita sem tropeços, e eu adorando aquela aventura.

          Diversas casas se estendiam no alto do barranco que ladeava a estrada de ferro por onde passávamos. Esse trecho era chamado de Rua da Linha, por causa da linha férrea, e hoje corresponde à Avenida Ilhéus. A casa de seu Gabriel ficava mais adiante, na Caixa d’Água, então apenas uma ruazinha pouco mais além da atual Igreja de São Judas Tadeu. Enquanto andava, a minha alegria era pular sobre os dormentes e catar malmequer e florzinhas outras que cresciam no mato, ao longo do caminho. E assim, chegávamos à casa de seu Gabriel Bittar.

          A freguesia que aos poucos ia chegando, era recebida com toda a afabilidade pelo comerciante, no balcão da loja de tecidos que ficava na sala da frente de sua residência. Seu Gabriel, não sei se era sírio ou turco, tinha cabelos grisalhos, bigode, e fala com sotaque. As prateleiras estavam cheias de peças de tecidos que ele ia buscar diretamente em São Paulo. Ele vendia desde os tecidos de algodão, tricolines, algodãozinho, morim, cretones, até às mais finas cambraias de linho. Linho belga importado. Tudo ali era mais barato do que no centro da cidade. Uma cadeira era oferecida à minha mãe porque as compras eram demoradas, e ela, sentada, ia fazendo as suas escolhas. Metros e metros de tecidos para a roupa das empregadas, para panos de prato, lençóis, fronhas. Havia também boas toalhas de banho e de mesa prontas. Seu Gabriel também trazia bolsas de couro e outros artigos que estivessem em moda e lhe fossem encomendados.
  
          Na loja, nenhuma distração havia para mim, apenas ficava sentada num banco ao lado da parede, olhando a entrada e saída da freguesia com seus enormes embrulhos, e o puxa-estica dos preços na hora do pagamento. Feitas as compras, ficava às vezes a lista das encomendas que seu Gabriel devia trazer da próxima viagem a São Paulo. A volta para casa era feita obedecendo o horário do trem: muito antes que ele passasse e atendendo também ao sol, antes que esquentasse muito. Para mim, valia o passeio, que eu achava uma maravilha.

          Seu Gabriel não vendia sedas, estas eram compradas nas mãos dos mascates já conhecidos, vindos do Rio e São Paulo, que traziam para vender na cidade sedas puras lindíssimas, gazes as mais leves, rendas lindas para vestidos, perfumes franceses legítimos, vestidos prontos, meias finíssimas. Esses mascates eram dois lituanos, um de nome Maurício  e outro irmão de seu Elias Grimann, dono do Elite Bar, dois outros de origem russa e um libanês. Eram homens que se apresentavam bem trajados, de terno, gravata, pessoas tratáveis e que traziam as suas sedas em grandes malas de couro carregadas por um empregado. Alguns comerciantes, também de origem europeia, apareciam às vezes vendendo lindos casacos de peles, estolas de arminho e raposa ártica, casacos de astracã. Era um luxo que o clima da cidade não permitia. Mas que o dinheiro proporcionava às ricas senhoras da época, que tinhas nos cacauais o seu império.
  
          Também apareciam vendedores de joias, homens credenciados  que levavam em casas escolhidas as suas mercadorias para vender, bem como os japoneses que, vez por outra, apareciam vendendo bonitos colares de pérolas artificiais, outros vendendo brinquedos e ornamentos de sua arte, o origami.

          Assim, as famílias ricas de Itabuna podiam se dar ao luxo do bom e do melhor sem precisar viajar para comprar, porque a fama do dinheiro da cidade atraía comerciantes que queriam fazer bons negócios.

          Outro vendedor que frequentemente aparecia na cidade era o mascate de rendas de bilros ou de almofada. Aqui chegava, vindo do Ceará e Sergipe, o Norte como chamavam na época. Esse mascate ia de casa em casa, carregando grande valise de couro numa mão, e na outra um volumoso embrulho amarrado por grosso barbante. O seu comércio constava de peças de bonitas rendas, largas ou estreitas, com elaborados desenhos, confeccionadas pelas artesãs do “Norte”. Além das peças de rendas, traziam também, feitos com bilros de almofada, panos para decoração de móveis dos mais variados tamanhos e formatos: compridos, ovais, redondos, quadrados. Panos para bandeja, ricas toalhas de mesa e colchas. Ao lado das rendas, vinham também toalhas de tecido, bordadas à máquina no chamado “ponto batido”, nos mais lindos coloridos, com motivos de frutas e de flores. Tinha desde as chamadas toalhas de chá até as grandes para banquetes. Trabalhos primorosos como só as mãos treinadas das rendeiras nordestinas podiam confeccionar. Dos mascates do Nordeste, hoje poucos ainda circulam na cidade.

          Mas o comércio de Itabuna não era só isso. Além do cacau, principal fonte econômica do Município, a cidade vivia também do seu grande, forte e permanente comércio de tecidos, calçados, presentes e artigos outros, sem falar nas grandes casas de ferragens como a dos senhores Nicodemos Barreto e Júlio Sergipano, grandes armazéns comerciais como os do Sr. Astério Rebouças, João Franco e outros. As lojas de tecidos eram sortidas de artigos finos e variados, e muitas outras havia de tecidos populares. “O Crisântemo”, do Sr. Francisco Benício, era casa conceituada e uma das mais antigas; o ”Parc Central”, do Sr. Carlos Maron; a “Casa Stella”, o “Beija Flor” – um misto de armarinho e loja de brinquedos -, a “Casa Brasil”, dos irmãos Kauark; a loja do Sr. Augusto Andrade, de grande conceito e artigos variados, inclusive para presentes, eram conhecidas. O Sr. Francisco Fontes tinha também grande loja de tecido popular. A cidade possuía ainda boas livrarias, como a de seu Guedes e a “Agenciadora”, esta mais de artigos escolares. Boas farmácias atendiam à população, com  a “Drogaria Azevedo”, do Sr. Benigno Azevedo, grande e sortida, que atendia não só à cidade como aos distritos, e ficava numa das esquinas da hoje Avenida do Cinquentenário, naquela época rua J. J. Seabra. Nessa mesma rua, duas outras farmácias eram muito procuradas: a “Caridade”, do Dr. Nilo Santana, e a de seu Tourinho. O doutor Nilo reservava um dia da semana para aviar, de graça, receitas para os pobres que o procuravam.

          O comércio de Itabuna era ativo. Iniciado com os sírio-libaneses e sergipanos, foi enriquecido e cresceu com o trabalho de muitos outros comerciantes que se empenharam, como até hoje, pelo progresso da cidade. Aqueles mascates vinham apenas complementar com seus artigos de luxo importados, suas sedas puras, perfumes, peles, o que faltava para o requinte das pessoas mais endinheiradas. Até costureiras de alta-costura abriram aqui suas casas, como madame Débora e madame Pepita, procuradas pelas senhoras da sociedade. Além destas, havia ainda o ateliê da senhora Adélia Campos, bem instalado, com uma vitrina, e que atendia a uma grande freguesia. Este ficava na Rua Paulino Vieira, numa esquina bem em frente da atual Perfumaria Clipper.

          Com os requintes que o dinheiro então proporcionava, a vida social e cultural de Itabuna foi movimentada. Aqui chegaram a se apresentar, no teatro do Cinema Elite, grandes companhias teatrais, como as de Procópio Ferreira, Joracy Camargo e Alma Flora. Declamadoras como Margarida Lopes de Almeida aqui apresentaram a sua arte. Euríclides Formiga Lotou o recinto do teatro do Cinema Elite.
Exposições de pintura, como a de Santa Rosa e outros; de fotografias artísticas, como a de Brasilino Nery; cantores, violinistas e pianistas de destaque aqui se exibiram, nos salões do Itabuna Clube, demonstrando que a sociedade de Itabuna vivia realmente uma “era de ouro”. A arte deleitava a sociedade que  anos atrás podia gozar desse privilégio de assistir a belos espetáculos.

          Esse era um tempo de Itabuna rica, cuja fama ia além dos seus limites e se espalhava por todo o Estado e vizinhanças, no auge dos cacaueiros de frutos-de-ouro. Itabuna de uma época que dá saudades, mas que já passou.



(RETALHOS)
Helena Borborema

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HELENA BORBOREMA -  Nasceu em Itabuna. Professora de Geografia lecionou muitos anos no Colégio Divina Providência, na Ação Fraternal e no Colégio Estadual de Itabuna. Formada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Itabuna. Exerceu o cargo de Secretária de Educação e Cultura do Município. (A autora)
Conhecida professora itabunense, filha do Dr. Lafayette Borborema, o primeiro advogado de Itabuna. É autora de ‘Terras do Sul’, livro em que documento, memória e imaginação se unem num discurso despretensioso para testemunhar o quadro social e humano daqueles idos de Tabocas. Para a professora universitária Margarida Fahel, ‘Terras do Sul’ são estórias simples, plenas de ‘emoção e humanidade, querendo inscrever no tempo a história de uma gente, o caminho de um rio, a esperança de uma professora que crê no homem e na terra’.  (Cyro de Mattos)

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sexta-feira, 28 de abril de 2017

ITABUNA CENTENÁRIA: CURTAS E BOAS – Faltou ensaiar

Faltou Ensaiar...


Advogar exige raciocínio rápido, inteligência e cliente esperto!...


Na Inglaterra um réu estava sendo julgado por assassinato... 
Havia evidências indiscutíveis sobre a culpa do réu, porém, o cadáver não aparecera. 

Quase ao final da sua sustentação oral, o advogado, temeroso de que seu cliente fosse condenado, recorreu a um truque: 
- "Senhoras e senhores do júri, senhor Juiz, eu tenho uma surpresa para todos!"- disse o advogado olhando para o seu relógio... - "Dentro de dois minutos, a pessoa que aqui se presume assassinada, entrará na sala deste Tribunal". E olhou para a porta. 

Os jurados, surpresos, também ansiosos, ficaram olhando para a porta.
Decorreram-se dois longos minutos e nada aconteceu. O advogado, então, completou:- "Realmente, eu falei e todos vocês olharam para a porta com a expectativa de ver a suposta vítima. Portanto, ficou claro que todos têm dúvida neste caso, se alguém realmente foi morto. Por isso insisto para que vocês considerem o meu cliente inocente"

(In dubio pro reo) Na dúvida a favor do réu. 

Os jurados, visivelmente surpresos, retiraram-se para a decisão final.
 Alguns minutos depois, o júri voltou e pronunciou o veredicto:- "Culpado!" 

- Mas como? perguntou o advogado... Eu vi todos vocês olharem fixamente para a porta, é de se concluir que estavam em dúvida! Como condenar na dúvida?
 E o juiz esclareceu:- Sim, todos nós olhamos para a porta, menos o seu cliente....


Moral da História:
NÃO ADIANTA SER UM BOM ADVOGADO SE O CLIENTE FOR ESTÚPIDO. 


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Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy


(Autor não Mencionado)

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quinta-feira, 27 de abril de 2017

MEU IRMÃO WILSON – Waly de Oliveira Lima


Meu irmão Wilson 

Dos três irmãos, Wilson, Waly e Wilde assim mesmo com W, nomes de outras latitudes, mas nós todos tabaréus, sertanejos nascidos em Conquista – dos três irmãos, o Wilson não fez curso universitário. No ano do vestibular trocou a Faculdade de Medicina pelo casamento. Em vez de Hipócrates, de carne e osso, Cupido, de asas e flecha. 

E fez bem. Virou roceiro e, depois, logo depois, Tabelião de Notas em Itabuna.

Criatura recatada, modesta, mais para ouvir do que para falar.

Nunca fez um discurso como seus irmãos, que ele gostava de escutar, e, às vezes, aconselhá-los.

Jamais escreveu um poema, uma crônica, embora houvesse sido pela vida afora, um grande ledor, apreciador das boas obras, íntimo de muitos saberes da vida, que transmitia aos irmãos, em horas de aperto.

Não lhe aponto um gesto notável na sua vida, gesto capaz de marcá-lo, ressaltando-o, em algum momento singular, de seus concidadãos.

Porém, a sua bondade e sabedoria sempre foram continuadas, em silêncio. A sua voz, mansa, permanentemente para servir.

Somados gestos de bondade, frequentes, para amparar a parentes e amigos, conhecidos e desconhecidos, nesta Itabuna que ele elegeu sua pátria, terra de seus filhos e netos, tenda do seu bem querer e do seu bem servir, armada ali, na Travessa dos Artistas, sede do tabelionato do primeiro ofício, de absoluta honradez, respeitada e respeitosa, Wilson se transforma num rio de amor, sabedoria, dignidade, modéstia e prestimosidade.

Os irmãos doutores diziam sempre ao irmão tabelião de notas, nos momentos de congraçamento familiar, a ele que a todos amparou e protegeu: “você não precisou cursar a universidade para conquistar o saber, os dons invejáveis da verdadeira sabedoria. Já nasceu mestre, sobretudo na arte difícil de bem conviver, no dom de ser prestimoso”.

Wilson era assim. Sendo muito e tendo pouco. E assim ele nos deixou caladamente, numa noite triste.

Junto com Wilde, vi pela última vez o irmão Wilson, ele já no caixão, nos lábios um sorriso meio escabreado, de quem não gostava de incomodar, como se estivesse pedindo desculpas pelo estorvo de nossa viagem apressada, em tormentosa madrugada, para um até breve.

Em novo encontro que teremos, o irmão Wilson muito vai nos contar de tudo que já souber daquele outro lado, onde deve estar, agora, fazendo tudo para ajudar os outros.


(CRÔNICA AVULSA)
 Waly de Oliveira Lima
Da Antologia ITABUNA, CHÃO DE MINHAS RAÍZES
Seleção, Prefácio e Notas de Cyro de Mattos

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WALY DE OLIVEIRA LIMA - nasceu em Vitória da Conquista, a 29 de dezembro de 1919. Fez o curso primário em Jequié, Uruçuca e Salvador, onde, no Colégio Maristas, aprovado no admissão, iria ingressar no ginásio e alcançar o “complementar de direito”. Formado em advocacia pela Faculdade de Direito da Bahia, em 1944. Promotor de justiça durante muitos anos em Itabuna, onde lecionou nos colégios Divina Providência e Ação Fraternal. Crônicas suas aparecem na imprensa sul - baiana, jornal “Dimensão“ de Itapetinga, e “A Tarde”.

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quarta-feira, 26 de abril de 2017

VERDADE ABSOLUTA - Brian Andrew Chalker

Verdade absoluta 

Pessoas entram na sua vida por uma RAZÃO...

Uma ESTAÇÃO...

Ou uma VIDA INTEIRA...

Quando você percebe qual deles é, você vai saber o que fazer por cada pessoa.

Quando alguém está em sua vida por uma RAZÃO, é geralmente para suprir uma necessidade que você demonstrou. Eles vêm para auxiliá-lo numa dificuldade, fornecer orientação e apoio, ajudá-lo física, emocional ou espiritualmente. Eles poderão parecer como uma dádiva de Deus... E ELES SÃO!!! Eles estão lá pela RAZÃO que você precisa que eles estejam lá. Sem nenhuma atitude errada de sua parte, ou em uma hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para levar essa relação a um fim. Às vezes essas pessoas morrem. Às vezes, simplesmente se vão. Às vezes, agem e forçam você a tomar uma posição.

O que devemos entender é que nossas necessidades foram atendidas, nossos desejos preenchidos e o trabalho deles, feito. As suas orações foram atendidas. E agora é tempo de ir.

Quando pessoas entram em nossa vida por uma ESTAÇÃO, é porque chegou sua vez de dividir, crescer e aprender. Elas trazem para você a experiência da paz, ou fazem você rir. Elas poderão ensiná-lo algo que você nunca fez. Elas geralmente dão uma quantidade enorme de prazer. Acredite! É real! Mas somente por uma ESTAÇÃO.

Relacionamentos de uma VIDA INTEIRA nos ensinam lições para a vida inteira: coisas que devemos construir para ter uma formação emocional sólida. Sua tarefa é aceitar a lição, amar a pessoa, e colocar o que você aprendeu em uso em todos os outros relacionamentos e áreas de sua vida. É dito que o amor é cego, mas a amizade é clarividente. Pare aqui e simplesmente sorria. Esta última parte é para mostrar às pessoas que você as ama e para ver quantas pessoas amam você!



Enviado por: " Gotas de Crystal" gotasdecrystal@gmail.com


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terça-feira, 25 de abril de 2017

MISTÉRIOS DE CURITIBA - Merval Pereira


Mistérios de Curitiba


O possível adiamento do depoimento de Lula ao Juiz Sérgio Moro decorre do receio de manifestações populares em Curitiba ou sinaliza que Lula pode ser preso a qualquer momento? A Polícia Federal pediu esse adiamento por que, como alega oficialmente, quer mais tempo para organizar o esquema de segurança na cidade, ou está juntando mais provas contra o ex-presidente? Foi uma vitória de Lula? Foi uma demonstração de medo de Moro?

Nenhuma explicação oficial faz sentido. Desde março a data está marcada, e os organismos de segurança tiveram tempo suficiente para organizar seus esquemas preventivos. Se foram surpreendidos com uma movimentação acima do normal dos militantes petistas, serviços de informação e segurança não são.

Difícil entender a comemoração dos petistas e aliados, pois a situação de Lula fica cada vez mais fragilizada a cada depoimento, como os de João Santana e Monica Moura dados ontem no processo do Tribunal Superior Eleitoral, ou do próprio ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, que demonstrou uma intimidade com Lula e sua família que não pode ser negada, pois quando foi levado coercitivamente para depor, o próprio ex-presidente admitiu que era amigo de Léo Pinheiro.

Evidentemente são ex-amigos agora, mas Lula procura atenuantes para as acusações, alegando que o ex-presidente da OAS as fazia por que está negociando uma delação premiada. Claro que com isso procura também deslegitimar as palavras de Léo Pinheiro, mas as evidências são muitas.

A possibilidade de Lula vir a ser preso nos próximos dias existe, diante da denúncia de que ele orientou seu amigo a destruir qualquer prova que ligasse o pagamento de propinas ao triplex do Guarujá. Aconteceu assim com o ex-senador Delcídio do Amaral, diante de uma gravação explosiva em que relatava as manobras para impedir que Nestor Cerveró denunciasse Lula.

O fator surpresa, naquela ocasião, foi fundamental para que o Senado aprovasse sua prisão. Já no depoimento de Léo Pinheiro, a divulgação do vídeo tirou o impacto da revelação, feita diante de advogados diversos e procuradores do Ministério Público. Creio que só se surgirem novas provas – será isso que a Polícia Federal busca? – se justificaria a prisão de Lula neste momento.

Assim como não acredito que o Juiz Sérgio Moro esteja preparando a prisão do ex-presidente para o dia do depoimento, a não ser que Lula perca o controle e afronte sua autoridade, no que também não acredito. Seria uma atitude irresponsável que não o ajudaria em nada, ao contrário.

O comportamento da defesa do ex-presidente é muito próximo, em diversas ocasiões, de uma afronta à autoridade do Juiz Sérgio Moro, que tem conseguido se manter frio diante das provocações. Fazer a mesma pergunta diversas vezes, de maneira diferente, é costumeira forma de a defesa tentar protelar a decisão final.

Arrolar 87 testemunhas de defesa é claramente um desafio e outra tentativa de ganhar tempo, e Moro caiu na esparrela ao exigir a presença de Lula em cada um dos interrogatórios. Nada indica que tenha poder para tal, e a única coisa que conseguiu foi mostrar a motivação protelatória da defesa, mas deu margem a que fosse acusado mais uma vez de perseguidor de Lula.

Para o ex-presidente, o melhor cenário é ser condenado em segunda instância a tempo de ser impedido de concorrer às eleições de 2018. Posaria de vítima e não correria o risco de ser derrotado. Ninguém leva a sério a pesquisa da CUT/Vox Populi que indica Lula como vencedor do primeiro turno. É só uma pressão política contra sua prisão.

Mesmo que fosse correta, é preciso ser muito ingênuo para acreditar que Lula, com todas essas acusações, especialmente depois das delações dos executivos da Odebrecht, conseguirá manter essa pretensa popularidade numa campanha presidencial acirrada como a que se aproxima. 

O que é grave é esse ambiente de confronto que está sendo armado para o dia do interrogatório. Afinal, Lula é intocável? Está acima das leis?  

O Globo, 25/04/2017




Merval Pereira - Oitavo ocupante da cadeira nº 31 da ABL, eleito em 2 de junho de 2011, na sucessão de Moacyr Scliar, falecido em 27 de fevereiro de 2011, foi recebido em 23 de setembro de 2011, pelo Acadêmico Eduardo Portella.

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AI DE TI, BRASIL – Arnaldo Jabor

Depois deste texto Arnaldo Jabor não precisa escrever mais nada. Se eu fosse ele, jamais redigiria qualquer coisa - este seria o texto definitivo.
Ao término da leitura, não se acanhem. Levantem-se de onde estejam e, de pé, aplaudam sem constrangimentos. Tenho a certeza de que o que foi escrito é tudo aquilo que gostaríamos de dizer em rede nacional.

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AI DE TI, BRASIL 


Ai de ti, Brasil, eu te mandei o sinal, e não recebeste. Eu te avisei e me ignoraste, displicente e conivente com teus malfeitos e erros. Ai de ti, eu te analisei com fervor romântico durante os últimos 20 anos, e riste de mim.

 
Ai de ti, Brasil! Eu já vejo os sinais de tua perdição nos albores de uma tragédia anunciada para o presente do século XXI, que não terá mais futuro.

 
Ai de ti, Brasil – já vejo também as sarças de fogo onde queimarás para sempre! Ai de ti, Brasil, que não fizeste reforma alguma e que deixaste os corruptos usarem a democracia para destruí-la. Malditos os laranjas e as firmas sem porta.

Ai de ti, Miami, para onde fogem os ladrões que nadam em vossas piscinas em forma de vagina e corcoveiam em “jet skis”, gargalhando de impunidade. Malditas as bermudas cor-de-rosa, barrigas arrogantes e carrões que valem o preço de uma escola. Maldita a cabeleira do Renan, os olhos cobiçosos de Cunha, malditos vós que ostentais cabelos acaju, gravatas de bolinhas e jaquetões cobertos de teflon, onde nada cola. Por que rezais em vossos templos, fariseus de Brasília? Acaso eu não conheço a multidão de vossos pecados?

Ai de vós, celebridades cafajestes, que viveis como se estivésseis na Corte de Luís XIV, entre bolsas Chanel, gargantilhas de pérola, tapetes de zebra e elefantes de prata. Portais em vosso peito diamantes em que se coagularam as lágrimas de mil meninas miseráveis. Ai de vós, pois os miseráveis se desentocarão, e seus trapos vão brilhar mais que vossos Rolex de ouro. Ai de ti, cascata de camarões!

Tu não viste o sinal, Brasil. Estás perdido e cego no meio da iniquidade dos partidos que te assolam e que contemplas com medo e tolerância?

Cingiram tua fronte com uma coroa de mentiras, e deste risadas ébrias e vãs no seio do Planalto. Ai de vós, intelectuais, porque tudo sabeis e nada denunciais, por medo ou vaidade. Ai de vós, acadêmicos que quereis manter a miséria “in vitro” para legitimar vossas teorias. Ai de vós, “bolivarianos” de galinheiro, que financiais países escrotos com juros baixos, mesmo sem grana para financiar reformas estruturais aqui dentro. Ai de ti, Brasil, porque os que se diziam a favor da moralidade desmancham hoje as tuas instituições, diante de nossos olhos impotentes. Ai de ti, que toleraste uma velha esquerda travestida de moderna. Malditos sejais, radicais de cervejaria, de enfermaria e de estrebaria – os bêbados, os loucos e os burros –, que vos queixais do país e tomais vossos chopinhos com “boa consciência”. Ai de vós, “amantes do povo” – malditos os que usam esse falso “amor” para justificar suas apropriações indébitas e seus desfalques “revolucionários”.

Ai de vós, que dizeis que nada vistes e nada sabeis, com os crimes explodindo em vossas caras.

Ai de ti, que ignoraste meus sinais de perigo e só agora descobriste que há cartéis de empresas que predam o dinheiro público, com a conivência do próprio poder. Malditas sejam as empresas-fantasma em terrenos baldios, que fazem viadutos no ar, pontes para o nada, esgotos a céu aberto e rapinam os mínimos picuás dos miseráveis.

Malditos os fundos de pensão intocáveis e intocados, com bilhões perdidos na Bolsa, de propósito, para ocultar seus esbulhos e defraudações. Malditos também empresários das sombras. Malditos também os que acham que, quanto pior, melhor.

A grande punição está a caminho. Ai de ti, Brasil, pois acreditaste no narcisismo deslumbrado de um demagogo que renegou tudo que falava antes, que destruiu a herança bendita que recebeu e que se esconde nas crises, para voltar um dia como “pai da pátria”. Maldito esse homem nefasto, que te fez andar de marcha à ré.

Ai de ti Brasil, porque sempre te achaste à beira do abismo ou que tua vaca fora para o brejo. Esse pessimismo endêmico é uma armadilha em que caíste e que te paralisa, como disse alguém: és um país “com anestesia, mas sem cirurgia”.

Ai de vós, advogados do diabo que conseguis liminares em chicanas que liberam criminosos ricos e apodrecem pobres pretos na boca do boi de nossas prisões. Maldita seja a crapulosa legislação que vos protege há quatro séculos. Malditos os compradiços juízes, repulsivos desembargadores, vendilhões de sentenças para proteger sórdidos interesses políticos. Malditos sejam os que levam dólares nas meias e nas cuecas e mais ainda aqueles que levam os dólares para as Bahamas. Ai de vós! A ira de Deus não vai tardar...

Sei que não adianta vos amaldiçoar, pois nunca mudareis a não ser pela morte, guerra ou catástrofe social que pode estar mais perto do que pensais.  
Mas, mesmo assim, vos amaldiçoo. Ai de ti, Brasil!

Já vejo as torres brancas de Brasília apontando sobre o mar de lama que inundará o Cerrado. Já vejo São Paulo invadida pelas periferias, que cobrarão pedágio sobre vossas Mercedes. Escondidos atrás de cercas elétricas ou fugindo para Paris, vereis então o que fizestes com o país, com vossa persistente falta de vergonha. Malditos sejais, ó mentirosos, vigaristas, intrujões, tartufos e embusteiros! Que a peste negra vos cubra de feridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente. Ai de ti, Brasil, o dia final se aproxima.

Se vossos canalhas prevalecerem, virá a hidra de sete cabeças e dez chifres em cada cabeça e voltará o dragão da Inflação. E a prostituta do Atraso virá montada nele, segurando uma taça cheia de abominações. E ela estará bêbada com o sangue dos pobres, e em sua testa estará escrito: “Mãe de todas as meretrizes e mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país”. 


Ai de ti, Brasil! Canta tua última canção na boquinha da garrafa.



ARNALDO JABOR



Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy.

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segunda-feira, 24 de abril de 2017

DIÁRIO DE VIAGEM – Francisco Benício dos Santos (3)


BORDO DO PEDRO II
3º DIA

O sol batendo em cheio sobre a vidraça da minha cabine dá-me o bom dia:
- Levanta-te preguiçoso.
Lembrei-me de meu pai.
Saudades... sempre as saudades apertando-me o coração, estrangulando-me a alma.
Passamos frente a Vitória.
A costa Sul ostenta-se eriçada de picos azuis, como se misteriosa fada a tivesse bordado à renda.
Belo, muito belo! Maravilhoso espetáculo.
Aviões passam velozes sobre o navio, como se fossem gigantescos albatrozes...
Atrás... ficaram as raias da Bahia.
Radiógrafo:
“Castro para Cel. Márcio”.
Saudades, lembranças, abraços. Isauro.
Dra. Nísia – Embaixada /acadêmica – Bordo Bagé – Viagem América.
Saudades muitas saudades abraços. Isauro.
O sol lançando labaredas de fogo brune a superfície marinha de tonalidades viláceas.
E os picos azulinos eretos para o céu de turquesa límpido, puríssimo, sem uma nuvem que lhe empane a beleza e a poesia.
O farol de São Mateus salta ainda lampejos fracos por entre a névoa da mataria costeira.
Os picos vão se sucedendo, eriçados e pontiagudos com a característica das costas sulinas.
Volto ao tombadilho e leio:
“Viagem pelo Pacífico” e vou ficando acamaradado com as cidades e particularidades desta região.
As moças:
- Francamente, estamos intrigadas com o senhor e com o seu mutismo.
- Não dança, não joga, não conversa. Precisamos traze-lo ao nosso convívio.
- Certamente que o farei com prazer e muito gosto, mas, é que me falecem os requisitos exigidos para uma convivência tão gentil e cativante; não danço, não jogo, não canto...
- Haveremos de ensinar-lhe tudo isto  e algo mais importante.
- Terei imenso prazer e serei discípulo atento.
Por enquanto leio apenas, depois, depois...
Desce a noite.
A lua surge do mar, redonda, vermelha, lançando sobre o negror das águas atlânticas réstias prateadas de uma luz macia e baça.
Ao sul, o cruzeiro estende os braços e piscam e piscam...
A via láctea ponteia o céu de focos de luz e, como uma esteira de prata, branqueia os espaços sidéreos.
Vênus e Marte surgem irmanadas, emparelhadas, ofuscadas e trêmulas com a claridade da lua que vai tomando conta do céu, escorraçando todos os planetas, constelações e estrelas, ficando solitária, iluminando a Terra, a sua companheira de jornada pelo infinito.
Um vento frio e gostoso passa sibilante e mansinho, fazendo correr um frescor agradável pelo corpo.
O jazz está na sala estrangulando o espaço e perturbando a quietude da natureza com a brutalidade de sua música canalha.
Bandos de corpos enlaçados passam bamboleando aos remelexos do samba e aos rufos do pandeiro malandro.
Bebedores e jogadores de pôquer estragam o organismo e as bolsas bebendo, jogando.
Eu cismo: admiro a beleza do céu e a inconstância do mar e o brilho da via láctea que como um pálio aberto cintila.

(AQUARELAS E RECORDAÇÕES Capítulo XXII)
 Francisco Benício dos Santos.

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INSTIGANTE E REVELADOR SURGE "DECIFRA-ME... OU DEVORO-TE" DA AUTORA GUADALUPE NAVARRO



LILI

Entrevista com a autora Guadalupe Navarro


Guadalupe Navarro nasceu em Lima, Peru. Durante a infância, mudou-se, com os pais e os irmãos, para Londres, Inglaterra. E, numa fase posterior, para o Rio de Janeiro, Brasil, onde reside actualmente. É Bacharel em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com Pós-Graduação em Filosofia Contemporânea.

Devoradora de livros desde criança, interessa-se por temas relacionados com Direitos Humanos, refugiados e protecção de animais. Poetisa, cronista e contista, publicou os seus primeiros poemas em 2014 e estreou-se na prosa em 2016, com a sátira “A Estátua de Sal”, na antologia lusófona “A Bíblia dos Pecadores”, da Colecção Sui Generis. Os seus textos (prosa e poesia) estão espalhados em três dezenas de obras colectivas, portuguesas e brasileiras. Em 2015, lançou “Poemas da Alma”, o seu primeiro livro de poesia. “Decifra-me... ou Devoro-te!” é o segundo livro de sua autoria; reúne crónicas e contos incluídos em diversas antologias e foi publicado recentemente, em março, com o selo Sui Generis, em Portugal e no Brasil.

“O livro contém doze textos que escrevi desde agosto de 2015 até outubro do ano passado. São contos e crônicas. Humor e drama. Mas o mais importante é que cada personagem não é o que aparenta ser.”

Boa leitura!


Escritora Guadalupe Navarro, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos em que momento se sentiu preparada para publicar o seu livro “Decifra-me... ou Devoro-te!”.

Guadalupe Navarro - Bem, antes de mais nada, gostaria de agradecer a oportunidade de falar sobre o meu livro. A ideia de juntar todos os meus textos publicados ou selecionados para posterior publicação foi de Isidro Sousa, o editor responsável pela Edições Sui Generis. Inicialmente relutei, pois sou muito crítica em relação ao que escrevo. Mas, à medida que as pessoas diziam que gostavam do que eu escrevia, senti-me segura e decidi publicá-lo.

Como foi a escolha do título para a obra?
Guadalupe Navarro - Não foi fácil escolhê-lo. Eu queria algo que tivesse alguma relação com aquilo que está em cada parágrafo, em cada linha, em cada frase das histórias que estão no livro. E quem o ler entenderá a razão desse título.

Por gentileza,  apresente-nos “Decifra-me... ou Devoro-te!”.
Guadalupe Navarro -O livro contém doze textos que escrevi desde agosto de 2015 até outubro do ano passado. São contos e crônicas. Humor e drama. Mas o mais importante é que cada personagem não é o que aparenta ser. Uma das minhas personagens favoritas é uma mulher aparentemente amalucada, muito sensual; ela envolve-se com um homem que revela-se uma fraude, quero dizer, que não tem o compartimento nem a atitude de alguém de sua posição. Também posso dizer que as protagonistas, em parte, refletem mulheres que representam de várias formas o melhor que uma pessoa tem. Com exceção de uma, que é vigarista, mas que acaba revertendo uma situação adversa. Enfim, são histórias que à primeira vista podem parecer simples e corriqueiras, mas são muito mais complexas.

Qual é a mensagem que deseja transmitir aos leitores por meio dos doze textos apresentados no livro?
Guadalupe Navarro - Mensagem? Talvez que não se pode ter ideias preconcebidas sobre coisa alguma. As pessoas tendem a rotular tudo, a categorizar tudo. Se há um traço marcante em meu livro é que as personagens e os enredos vão contra todos os comportamentos pré-estabelecidos. Uma outra personagem, por exemplo, é um rapaz bonito, bem-sucedido, um tipo que não despertaria qualquer suspeita. Mas que carrega consigo um segredo. Algo sórdido. Que surpreende e até choca.

Se pudesse resumir o livro em duas palavras, quais seriam?
Guadalupe Navarro - Difícil, mas acho que estas duas palavras podem defini-lo: instigante e revelador.

Onde podemos comprar seu livro?
Guadalupe Navarro - Será lançado em Kindle na Amazon.com.br. A versão impressa já está à venda em Portugal, na livraria virtual da editora Euedito, que publica os livros Sui Generis (www.eudito.com/suigeneris). Aqui, no Brasil, será publicado pela Editora Garcia (editoragarcia.com.br) que o disponibilizará em várias plataformas como americanas.com.br, extra.com.br, para citar algumas. Podem também solicitá-lo à Sui Generis (letras.suigeneris@gmail.com) ou directamente comigo, através do meu e-mail (grn3006@gmail.com) ou da página no Facebook (www.facebook.com/rubionav).

Quais os seus principais objetivos como escritora?
Guadalupe Navarro - Que aquilo que escrevo seja julgado pelo seu valor literário, independentemente de qualquer outra coisa. Sou portadora de paralisia cerebral e não quero que ninguém fique constrangido ao me criticar. Não quero que ninguém sinta pena de mim. Se gostarem de meu trabalho, elogiem. Se não gostarem, critiquem.

Qual é o tipo de texto que gosta de ler?
Guadalupe Navarro - Gosto de ler tudo. Desde livros de culinária até textos filosóficos. Sou muito curiosa, gosto de saber, gosto de conhecer a origem de cada nome, palavra, lenda ou mito. Quanto a autores, os meus favoritos são Gore Vidal, Oscar Wilde e García Márquez. Mas sou apaixonada por História. E por personagens ou fatos históricos. Por isso, já li muitas biografias e livros sobre guerras ou outros acontecimentos marcantes.

O que mais a encanta na leitura deste tipo de texto?
Guadalupe Navarro - A possibilidade de conhecer, de entender mais o mundo. Por exemplo, ao ler o relato de uma sobrevivente do genocídio em Ruanda, entendi a questão das diferentes etnias e seus conflitos no contexto da colonização de África. Quando li sobre Mahatma Gandhi, pude compreender a complexidade da sociedade indiana. Ao ler uma biografia sobre Catarina, a Grande, tive a oportunidade de mergulhar a fundo na história da Rússia, que está muito ligada ao fato de como um povo pode ter sido dominado pelo totalitarismo durante tantas décadas. Enfim, pode-se aprender muito lendo biografias ou livros sobre certos personagens que viveram situações relacionadas a acontecimentos históricos.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Guadalupe Navarro. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa aos nossos leitores?
Guadalupe Navarro - Que leiam tudo o que chegar às suas mãos. Sem nenhum preconceito. Se não gostarem, poderão criticar com argumentos. Mas nunca deixem de ler por qualquer que seja o motivo. E quero, mais uma vez, agradecer esta oportunidade de falar um pouco sobre o meu trabalho.

CONTACTOS

por Shirley M. Cavalcante (SMC)


Divulga Escritor, unindo Você ao Mundo através da Literatura

Revisão ortográfica: Josias A. de Andrade




(Recebi por e-mail)


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domingo, 23 de abril de 2017

O SILÊNCIO DE PLÁSTICO – Geraldo Maia


O silêncio de plástico


Mensalões, cartéis, propinas, caixas 2, lavagens de grana, fuga de capitais, trafico de influências, drogas, contrabandos, delações envolvendo os bilionários escândalos envolvendo a Petrobras, construção de metrôs e obras públicas federais, estaduais e municipais, inclusive no INSS, nos ministérios, secretarias e no emaranhado burocrático público-privado estão deixando para a população pagar um rombo nas contas públicas estimado pelo aplicativo 'corruptômetro' em torno de R$ 920 bilhões contabilizados por meio de superfaturamentos, ações de cartéis, concorrências fraudadas e montadas. 

No governo Collor bastaram alguns milhões desviados criminosamente para tirar o presidente do cargo. Foi quase um rito sumário, povo nas ruas, votação no Congresso, e tchau presidente 'play boy'. Mas nos governos do PT, são doze anos na tela, o mensalão correu solto, até hoje estão soltos, agora é a Petrobrás com 1 bilhão de prejuízo, e não acontece nada, depois chegam as delações, milhões são dedurados, e ainda assim não acontece nada.

A presidente reeleita chora no vídeo como se ditadura e tortura fossem monopólio da 'direita', sem se importar em chorar também pelos milhões de torturados e mortos pelas ditaduras militares implantadas nos países soacilistas considerados de 'esquerda'. Para esses a verdade continua sendo explicada na bala, na vala comum, nos campos de extermínio que só no Cambodja resultou na morte de 2/3 da população pelo 'bonzinho', porque de 'esquerda', Kmher Vermelho.

Mas por que Collor caiu logo e Lula , Dilma, Dirceu, etc, etc, continuam no poder, mesmo com as ruas gritando 'fora Lula', 'fora Dilma', 'fora PT'? Saiu quase despercebida e pouca gente notou, no auge na mais sórdida campanha eleitoral que se tem notícia no Brasil, uma declaração do Pedro Stédile, líder vitalício dos movimentos dos Sem Terra, Sem Teto, Sem Comida, sem Voz, sem Cabeça, sem Vontade, sem opinião, sem Decisão, sem liberdade para andar por seus próprios pés, pensar com o próprio cérebro, decidir segundo sua própria vontade. 

Pedro Stédile disse que se a presidente Dilma perdesse haveria guerra civil no país. Não usou outra palavra, foi guerra mesmo. Baseado em que Stédile, o monarca dos sem teto, fez tal afirmação? Observem um assentamento dos Sem Terra. A maravilhosa organização de caráter militar que ali existe. Geralmente liderados por mulheres, a organização dos Sem Terra no seu dia a dia não encontra similar no país ou no planeta. Dotados que são de disciplina digna de fazer inveja a qualquer dos mais bem treinados grupamentos das forças armadas. 

O MST também é extremamente organizado no que tange às suas ações produtivas, que são bem diversificadas. Agricultura, criatório, artesanato, cooperativas são utilizadas para produzir alimentos. O MST coordena mais de 100 cooperativas e mais de 1,9 mil associações situadas nos assentamentos trabalhando a construção de 96 agroindústrias. Os assentamentos do MST impactam a vida de um município tanto na esfera social como econômica. Em primeiro lugar, a terra ganha uma função social. Em segundo lugar, um conjunto de famílias ganha instrumentos para a sua sobrevivência. Depois de um período, constroem a casa, conquistam a escola e começam a produzir. A produção garante o abastecimento de alimentos aos moradores das pequenas cidades e gera renda às famílias assentadas. Mas o que existe por trás dos barracos de plástico preto que vai ser utilizado por Stédile em uma guerra civil? Alimentos Orgânicos? Armas automáticas? Munições de grosso calibre, veículos de combate, helicópteros e aviões. Misseis interestaduais? Tanques de lavar roupa ou tanques de guerra? Como Dilma ganhou o silêncio permeia os assentamentos dos Sem Terra.
  
Aguarda-se as próximas eleições. Quase um Bilhão foi tirado dos cofres públicos. Para comprar arsenal? Mas guerra contra quem, irmãos contra irmãos? Esquerda contra direita? Norte nordeste contra o sul sudeste? Ricos contra pobres? Luta entre as classes? Capitalismo contra comunismo? Muito bem, até agora do que valeram essas guerras ao redor do mundo?

Mais guerras, mais violência, mais intolerância, mais fome, miséria, doenças, abandono, indiferença. Dentro do plástico preto ecoa o silêncio impregnado nos paus de arara armados nos porões da direita e da esquerda. Qual deles tortura melhor? Qual tortura venceu condenando a outra a 'nunca mais'?


Geraldo Maia, poeta

Estudou Jornalismo na instituição de ensino PUC-RIO (incompleto)
Estudou na instituição de ensino ESCOLA DE TEATRO DA UFBA
Coordenou Livro, Leitura e literatura na empresa Fundação Pedro Calmon Trabalha na empresa Folha Notícias,
Filho de Itabuna/BA/BRASIL, reside em Louveira /SP.


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