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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

HEROICA RESISTÊNCIA À HERESIA LUTERANA – Afonso de Souza


25 de novembro de 2018
                                                                            ♦  Afonso de Souza
Homenagem a Soror Caridade no antigo convento
das clarissas em Nuremberg     

Em muitas partes do mundo, o clero “progressista” tem incentivado o convívio ecumênico entre católicos e luteranos. Na Alemanha, país que foi o berço da heresia protestante, alguns bispos chegam hoje ao extremo de pleitear a distribuição da Sagrada Comunhão a luteranos! Um absurdo impossível de sequer ser cogitado em séculos passados, quando os partidários de Lutero promoviam guerra acirrada à Igreja e a seus membros. Um dos inúmeros exemplos disso sucedeu no século XVI com um convento das irmãs clarissas em Nuremberg, cujas monjas enfrentaram com galhardia o esforço dos hereges para que elas apostatassem da verdadeira fé. Perseveraram todas, por amor a Deus, até a morte da última.


Em 1517, Martinho Lutero publicou suas 95 teses contra a Igreja Católica. Excomungado em 1521, foi condenado como fora da lei por Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Mas não deixou de semear sua pestilenta doutrina na Alemanha, levando quase dois terços do país à apostasia. Nuremberg, ao norte da Baviera, aceitou em 1525 a pseudo-Reforma protestante e passou a perseguir os católicos que não se curvavam ante a heresia.

Lutero, causa de muitas ruínas


Lutero na Dieta de Worms diante de Carlos V – Anton von Werner, 1877. Staatsgalerie Stuttgart, Alemanha.
Em Nuremberg — cidade que se destaca por sua arquitetura medieval, em particular pelas fortificações e torres de pedra — havia um convento de freiras clarissas com 60 religiosas. A começar pela priora, Bárbara Pirckheimer, todas provinham de famílias da aristocracia local. Primogênita entre 12 irmãos, a Irmã Bárbara decidira entrar para o convento aos 16 anos, tomando o nome de Irmã Caridade. Recebeu a educação humanística em voga naquela época, sobressaindo-se no latim. Seu irmão Willibald, seduzido infelizmente pelas ideias de Lutero, estudou na Itália e se tornou um dos mais importantes humanistas alemães.

Já em 1517 a doutrina de Lutero começara a conquistar terreno em Nuremberg. Aos poucos, com a enorme apostasia que se seguiu, os dirigentes da cidade começaram a fazer pressão sobre as freiras clarissas, para que cedessem e aderissem ao luteranismo. Resistindo quase sozinhas à heresia, lideradas pela Irmã Caridade, elas se opuseram firmemente a abandonar a verdadeira fé. Foram cruelmente perseguidas de 1524 a 1528 pelo Conselho herético da cidade, e registraram tudo na crônica “Fatos Memoráveis”, documento de inestimável valor histórico e espiritual.

Essa valorosa superiora sabia bem o que as novas ideias representavam, e afirmou: “A doutrina de Lutero tem sido a causa de muitas ruínas. Cruéis discórdias têm desgarrado a Cristandade, as cerimônias das igrejas foram mutiladas, e em muitos lugares se abandonou repentinamente o próprio estado [religioso], pois se pregava a suposta liberdade cristã, repetia-se que as leis da Igreja e os votos já não obrigavam a ninguém. A consequência de tal argumentação foi que bom número de monges e monjas usaram esta liberdade para abandonar o claustro e deixar seus hábitos. Muitos inclusive se casaram, agindo apenas de acordo com sua fantasia”.
Na pintura ao lado: Retrato de mulher, do pintor Albert Dürer, não assinado: os especialistas julgam que representa a Irmã Caridade Pirckheimer. 

Pressões para forçar apostasias

Representação de Nuremberg
poucos anos antes da apostasia,
quase geral, nas garras da heresia luterana
Baldados os primeiros intentos, o Conselho municipal recorreu aos familiares das religiosas, para que pressionassem suas filhas, irmãs e sobrinhas a ceder. Durante toda a Quaresma de 1525 houve na cidade contínuos debates entre os que aderiram à nova doutrina e alguns religiosos e sacerdotes ainda fiéis. O Conselho anunciou então a intenção de retirar das irmãs o atendimento espiritual proporcionado por esses sacerdotes, substituindo-os por pastores da nova religião. Diz a Irmã Caridade: “Desde esse dia fomos privadas da confissão, da comunhão e de todos os sacramentos, inclusive em perigo de morte”.

A priora e suas freiras foram obrigadas a aceitar os pregadores do Conselho local, mas rechaçaram seus confessores, preferindo privar-se dos Sacramentos a ceder aos erros. Nesse sentido, ela declarou ao Conselho: “O Conselho recordará certamente que temos sempre obedecido nas coisas temporais. Mas, no que diz respeito às nossas almas, obedecemos apenas à nossa consciência”.

As religiosas foram então submetidas a um verdadeiro massacre moral. Os pregadores usavam com frequência um tom extremamente agressivo. As freiras ouviram 111 pregações dessas, mas mantiveram-se inabaláveis. Por fim, o Conselho desistiu de enviar novos delegados.

As ameaças chegaram enfim às privações econômicas. Na Semana Santa de 1525, relata a Irmã Caridade: “Quando o curador viu que nunca chegaria a vencer minha resistência, mudou de tema e falou-me de um levantamento de camponeses que tinham se rebelado, em número muito considerável, para saquear os conventos e expulsar ou condenar à morte todos os religiosos e as religiosas; que no convento daquela cidade não deveria permanecer uma só clarissa; que faríamos bem em refletir e não dar motivo a um grande massacre”.

Enquanto isso, a situação em Nuremberg só piorava. Um dia depois da Páscoa, todo culto católico foi proibido. Começaram as apostasias, primeiro dos agostinianos, “que eram a fonte de todas as desgraças”, depois dos carmelitas, dos cartuxos. Todos abandonavam seus hábitos, não cantavam mais o Ofício Divino e rezavam os ofícios de acordo com sua fantasia subjetiva. Muitos se casavam.

Em clima de tão geral apostasia, as pressões sobre as clarissas chegaram ao auge. Diariamente eram ameaçadas de serem tiradas à força do mosteiro, cujo claustro deveria ser demolido até os fundamentos. Relata a Irmã Caridade: “Nós nos convertemos para todos, grandes e pequenos, em objeto de desprezo. […] Somos objeto de maior desprezo que as mulheres públicas, as quais nos dizem que valemos verdadeiramente menos do que elas. […] Não querem que ninguém chame mais nossos conventos de ‘claustros’, mas de hospícios, nem que as irmãs se chamem ‘cônegas’; que a abadessa e a priora devem ser chamadas de ‘diretoras’, e não deve existir distinção alguma entre os clérigos e os leigos”.

 Resistência e o prêmio pela fidelidade
  
     A situação chegou a tal ponto, que em 1525 a Irmã Caridade reuniu as religiosas no capítulo e pediu o parecer delas sobre a conduta a seguir: “Encontrei-as todas com o mesmo sentimento, e me responderam que nunca iriam deixar-se converter à nova doutrina por meio do sofrimento; que nunca se separariam da Santa Igreja; e que não conseguiriam arrastá-las para fora da vida monástica. Recusaram a direção dos sacerdotes apóstatas, preferindo ficar longo tempo sem confissão e privadas da Sagrada Comunhão. […] Escrevi a súplica, […] que a comunidade aprovou por unanimidade depois de ouvir a leitura. Cada uma pediu para assinar; nós todas queríamos participar da responsabilidade na desgraça que pudesse advir para nós”.

Essas lídimas seguidoras de Cristo permaneciam assim firmes na Fé. E de tal maneira, que o próprio Felipe Melanchton, número dois de Lutero, chegou a visitá-las pessoalmente, para tentar convencê-las. Mas nada conseguiu, e saiu admirado pela firmeza da abadessa.

A vida continuou para elas, sempre na mesma resistência, até que em 1532 a Irmã Caridade recebeu no Céu o prêmio de sua fidelidade a Cristo. Foi sucedida por sua irmã Clara, e depois pela sobrinha Catarina. Desde o início o Conselho havia proibido as clarissas de receber noviças, e as religiosas iam morrendo sem deixar sucessoras. A última delas, Irmã Felicidade, faleceu aos 91 anos em 1591. O Conselho da cidade tomou então posse do convento dessas heroicas resistentes da Santa Igreja.

Assim desapareceram aquelas 60 filhas de Santa Clara, que haviam afirmado: “Sofreremos aquilo que Deus queira nos enviar. É melhor sofrer por causa do mal do que consentir em fazer o mal”.
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Comentário:

Luiz Guilherme Winther de Castro
26 de novembro de 2018 

E ainda há bispos e padres desejando união entre os protestantes e católicos?
Nunca concordei com o tal ecumenismo em assuntos religiosos. Aceitar uma união de esforços para tratar de um assunto social, de caridade, de socorro, ou mesmo de uma convivência pacífica entre crenças e igrejas, uma vez que o país faz questão de ser laico, tudo bem! Cada um acreditando no que deseja acreditar e cada um na sua, desde que fazendo o bem e não o mal.
Quanto a Martinho Lutero, essa figura perniciosa, qual foi mesmo a famosa reforma protestante que ele fez? Reformou o que? Que eu saiba, ele criou uma outra igreja, uma outra crença, com suas ideias mirabolantes e não reformou nada.
A Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana continuou sendo a mesma, com seus dogmas e costumes e não sofreu reforma alguma. Quanto aos costumes e práticas religiosas, com a evolução dos tempos houve transformações sempre visando o melhor para o católico. A Igreja é santa, não erra. ela é a casa de Deus. Os homens que dela participam, estes sim, podem errar. e como erramos.
Portanto, a padre que queria casar-se, o tal de Martinho Lutero, não reformou coisa alguma, provocou uma tremenda cisão na Igreja e pelo que me consta, arrependeu-se no fim da vida e até mandou chamar um padre seu amigo para confessar-se. Seria verdade?




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NATAL DO BEM – João de Paula



Espalhe a magia que vai durar o ano inteiro



É tempo de Festa,
É tempo de confraternização,
É tempo de Abraços,
É tempo de troca de presentes,
É tempo de Amigo Secreto,
É tempo de desejar aos nossos familiares, amigos, vizinhos e conhecidos: a paz, prosperidade, saúde e boas realizações.


Desejar feliz natal, feliz ano novo, para nossos familiares, amigos e conhecidos.

É tempo de Natal!

Boas festas e feliz ano novo, que o verdadeiro espírito do Natal, o nascimento de Jesus Cristo, possa ser vivenciado e o nosso amor ampliado, para que o bem, as intenções positivas e as nossas boas ações, sejam voltadas para um mundo melhor, para gerar felicidade, para que a magia do Natal dure o ano inteiro, ou mais.

Natal de Luz, Natal sem fome,
Natal sem doença, Natal sem miséria,
Natal sem pobreza, Natal sem conflito,
Natal de Paz e amor.


Que possamos vivenciar a beleza de Deus através do amor fraternal em família, com nossos amigos e conhecidos, na pratica do Natal do Bem, nas nossas confraternizações, passeios e encontros, fazendo nascer os sentimentos de elevado nível, com a pratica do servir espontâneo, da bondade, da cortesia, da generosidade e da gentileza.

Vamos amar mais,
Vamos respeitar mais,
Vamos unir nossas mãos e nossas vozes

para erguermos a bandeira do amor,
a bandeira da ordem, respeito e civismo.

Natal é família;
A família é presente de Deus.
Natal é felicidade,
Natal é agradecimento,
Natal é a vida...


Um coração agradecido se liga a Deus.
Faça feliz quem por perto 
de você passar hoje, amanhã e sempre, 
na propagação da felicidade e do amor; 
para o bem da humanidade 
e de um mundo melhor.


Natal do Bem é você que faz...

Sorria,
Seja Generoso,
Seja amável com todos,
Seja útil.
Seja grato,
Seja um doador dos valores 
que elevam o nível cultural e espiritual 
das pessoas que o acercam.


Faça alguém feliz,
Faça seu irmão feliz,
Faça o Natal do Bem.
Um abraço fraternal, 

Um abraço poético, 
Um abraço da Paz.

Espalhe a magia que vai durar o ano inteiro.
Parabéns! Feliz Natal e Próspero Ano Novo.



João Batista de Paula
Escritor e Jornalista.


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ABL: DENISE MAURANO, PROFESSORA, FILÓSOFA E PSICANALISTA, FAZ NA ABL A PALESTRA DE ENCERRAMENTO DO CICLO ‘O BARROQUISMO BRASILEIRO’



A professora, filósofa e psicanalista Denise Maurano fará a quarta e última palestra do ciclo de novembro de 2018, sob coordenação do Acadêmico e jornalista Merval Pereira. O evento está programado para quinta-feira, dia 29, às 17h30, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.

A conferencista adiantou um resumo de sua palestra: “Tomado, não propriamente, como estilo artístico de um período, mas como um modo de orientação do psiquismo que repercute em diversas produções humanas, o barroco nos servirá de alavanca metodológica para pensarmos acerca da cultura brasileira, no que ela tem de melhor e de pior. Abordado como herdeiro do espírito trágico dionisíaco, afeito ao paradoxo, nos favorece tanto a psicanálise, o carnaval e a música, por exemplo, quanto a desmedida que aqui facilmente toma a cena, nos fazendo refletir sobre nossa civilidade”.

Serão fornecidos certificados de frequência.

A Acadêmica Ana Maria Machado é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2018.

A PALESTRANTE

Denise Maurano Mello, nascida no Rio de Janeiro, é Professora Titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), atuando no Curso de Direito e no Programa de Pós-Graduação em Memória Social. Tem Mestrado e doutorado em Filosofia pela Universidade de Paris XII e PUC/RJ. Pós-doutorado em Letras, também pela PUC/RJ e Pós-doutorado em Psicanálise pela Universidade de Nice (FR). Psicanalista, é membro da Associação Corpo Freudiano – Escola de Psicanálise, seção Rio de Janeiro.

Autora de diversos artigos publicados no Brasil e no exterior, Denise Maurano também publicou os seguintes livros: Nau do desejo: o percurso da ética de Freud a Lacan (Ed. Relume Dumará,1995); La face cachée de l’amour: investigation philosophique de la tragédie à la lumière de la Psychanalyse (Presses Universitaires de Septentrion, FR, 2000); A face oculta do amor: a tragédia à luz da psicanálise (RJ, Imago ed./UFJF, 2001); Para que serve a Psicanálise (Col. Passo-a-passo em psicanálise, RJ, Jorge Zahar ed., 2003); A transferência (Col. Passo-a-passo em psicanálise, RJ, Jorge Zahar ed., 2006); A Histeria, (Col. Para ler Freud, Ed. Civilização Brasileira 2011); Trilogia: Do Desejo, Do Amor e Do Gozo. Volume I: Do desejo. RJ: Ed. Contracapa (no prelo). Coordenou e organizou, ainda, algumas publicações, entre elas as Agenda de Psicanálise (I Ed. Xenon, 1989 e II Ed. Relume Dumará,1990); Circulação Psicanalítica, RJ: Imago Editora(1992).

Desde 2003, Denise Maurano é editora-chefe do periódico eletrônico multidisciplinar Psicanálise&Barroco em Revista. Concebeu e dirigiu os vídeos: Torções do gozo: uma imersão no barroco, 2001, financiado pela FUNALFA/JF e Banco do Brasil; Desdobramentos de Vênus: uma viagem rumo ao continente negro, e também Matriarcado de Pindorama: a presença do feminino na cultura brasileira, (apoio CNPq). Profere palestras pelo Brasil e por outros países, como França, Estados Unidos, Bélgica, Áustria, Argentina, México, Canadá e Itália.

 22/11/2018


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