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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

10 DE AGOSTO: DIA DE JORGE AMADO – O magnífico


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(Bahia, 1956 – o magnífico)


            Os meninos da revista MapaGlauber Rocha, Fernando da Rocha Perez*, Calasans Neto, Sante Scaldaferri, Paulo Gil Soares** - decretam e promovem guerra sem quartel a Edgard Santos, reitor da Universidade Federal, a quem a cultura da Bahia tanto deve.

            Mapa expressa em suas páginas as modernas tendências da arte e da literatura, a poesia, a pintura, o cinema, a gravura, o teatro, destrói e propõe, influi mas, ah!, corre perigo, vai deixar de aparecer, não tem anunciantes, não há dinheiro para pagar papel e oficina, problemas que afligem e derrotam as publicações de vanguarda.

            Um lambe-botas qualquer, é o que mais existe, vai correndo levar, a Edgard Santos o que lhe parece ser a boa, a grata notícia: a revista da subversão não mais circulará, a gráfica já não lhe faz crédito, menos ainda o fornecedor de papel, os ataques a administração do Reitor estarão silenciados para sempre, viva, viva! Edgard Santos escuta, Agradece a informação, manda pagar imediatamente o papel e a oficina, exige apenas dos credores sigilo sobre quem está assumindo as despesas, os meninos não devem saber: poderiam recusar, pior ainda poderiam entrar em crise de consciência devido aos ataques ao Reitor.

            Risonho, na mesa do almoço comenta o episódio, estamos Odorico, Carlos Bastos e eu: essa revista Mapa é o que há de melhor na Universidade, já pensaram se desaparecesse agora o que iriam dizer de mim? Iriam me chamar de reacionário, intolerante, teriam razão. Enquanto eu for reitor a circulação da revista está garantida, só que os meninos não devem desconfiar.

            Faz uma pausa, saboreia o acarajé, sabe da Universidade, dos professores e dos alunos, Magnífico Reitor:

            - São meninos de talento, amanhã serão os mestres. Mas entre eles tem um moleque, um tal de Glauber, esse é gênio, vai deslumbrar o mundo.

 *  Fernando da Rocha Perez, escritor.
** Paulo Gil Soares, cineasta.


(NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM)
Jorge Amado

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“Sou deveras incompetente, inepto, a lista das coisas que todo
mundo sabe fazer e eu não sei é longa. Aqui inscrevo apenas alguns exemplos: não sei dançar, cantar, assoviar, nadar, multiplicar, dividir por mais de dois números, empregar os verbos, pronunciar corretamente, dirigir automóvel (mas já soube andar de bicicleta com razoável equilíbrio).
Não sirvo para grande coisa.” (Jorge Amado)

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JORGE AMADO - Quinto ocupante da Cadeira 23 da ABL, eleito em 6 de abril de 1961, na sucessão de Otávio Mangabeira e recebido pelo Acadêmico Raimundo Magalhães Júnior em 17 de julho de 1961. Recebeu os Acadêmicos Adonias Filho e Dias Gomes.

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DETESTÁVEL PRECONCEITO! - Antonio Nunes de Souza

Lamentavelmente, estamos todos passivos do abominável sentimento denominado “preconceito”!

Quando se fala sobre isso, vem logo na mente o mais conhecido e, imaginável por muitos, que somente é exorbitante quando se refere a cor. Um monstruoso e ledo engano. Esse podre sentimento é, tranquilamente, bastante forte com a etnia negra e suas derivações, como também e fortemente, com a classe social menos privilegiada, além dos homossexuais!

Época atrás chegava-se a dizer que os quatro Ps eram as classes mais combatidas: “Pretos, Pobres, Putas e Pederastas”. E, lamentavelmente, não mudou absolutamente nada!

Apenas, pela força dos desempenhos em algumas, ou todas atividades, portas foram abertas na sociedade, principalmente pelo poderio econômico, e com a benevolência interesseira da mídia.

Hoje, inegavelmente, com o bruto sucesso dos negros no futebol, literatura, danças, músicas, teatro, televisão e, praticamente em todas as modalidades esportivas, que, conhecidamente, são agraciados com salários astronômicos, são tolerados em grandes eventos sociais públicos e particulares! Entretanto, verdadeiramente, são tolerados porque dão “Ibope”, mas, no íntimo, não são aceitos. Nas fotos que a “sociedade organizada” tira com eles, são somente para aproveitar, pois, sabem que circularão em todas as revistas. Essa é uma parte conhecida da asquerosa hipocrisia social!

Temos todos, que são conscientes e bons observadores, segurar essa triste situação, se conformando constrangidos com as novas nomenclatura para os quatro “Ps”, que atualmente são chamados, em função das suas posses e famas de: Negro é “moreno escuro”, Pobre é “povo brasileiro”, Puta é “garota de programa” e Pederasta é “gay e trans”.

Como disse acima, as tolerâncias são baseadas exclusivamente nas famas e nas posses financeiras. Eu sou do tempo que preto era “negão”, pobre era “coitado”, prostituta era “puta” e pederasta era “viado”. O preconceito era muito mais acirrado. Também, essas classes, geralmente, eram de baixa renda, a não ser a homossexual que, há milhares de anos, sempre atingiu todas as classes sociais.

Eu, sinceramente, respeito todos eles, tenho o maior carinho e jamais discriminei alguém, pois, para mim, somos iguais e com direito de proceder da maneira que mais nos apraz!


Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL



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