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quinta-feira, 15 de março de 2018

A JORNALISTA SONIA ZAGHETTO ESCREVE SOBRE A ENTREVISTA DE LULA, DEPOIS DO SEU DEPOIMENTO


6 Março, 2016
Assisti ao discurso do ex-presidente Lula da forma o mais isenta possível e mente aberta. Obviamente não esperei grandes mudanças, mas imaginei que haveria um pouco de autocontrole como demonstração de inteligência.

Aguardei alguma demonstração de contenção, se não por gestão de imagem, mas como medida destinada a não aumentar a grande fogueira dos ódios deste país.

Imaginei que, dado o momento inédito em sua vida, manifestaria algum respeito aos milhões de brasileiros cujas mentes não se curvam à retórica barata. Em vão: palavras vazias, em uma fala recheada de clichês e tolices, plena de auto louvação, piadas grosseiras, delírios narcisistas e frases piegas que comoveriam apenas pré-adolescentes ou amigos encharcados de boa vontade.

Houve, ainda, uma revisita a dois clássicos: a velha estratégia vitimista sobre a perseguição movida pelas elites por ser o redentor dos pobres; e o desejo sádico de alimentar um pouco mais o ódio que hoje divide seus compatriotas. Observei-lhe o rosto contorcido, a expressão raivosa, a incapacidade de se reconhecer como cidadão comum, submetido às leis do país. E entendi: Lula hoje acredita piamente na imagem que ele e seus aduladores criaram. Para ele, é inadmissível que seja investigado, ou conduzido a depor: trata-se de falta de respeito. Logo ele, tão grandioso, dotado de tal inteligência que chega a mencionar com desprezo os que dedicam longos anos ao estudo.

Atrás dele, uma multidão aplaudia, mesmerizada. E me veio à memória uma história que se conta sobre Júlio Cesar. Ao entrar triunfante em Roma, quase semideus em sua dourada carruagem, trazia consigo um escravo que o prevenia contra os excessos da vaidade, lembrando-o, de tempos em tempos: "Memento mori!" (Lembra-te que és mortal!).

É uma pena que Lula não tenha entre os seus quem o alerte para os excessos intoxicantes da vaidade que cega.

É uma pena que Lula ame apenas a si mesmo e não ao país, transformando uma parte significativa de nossa população em inimigos sobre quem açula seus cães.

É uma pena que ninguém lhe diga, francamente, que o rei está nu - que sua habilidade de comunicação só funciona para dois segmentos: os que se renderam a essa nova forma de fanatismo criada por seu partido; e a parcela da população cuja ausência de educação é louvada como vantagem e não como vergonha.

Despido de riquezas morais, passará à história como fanfarrão histriônico.
Órfão de qualidades éticas, não consegue reconhecer que ultrapassou todos os limites.

Desabituado à reflexão, não vê além dos limites das necessidades básicas.

Embriagado pela bajulação, não consegue ver nas críticas de milhões de brasileiros a advertência severa para seus excessos.

Tudo isso, Lula já havia demonstrado sobejamente em ocasiões anteriores. Hoje apenas reafirmou, em rede nacional, que desconhece o significado da palavra grandeza.



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DOM CESLAU STANULA - O Sínodo


06/03/2018
Depois do Concílio Vaticano II foi introduzido na Igreja frequentemente o Sínodo

Mas o que é o Sínodo?

A palavra “sínodo” vem de duas palavras gregas: “syn”, que significa “juntos”, e “hodos”, que significa “estrada ou caminho”. Logo, o Sínodo dos Bispos pode ser definido como uma reunião do episcopado da Igreja Católica com o Papa para discutir algum assunto especial, procurar novos caminhos da missão e auxiliar o Papa no governo da Igreja.

O Sínodo dos Bispos foi instituído pelo Papa Paulo VI em 1965. Desde então, foram realizadas 25 Assembleias Sinodais.

O Sínodo, segundo definiu o próprio Papa Paulo VI é uma instituição eclesiástica, sensível aos  sinais dos tempos para os interpretar e descobrir os desígnios divinos por onde deve caminhar a Igreja Católica após o Concílio Vaticano II.

Também foi instituído para estreitar a união entre os bispos do mundo e a sua colaboração com a Sé Apostólica.  O Sínodo não produz o documento. Apresenta a colaboração, propostas dos bispos do mundo sobre um determinado assunto, dos quais o Papa escreve o documento chamado Exortação Apostólica.

Por exemplo, tivemos já o Sínodo sobre a Família, sobre os Sacerdotes, sobre os Bispos etc., e o último, foi de novo sobre a Família, que resultou a Exortação Apostólica: Amoris Laetitia, sobre o amor na Família.

Com a minha oração e a benção. Uma boa e repousante noite.
Dom Ceslau

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07/03/2018

A Igreja sempre acompanha a realidade dos povos. Além dos Concílios Ecumênicos e Sínodos organiza as Conferências em determinadas regiões do mundo com a intenção de iluminar o povo, de uma determinada região com a luz do Evangelho.

Na América Latina, cada dez anos se realiza a Conferência dos Bispos da América Latina e do Caribe para tratar dos assuntos ligados com a realidade concreta do continente. As cinco conferências já realizadas marcaram a Igreja da América Latina, dando-lhe o rosto muito próprio e bem definido.

A título de esclarecimento: a conferência leva o nome do lugar onde foi realizada. Por exemplo: Rio de Janeiro, Aparecida. Medelin...

Outro dado importante: só as nossas Conferência da América Latina produzem o documento doutrinário , que logo após aprovação do Papa, entra como documento oficial do ensino da Igreja. Não como os sínodos, onde os padres sinodais mandam as propostas sinodais para o Papa e ele elabora o documento. É um dado muito importante. (A continuação conheceremos estas conferências).

Com a oração e a benção em Cristo Jesus. Desejo uma repousante noite.
Dom Ceslau
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08/03/2018

A primeira Conferência Latino Americana realizou-se no Rio de Janeiro em 1955. Hoje pouco se fala dela até está  desconhecida. Foi ainda antes do Concilio Vaticano II.  A principal preocupação da Conferencia foi a Igreja em si, a defesa da fé, escassez dos sacerdotes, ignorância religiosa etc. O diálogo com o mundo de fora praticamente não aparece. Não havia muita preocupação com o social, a não ser só algumas constatações como a desigualdade entre os pobres e ricos, a importância da doutrina social da Igreja e o papel especial e insubstituível do laicato católico.

A questão indígena foi tocada, mas no sentido como incorporar o indígena, com honra, no seio da verdadeira civilização. O índio visto como ser primitivo! A decisão mais importante dessa conferência foi o pedido dirigido ao Papa Pio XII para se criar um organismo que pudesse unir mais as forças da Igreja na América Latina. É aí que surgiu a ideia do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano). O Papa aceitou a proposta e aprovou o pedido  em 1955.

Com a minha oração e a benção em Jesus, Uma boa e tranquila noite.
Dom Ceslau.
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09/03/2018

A segunda Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano realizou-se em Medellín (Colômbia) em 1968.
Essa conferência deu-nos 16 documentos. Praticamente constitui uma releitura do Vaticano II para a América Latina e o Caribe. Eis em poucas palavras o espírito da Conferência:
No primeiro documento sobre a Justiça, já encontramos a palavra-chave que marcará Medellín: a libertação. Jesus veio para nos libertar de todas as injustiças como fome, violência, a opressão... Numa palavra da injustiça que tem a sua origem no egoísmo humano.

A visão do mundo pelo Vaticano II foi uma visão otimista, e a palavra-chave era desenvolvimento. Em Medellín, a teologia do desenvolvimento e da promoção humana cede lugar à teologia e pastoral da libertação.

É a descoberta do submundo dos pobres, dos países pobres, que é a maioria da humanidade, e pobres devido a uma situação de dependência opressora, gera injustiça. Não teremos um continente novo sem novas e renovadas estruturas, e, sobretudo não haverá continente novo sem homens novos que, à luz do Evangelho, saibam ser verdadeiramente livres e responsáveis (Med 1,3).

O ponto alto da pastoral libertadora da Igreja encontra-se na clara e profética opção preferencial pelos pobres. É uma opção pelo “ser mais” e não pelo “ter mais”. Os documentos mais marcantes de Medellín são: Justiça, Paz, Pobreza da Igreja.

Com a minha benção e oração. Boa noite.
Dom Ceslau.

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12/03/2018

A terceira Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano realizou-se em Puebla de Los Angeles (México) em 1979. A base de toda a reflexão foi a Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” - (Sobre a evangelização dos povos) do Beato Papa Paulo VI de 1975.

Foi a releitura do documento para a América Latina com o tema a evangelização no presente e no futuro da  América Latina. A pregunta chave foi: qual o mundo que a Igreja deve evangelizar? - Com que mundo a Igreja, em nome do evangelho, se deve comprometer?  Em outras palavras, como atuar pastoralmente na América Latina em total fidelidade ao Evangelho? Quais as opções pastorais fundamentais tomar para que o Evangelho seja um acontecimento atual e presente com toda a sua vitalidade e força original?

Na época em que se realizava Puebla, o mais urgente desafio era a defesa da dignidade da pessoa humana, a proclamação dos direitos fundamentais da pessoa humana na América Latina, à luz de Jesus Cristo. Estes direitos, na época foram violados, devido a reinante ideologia da segurança nacional. Por isso, surgiu a necessidade de uma evangelização em comunhão e participação de todos para que o ser humano possa ser mais humano, à luz de Jesus Cristo. (Continuaremos).

Com a benção e oração. Um sono tranquilo com os Anjos vigilantes.
Dom Ceslau.
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13/03/2015

Continuando o conhecimento dos Documentos emanados da Igreja da América Latina, vejamos ainda outro pensamento do Puebla. A parte mais importante do documento de Puebla é a IV Parte, em que, além da opção preferencial pelos pobres, pelos jovens e da ação da Igreja junto aos construtores da sociedade pluralista na América Latina, trata de modo muito especial dos direitos fundamentais do ser humano, direitos individuais, sociais e também alguns de índole internacional.

Em toda a reflexão pastoral de Puebla, busca-se a comunhão e a participação na Igreja e na sociedade para se chegar à verdadeira e autêntica libertação.

O modelo da ação evangelizadora para Puebla são as comunidades eclesiais de base. A nova responsabilidade da América Latina agora é o aprofundamento da fé. Fé mais operativa, sobretudo por meio da família, da juventude, das comunidades eclesiais de base, sempre animadas pela mentalidade missionária e diálogo permanente com as culturas vivas do continente.

Uma noite abençoada e tranquila. Com a benção e oração.
Dom Ceslau

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14/03/2018

A IV Conferência-Geral Latino-Americana realizou-se em Santo Domingo (República Dominicana) em 1992.

Se em Medellín a palavra-chave era libertação, em Puebla, comunhão e participação, em Santo Domingo foi a inculturação.
Santo Domingo dá atenção especial à promoção humana, a pedido do próprio Papa João Paulo II, devido à necessidade de todos se sentirem e agirem como “gente”.

Para que haja uma autêntica promoção humana, é preciso ter em conta as diferentes culturas presentes na América Latina e no Caribe. Nas diferentes culturas latino-americanas e caribenhas começa a impor-se nova cultura. É a cultura presente nos meios de comunicação social, na mentalidade fortemente reinante no espírito urbano-industrial, e que perpassa todas as camadas da sociedade. Tal cultura não é fácil de definir, mas caracteriza-se por um espírito técnico-científico.

É um espírito calculista, explorador dos recursos da natureza, e que, ligado à funcionalidade das pessoas no atual mundo urbano, desumaniza e despersonaliza as criaturas humanas, tornando-as meros robôs.

É um espírito secularista, sem nenhum referencial ao transcendental, criando uma cultura de morte no mundo contemporâneo.

Com a abundante benção de Deus de amor e a minha humilde oração. Uma boa e repousante noite.
Dom Ceslau.
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Dom Ceslau Stanula – Bispo Emérito da Diocese de Itabuna-BA, escritor, Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL.

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