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terça-feira, 4 de julho de 2017

04/07 - DIA DA DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DOS EUA

A Declaração da Independência dos Estados Unidos da América foi o documento no qual as Treze Colônias na América do Norte declararam sua independência da Grã-Bretanha, bem como justificativas para o ato. Foi ratificada no Congresso Continental em 4 de julho de 1776, considerado o dia da independência dos Estados Unidos, para estar pronto quando o Congresso votou sobre a independência. Adams convenceu a comissão para selecionar Thomas Jefferson para compor o projeto original do documento, que o Congresso deveria editar para produzir a versão final.

Consideramos estas verdades como auto-evidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são vida, liberdade e busca da felicidade.

Isso tem sido chamado de "uma das frases mais conhecidas no idioma Inglês", que contém "as palavras mais potentes e consequentes da história americana". A passagem passou a representar um padrão moral que os Estados Unidos devem se esforçar para alcançar. Este ponto de vista, nomeadamente, foi promovido por Abraham Lincoln, que considerou que a Declaração deve ser o alicerce de sua filosofia política, e argumentou que a Declaração é uma declaração de princípios através dos quais a Constituição dos Estados Unidos deve ser interpretada. Ela inspirou os documentos de direitos humanos em todo o mundo.

Antecedentes
 Até ao momento da Declaração de Independência, que foi constituida em 04 de Julho de 1776, as Treze Colônias e Grã-Bretanhaestavam em guerra há mais de um ano. As relações entre as colônias e a metrópole estavam se deteriorando desde o final da Guerra dos Sete Anos em 1763. A guerra tinha mergulhado governo britânico profundo em dívida, e assim o Parlamento aprovou uma série de medidas para aumentar a receita fiscal das colônias. Por sua vez, o parlamento acreditava que esses atos, como a Lei do Selo de 1765 e as Tarifas Townshend de 1767, eram um meio legítimo de ter as colônias pagar a sua parte justa dos custos para manter as colônias no Império Britânico.

A Declaração de Jefferson 
As treze colônias tomaram este passo, pois os britânicos estavam se aproveitando da América do Norte, com impostos altos para pagar o prejuízo das guerras feitas pelos ingleses, então as treze colônias tomaram a decisão de criar A Declaração da Independência dos Estados Unidos da América.

Acredite, caro senhor: não há no império britânico um homem que mais ama cordialmente uma união com a Grã-Bretanha do que eu. Mas, pelo Deus que me fez, eu vou deixar de existir antes de me render a uma conexão em termos tais como o Parlamento britânico propõe, e neste, eu acho que falar dos sentimentos da América.
Acontecimentos durante a colonização da América, que revoltaram as treze colônias

Guerra dos sete anos (Ingleses e Franceses lutaram para conseguir os territórios da América do Norte, no final a Inglaterra ganhou, mas também com essa guerra gastou muito dinheiro, acabou tendo que implantar impostos nas colônias da América do Norte).

Lei do selo (Todos os documentos oficiais que passassem nas colônias exceto livros e jornais deviam conter selos comprados da metrópole).

Lei do açúcar: A Lei do Açúcar foi aprovada em 5 de abril de 1764 pelo Parlamento inglês. Essa lei substituía e Lei do Melado, de 1733, e tinha como objetivo por um fim no contrabando e de proteger os agricultores ingleses radicados nas Antilhas. Taxava o açúcar que entrava nos Estados Unidos da América e que não fosse comprado das Antilhas inglesas. Sendo matéria-prima do rum, e este por sua vez, juntamente com o tabaco eram utilizados pelos colonos para comprar escravos na África, a lei desagradou muitos os habitantes da então colônia inglesa.

Festa do Chá de Boston (Boston Tea Party: O governo inglês, para favorecer a decadente Companhia das Índias Orientais, que estava à beira da falência, concedeu-lhe o monopólio da venda do chá para as colônias americanas. Disfarçados de índios, os colonos jogaram ao mar o carregamento de chá trazidos pela Companhia das Índias Orientais, cujo preço baixo arruinaria os comerciantes locais, que se abasteciam em outras paragens).

As treze colônias não suportaram esses acontecimentos e fizeram o acordo de Independência dos Estados Unidos, no dia 4 de julho no ano de 1776.


(Wikipédia)


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MORTALHA – Fernanda Torres

Mortalha


Moro em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas, no caminho do túnel Rebouças, principal via de ligação entre a zona sul, o centro e a zona norte do Rio de Janeiro.

Aprendi, com a vida, a lidar com o eterno engarrafamento das cercanias do meu prédio. Tracei estratégias para suportá-lo com resignação, e na época em que ainda existia a Árvore-de-natal da Lagoa, cheguei a abandonar o volante e ir a pé, devido à quantidade de curiosos em torno do espelho d'água.

De janeiro para cá, os congestionamentos desapareceram como que por milagre. Dei para ir e vir com uma rapidez espantosa, comemorei a melhoria do trânsito, até perceber que o fenômeno nada tinha a ver com mobilidade urbana. Era a crise. A crise e a depressão da cidade.

Os restaurantes e bares estão vazios, os teatros fecharam, as lojas se foram e os hotéis olímpicos acabaram às moscas. É como se estivéssemos vivendo sob um toque de recolher. Minha mãe comentou, outro dia, que sente o Rio envolto numa mortalha.

Os assaltos, as trocas de tiro que ecoam como na Síria, os arrastões continuam, mas a calmaria é assombrosa.

Não há dinheiro nem plano, não há futuro ou comando. É como estar num transatlântico à deriva, rezando para passar, você nem sabe o quê.

Pezão abriu mão de governar, declarou estar ciente de que não resistirá muito mais no cargo. Crivella honra compromissos na África, como pastor, e tem planos para fechar as torneiras da festa pagã do Carnaval.

No último dilúvio, a comitiva do prefeito colidiu com o carro de um cidadão e passou batida, sem prestar assistência. Crivella, suspeita-se, tinha pressa de chegar em casa, para ficar a salvo das corredeiras de esgoto e lixo em que se transformaram as ruas e avenidas sob sua responsabilidade.

Normal. Não se espera mesmo nada do andar de cima. Não há revolta, não há mais bombas na Primeiro de Março. Resta apenas a apatia, e uma falta de saída de arrepiar.

Os males que ameaçam o país parecem acontecer antes, e com mais intensidade, nessa vitrine chamada Rio de Janeiro. Carma de ex-capital. O PMDB de Cunha e Cabral levou a medalha de ouro em corrupção, o buraco da Previdência já mostra os dentes por aqui, e a falência é palpável.

Ninguém merece a Alerj, Picciani, ou a oposição de Garotinho. O Rio prima pelo horror, mas os eguns engravatados de Brasília não deixam nada a dever aos mortos-vivos da Guanabara.

Michel Temer sofreu bullying na Noruega, tem uma taxa de aversão de 93%, é investigado por formação de quadrilha. Ainda assim, não há grita.

O medo do colapso da economia, a tentativa de atravessar o lamaçal até 2018 sem fazer marola, o "Fora, Temer" tão colado ao "Volta, Lula", o deserto de candidatos, tudo isso explica, em parte, o marasmo. Mas a paralisia do Rio diz mais.

Cansamos. Desistimos deles.

No temporal de 20 de junho, um mergulhador limpou os bueiros da praça da Bandeira por conta própria, enquanto Crivella fugia a caminho de sua casa.

Não há consenso ou energia que faça a indignação chegar às praças, mas um e-mail seguido de "send", para pressionar os deputados da CCJ a levar a acusação de Janot a plenário, já seria um baita de um esforço cívico.

Temer é como Pezão. Já foi e sabe. É preciso impedir que ele estenda a mortalha.


FERNANDA TORRES - 30/06/2017 - FOLHA DE SÃO PAULO

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Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy.

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A CASA DE HELOÍSA PRAZERES - Cyro de Mattos

A Casa de Heloísa Prazeres
Cyro de Mattos
                                             

          Depois da estreia com Pequena História (2014), antologia pessoal, a baiana (de Itabuna)  Heloísa Prazeres retoma seu processo poético com um segundo volume, A casa onde habitamos (2016),  formado de consistente união entre inspiração e transpiração,  intuições e reflexões, imaginações  e registros. Nesse segundo volume, com a  ilustração da fotografia de  Jamison Pedra, a poeta usa a palavra simbolizada para metamorfosear o discurso da vida como resultado de trabalhos de bastidor, achados nas zonas suspensas do sonho, fiações de interiores sob o teto da terra, memórias para alcançar o  entendimento no mesmo chão de suas origens. 

            Há nos oitenta e dois poemas que compõem essa casa, tecida com o labor do sonho, um ritmo que conduz a ideia através de versos bem construídos para  o preenchimento dos vazios no mundo. Assim, nos domínios onde a atribuição a um autor é a boa literatura mesclada com instrumental crítico suficiente, o emprego de linguagem eficaz deixa  ver que aqui estamos diante de uma construção poética  segura, de signo adornado pelo som na cadência musical própria do poema,  que diz de emoções chegando da  memória ou da razão, como se fossem sensações que na imagem iluminam o ser.
   
          Numa lírica moderna ressoa o uso do vocábulo estrangeiro,  a  referência a poetas e escritores de predileção pessoal, mas  em especial o tempo que, na alma enlaçando afetos e afinidades,  busca outro tempo, marcado  através de experiências,  revelações tantas  perante a existência. Dividido em quatro partes, Trabalhos de Bastidor, Antessala de Sonho,  Sob o Teto da Terra e Mesmo Chão, podemos dizer que, nessa casa onde o eu lírico traça projetos efêmeros ante o eterno que perdura, a chave para o seu conhecimento, distribuído em compartimentos delimitados pelo assunto  ou tema, que homenageia à vida,   está na epígrafe de Sophia de Mello Breyner Andresen, tão esplêndida poeta portuguesa quanto luminosa contista, quando diz:

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
               
         Quando a reconstrução do mundo no verso é convincente,  faz pensar logo como a vida é falha, repleta de contradições dentro de certo peso que impõe suas vozes agudas permeadas da  ambiguidade na passagem do tempo. Sendo falha, para equilibrar-se nos vazios, o poeta  recorre à   linguagem literária para inaugurar  novos sentidos, lembrando assim que na quimera  e na divagação, na pureza  de dicção superior, criativa, a vida torna-se viável. Utiliza por isso  lições plasmadas em  linguagem específica para discorrer  sobre o espanto da vida e assim prosseguir     na litania do verso,  que em si mesmo se sustenta e encanta.
 
              O poeta quer dizer com isso que o seu gesto de ler o mundo põe claridade nas partes escuras  que ocultam o mundo. O verso supre a deficiência crítica, repleta de limitações,  que envolve aos humanos perante a experiência da vida em que entra a solidão, o tédio, o azar  e a tristeza.  Embora existam as flores, sabe-se que elas somem, mal surgem. Ao  poeta Heloísa Prazeres, o  milagre para que sempre sobrevivam consiste em vê-las com a sua teimosia no deserto, em tácito entendimento das altiplanas  montanhas de Nevada,  como as encontramos no afetuoso “Poema para os meus Amigos”. Lembre-se então que, ressoando larguras e profunduras,  em  mínimas cosmovisões de ternuras, disse  Neruda que a flor da alma na alma flora.

          Na geografia íntima da casa abandonada,  Heloísa Prazeres  não sabe “dizer se havia/consentimentos, apelos/de viagens dominavam/ vontades. Seguro apenas/ o mandato da aventura.” E, porque o desafio consiste em ultrapassar a aventura do viver, o  tempo dos legítimos poetas é outro. Decide-se com os reclamos da alma, rumores urdidos  com “mala fixa e estética”,  emoções e conceitos movendo sempre a permanência de surpresas, cismas e perplexidades.  É o que percebemos, por exemplo,  no discurso singular do poema  “Trópico do Capricórnio”.

         Até mesmo no poema “Familiar”, os versos livres de Heloísa Prazeres, quase automáticos, de uma rapidez e visibilidade, síntese e concisão, como quer Italo Calvino,  fixam a cena com assunto moderno, extraído do mundo internético de hoje, o qual, instalado  no grupo, faz com que cada um fique hipnotizado no seu recurso, na cerimônia ao deus TIC - Tecnologia da Informação e Divulgação.

        Esse modo de estruturar o verso nos tempos de hoje, embalado do eletrônico  que não se ajusta ao sol  na manhã com esperança,  só comprova que  nessa casa de Heloísa Prazeres, aqui e agora, com leveza e graça,  densidade e clareza, a poesia está em tudo. O  poema não engole o poeta quando  provido de linguagem adequada e percepção  do mundo.

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Cyro de Mattos,  escritor e poeta. Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Pen Clube do Brasil, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna. Autor premiado no Brasil, Portugal, Itália e México.

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